KinoYetu apresenta: Ciclo de Cinema Pós-Colonial

KinoYetu apresenta: Ciclo de Cinema Pós-Colonial, com curadoria de Ana Cristina Pereira. A decorrer nos dias 12, 17 e 22 de Maio pelas 20h, no INSTITUTO. Entrada livre.


Os filmes escolhidos para esta pequena mostra obedecem a dois critérios. O primeiro relaciona-se com a vontade de dar a conhecer aspetos das culturas africanas raramente tornados visíveis pelas notícias veiculadas na comunicação social. Cada um a seu modo, estes filmes revelam artistas e a sua arte, mas também as formas como se organizam para a criação, circulação e consumo dos bens produzidos. A seleção responde de uma forma muito particular à designação ‘pós-colonial’ que foi proposta pela Associação KinoYetu, um projeto de fomento à criação, produção e divulgação de filmes africanos. O conjunto de obras aqui propostas constitui-se pós-colonial, não apenas porque revela facetas de sociedades que foram colonizadas e que preservam marcas dessa colonização, mas principalmente porque contém e ultrapassa relações entre identidades e alteridades nascidas durante o colonialismo. 

Neste ciclo veremos: “Alma ta Fika” de um cineasta português citado quase 30 anos mais tarde em “Kmê Deus” por um cabo-verdiano; depois, “Mãos de Barro” de um cineasta brasileiro, radicado em Moçambique desde meados dos anos 1970; e finalmente “Luanda, a Fábrica da Música”, uma obra de uma cineasta portuguesa e de um cineasta angolano.

Programa:

12 de Maio, 20h – Cabo Verde
com Ana Cristina Pereira e João Sodré 
- Alma ta Fika (1989) de João Sodré, 60’. RTP, Vermedia, RTBF, Euroceation, Saga Filme, Cinefilme. Documentário
- Kmê Deus (2020) Nuno Miranda, 53’. Pedro Soulé. Documentário

17 de maio, 20h – Moçambique 
com Ana Cristina Pereira 
- Mãos de Barro, (2006) de Licinio Azevedo, 47’. Lx Filmes, Ébano Multimédia. Documentário. 

22 de maio, 20h – Angola
com Ana Cristina Pereira 
- Luanda, a Fábrica da Música, (2009) de Inês Gonçalves e Kiluanje Liberdade, 54’. No Land Films. Documentário. 

SIPNOSES

Texto Curatorial

Os filmes escolhidos para esta pequena mostra obedecem a dois critérios. O primeiro relaciona-se com a vontade de dar a conhecer aspetos das culturas africanas raramente tornados visíveis pelas notícias veiculadas nos média tradicionais; cada um a seu modo, estes filmes, revelam artistas e a sua arte, mas também as formas como se organizam para a criação, circulação e consumo dos bens produzidos. O outro, foi responder de uma forma muito particular à designação ‘pós-colonial’ que me foi proposta pelo Kinu Yeto. O conjunto de obras que aqui proponho constitui-se pós-colonial, não apenas porque revela facetas de sociedades que foram colonizadas e que preservam marcas dessa colonização, mas principalmente porque contém e ultrapassa relações entre identidades e alteridades nascidas durante o colonialismo. O que digo torna-se visível imediatamente se atentarmos à direção dos filmes; veremos Alma ta Fika de um cineasta português citado quase 30 anos mais tarde em Kmê Deus por um cabo-verdiano, depois, Mãos de Barro de um cineasta brasileiro, radicado em Moçambique desde meados dos anos 1970 e finalmente Luanda, a Fábrica da Música, uma obra de uma cineasta portuguesa e de um cineasta angolano.Espero que ambas as premissas sejam motivo de interesse do público e também que sirvam de mote para conversas em torno dos filmes.

Dia 12 de maio 2021 – Cabo Verde

Com Ana Cristina Pereira e João Sodré 


Alma ta Fika (1989) de João Sodré, 60’. RTP, Vermedia, RTBF, Euroceation, Saga Filme, Cinefilme. Documentário

Em crioulo, “Que a Alma permaneça”.

A alma é a música de Cabo Verde; a extraordinariamente rica e variada música destas sete ilhas perdidas no meio do Oceano Atlântico. A população luta contra as constantes secas, inventando e misturando muitos géneros de música, popular e erudita. Este documentário restaurado, filmado em 16 mm, segue pela primeira vez esta história. Podemos ouvir mornas, caladeiras, batuques, funanás, tocados nos mais belos cenários. E tem, como bónus, a presença de Cesária Évora no ecrã.

Kmê Deus (2020) Nuno Miranda, 53’. Pedro Soulé. Documentário

O documentário engloba entrevistas, alguns trechos de uma peça de dança contemporânea feita pelo coreógrafo e dançarino António Tavares e ainda imagens de arquivo da cidade do Mindelo. Kmê Deus é uma figura de São Vicente, conhecida por muitos como louco, mas por outros como sendo um grande artista e este documentário debruça-se sobre essa linha ténue entre o ser artista e louco.

Dia 17 de maio 2021 – Moçambique 

Com Ana Cristina Pereira 


Mãos de Barro, (2006) de Licinio Azevedo, 47’. Lx Filmes, Ébano Multimédia. Documentário.

Licinio Azevedo - um dos maiores cronistas da vida em Moçambique desde os anos 70 até hoje – traça um retrato de Reinata Sadimba, que nasceu em 1945, mas cuja idade não apagou a vivacidade; com a imaginação tão viva e técnica particular, ela expressa sua visão única de mundo através do barro. Suas esculturas contam todo tipo de história, retirada da vida real e do folclore do seu país. Ganhando fama no mundo todo, ela leva sua arte para exposições no Japão, Alemanha e aos Estados Unidos.

Dia 22 de maio 2021 - Angola

Com Ana Cristina Pereira

 

Luanda, a Fábrica da Música, (2009) de Inês Gonçalves e Kiluanje Liberdade, 54’. No Land Films. Documentário. 

Num musseque de Luanda em permanente construção vivem os miúdos poetas. Dj Buda é um deles. Todos querem entrar na sua máquina de onde sai Kuduro. Buda cria no computador ritmos electrónicos electrizantes e eles recitam para o microfone clássico ao estilo de Frank Sinatra. Nunca se viu nada assim. Cada miúdo conta a sua história à sua maneira com as suas palavras no seu estilo. “Sou mais calmo, por isso chamam-nos o Suave”. O resultado destas Buda sessions é uma polifonia cacofónica que conta aqui e agora a vida em Angola. Eles querem ouvir-se. E dançam. As festas que o Dj Buda organiza são um sucesso: há comes e bebes e baile pela noite fora. “Fábrica da Música” é um hino. Mostra como os angolanos são capazes de criar, produzir, vender e consumir o seu próprio produto, neste caso a música. Um verdadeiro grito de independência.

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Vou lá visitar | 11 Maio 2021 | cinema, filme, kinoyetu, pos-colonial