Há uma guerra não declarada entre os habitantes do bairro residencial e os que vivem nos blocos de habitação social. É uma guerra silenciosa, mas, como em todas as guerras, assenta num ódio que não conhece excepções.
Mukanda
16.05.2012 | por Ana Cássia Rebelo
O conceito de identidade, tem uma operacionalidade escassa, quase nula, e o seu uso implica o permanente confronto com a inevitabilidade da sua indefinição, mas é irrefutável de que quando o estudamos ou abordamos no campo da actividade humana ou cultural (e a música ou expressão musical nessa cultura) ele se torna dado adquirido.
Mukanda
16.05.2012 | por Soraia Simões de Andrade
Nunca somos imparciais. A imparcialidade não existe. Nós podemos e devemos aproximar-nos o mais possível da verdade. (...) A minha profissão permite-me transmitir essa força que está a acontecer no momento, com distanciamento. Um jornalista que se torna porta-voz perde um bocado a razão de ser de estar ali, passou para outro campeonato.
Cara a cara
15.05.2012 | por Marta Lança
Há muito tempo que versos e petiscos se cozinhavam na minha mente, em lume brando, como convém a uma receita que se quer apurada, insinuando no meu espírito aromas irresistíveis de cozinha de infância.
Nasci numa família em que a gastronomia foi sempre – ao longo de gerações – um culto e um prazer, com honras de biblioteca e pesando, até, na escolha de itinerários de viagem. E o que pode haver de mais poético do que as memórias de um tempo em que tudo era assim, brando e promissor, sem pressas nem atropelos, apesar da sede imensa de uma vida inteira pela frente, por beber ainda?
Enquanto tudo se espera, tudo pode acontecer…
Mukanda
15.05.2012 | por Ana Vidal
O baixo eléctrico, sem a relevância que viria a adquirir na música angolana nas décadas seguintes, ainda serve aqui fundamentalmente de âncora a todo o grupo, com linhas frequentemente repetitivas, mas hipnotizantes e que prendem o ouvido e convidam o ouvinte a uma dança.
Palcos
14.05.2012 | por Sachondel Joffre
Os avós de todos eles são os africanos trazidos à força, os índios catequizados à força e a mistura à força de africanos e índios com brancos, sendo que esses brancos eram os portugueses. Há 200 anos o Rio de Janeiro tinha o maior porto negreiro do mundo, recentemente redescoberto nas obras de recuperação da zona portuária. Involuntariamente, a febre da Copa e das Olimpíadas desenterrou os ossos da história: o porto do Rio foi entrada para cinco milhões de negros até 1831, quando o tráfico começou a ser contrariado. E ainda demorou meio século até a escravatura ser proibida, em 1888.
Vou lá visitar
13.05.2012 | por Alexandra Lucas Coelho
À primeira vista este trabalho é sobre futebol e o modo como era praticado em Lourenço Marques – a maior cidade e centro administrativo da colónia portuguesa de Moçambique – na primeira metade do século XX. O trabalho interpreta o desenvolvimento do jogo, desde a fundação dos primeiros clubes formados por expatriados ingleses, passando pela organização em Moçambique de filiais de clubes metropolitanos como o Sporting e o Benfica, até à abertura deste clubes a membros de uma elite Africana, a maior parte deles mestiços, e à criação da Associação de Futebol Africana, com jogadores, na sua maioria, provenientes das classes trabalhadoras africanas que viviam na periferia pobre da cidade onde estes jogos decorriam.
A ler
12.05.2012 | por Harry G. West
A presença do humor no jogo suburbano, considerava José Craveirinha, distinguia esta actividade desportiva de outras concepções de práticas físicas: «esses agregados de côr inebriam-se com a prática do desporto mas não como uma actividade de revigoramento físico; abstraem-se até desse conceito restritivo» (ibidem). Historicamente, o projecto de transformação do desporto num mecanismo de «revigoramento físico» desenvolvera-se na Europa pela tentativa de institucionalização estatal de uma dinâmica de contornos mais largos, típica das sociedades industrializadas e urbanas onde se expandiram novas práticas de lazer.
A ler
12.05.2012 | por Nuno Domingos
O Festival Babel Med Music de Marselha que, durante três dias, de 24 a 31 de março, ofereceu trinta concertos de músicas do mundo a 15 mil espetadores aproximadamente, mais uma vez pôs em destaque África e o mundo afrocaribenho, com cerca de metade dos artistas e dos grupos do programa. Homenagem às estrelas consagradas como Mory Kanté (Guiné) e Bonga (Angola), esta 8ª edição permitiu ainda a descoberta de uma plêiade de talentos emergentes, vindos de norte a sul do continente e das ilhas. Marselha confirma, mais uma vez, a sua vocação de porta de África...musical!
Palcos
11.05.2012 | por Nadia Khouri-Dagher
Um pouco por todo o continente africano assiste-se ao renascer de uma indústria da cultura e da memória, mesmo de um culto da memória. E talvez seja uma boa novidade.
Afroscreen
10.05.2012 | por P.J. Marcellino
Existem hoje vários estudos críticos em torno da imagética europeia sobre os trópicos. Parafraseando a expressão camoniana «pretidão de amor», e analisando a literatura, a fotografia ou a pintura, por exemplo, alguns estudos ressaltam o olhar de homens europeus, como também de africanos, sobre as mulheres negras, que, exaltando a sua beleza, “apesar” do seu tom da pele (“é pretinha mas bonitinha”), não deixam de as reduzir a uma vertente carnal, sem densidade psicológica. E é assim que a sensualidade, o exotismo e o erotismo ganham centralidade numa certa imaginação literária, fotográfica e pictórica. Vejamos alguns exemplos de ideias veiculadas a propósito das «crioulas» de Cabo Verde.
A ler
10.05.2012 | por Eurídice Monteiro
Batchart pegou da sua formação universitária para criar uma mensagem mais “cientificada” dentro do hip-hop crioulo. Com um discurso forte de quem sabe que a intervenção social é também política, o rapper já tem a “Wikileaks”, sua compilação de originais, pronta para lançar no final deste mês. Um jovem político que canta ou um rapper com consciência política? Só o tempo e a aceitação deste trabalho discográfico dirão.
Cara a cara
09.05.2012 | por Odair Varela
'Tudo isso que está sendo defendido hoje pelos que são contra as cotas, esses homens da classe de cor dos séculos XIX e XX também já defenderam, em vários momentos, coagidos ou de livre vontade. Quando livres, porque os escravos eram proibidos de frequentar a escola pública, brigaram por educação de qualidade e, quando tinham a oportunidade de estudar, agarravam-se a ela como a única esperança de um futuro mais digno. Esperança que morreu frente ao descaso, a promessas nunca cumpridas, à constatação de que seus sonhos de serem cidadãos plenos e de direito, iguais a todos os outros como sempre pregou a constituição, nunca esteve nos planos de quem os governava.'
Afroscreen
08.05.2012 | por Ana Maria Gonçalves
Entre 1997 e 1998 desapareceram nos céus de Angola cinco aviões, com um total de 23 tripulantes, originários da Bielorrússia, Rússia, Moldávia e Ucrânia. A 25 de Maio de 2003, um Boeing 727, propriedade da American Airlines, desencaminhou-se do aeroporto de Luanda, e nunca mais foi visto. O aparelho estava há 14 meses sem voar.
Daniel Benchimol colecciona histórias de desaparecimentos em Angola. Todo o tipo de desaparecimentos, embora prefira os aéreos. É sempre mais interessante ser arrebatado pelos céus, como Jesus Cristo ou a sua mãe, do que engolido pela terra. Isto, claro, se não nos estivermos a servir de uma linguagem metafórica. Pessoas ou objectos literalmente engolidos pela terra, como parece ter acontecido com o escritor francês Simon-Pierre Mulamba, são, contudo, casos muitos raros.
Mukanda
08.05.2012 | por José Eduardo Agualusa
Na Tanzânia dos anos 90, nos Estados Unidos de há décadas, em Cabo-Verde, mais e mais, ... as barbearias, os barbershops são ateliês ligados de perto à performance das identificações dos homens, um desses cruzamentos a partir dos quais apreendemos os fluxos complexos que produzem e onde se produzem os homens e os coletivos aos diversos rizomas.
Cidade
08.05.2012 | por Guy Massart
Achará aqui o relato de uma série de viagens que iniciei em agosto de 2010. Encontrará, porém, na leitura e nos desenhos de Logo Depois Da Vírgula , outras viagens anteriores e posteriores, não condicionadas por essa atualidade, que irão satelizar e “des-temporalizar” o seu rumo central.
A ler
04.05.2012 | por Mattia Denisse
"Proibido ouvir isto" começa muito bem para quem esperou 5 anos por ele. Com uma sessão rimada de explicações e esclarecimentos, afinal meia década de ausência é suficiente para alimentar boatos, rumores, e mal-entendidos, McK leva-nos aos assuntos proibidos de Angola, de África e do mundo, mostrando-nos que, embora afastado, esteve sempre atento.
Palcos
24.04.2012 | por Azagaia
Museus que lidam com histórias de vida, com acontecimentos políticos, com traumas, com conflitos, com ódios, com o ‘nós’ e ‘os outros’, com pessoas. Visito-os sempre com a enorme curiosidade de ver se aceitaram o desafio e de que forma lidaram com ele.
Vou lá visitar
18.04.2012 | por Maria Vlachou
É a história, sobretudo, da progressiva exigência e consciência da autonomia dessa literatura para com os padrões culturais da metrópole, do reconhecimento da sua originalidade face aos modelos europeus e das tentativas de a recolocar em esquemas interpretativos próprios: Luanda como expressão duma sociedade crioula contraposta ao resto do país ainda profundamente embebido da original cultura banto, ou como elemento extrínseco na sua realidade de cidade fundada por estrangeiros mas pouco a pouco reconquistada pelos legítimos habitantes da terra e a sua cultura; a Luanda da contraposição Baixa-musseques, o coração pulsante da nação liberta mas precipitada numa guerra civil onde as regras existem só para ser enganadas, ou ainda a capital do “petro-capitalismo” descontrolado.
Cidade
14.04.2012 | por Alice Girotto
“As roças de São Tomé e Príncipe – o fim de um paradigma” é um artigo que percorre as antigas estruturas agrárias de cacau e café que nos séc. XIX–XX estiveram na base do desenvolvimento territorial, patrimonial e económico desta pequena colónia portuguesa, dando a conhecer não apenas a sua organização, programas e tipologias mas sobretudo a sua memória, herança e identidade.
Vou lá visitar
13.04.2012 | por Duarte Pape e Rodrigo Rebelo de Andrade