Trump no Portugal dos Pequenitos

Trump no Portugal dos Pequenitos A construção dos ‘bons’ e ‘maus imigrantes’ pelo centrão partidário, para justificar políticas restritivas da imigração e se desresponsabilizar pela discriminação racial. Os refugiados, umas escassas centenas até 2015, num país que se auto-declara campeão da tolerância. E que os portugueses ‘preferem’ aos imigrantes, como indicava a European Social Survey publicada em 2016. Os escravos comparados a imigrantes. Em incalculáveis momentos solenes, discursos políticos, monumentos e exposições, panfletos e manuais, para mostrar como Portugal colonial foi pioneiro da globalização e da interculturalidade. E o Portugal dos Pequenitos, quando vamos falar do Portugal dos Pequenitos?

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05.04.2017 | por Marta Araújo

Vinte anos depois, encontrei uma América mais negra

Vinte anos depois, encontrei uma América mais negra Mais activista, mais politizada, mais feminista e mais negra. É também assim a América, que defende a cultura da inclusão e diversidade, da justiça social e racial e onde a academia está consciente das desigualdades e empenhada em desafiá-las. Como se coaduna isto com a presidência de Donald Trump?

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23.03.2017 | por Filipa Lowndes Vicente

Houve independência mas não descolonização das mentes

Houve independência mas não descolonização das mentes Para o presidente desta ONG que trabalha direitos humanos e sociais, em 1975 não houve uma transição mas uma ruptura. Os angolanos brancos e os portugueses brancos “desapareceram” durante um largo período de tempo — regressaram mais tarde, já não com domínio político, mas com domínio económico e social. O problema é que desde 1975 não houve um programa de transformação social, sublinha, e muitos dos elementos do colonialismo português ainda estão vivos.

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30.04.2016 | por Joana Gorjão Henriques

Os pequenos segredos da raça em "Crítica da Razão Negra", de Achile Mbembe

Os pequenos segredos da raça em "Crítica da Razão Negra", de Achile Mbembe O livro de Achille Mbembe impõe-se como uma reflexão sobre o pensamento da diferença e a condenação do seu culto. Ele continua com uma pertinência impressionante, a sua crítica política, cultural e estética do nosso tempo. O malicioso piscar de olhos do título à Crítica da razão pura de Kant não é neutra: Efetivamente, Achille Mbembe debruça-se sobre uma crença, a crença que fundamenta a desigualdade entre os homens: a raça. E fá-lo, citando claramente Césaire quando evoca a violência da conquista colonial no Discurso sobre o colonialismo: «Não nos libertaremos dele com facilidade».

Mukanda

24.03.2016 | por Olivier Barlet

A cara de Nina Simone

A cara de Nina Simone Simone conseguiu evocar glamour, apesar de tudo o que era dito sobre as mulheres negras como ela. E por isso desfrutou de um lugar especial no panteão da resistência. Não se deve apenas às suas letras ou à sua musicalidade, mas à sua aparência. Simone é mais do que um Bob Marley feminino. Não é simplesmente a voz: foi o mundo que fez aquela voz, toda a mágoa e dor da difamação forjou algo de outro mundo.

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23.03.2016 | por Ta-Nehisi Coates

"Entre mim e o mundo" - PRÉ-PUBLICAÇÃO

"Entre mim e o mundo" - PRÉ-PUBLICAÇÃO "Entre mim e o mundo" é uma reflexão profunda e pessoal, muitas vezes indignada, sobre o racismo. Numa carta ao filho adolescente, Ta-Nehisi Coates recorda a sua infância e juventude num bairro violento de Baltimore, o despertar intelectual por via dos livros, dos discursos de Malcolm X e de mulheres amadas. Dolorosamente, relembra ainda a perda de um colega de faculdade, também ele negro, vítima de uma perseguição policial. O BUALA publica as primeiras páginas do livro que pôs a América a discutir o racismo.

Mukanda

14.03.2016 | por Ta-Nehisi Coates

Ser africano em Cabo Verde é um tabu

Ser africano em Cabo Verde é um tabu Cabo Verde não é África, os cabo-verdianos são “pretos especiais” e os mais próximos de Portugal. É o país da mestiçagem, a “prova” da “harmonia racial” do luso-tropicalismo. Durante anos esta foi a narrativa dominante. Ser ou não ser africano ainda continua como ponto de interrogação.Pertencente à série especial "Racismo em português", Joana Gorjão Henriques vai em busca de como o colonialismo marcou as relações raciais. Os portugueses foram mais brandos e menos racistas? Racismo em português: como foi, como é?

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14.03.2016 | por Joana Gorjão Henriques

Indígenas, imigrantes, pobres: o afropolitanismo no rap crioulo - parte 2

Indígenas, imigrantes, pobres: o afropolitanismo no rap crioulo - parte 2 O gueto da Cova da Moura se expande para ganhar conexões com outros guetos pelo mundo: o local é global e remete à condição de discriminação nas periferias em geral onde a injustiça social é um fardo mais suportável se narrado e enfrentado pelo grupo.

Palcos

24.08.2015 | por Susan de Oliveira

Indígenas, imigrantes, pobres: o afropolitanismo no rap crioulo - parte 1

Indígenas, imigrantes, pobres: o afropolitanismo no rap crioulo - parte 1 O rap crioulo rompe com o grafocentrismo em primeiro lugar, depois com o imaginário da lusofonia e, finalmente, com a perspectiva canônica de tradução. Por tal relação epistêmica que tem como único aporte a oralidade e o nomadismo da palavra e da voz, o rap crioulo se engaja ao enlace comunitário afropolitano e fundante de sua própria crioulidade.

Palcos

24.08.2015 | por Susan de Oliveira

Língua, linguagem e poder: opressões na palavra

Língua, linguagem e poder: opressões na palavra No contexto das sociedades ocidentais, e actualmente no quadro de uma mundialização uniformizadora, o detentor da palavra e do poder é o homem branco, sedentário, escolarizado e heterossexual com privilégios variáveis consoante classe social, país de origem, situação geográfica... A discriminação nasce de uma vontade de poder e vive, actualmente, nesta conjuntura. É na língua, por outro lado, que as identidades se desenham, sendo importante assinalar o risco de se conceber essa identidade como uma clausura excludente e opressora, potencialmente racista porque instalada na ilusão da “superioridade linguística” ou da “pureza idiomática”.

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13.07.2015 | por Hugo Monteiro

Papá em África e Tintin akei Kongo. Estereótipos & (des)continua...

Papá em África e Tintin akei Kongo. Estereótipos & (des)continua... A propósito da vinda a Portugal de Anton Kannemeyer, que participará no dia 15 de Maio no encontro “Outras literaturas”, integrado no programa Próximo Futuro da Fundação Calouste Gulbenkian deste ano, queremos tecer algumas notas sobre dois livros relacionáveis. Num período relativamente curto de tempo, vimos aparecer nos escaparates dois títulos que, de uma forma ou outra, são descendentes “esquizofrénicos” de Tintim no Congo. A colectânea deste artista sul-africano, Anton Kannemeyer, Papá em África, e Tintin akei Kongo, uma versão pirata e detourné do livro de Hergé traduzido em lingala, por autor e editora semi-desconhecida (já explicaremos). Estes autores trabalham, cada qual a seu modo e a um só tempo, a visualidade, a materialidade, a temática e a recepção contemporânea do livro de Hergé para questionarem o conceito de estereótipo (e de subjectivação) e da sua circulação cultural.

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14.04.2015 | por Pedro Moura

Vidas Negras Importam | Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial

Vidas Negras Importam | Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial Porque as Vidas Negras importam, seguiremos lutando contra as estruturas que produzem e favorecem o racismo e a discriminação racial, em Portugal.

Mukanda

19.03.2015 | por vários

Carta aberta ao governador Rui Costa, da Bahia

Carta aberta ao governador Rui Costa, da Bahia História é um fio inquebrantável, governador, e por isso acho importante falar de rebeliões escravas. E repressão por parte das polícias. Outra rebelião importante a ser lembrada, e que também possui ligações com o Cabula, é a Rebelião Malê, cuja repressão foi uma das maiores já perpetradas pelo governo brasileiro, mas cuja repercussão, hoje sabemos, foi de suma importância para começar a se pensar sobre o fim da escravidão no Brasil. Imagine-se, governador, vivendo naquela época e sendo responsável pela segurança pública da capital baiana onde já vivia, talvez, o maior número de negros da América Latina.

Mukanda

28.02.2015 | por Ana Maria Gonçalves

Não é feitio, é defeito

Não é feitio, é defeito Ao olharmos as manchas de cores do mapa, cola-se imediatamente a esse olhar uma longa corrente de histórias que escutamos ditas baixinho ao ouvido: zonas de confiança e perigosas, bons e maus, o inóspito e o confortável, aliados e suspeitos, o moderno e o sujo, 1o, 2o, 3o mundo. Não só se cristalizou o desenho em que a Europa aparece maior do que é na realidade e se encontra no centro superior do mapa, como se tentou cristalizar o dogma da superioridade europeia, local onde supostamente se encontra o diapasão que emana o tom a partir do qual todo do mundo deve afinar.

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22.02.2015 | por Nuno Milagre

Violência e racismo na Cova da Moura

Violência e racismo na Cova da Moura Polícia espanca jovens negros e inventa “pseudo-invasão de esquadra” para justificar tortura. “Não há capitalismo sem racismo”. Afinal, o racismo é uma forma de legitimar uma mão-de-obra subalterna com vista a reduzir os salários e aumentar os lucros dos patrões. Grande parte dos negros e das negras estão “incluídos” na sociedade portuguesa de uma forma bastante específica: enquanto mão-de-obra precária, barata ou desempregada. Por isso, o racismo só pode ser pensado em associação com a dimensão das classes sociais. As consequências desta nefasta combinação todos conhecem: marginalização em múltiplas esferas da vida social (da escola aos media; do local de trabalho à moradia), violência policial, segregação e humilhações sem fim.

Cidade

11.02.2015 | por Otávio Raposo

O Racismo é um tabu em Portugal, entrevista a Mamadou Bâ

O Racismo é um tabu em Portugal, entrevista a Mamadou Bâ No 25 de Abril, em 1974, não se discutiu a relação com as antigas colónias. A filosofia oficial permaneceu a do mito do lusotropicalismo*. Em Portugal, a palavra racismo é um tabu.

Cara a cara

02.02.2015 | por Maud de la Chapelle

O género no racismo

O género no racismo Não há bom e mau racismo, nem sequer mau e pior. Hoje em dia, muitas pessoas, demasiadas, são discriminadas, perseguidas e violentadas com base no facto de, basicamente, não serem brancas. Isto acontece independentemente de outras características, como idade, origem, classe e género. Mas tal não significa que, quando associadas, estas categorias, onde, infelizmente, tendemos a encaixar as pessoas humanas, não agravem o quadro de discriminação já existente.

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09.12.2014 | por Sofia Branco

Raça e racismo são coisas que se aprendem

Raça e racismo são coisas que se aprendem A ‘raça’ não é, tão pouco, um dado natural que se imponha à classificação que os seres humanos façam do mundo. É, sim, uma das várias identidades, socialmente construídas e arbitrárias, com que contactamos; um caso particular que, como todos os outros, é situado social, política e historicamente. Da mesmo forma, apesar de toda a sua importância histórica, o racismo é apenas uma forma particular de entre os etnocentrismos, com os quais partilha os mecanismos de construção e afirmação. Só compreendendo-os o poderemos combater com eficácia.

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21.11.2014 | por Paulo Granjo

O racismo começa onde acaba a cultura?

O racismo começa onde acaba a cultura? A premissa luso-tropicalista, assente numa falácia histórica, minada por um misto de hipocrisia e cinismo políticos, vai ganhando sedimentação ideológica e dificultando um debate sério e frontal sobre o racismo. Em Portugal, o racismo e a sua negação são estruturais no confronto ideológico sobre o lugar da diferença numa sociedade potencial e estruturalmente racista, porque estrutural e historicamente coloniais.

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20.11.2014 | por Mamadou Ba

Convívio ou violência? Os meets e a afirmação do direito à cidade

Convívio ou violência? Os meets e a afirmação do direito à cidade Portugal passou a conhecer uma nova forma de convívio entre os jovens. Chama-se meet e já integra a agenda sócio-política do país. O meet é um encontro realizado em espaços públicos de Lisboa, no qual as redes sociais desempenham um papel preponderante. O objectivo, conforme a descrição dos seus organizadores nas páginas dos eventos, é proporcionar o encontro de amigos, socializar e conviver. Foi a partir de um meet nas proximidades do centro comercial Vasco da Gama, em Agosto, que este assunto ocupou o horário nobre dos telejornais portugueses.

Cidade

17.10.2014 | por Otávio Raposo