Sentir a Dança
Nos próximos dias 23 e 24 de Junho vai apresentar-se o espetáculo Matriz – espaço onde os sentimentos persistem, no Auditório Eunice Muñoz. Um espetáculo resultante de um projeto novo que coloca em diálogo culturas e interpretações estéticas da vida. A não perder.
Criado em Outubro de 2011 e desde abril de 2012 a trabalhar com o coreógrafo convidado Benvindo da Fonseca, o DL Works – Companhia de Dança, apresenta-se pela segunda vez em palco, com o espetáculo Matriz – espaço onde os sentimentos persistem. Composto por quatro bailados de dois coreógrafos, um residente, Ricardo Freire, e outro convidado, Benvindo da Fonseca constrói-se um diálogo entre o movimento estético e os sentimentos e vivências que afloram cada um dos criadores. Envoltos no que há de comum aos seres humanos, estas coreografias podem ser vistas como incursões ao elemento psicológico, presente quando pensamos o significado da vida e dos pequenos nadas do dia-a-dia, e ao imaginário, que nos leva a ligar o material ou espiritual.
Ricardo Freire oferece-nos “Fall Back” e “In two”, ambas coreografias voltadas para uma busca incessante do “eu” e da sua relação com o meio envolvente, abordando a motivação, a procura, a decisão e a dualidade intrínseca ao ser humano.
Benvindo da Fonseca apresenta-nos “Entre nós” e “Makeba”, uma primeira coreografia, partindo do texto “A Tabacaria” de Álvaro de Campos, declamado por João Villaret, num registo de um quotidiano de interações e emoções, transformado em dueto; Makeba, dedicado às crianças de Moçambique, e com música de Miriam Makeba e Cesar Viana, apresenta um universo de fusão em que a terra e o apego a esta se confundem com a transcendência que este ambiente inspira ao coreógrafo, também ele de raízes africanas, dispersas por vários países lusófonos.
No seu conjunto, falamos de quatro coreografias de profundidade emocional, com momentos estéticos tocantes e, sobretudo, em que movimento, palavra, música e sentimento se encontram, numa experiência profunda de viagem por aquilo que afinal a todos nos une, esses pensamentos e momentos tão insignificantes e, em simultâneo, tão determinantes para cada ser, enquanto pessoa que se pensa e que se revê enquanto parte do mundo.