Companhia de Dança Contemporânea de Angola | Temporada 2022

Fotógrafo - Rui TavaresFotógrafo - Rui Tavares

Na sua Temporada de 2022, a Companhia de Dança Contemporânea de Angola apresenta ISTO É UMA MULHER?, uma criação conjunta de Ana Clara Guerra Marques e da coreógrafa Irène Tassembédo do Burkina Faso.

Esta peça convoca o público à descoberta, desafiando-o a confrontar-se consigo próprio e a envolver-se num universo onde, em cada pergunta e em cada resposta, existe uma probabilidade de razão.

Não se pretendem apresentar soluções, muito menos se tenciona homenagear, exaltar, mostrar compaixão ou assumir qualquer lugar comum, pretendendo-se apenas integrar a construção de um lugar humanizado e evoluído onde ser Mulher já não cabe nos paradigmas do passado.

Dada a falta de salas de teatro em Luanda, os espectáculos foram acolhidos e serão apresentados nos espaços exteriores do Memorial António Agostinho Neto (MAAN) – dias 20, 21 e 22 – e da União dos Escritores Angolanos (UEA) – dias 27, 28 e 29 –, no mês de Maio, dentro dos seguintes horários: Sextas-feiras às 18.00 H / Sábados e Domingos às 17.00 H. A classificação etária é de M/ 12 anos.

Recordamos que esta companhia, à qual se deve a grande transformação do panorama da dança em Angola, foi fundada em 1991, é membro do Conselho Internacional da Dança da UNESCO, possui um historial de centenas de espectáculos apresentados em Angola e no exterior, com cerca dezenas de obras originais, sendo hoje a referência da dança cénica angolana no mundo.

Com 30 anos de existência, esta companhia ocupa um lugar privilegiado na História de Angola, ao ter semeado o “novo” no vasto terreno da dança onde continua a desenvolver um trabalho artístico único e original.

- Gabinete de Divulgação e Imagem da CDC Angola, em Luanda, aos 12 de Maio de 2022.

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ISTO É UMA MULHER?

Vivemos hoje tempos que se distanciam daqueles modelos arcaicos em que a obrigatoriedade das mulheres se ocuparem exclusivamente das tarefas domésticas (que incluíam tomar conta dos filhos, da cozinha ou da roupa do marido) contrastava com a liberdade dos homens para trabalhar, votar, governar e movimentar-se livremente dentro e fora de todas as regras de conduta e princípios morais criados para manter as mulheres numa posição subalterna. Nestas sociedades ditas modernas, estas não tinham, inclusivamente, direitos sobre o seu próprio corpo. Como resultado de todas as transformações que este cenário conheceu, existem actualmente sociedades onde a mulher desempenha papéis de responsabilidade antes reservados aos homens. Paralelamente, outras há em que as mulheres continuam a viver numa condição de quase invisibilidade.

Criar uma peça sobre a mulher ou sobre mulheres pode parecer tão oportuno como arriscado ou mesmo imprudente pois, às questões anteriores, juntam-se aquelas relacionadas com a construção e identidade de género as quais estão, igualmente, longe de ser resolvidas. Se existem geografias onde estes assuntos são amplamente debatidos e existe espaço para a realização pessoal de todos, outras há que permanecem enclausuradas nos parâmetros conservadores, que a própria ciência já descartou, de uma definição Homem-Mulher circunscrita às características biológicas.

As possibilidades de equacionar todas estas variáveis são tão diversas como a sua própria essência ou como os distintos contextos sociais de onde provêm. A pergunta “o que é ser mulher?” gera, portanto, tantas respostas quantas as questões que nela estão contidas. Existe uma resposta “certa”? Talvez. Uma resposta aberta que inclua questões de ordem física e psicológica, mas também de ordem social e antropológica.

Não sendo este um lugar físico de debate criámos, com a peça Isto é uma mulher?, situações que permitam a descoberta ou, simplesmente, que desafiem o público a confrontar-se consigo próprio e a envolver-se, ainda que por instantes, num universo onde, em cada pergunta e em cada resposta, existe uma probabilidade de razão. Não se pretendem apresentar soluções, muito menos se tenciona homenagear, exaltar, mostrar compaixão ou assumir a comodidade da fórmula redutora ainda tão reconhecida.

Queremos apenas integrar a construção de um lugar humanizado e evoluído onde ser mulher já não cabe nos paradigmas do passado.

- Ana Clara Guerra Marques | Irène Tassembédo

por vários, Ana Clara Guerra Marques e Irène Tassembédo
Palcos | 16 Maio 2022 | angola, Companhia de Dança Contemporânea de Angola, corpo, dança, expressão artística, isto é uma mulher?