"Segundo as últimas notícias, a literatura moçambicana acabou. Um pré-aviso para este fim inglório, agora anunciado, surgiu há cerca de dois anos quando um grupo de jovens decretou a sua morte. Dada a abolição da pena de morte da ordem jurídica e penal do país, a sentença então pronunciada foi alvo de alguma polémica e causou agitação nos potenciais candidatos ao tenebroso corredor."
O livro "Manual para Incendiários e Outras Crónicas" é um conjunto de crónicas publicadas entre 2000 e 2009 na imprensa portuguesa e moçambicana (Jornal de Letras, Savana, África Lusófona e Angolé), cujo fio condutor é a ironia do processo de escrita.
Mukanda
04.10.2012 | por Luís Carlos Patraquim
Este livro é um conjunto de crónicas publicadas entre 2000 e 2009 na imprensa portuguesa e moçambicana (Jornal de Letras, Savana, África Lusófona e Angolé), cujo fio condutor é a ironia do processo de escrita. Repositório humorado das reflexões do autor-cronista sobre a actualidade, Manual para Incendiários e Outras Crónicas prima pelo olhar mordaz e apaixonado sobre a literatura, a identidade moçambicana, a aculturação e a intromissão ocidental. Crónicas desenvoltas que abarcam a Europa, África e as suas gentes, são uma visão destes dois mundos aliada a um vívido humor.
Mukanda
02.10.2012 | por Luís Carlos Patraquim
Os textos reunidos neste livro resultam de um exercício hermenêutico coletivo sobre um mesmo objeto: os filmes da África e de suas diásporas. São textos analíticos tecidos a partir de perspectivas diversas: antropológica, literária, sociológica, estética e política. Depois de ter despertado o interesse dos críticos ávidos de novidade, as obras dos cineastas africanos acabaram se constituindo em valiosos objetos de estudo para os pesquisadores universitários. Em resenhas, teses, dissertações e outros trabalhos acadêmicos, os filmes africanos são estudados como “textos” e pretextos a partir dos quais se elaboram reflexões teóricas abrangentes sobre questões identitárias, culturais e ideológicas que formam o bojo do pensamento pós-colonial e dos cultural studies.
Afroscreen
02.10.2012 | por Mahomed Bamba e Alessandra Meleiro
Um importante centro da cultura angolana, o teatro Elinga, vai desaparecer, como tantas casas antigas do centro da capital. Os arranha-céus, esses, crescem como cogumelos e deslocam para os subúrbios, a toque de bulldozers selvagens e de bastonadas da polícia, os musseques, essas favelas angolanas sem água nem eletricidade em que se amontoa a maior parte dos 6 a 7 milhões de habitantes de Luanda. ”As autoridades pretendem fazer de Luanda o Dubai da África austral, lembra Claudia Gastrow, Mas não se vê a lógica urbanística nem a coordenação. O centro da cidade não é mais que uma fachada. “Copiar o modelo Dubai? Até ao ponto de projetar construir, como no Golfo, ilhas artificiais ao largo de Luanda.
Cidade
28.09.2012 | por Christophe Châtelot
No país da cobra grande.
Foi porque nunca tivemos gramáticas, nem coleções de velhos vegetais. E nunca soubemos o que era urbano, suburbano, fronteiriço e continental. Preguiçosos no mapa-múndi do Brasil.
Uma consciência participante, uma rítmica religiosa.
Contra todos os importadores de consciência enlatada. A existência palpável da vida. E a mentalidade pré-lógica para o Sr. Lévy-Bruhl estudar.
Queremos a Revolução Caraiba. Maior que a Revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem. Sem n6s a Europa não teria sequer a sua pobre declaração dos direitos do homem.
Mukanda
27.09.2012 | por Oswald de Andrade
O ritmo Goema teve influências dos Khoi e dos escravos, trazidos do Sul da Ásia e de outros países Africanos, e tem também semelhanças com um ritmo encontrado em Kerala, no Sul da Índia, mas o Goema apresenta uma textura distintamente Africana.
Afroscreen
27.09.2012 | por Justin Davy
“Eu tinha ido visitar Lídia, alojada no apartamento de Paulete, e já não voltei a sair. Os tiros pareciam partir de todo o lado.”, escreve o narrador de “Estação das Chuvas”. “A televisão mostrava imagens da guerra. Miúdos com fitas vermelhas amarradas na testa, walkmans nos ouvidos, pentes de munições cruzados sobre o peito. (...) Lídia não queria ver televisão. Durante aqueles três dias fechou-se no quarto a escrever. (...) Quando os tiros pararam saí com ela. Fomos a pé até à ponta da Ilha, fingindo que não víamos a cidade arruinada pelos últimos confrontos. A loucura rondava em torno, estendia para nós as suas compridas patas de aranha. O cheiro fez-me lembrar o 27 de Maio. A mesma fúria, a mesma vertigem. (...)
Na praia não estava ninguém. (...) Os caranguejos tinham morrido todos dentro das suas armaduras transparentes. Peixes brancos olhavam para nós com grandes olhos de água. Lídia agarrou-me a mão: “Que país é este?”
A ler
26.09.2012 | por Susana Moreira Marques
A Mauritânia poderá de facto nascer do encontro. Do encontro entre árabes e berberes nómadas com negro-africanos sedentários. Do encontro entre o Sahara e o Sahel, onde à semelhança de muitos outros territórios as suas fronteiras de areia são alvo de tentativas de domesticação através de desenhos a régua e esquadro. Neste caso em particular pela interferência da administração colonial francesa, que também contribuiu para determinar a sua terminologia e sua actual denominação – o país dos mouros –, de onde resulta que os seus limites geográficos e identitários são ainda hoje objecto de gestão quotidiana.
Vou lá visitar
25.09.2012 | por Joana Lucas
Masta Tito explora as lutas políticas para controlo dos recursos do Estado numa perspetiva patrimonial, através de caricaturas corriqueiras que as representações de um simples cidadão comum consegue reconhecer e através dela manifestar-se.
Palcos
24.09.2012 | por Miguel de Barros
O assassínio de 34 mineiros pela polícia sul-africana, a maioria atingida pelas costas, acaba com a ilusão da democracia pós-apartheid e revela o novo apartheid mundial do qual a África do Sul é modelo tanto histórico como contemporâneo.
A ler
24.09.2012 | por John Pilger
Luanda por terra água e ar foi produzido durante uma viagem de investigação a Angola entre Abril e Junho de 2012, no âmbito do Prémio Távora. No filme, os testemunhos apresentados apontam para um diálogo genuíno entre o bairro e a cidade (e o Mundo). Apontam para um relação recíproca entre privado e coletivo, entre biografia e história. Desafiam o lugar-comum propulsor de uma “cidade global” (rica) rodeada por “bairros pobres” (desesperados). Luanda é muito mais complexa do que isso.
Cidade
24.09.2012 | por Paulo Moreira
O tempo virá em que o falar do povo angolano há de quebrar os ditames e formalismos impostos pelos gramáticos na Língua Portuguesa. Expressões como “é sou eu que estou aqui; vou trazer este livro no João; aquele senhor que você viste ontem era sou eu; o único que sobrou só sou eu; estão a te chamar no papá; vão te apanhar na polícia; a bebe lhe morderam na casumuna; me dá lá só dinheiro; te encontrei não estavas em casa; bati a tua porta na janela; me faz só um kilapi; me dá só dez kwanza, etc.”, entrarão para sempre no seio da LP. Pois, o centro de gravidade de uma língua encontra-se onde houver maior número de falantes, e o maior número de falantes do LP em Angola está do lado dos iletrados. Estaremos então, sem dúvida, na iminência de presenciar e testemunhar o nascimento do Angolês – uma maneira angolana de falar o Português – que precisará apenas de determinadas condições sociais para se impor.
A ler
22.09.2012 | por Francisco Kulikolelwa Edmundo
Esta visível ausência do elemento afro-negro, alimentada principalmente por posteriores seguidores do Movimento, contribui para que este adquirisse um carácter puramente cosmético na medida em que se legitimou uma suposta mestiçagem em que a presença branca é assegurada pela propriedade da própria reivindicação da mestiçagem, pela ausência textual dos negros apesar da incómoda presença física, pela presença textual dos indígenas mas cujo genocídio físico e epistémico impede a sua presença carnal permitindo uma incorporação despreocupada dos seus elementos culturais nas produções literárias do Movimento, pois não constituem, de facto, um perigo ou uma ameaça à esta elite literária e académica brasileira da época e da actualidade. Esta elite, apesar de «branca», se diz, ou quer ser, mestiça, utilizando o argumento e a linguagem da mestiçagem, ou da valorização do mestiço.
A ler
19.09.2012 | por Odair Bartolomeu Varela
O continente africano permaneceu esquecido da história da fotografia até à década de 90 do século XX, e só então começa a surgir no cenário internacional ou mais precisamente a fazer-se notar no Ocidente. Entre outros acontecimentos, é neste período que nasce a Bienal de Fotografia de Bamako no Mali, também chamada Encontros Africanos de Fotografia. Esta colecção concentra-se no olhar de algumas das mulheres que participam na Bienal. Uma colecção que se define segundo dois objectivos: colocar a fotografia africana no contexto global - torná-la parte do todo e não parte do resto; e dar visibilidade à fotografia realizada por mulheres africanas. Esta colecção procura destruir as barreiras de uma dupla invisibilidade, olhando as construções narrativas destas mulheres e assim multiplicando as formas de ver, numa tentativa de alargar e ampliar as nossas próprias perspectivas.
A ler
14.09.2012 | por Masasam
Licínio Azevedo conta-nos as peripécias de um filme que traz a lume um episódio negro do período pós-independência moçambicano, quando o governo da Frelimo quis reeducar milhares de “anti-sociais”, dissidentes intelectuais, Jeovás, homossexuais, criminosos, mães solteiras e prostitutas.
Afroscreen
13.09.2012 | por Marta Lança
Não é necessário recorrer aos exemplos da luxúria dos ditadores -- que os faz possuir, por exemplo, uma pistola de 9mm em ouro, cujo preço é de 4.000 euros, como a que foi encontrada na posse de Khadafi, ou os cem palácios de Saddam Husseisn no Iraque, construídos de uma maneira fantasticamente sobredimensionada: “(os ditadores) gostam do estilo antigo para parecer uma arquitectura séria mas não apreciam as verdadeiras antiguidades porque não faz um género muito moderno”, diz Peter York em Dictator’s Home. Comportamentos de luxúria como estes encontram-se nas democracias ocidentais e até mesmo em Portugal.
A ler
06.09.2012 | por António Pinto Ribeiro
Angola: do planalto à costa, caminhos da recuperação
Vou lá visitar
06.09.2012 | por Chico Laxmidas
A 18ª edição do Mindelact decorre de 7 a 15 de Setembro. Cerca de 40 espectáculos de grupos de três continentes vão estar em cena em São Vicente, naquele que é considerado o maior evento teatral do continente africano.
Vou lá visitar
05.09.2012 | por João Branco
Os filmes da geração mais jovem são cada vez mais autobiográficos, explorando as questões imediatas do exílio e da identidade, promovendo inovações na estrutura narrativa. Em parte como resultado de sua liberdade em relação a muitas das vitais preocupações sociais e políticas de seus antecessores (pensamos no contraste entre os dois mauritanos, Med Hondo e Abderrahmane Sissako), esses cineastas recém-chegados têm mostrado, nas palavras de Tahar Chikhaoui, “mais confiança na câmera e na realidade, daí o espaço dedicado à força sugestiva da imagem, libertada do processo narrativo, e o crescente interesse pelo documentário”. Eles também demonstram uma verdadeira disposição para explorar as novas possibilidades oferecidas pela tecnologia de vídeo.
Afroscreen
28.08.2012 | por Roy Armes
O fator unificador deve-se ao ímpeto e ao financiamento da produção cinematográfica – principalmente francesa – como parte da política do governo de manter estreitos laços culturais e econômicos com suas antigas colônias africanas. Um outro argumento é que há uma unidade entre os cineastas ao norte e ao sul do Saara, embora sejam em geral considerados mundos bastante distintos pelos críticos ocidentais, particularmente dos EUA. Compartilho com o crítico tunisiano Hédi Khelil a crença de que “os cineastas da Tunísia, Marrocos, Argélia, Mali, Burkina Fasso e Senegal são muito próximos uns dos outros nas questões que propõem e nas maneiras como as propõem” (KHELIL, 1994). Certamente, apesar das diferenças históricas e dos processos para obter a independência, o cinema começou simultaneamente nos quatro territórios, no final dos anos 1960, com um total de 20 longas-metragens produzidos entre 1965 e 1969.
Afroscreen
28.08.2012 | por Roy Armes