O racismo e sexismo, de que foram alvo desde a escravatura, contribuíram para as deploráveis condições e estatuto das mulheres negras: «nenhum outro grupo na América teve a sua identidade tão rasurada da sociedade quanto as negras. Raramente nos reconhecem como grupo autónomo e distinto dos negros, ou como parte integrante, nesta cultura, do grupo alargado de mulheres.»
Corpo
07.07.2019 | por Marta Lança
O desempenho dos protagonistas do filme e a extrema fragilidade de laços sociais faz o espectador mergulhar numa intensidade de cenas portadoras de mágoas, incompreensões e revoltas internas sobre os problemas enfrentados pelas sociedades ditas modernas e globais, que colocam tatuagens em grupos sociais e povos face à pobreza e corrupção do serviço público desumanizante para quem não tem capacidade de montar um sistema alternativo - mesmo que marginal - que possa garantir segurança e possibilidade de continuar a viver com dignidade.
Afroscreen
23.03.2019 | por Miguel de Barros
Num povo dito de brandos costumes, e que dispõe de um discurso oficial no qual os problemas de discriminação racial tendem a não se colocar, falar de um humor racista afigura-se excessivo, além de epistemologicamente contraproducente. Porém, basta efectuar uma breve pesquisa no Google para confirmar a resiliência dos herdeiros de «Parafuso», traduzida na irradiação e popularidade das anedotas racistas.
A ler
07.02.2019 | por Marcos Cardão
Sem o envolvimento de nenhum partido político, movimento partidário ou social. As pessoas, maioritariamente jovens, mobilizaram-se pela luta contra os atos de violência da polícia e em solidariedade pela Família Negra do Bairro da Jamaica.
Mukanda
30.01.2019 | por Son Ibr Jiobardjan
ontem como hoje, não é difícil encontrar exemplos que mostram que a esquerda e o marxismo foram tanto mais transformadores quando articularam uma crítica de classe e uma crítica antirracista do mundo em que vivemos. Se o PCP ainda hoje insiste na necessidade de ler Marx com Lenine, é também porque a memória positiva do encontro entre movimento operário e movimento anticolonial subjaz tanto à história da disseminação mundial do comunismo como à Revolução de Abril de 1974.
A ler
27.01.2019 | por José Neves
Em sua visão, “uma sociedade é racista ou não é” e “o racismo colonial não difere de outros racismos”. Quando busca explicar uma idéia-força e mostrar o escândalo que representa, sua prosa poética e retórica se revela. Além disso, para ele, a libertação dos indígenas passa pela recusa do mundo da interdição, pela afirmação do “eu” negado pelo colonizador, que os vê como uma massa disforme e serviçal.
Mukanda
23.09.2018 | por Anne Mathieu
Uma onda de cinema negro é a grande novidade na história recente do cinema brasileiro, acentuando com originalidade e com tensões uma característica que se fazia notar nos últimos trinta anos, uma cinematografia de muita diversidade temática, de estilos e até regional. Entretanto, apesar desta multiplicidade de narrativas, esse mercado audiovisual se recusava a incorporar uma maior participação de cineastas, elenco, e o protagonismo da parcela negra, maioria populacional do país.
Afroscreen
04.04.2018 | por Joel Zito Araújo
A branquitude de esquerda recusa-se terminante e furiosamente a reconhecer e admitir o seu racismo e a reconhecer a sua hegemonia exclusionária e silenciadora. Quando confrontada, a branquitude de esquerda não hesita em puxar pelos seus galardões para silenciar os seus críticos não-brancos, como se tal lhe devesse valer créditos ou fosse um cartão para escapar à cadeia no monopólio.
Mukanda
24.03.2018 | por Sadiq S. Habib
Djidiu é, portanto, um livro atravessado por “recordações e movimentos” de poetas e escritores(as) negros(as) que ecoam as suas vozes num território português, marcado por profundas desigualdades raciais, onde já não se pode fugir de um debate sério sobre o racismo, consequência das ações dos movimentos negros cada vez mais atuantes no país.
A ler
27.01.2018 | por Francy Silva
Esta consequente alta-visibilidade em 2017 tem as suas raízes num movimento longo, difuso, quotidiano, negro e cada vez mais no feminino, de debates, peças de teatro e cinema em torno da questão negra; celebrações das raízes culturais e ancestralidade; redes de solidariedade inter-bairros; (re)construções estéticas e identitárias afrocentradas; exposições, blogues, textos escritos a várias mãos e música a várias vozes.
Mukanda
17.01.2018 | por Mamadou Ba e Cristina Roldão
Nas democracias liberais, o “desejo de apartheid” e o “desejo de uma comunidade sem estrangeiro” parecem encontrar conforto moral no seu passado colonial e esclavagista.O demónio colonial reconfigura-se a nível planetário numa exacerbação da clausura entre um “nós” originário e os “outros”. A histeria identitária e o “desejo de fascismo” estimulado pelos populismos, assim como a pulsão autoritária, presentes um pouco por toda a parte, representam um perigo para qualquer projeto de liberdade
A ler
16.01.2018 | por Mamadou Ba
Assiste-se à afirmação social, cultural, política e mediática do associativismo afrodescendente em Portugal, em matérias que afetam as suas vidas e as suas expectativas sociais e nas mais diversificadas formas de luta: desde a valorização das suas características fenotípicas e da sua herança cultural africana com iniciativas diversas nas diferentes expressões culturais, à organização de abaixo-assinados, conferências e manifestações de pressão política para alteração de leis que condicionam a sua cidadania, como a Lei da Nacionalidade, ao debate académico sobre o racismo, a cidadania, feminismo negro e a identidade social.
A ler
31.12.2017 | por Joacine Katar Moreira
O planeta divide-se em duas zonas: uma civilizada, onde há um modo de vida do mundo livre a preservar, e outra selvagem, habitada por criaturas que podem ser abatidas para seu próprio bem. Esta estrutura replica-se, numa escala proporcional, nas nossas próprias zonas civilizadas: as cidades têm zonas de gente de bem e bairros suburbanos para imigrantes, pobres, negros e, portanto, criminosos. A guerra sem fim ao terrorismo justifica que vivamos numa espécie de estado de exceção permanente em que os direitos, liberdades e garantias podem ser suspensos para preservar a nossa segurança.
Cidade
28.11.2017 | por Nuno Ramos de Almeida
Os Guilherme Valente deste mundo pensam que a sua indiferença em relação aos problemas dos outros bem como a sua falta de respeito pelo outro são valores centrais à cultura “ocidental”. Não percebem que essa cultura se renova constantemente através do sentido crítico e do compromisso com a realização do seu potencial ético. A popularidade da direita nacionalista hoje traz ao de cima a vulnerabilidade da Europa à esclerose normativa.
A ler
21.11.2017 | por Elísio Macamo
Disciplinar aqueles que vivem nos bairros e controlar um exército de indesejáveis, muitas vezes produzindo a própria desordem, é uma das funções do poder soberano nas sociedades capitalistas. Nos bairros negros as leis podem ser transgredidas, como fica evidente na praxis da polícia na Cova da Moura, dada a lógica de exceção prevalecer nesses territórios.
Cidade
23.10.2017 | por Otávio Raposo e Pedro Varela
Os ativistas anti-racistas, como no passado os líderes dos movimentos de libertação, reivindicam a construção de uma outra realidade social. Assumindo perspetivas de rutura com o pensamento arcaico que tece a matriz colonial, desejam restaurar a dignidade do negro enquanto sujeito político e garantir a cidadania plena e a igualdade. Libertam-se do colonialismo que aprisiona as suas mentes e reclamam o direito a ter direitos.
A ler
22.10.2017 | por Beatriz Gomes Dias
Por que os conservadores querem destruir a Unila e Unilab, voltadas à integração latinoamericana e com a África Negra. O que isso revela sobre um déficit da esquerda.(...) A luta contra o capital é indissociável da luta contra o racismo, contra o patriarcado e contra tantas outras formas de dominação e de opressão.
A ler
02.08.2017 | por Andréia Moassab e Marcos de Jesus
A maioria dos eventos usam o rótulo de lusofonia para a auto-legitimação e crítica pós-colonial. Estes processos complexos de negociação de representação utilizam Lisboa como montra de misturas lusófonas e um hub de comunicação do seu potencial para o mundo exterior. Festivais de música interculturais como África Festival são ‘espaços cosmopolitas’ por excelência que funcionam como plataformas para a apropriação de determinados ambientes musicais e sociais.
Palcos
19.07.2017 | por Bart Paul Vanspauwen
A imagem de não pertencer, de não conseguir, de ter tudo contra si, sem referências positivas, sem modelos que permitam acreditar que ser negro não é uma condenação a trabalhar nas obras ou limpar casas ou - se se tiver sorte na lotaria genética e no talento - a jogar futebol, fazer atletismo, ser músico de hip-hop ou kizomba. Para não falar do estigma da delinquência. Daí que uma professora negra, ou outra figura de referência que permita alargar e concretizar o horizonte de ambição, possa fazer tanta diferença.
A ler
13.06.2017 | por Fernanda Câncio
Esta consciência da fragilidade do corpo negro dentro de uma história de ataques sistemáticos condicionou a educação e o comportamento de gerações e gerações de negros. Qualquer atitude fora dos padrões de submissão e obediência definidos pelos brancos podia ser entendida como insolência e ameaça, logo, como justificação para a violência. Responder a um insulto, fazer gestos mais bruscos, olhar o outro nos olhos, exigir respeito, eram comportamentos que podiam, de um momento para o outro, abrir as portas do inferno e fazer recair sobre o corpo negro a violência pronta a explodir da população branca.
Mukanda
20.05.2017 | por Bruno Vieira Amaral