Para além de apresentar realizações culturais africanas da contemporaneidade, o AFRICA.CONT inclui também nos seus propósitos a reflexão, provocando-a a partir de diferentes campos da criação cultural. Desta vez, e em colaboração com o projeto ARTAFRICA, vão cruzar-se a imagem e a palavra.
Os filmes e instalações cinematográficas que vamos ver na secção MIGRAÇÃO, RACISMO E O PODER DA IMAGEM – REPRESENTAÇÕES CRUZADAS ÁFRICA/EUROPA [na CARPE DIEM e no CLUBE FERROVIÁRIO], bem como o livro de Édouard Glissant de que vamos lançar a primeira edição em português, o filme documentário que co-financiamos e apresentamos em estreia nacional, a performance e os debates que organizamos na secção PARA ALÉM DA TOLERÂNCIA [no INSTITUT FRANÇAIS DU PORTUGAL] pretendem abrir um espaço para uma outra imaginação da humanidade.
No contexto da globalização que vivemos, como escapar ao duplo impasse que representam, por um lado uma pax romana imposta pela força e que uniformiza o mundo, e por outro a anarquia identitária que estimula guerras de nações e de dogmas? « Não teremos o direito e os meios para viver uma outra dimensão de humanidade ? »
MIGRAÇÃO, RACISMO E O PODER DA IMAGEM – REPRESENTAÇÕES CRUZADAS ÁFRICA/EUROPA
MIGRAÇÃO, RACISMO E O PODER DA IMAGEM – REPRESENTAÇÕES CRUZADAS ÁFRICA/EUROPA
Retrospetiva de cinema
CLUBE FERROVIÁRIO | 13, 14 e 15 outubro
MNEMOSYNE
Instalação de John Akomfrah
CARPE DIEM ARTE E PESQUISA | INAUGURAÇÃO 21 outubro, 18h00
22 outubro – 19 novembro
4ª - Sáb., 13h – 19h
FORA DE CAMPO: ARQUIVO DE CINEMA DE MOÇAMBIQUE
Instalação de Catarina Simão
CARPE DIEM ARTE E PESQUISA | INAUGURAÇÃO 26 novembro, 16h00
30 novembro – 28 janeiro 2011
4ª - Sáb., 13h – 19h
PARA ALÉM DA TOLERÂNCIA
INSTITUT FRANÇAIS DU PORTUGAL | 25 outubro | 19h00-23h00
POÉTICA DA RELAÇÃO, de Édouard Glissant
Lançamento do livro. Edição portuguesa pela Sextante/Porto Editora
ÉDOUARD GLISSANT, UM MUNDO EM RELAÇÃO, de Manthia Diawara
Documentário, 2010, 51min [estreia nacional]
A RELAÇÃO PARA ALÉM DA TOLERÂNCIA
Mesa Redonda com Manthia Diawara, Miguel Vale de Almeida, Manuela Ribeiro Sanches e José António Fernandes Dias
CAIXA PRETA, um espectáculo de André e. Teodósio com Diogo Bento
Performance
Mais informações | www.africacont.org
MIGRAÇÃO, RACISMO E O PODER DA IMAGEM – REPRESENTAÇÕES CRUZADAS ÁFRICA/EUROPA
MIGRAÇÃO, RACISMO E O PODER DA IMAGEM – REPRESENTAÇÕES CRUZADAS ÁFRICA/EUROPA
Retrospetiva de cinema
CLUBE FERROVIÁRIO | 13, 14 e 15 outubro
Utilizando múltiplos registos e géneros – o documentário, a ficção, o musical ou o filme-ensaio –, a presente retrospetiva pretende divulgar obras que se destacam tanto pelas suas qualidades cinematográficas, como pela sua capacidade de estimular o debate sobre migração, racismo e o poder da imagem, ou seja: sobre o modo como as imagens – e o seu poder na disseminação de estereótipos – podem também contribuir para o seu questionamento.
A migração e a mobilidade - nomadismos aparentemente universais - têm sido temas correntes em vários campos, do artístico, ao mediático, ao académico, segundo um consenso apressado, a unir, sob uma vaga noção de hibridização ou multiculturalismo, experiências muito distintas que vão do nomadismo cómodo dos privilegiados ao racismo que segrega tanto imigrantes recentes oriundos do continente africano, como europeus de origem africana, também em Portugal.
Inserida no programa O BARULHAMENTO DO MUNDO, a terceira edição da retrospetiva Migração, racismo e o poder da imagem (Lisboa 2009 e Nápoles 2010) pretende oferecer uma oportunidade para refletir sobre estas temáticas no contexto da Europa pós-colonial.
A iniciativa não se cinge, porém, a esta perspectiva europeia, pretendendo-se também abordar representações cruzadas da África/Europa, ou seja, um “mundo em relação” (Édouard Glissant), considerando as histórias entrelaçadas de ambos os continentes, sob distintos pontos de vista.
Justapondo filmes de proveniência diversa, alguns realizados em África, outros na diáspora, pretende-se, assim, assinalar os temas comuns, bem como as distintas formas de os abordar, consoante diferentes experiências, desde as imigrações nas décadas de 1950 e 1960, até às nossas contemporâneas.
Num momento em que a Europa se encontra numa crise de identidade ímpar e o mundo se redefine a vários níveis, assistindo-se a uma condenação simplista do multiculturalismo, ao recrudescer dos mais diversos tipos de nacionalismos e etnocentrismos, bem como a um despertar de reivindicações inesperadas no continente africano, que outros modos mais inovadores e exigentes existem para se pensar os desafios da nossa contemporaneidade, um “mundo em relação”?
CLUBE FERROVIÁRIO | 13, 14 e 15 outubro
13 de outubro
19h00 APRESENTAÇÃO
19h30 Juju Factory, Balufu Bakupa-Kanyinda, 97 min.
21h30 Reflexão/conversas. Cinemas africanos: contextos de realização, circuitos de distribuição. Com Balufu Bakupa-Kanyinda, Lydie Diakhate, Pedro Pimenta
14 de outubro
19h00 Soltanto il mare, Dagmawi Yimer, Giulio Cederna e Fabrizio Barraco, 50 min.
20h00 Reflexão/conversas. Migração/ modernidade. Olhadas a partir da Europa e de África. Com Alessandro Triulzi, Dagmawi Yimer, Manthia Diawara.
22h00 Essaha [La place], Dahmane Ouzid, 113 min.
15 de outubro
16h30 Viagem a Portugal, Sérgio Tréfaut, 75 min.
18h00 Reflexão/conversas. Poéticas e políticas da modernidade: arquivos e experiências da migração. Com John Akomfrah, Manthia Diawara, Sérgio Tréfaut
19h30 The Nine Muses, John Akomfrah, 92 min.
21h00 ENCERRAMENTO - Da Europa à África e de volta: Manthia Diawara, John Akomfrah, Balufu Bakupa-Kanyinda, Sérgio Tréfaut, Livia Apa, Mamadou Ba, Manuela Ribeiro Sanches e José António Fernandes Dias
www.artafrica.info
JUJU FACTORY
13 outubro | 19H30
Ficção, República Democrática do Congo, 2006, 97’
Realização e argumento: Balufu Bakupa-Kanyinda
Kongo Congo vive em Bruxelas no bairro ‘africano’ de Matonge, sobre o qual tem que escrever um livro. À medida que as páginas e os dias vão passando, o escritor e o editor divergem e afrontam-se. O editor quer uma espécie de guia turístico embelezado, suavizado e apimentado com ingredientes étnicos. O escritor inspira-se numa visão que o persegue dia e noite, de almas complexas e atormentadas, com que se cruza a cada esquina. Ao mesmo tempo, Kongo Congo persegue os fios invisíveis que o reconduzem à história do Congo e aos seus fantasmas. Como sobreviver a este caos da história? Com um «jujú». Com a fé em si mesmo. E com o amor de Beatriz.
Balufu Bakupa-Kanyinda nasceu em Kinshasa em 1957, estudou sociologia, história e filosofia em Bruxelas antes de se formar em cinema em França, na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos. Escritor e poeta, é autor de textos de reflexão e análise sobre cinema africano que também lecciona. Em 2006/2007, foi professor convidado da New York University em Accra, Gana.
www.jujufactory.com