A (re) construção do cânone literário caboverdiano pelo olhar das antologias (parte 1)

A (re) construção do cânone literário caboverdiano pelo olhar das antologias (parte 1) A escrita de autoria caboverdiana tem já um longo historial. Ela remonta ao século XVI, ainda era Cabo Verde uma terra conhecida dos europeus e africanos há menos de dois séculos, e inicia-se pela lavra de André Álvares de Almada, um mestiço natural da cidade da Ribeira Grande de Santiago de Cabo Verde, feito filho da terra caboverdiana, ainda a crioulidade emitia os seus primeiros vagidos numa sociedade marcada pela estratificação social fundada na escravização dos negros africanos trazidos da Costa Africana vizinha e na omnipotência dos senhores brancos idos de Portugal e de outras terras europeias. Impuro de sangue, porque também descendente de negros, mas perfilhado e adoptado pela família fidalga do pai branco, André Álvares de Almada empreendeu por sua iniciativa uma longa e aventurosa viagem à Costa de África vizinha, então chamada pelos Europeus Rios da Guiné do Cabo Verde e sobre a qual viria a escrever o Padre António Vieira como “correspondendo em Guiné ao Bispado de Santiago”.

Mukanda

02.12.2022 | por José Luís Hopffer Almada