Mercado, visibilidade e sustentabilidade para a arte contemporânea africana, conversa com Touria El Glaoui, diretora de 1:54

Mercado, visibilidade e sustentabilidade para a arte contemporânea africana, conversa com Touria El Glaoui, diretora de 1:54 A nossa estratégia foi trazer artistas africanos para a cena internacional, que eu acho que é o que está faltando, e talvez um dia nós estaremos muito felizes em ir, mas eu acho que há muitas outras formas pelas quais podemos ir, o que já estamos tentando fazer, com workshops para galerias, para artistas. Eu acho que há muito no lado educacional que podemos levar para o continente com nosso conhecimento, mais do que uma iniciativa comercial sobre vendas.

Cara a cara

08.05.2016 | por Icaro Ferraz Vidal Junior

O Passado e o Presente

O Passado e o Presente Esta imagem, no presente século, representa uma reivindicação contra uma injustiça histórica: a negação de uma necessária autodeterminação. O título desta exposição não é uma repetição inconsequente. Revela que o tempo histórico da Nigéria, através da fotografia dos antigos e dos modernos, é tanto um eco do passado como o é do presente.

Vou lá visitar

03.05.2016 | por Joaquim Pedro Marques Pinto

Houve independência mas não descolonização das mentes

Houve independência mas não descolonização das mentes Para o presidente desta ONG que trabalha direitos humanos e sociais, em 1975 não houve uma transição mas uma ruptura. Os angolanos brancos e os portugueses brancos “desapareceram” durante um largo período de tempo — regressaram mais tarde, já não com domínio político, mas com domínio económico e social. O problema é que desde 1975 não houve um programa de transformação social, sublinha, e muitos dos elementos do colonialismo português ainda estão vivos.

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30.04.2016 | por Joana Gorjão Henriques

"Mexem na raiz da árvore e pensam que a sombra fica no mesmo lugar"

 "Mexem na raiz da árvore e pensam que a sombra fica no mesmo lugar" Se escrevo é para não sucumbir ao silenciamento corrosivo, é porque tantos lutaram - e morreram - para que possamos engatinhar no aprendizado trôpego de exercer a democracia. Escrevo para que sejamos atentos uns aos e com os outros, porque, destes tantos muitos, somos vários que no dia seguinte estávamos a bater, lado a lado, o cartão de ponto.

Mukanda

26.04.2016 | por Daisy Serena

Lisboa(s) escondida(s)

Lisboa(s) escondida(s) Nestas comunidades de afrodescendentes há uma ansiedade de mudança. Mamadou Ba, dirigente do SOS Racismo, reconhece que, após mais de duas décadas de luta pelos direitos das minorias, “ficou muito por fazer. Não se entende porque, no século XXI, nós ainda, por exemplo, estejamos a discutir se a lei da nacionalidade, em Portugal, tinha de ser na base do direito de sangue ou no direito de solo”, afirma.

Cidade

19.04.2016 | por Carla Fernandes

A literatura angolana, o poder, a resistência e a vida

A literatura angolana, o poder, a resistência e a vida Dois relatórios da PIDE, de Março de 1966 e 1967, são bem reveladores do poder da literatura, tal como era protagonizada por Luandino. Apesar de se encontrar preso, ter suscitado uma onda de repressão, violência e censura, em 1965, quando lhe foi concedido o prémio da Sociedade Portuguesa de Escritores, a obra de Luandino, ao lado da de outros escritores angolanos, continuava a ser um instrumento de poder ao serviço dos que procuravam resistir à dominação colonial.

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19.04.2016 | por Diogo Ramada Curto

Remessas, migrações, e o desenvolvimento de Cabo Verde

Remessas, migrações, e o desenvolvimento de Cabo Verde No caso de Cabo Verde as remessas constituem um importante suporte financeiro para imensas famílias, e uma das ligações transnacionais mais importantes entre as diásporas e o país de origem, ocorrendo sobretudo no âmbito familiar. São utilizadas sobretudo nas despesas quotidianas, no ensino e na saúde, a sua utilização na estrutura produtiva continua a ser limitada, e o recurso aos canais informais é considerável, ocorrendo por vezes com metade dos migrantes.

A ler

18.04.2016 | por Cláudia Rodrigues

De Rhode Island à Buraca, uma história alternativa da música africana

De Rhode Island à Buraca, uma história alternativa da música africana Os tempos estão definitivamente a mudar, apesar do peso – que Conductor diz ser tão “asfixiante” na Cidade da Praia como em Luanda – da tradição musical. É uma história em que ele se vê ao espelho (uma banda de kuduro na Buraca, e a gravar com M.I.A.?), e não gosta lá muito da imagem: “O que eu sinto muito em Cabo Verde, sobretudo sendo um meio tão pequeno, em que é muito difícil não incomodares o teu inimigo, é que há muitos jovens a fazerem coisas incríveis que não encontram aqui plataformas adequadas ao seu percurso musical. Demasiados artistas bons precisam de penar muito”

Palcos

18.04.2016 | por Inês Nadais

Louco é quem não sonha

Louco é quem não sonha Não há ditaduras boas, da mesma forma que não há doenças boas. Há democracias avançadas e vigorosas e há democracias em crise, democracias frágeis, democracias necessitadas de um novo começo. O que não há com toda a certeza é democracias que possam ser substituídas com proveito por uma qualquer ditadura. Nenhuma democracia é tão má que consiga ser pior do que a melhor ditadura. Tempos como aqueles que vivemos são susceptíveis de engendrar monstros. Contudo, também são capazes de gerar sonhos enormes e poderosos. Mais do que nunca é urgente revisitar utopias antigas e projectar novas. É urgente procurar outros caminhos. Sonhar não é loucura. Loucura, hoje, é não sonhar.

Mukanda

15.04.2016 | por José Eduardo Agualusa

La Milagrosa

La Milagrosa As cores e os objetos ganham uma especial importância na videoinstalação, tendo em conta a sua correspondência na mitologia ioruba trazida pelos escravos. Há todo um panteão de deuses através de santos, cores e objetos. Por exemplo, elementos ligados à água, como peixes ou estrelas do mar, correspondem à deusa do mar e da maternidade - Yemayá - sincretizada com a Virgen de Regla (pelo que a sua cor é o azul marinho);

Afroscreen

13.04.2016 | por Rui Mourão

O que não se resume à face fria da “massa”

O  que não se resume à face fria da “massa” Mas este processo de mobilização é um processo que, na verdade, ninguém sabe ainda onde vai parar, apenas sabemos que vai demorar anos. Não se vai resolver rapidamente, tipo em 2016! É um processo dos brasileiros, é um processo de consciencialização política. Hoje, por exemplo, pela primeira vez eu vou a um bar qualquer e vejo os meus amigos a falar de política. JOGOS SEM FRONTEIRAS #2

Jogos Sem Fronteiras

08.04.2016 | por Ritó aka Rita Natálio

Um olhar sobre o "povo artista"

Um olhar sobre o "povo artista" Em finais do século XX, o povo oprimido passou então a utilizar as pinturas como simbologia de identificação entre si, comunicando secretamente uns com os outros através da arte, de modo genialmente impercetível para o inimigo. Além de um símbolo de resistência, este “meio de comunicação” ganhou um novo significado, tornando-se tradição passada de geração em geração.

Vou lá visitar

05.04.2016 | por Cláudia Rodrigues

Ensaio (?) sobre o Perdão

Ensaio (?) sobre o Perdão Ao longo desses anos, a prioridade era o esforço de guerra e, concomitantemente, a educação e a saúde foram ocupando lugares periféricos na distribuição do orçamento, pois precisavam-se de soldados e não de doutores. Preocupante é, no entanto, que 14 anos depois do silenciar/ribombear dos canhões essas rubricas não tenham ainda o posto cimeiro das prioridades de investimento, preteridas consistentemente para a “segurança”(?).

Mukanda

05.04.2016 | por Luaty Beirão

DELHI DELIGHT! A Máquina de desejos do século XXI

DELHI DELIGHT! A Máquina de desejos do século XXI      Cozinhada num caldeirão onde a utopia neoliberal constitui actualmente o dispositivo mais poderoso na construção da sua narrativa urbana, onde a sociedade indiana (ainda estratificada e dividida), o seu meio amniótico e os traumas pós-coloniais a sua atmosfera favorita, Delhi (como outras grandes metrópoles globais) constitui o espelho mais próximo do que pode ser considerado o fruto anárquico do urbanismo especulativo. Cresce desvairadamente fugindo ao controlo do plano, superando a própria realidade, numa odisseia que parece ter sido imaginada por Homero, Fritz Lang e Calvino em simultâneo.

Cidade

04.04.2016 | por Sebastião Santos

Entrevista com Irineu Destourelles

Entrevista com Irineu Destourelles A entrevista com Destourelles oferece um ponto de reflexão sobre as ambiguidades da dialética entre o eu e o outro, o dentro e o fora, o colonizador e o colonizado e sobre a sua atividade artística através de um olhar oscilante que a diáspora lhe proporciona. Neste contexto, Destourelles comenta o modo como os processos de domínio, assentes nos estereótipos dicotómicos, tendem a perpetuar-se assumindo novas matizes e o modo como estes são interrogados através do seu trabalho artístico.

Cara a cara

28.03.2016 | por Ana Nolasco

Força e poder. Re-imaginar a revolução

Força e poder. Re-imaginar a revolução Portanto, a guerra de posições, diferentemente da guerra de movimento, é uma infiltração, mais do que um assalto. Um deslocamento lento, mais do que uma acumulação de forças. Um movimento colectivo e anónimo, mais do que uma operação minoritária e centralizada. Uma forma de pressão indirecta, quotidiana e difusa, mais do que uma insurreição concentrada e simultânea (mas atenção: Gramsci não exclui em nenhum momento o recurso à insurreição, apenas a subordina à construção da hegemonia). JOGOS SEM FRONTEIRAS #2

Jogos Sem Fronteiras

28.03.2016 | por Amador Fernández-Savater

Protestos Sociais em Marrocos e a dita “primavera” dita “árabe”

Protestos Sociais em Marrocos e a dita “primavera” dita “árabe” No caso de Marrocos, o que não falta são ações de protesto, tais como “greves e manifestações do movimento sindical, protestos contra o encarecimento da vida, movimentos de mulheres pelo acesso à terra e direitos específicos, protestos contra os concessionários de transportes públicos” (Hibou 2012), dos serviços de saneamento — que em várias cidades foram privatizados resultando no aumento do preço da água e eletricidade —, sem esquecer os constantes protestos organizados pelos licenciados desempregados e que já haviam começado no início dos anos 90, ou ainda os protestos na pequena cidade oriental Bouarfa exigindo a gratuitidade da água (que será concedida, apesar de só durante alguns meses). JOGOS SEM FRONTEIRAS #2

Jogos Sem Fronteiras

24.03.2016 | por Hugo Maia

Os pequenos segredos da raça em "Crítica da Razão Negra", de Achile Mbembe

Os pequenos segredos da raça em "Crítica da Razão Negra", de Achile Mbembe O livro de Achille Mbembe impõe-se como uma reflexão sobre o pensamento da diferença e a condenação do seu culto. Ele continua com uma pertinência impressionante, a sua crítica política, cultural e estética do nosso tempo. O malicioso piscar de olhos do título à Crítica da razão pura de Kant não é neutra: Efetivamente, Achille Mbembe debruça-se sobre uma crença, a crença que fundamenta a desigualdade entre os homens: a raça. E fá-lo, citando claramente Césaire quando evoca a violência da conquista colonial no Discurso sobre o colonialismo: «Não nos libertaremos dele com facilidade».

Mukanda

24.03.2016 | por Olivier Barlet

A cara de Nina Simone

A cara de Nina Simone Simone conseguiu evocar glamour, apesar de tudo o que era dito sobre as mulheres negras como ela. E por isso desfrutou de um lugar especial no panteão da resistência. Não se deve apenas às suas letras ou à sua musicalidade, mas à sua aparência. Simone é mais do que um Bob Marley feminino. Não é simplesmente a voz: foi o mundo que fez aquela voz, toda a mágoa e dor da difamação forjou algo de outro mundo.

A ler

23.03.2016 | por Ta-Nehisi Coates

A Cultura da Colonialidade

A Cultura da Colonialidade Talvez alguém se questione o que tem toda esta estrutura burocrática abusiva estabelecida por um sistema de controlo migratório a ver com descolonizar o museu. É que a colonialidade é um dos elementos centrais no que há de comum entre a burocracia e o museu. E o museu, assim entendido, é um dos espaços centrais para a construção do eurocentrismo, como o sistema de controlo migratório é a estrutura principal da colonialidade na Europa. É a cultura que permite aprender e assumir o migrante e, por sua vez, são os museus que supostamente estabelecem marcos de legitimação do que é ou não cultura, de como é compreendida e difundida. Publicado em "Decolonizing Museums", L’Internationale Online.

Jogos Sem Fronteiras

22.03.2016 | por Daniela Ortiz