A Morte do Meu Pai

A Morte do Meu Pai Lembrei-me dos momentos que passei com o meu pai, de cada segundo que fui seu filho. Considerei-os insuficientes. Culpei-me por não ter feito tudo que estava ao meu alcance, culpei-o por não ter feito o seu papel de pai, um turbilhão de pensamentos atormentadores. Algumas das minhas habilidades estavam adormecidas como um cadáver na gaveta de uma morgue. Não conseguia ouvir quase nada, além de mim mesmo. E quando senti que finalmente apanhei sono, escutei o azan da mesquita da Malhangalene. Allahu Akbar (Deus é grande), gritava, através de um funil para despertar os crentes para a primeira oração do dia.

Mukanda

05.01.2025 | por Jessemusse Cacinda

Em África é difícil viver sem Deus

Em África é difícil viver sem Deus Ao criar esta frase, Pepetela certamente se inspirou nas manifestações espontâneas das pessoas africanas a que a todo momento se voltam para Deus, mesmo quando estão em protesto e se afirmam ateus. Essa frase lembra-me o meu velho e as pessoas do meu bairro que acompanham com sofrimento, o movimento dos seus filhos para fora da igreja. Tenho a certeza que por estes dias de natal o centro das suas vidas gira em torno do que vai acontecer na missa ou nos cultos de natal das suas paróquias e assembleias. Em África é difícil viver sem Deus.

Mukanda

17.12.2024 | por Zezé Nguellekka

Memórias familiares e memórias públicas: campos de batalha

Memórias familiares e memórias públicas: campos de batalha O que se guarda no espaço íntimo e privado são imagens efetivas ou simbólicas de vivências pessoais, de experiências agradáveis ou dolorosas. A sua evocação remete sempre para a relação discursiva e vivencial, afetiva e familiar entre gerações, guardada e alimentada na esfera doméstica onde os gestos, os afetos, os símbolos, são até mais importantes do que a ordem e o fundamento do discurso.

A ler

01.09.2018 | por Roberto Vecchi

A Argentina e as suas cicatrizes familiares

A Argentina e as suas cicatrizes familiares A família é o objeto opaco e indecifrável o que torna os estudos das memórias privadas um desafio problemático. De fato, como se pode perfurar o diafragma espesso que protege e encobre os passados subjetivos, privados, denegados, afundados como cárceres de grupos afetivos nas regiões mais escuras e profundas do perímetro familiar?

A ler

12.05.2018 | por Roberto Vecchi