O mapa ou a cartografia resultante não pode, então, constituir-se senão como um desmapear, um descartografar, um baralhar das coordenadas actuais a partir dos três andares do Globo, das várias camadas de história e memória – colectiva e individual; colonial, anti-colonial, pós-colonial, pós-Marxista, pós-guerra civil – que estes albergam e que o relato sonoro de Almeida, contíguo à instalação vídeo, convoca em permanência. Este desmapear só pode compreender-se, também, a partir do desejo de inscrição de memória no presente e para o futuro que o projecto de requalificação e restauro nunca concretizado, posicionado diante do vídeo, evoca.
Vou lá visitar
08.11.2016 | por Ana Balona de Oliveira
Com estas premissas iniciais seria de prever uma inovadora e frutífera exposição que, sem propor vias a seguir para um mundo melhor, poderia indagar pertinentemente as condições actuais e, deste modo, questionar e pôr em causa as promessas de um falso futuro por vir. Neste sentido, esperava-se que as perguntas se multiplicassem, mesmo as mais inocentes e históricas, como: Quem somos? Ou para onde vamos? De facto, as propostas apresentadas revelam, em grande parte, exemplos ilustrativos e expectáveis sobre os contextos sociais e políticos em que são propostos.
A ler
18.10.2016 | por Hugo Dinis
Não há ditaduras boas, da mesma forma que não há doenças boas. Há democracias avançadas e vigorosas e há democracias em crise, democracias frágeis, democracias necessitadas de um novo começo. O que não há com toda a certeza é democracias que possam ser substituídas com proveito por uma qualquer ditadura. Nenhuma democracia é tão má que consiga ser pior do que a melhor ditadura. Tempos como aqueles que vivemos são susceptíveis de engendrar monstros. Contudo, também são capazes de gerar sonhos enormes e poderosos. Mais do que nunca é urgente revisitar utopias antigas e projectar novas. É urgente procurar outros caminhos. Sonhar não é loucura. Loucura, hoje, é não sonhar.
Mukanda
15.04.2016 | por José Eduardo Agualusa
Acho que a nação é menos conversão política de “partilhas primordiais” do que arranjos políticos. Se um sistema conseguir produzir consensos tácitos a longo prazo pode fundar-se uma nação; é claro que a história comum ajuda. No caso de Angola, já existiam muitos elementos comuns que tornariam possíveis consensos suficientes para o país dar certo; faltou audácia política.
Cara a cara
27.02.2016 | por Marta Lança
Conhecemos familiares e amigos dos 15 jovens acusados de planejar uma rebelião que vão a julgamento a partir de hoje no Tribunal de Luanda. Eles participavam de um grupo de estudos baseado no livro “Da Ditadura à Democracia”, do americano Gene Sharp, com dicas práticas para realizar protestos pacíficos contra governos autoritários. Também conhecemos e conversamos com jornalistas, acadêmicos, diplomatas, empresários, diretores e funcionários de empresas brasileiras. Mas, na Angola do presidente José Eduardo dos Santos há pessoas com quem se pode e pessoas com quem não se pode falar.
Vou lá visitar
16.11.2015 | por Eliza Capai e Natalia Viana
Nestes apontamentos atentar-se-á nas relações entre o curso da política e diversos planos das vivências religiosas em São Tomé e Príncipe desde o século passado. Levando em conta a história recente, avaliar-se-á o multifacetado papel da religiosidade na actual configuração política e social do arquipélago.
A ler
23.10.2013 | por Augusto Nascimento
Constituem os textos que ora se publicam a segunda parte de um longo ensaio de José Luís Hopffer C. Almada intitulado Das tragédias históricas do povo caboverdiano e da saga da sua constituição e da sua consolidação como nação crioula soberana. Uma versão muito abreviada da primeira parte do mesmo ensaio e referente ao período colonial foi integrada como “Notas preliminares” na “Introdução” ao livro O Ano Mágico de 2006 - Olhares Retrospectivos sobre a História e a Cultura Caboverdianas.
Pretendem os presentes subsídios ser um modesto contributo para as, felizmente, cada vez mais frequentes e aprofundadas reflexões sobre a história política recente de Cabo Verde e, em especial, sobre as vicissitudes relativas à implantação do regime de partido único e da democracia plena no nosso país.
A ler
17.02.2012 | por José Luís Hopffer Almada
Os que se viram implicados nas lutas pelas independências, mesmo os que não se integraram aos movimentos de luta armada, têm que lidar com as relações entre literatura e política, inevitavelmente, como também com uma idéia de nação, que podem querer formar ou questionar. Nesse sentido, a relação com as sociedades tradicionais e suas produções culturais se torna decisiva. As gerações que se viram, como no caso de Guiné-Bissau, Angola e Moçambique, assoladas por guerras civis se vêem demandadas a lidar com seus escombros. Bem, posso dizer que, pelo que tenho lido, a denúncia da desigualdade social e da corrupção dos governos tem se tornado muito presente nessas literaturas africanas, desde os finais dos anos 1980.
A ler
09.02.2012 | por Cláudio Fortuna
Num concerto de hip hop em Luanda, denunciou a cultura do medo e incitou a plateia a vaiar o poder. Alinhou numa manifestação que não chegou a acontecer, convocada anonimamente na internet, para uma estranha hora: meia-noite na praça da independência. Luaty Beirão aka Ikonoklasta aka Brigadeiro Mata Frakuxz estava nesse pequeno grupo de manifestantes que foi preso. Mas amanhã voltarão a marchar pela liberdade de expressão em Angola. É preciso organização e vontade para desenvolver uma consciência participativa e lutar por direitos e liberdades, num país com memória da violência entranhada. A juventude angolana tem um papel fundamental para fortalecer a sociedade civil. Precisa de ser ouvida. Luaty Beirão falou bem alto desta vez.
Cara a cara
01.04.2011 | por Marta Lança