Fogo Amigo - parte 3
(…)
1. Reparo, com alguma atenção, no foco que é dado em festivais e na programação em geral, uma certa fixação, nos corpos de mulheres inanimados, desmaiados, sem reação. Incomoda-me. Não falo aqui de projectos incríveis de mulheres e colectivos negros, performances que tratam a interrupção do capitalismo através do descanso. Ouço falar destas performances através de artistas negras. Black Power Naps (Navild Acosta e Fannie Sosa), The Nap Ministry, outros projectos semelhantes, que falam precisamente da exaustão a que o corpo negro é sujeito.
Falo de projectos, performances, peças artísticas em que o corpo da mulher é deixado desprotegido, desacordado, manipulável. Esta imagem de mulheres inertes deitadas na cama, deitadas em algum lugar, à mercê do outro, dos outros, deixa-me desconfortável e alerta. Perceber que o corpo da mulher oscila entre ocupar o lugar do maravilhoso através do encantamento da maternidade, ou o lugar do tenebroso, através da violação. Sinto-me a arreganhar os dentes quando alguém, um homem, diz que apreciou um espectáculo muito visual sobre violação, da mesma forma que fico desconfortável quando ouço alguma mulher adulta juntar na mesma frase foder e depilar totalmente os pelos púbicos: sinistro. (E também: desconfiem de um homem que não acha sinistro foder com uma mulher sem pelos púbicos.) (Desconfiem de uma mulher também.)
Penso, talvez até antes de tudo isto, no verso de Shakespeare que desencadeou grande parte de todas as minhas reflexões sobre mentira, e que assenta nesta confusão, em inglês, entre lie (mentir) e lie (deitar-se). Não será inocente, acho eu, que seja em mim evocada esta ligação entre mentira e estar deitada.
A ideia do corpo em repouso, abandonado em segurança, sempre mexeu muito comigo: que bonito é ver uma criança a dormir, descansada, em qualquer lugar, confiante de que está protegida. Algumas crianças conseguem levar este superpoder para a vida, e já em adultas conseguem dormir em qualquer lugar: o meu amigo Rodrigo era assim, o meu marido também é. Acho que é a única coisa que alguma vez invejei em adulta (não é verdade).
Tento usar, pela primeira vez, o ChatGPT, e escrevo a perguntar sobre performances e mulheres inanimadas: a resposta vem a vermelho, interrompida porque não cumpre os critérios do programa. Reorganizo o que quero saber e coloco a questão de outra forma. E aí chego às performances de mulheres (algumas) retratadas a dormir, ou sem movimento:
“Visual Art and Installations - Some contemporary female artists explore themes of inanimate states, stillness, and lying through visual media: Cindy Sherman, known for her self-portraiture, Sherman often uses her own body to explore themes of identity and deception, sometimes posing in ways that mimic lifeless or inanimate figures; Louise Bourgeois: Her sculptures, particularly her series of lying figures or “spiders,” explore themes of vulnerability and the idea of being immobilized by fear or trauma; Carolee Schneemann: In her performance art, Schneemann sometimes explores the human body as an object or a site of stillness, pushing the boundaries of what it means to be alive or “inanimate.”
Contemporary Performances - There are also more recent performances by women where themes of lying and inanimate states are explored. Some contemporary performances that deal with these themes might not be widely recognized, but artists or groups like: Marina Abramović: Her performances often involve themes of stillness, endurance, and vulnerability, as in The Artist is Present, where her motionless presence challenges the viewer’s perception of life and death; Sophie Calle: A conceptual artist who often explores the idea of deception, absence, and stillness. Her works sometimes involve her lying down or portraying herself in states that suggest inanimateness. Would you like more specific examples or detailed descriptions of any of these themes in particular?”
The answer is Não.
2. Sigo cada um destes exemplos e revejo pedacinhos de performances, vídeos, e páro na da Marina Abramović, não na performance The Artist is Present, mas em Rhythm 0, apresentada pela primeira vez em Nápoles, em 1974, e onde uma jovem Abramović permanece diante de uma mesa onde estão disponíveis vários objectos pensados a partir do prazer (escova, batom, uma rosa, um espelho) e outros que invocam uma espécie de imagética da dor (uma arma, uma faca, correntes, um machado, uma serra). “The performance lasted six hours. At first, her audience was passive. But, as time went on, they turned violent, with people using the objects to cut into her skin, rip her clothes, stick a knife between her legs, and attach a piece of paper to her body that read “VILE”. Surrounding the table at the RA, there are photographs of the performance. They show – predominantly – men playing with the objects, touching Abramović’s body, ogling and laughing at her with their friends, as she stands there alone, tears filling her eyes.” Guardian.
3. Lembro-me da primeira vez que entrei na Cracolândia, em São Paulo, e do assombro que senti ao ver aqueles corpos caídos, distribuídos pela rua, à vista de todos, sem pudor, e lembro-me de mais tarde compreender (de me fazerem compreender) que, em caso de ser necessário ficar na rua, o corpo está sempre mais bem protegido à vista de todos, onde é mais difícil sofrer abusos do que se estiver escondido numa arcada, debaixo de uma ponte, num beco.
Durante muito tempo, aterrorizava-me a cena final de Kids, o filme de Larry Clark, que estreou há 30 anos (1995). Vomitei internamente mas também externamente, tenho quase a certeza, naquela cena cruzada de contaminação: Telly, personagem interpretada por Leo Fitzpatrick, que mais tarde veríamos como Johnny Weeks no The Wire), viola Darcy (Yakira Peguero), adormecida e abandonada no final de uma festa, já depois de sabermos que Jennie, interpretada pela icónica Chloë Sevigny, foi contaminada por Telly e tem HIV. Jennie acaba por colapsar também nessa festa e é violada por Casper, Justin Pierce (skatista e arruaceiro, que morreu em 2000), amigo de Telly, e assim contaminando-o. “What just happened?” é a frase que fecha o filme e que me assombrou durante mesmo muito tempo.
Penso na interrupção do descanso (sono) e na ideia de violência que pode acometer um corpo inerte, e penso nos mecanismos que desenvolvem as pessoas que sofrem de stress pós-traumático: imobilidade, perda de memória, dissociação. Volto a sentir que a memória é para aquelas que foram felizes.
4. Descubro, com entusiasmo, que também a palavra MOTHER, mãe, ganha novos significados, equivalentes em português ao que até há pouco tempo seria um “mesmo à patrão”. Recuperada de um tempo queer e de uma cena LGBTQIA+ das ballrooms, as Mães seriam aquelas mulheres que tomavam conta de crianças à deriva, muitas vezes expulsas dos seus ambientes domésticos (vide Poise), que acolhiam nas suas casas – daí a expressão Mother of my house. É com satisfação que leio que “Plenty of women in pop culture are deemed iconic, but in 2023, some are also attaining so-called “mother” status”. De uma forma bastante egoísta, penso no estatuto de Mãe como o expoente máximo do amor, para mim. Não que as pessoas que não são mães não consigam amar da mesma forma do que as que são. Até porque, como as Mães das casas queer, ser mãe não está necessariamente envolto em processos biológicos de formação de parentesco. Mas, para mim, foi através da transmutação para este ser a que duas criaturas chamam Mãe que se operaram todas as transformações mais violentas e mais extraordinárias, eu que durante tanto tempo lutei com a figura da mãe, do que seria ser mãe, de qual mãe eu gostaria para mim e de qual mãe gostaria de ser.
À semelhança do amor, a maternidade é um projecto político. Nem todas as mulheres que são mães partilham o mesmo projecto. Vejo, com satisfação, que os meus filhos ainda se recordam da música do Daniel Tigre, “os adultos voltam sempre”, que cantávamos quando os deixávamos na creche, para apaziguar a distância durante umas horas. Fico feliz que saibam que os seus adultos voltam sempre, porque sei (e acho que eles também vão intuindo) que nem todos os adultos voltam sempre. Nem todas as mulheres querem ser mães, nem todas as mães querem ser mães, nem todas as mães são guiadas pelos imperativos do mimo e do conforto e do prazer pelos e para os filhos. Sem julgamentos.
5. Faço uma pausa do scrolling do TikTok. Não leio livros. Não vou dar uma caminhada, não faço ioga, não rego as plantas. Isso é para os fracos. Em vez disso, abro outro separador no computador e preparo-me para assistir a Martha, que estreou no Netflix. Aprecio a sua amizade com o Snoop Dog, pelo menos enquanto não surge um escândalo sobre qualquer coisa de imperdoável que ele tenha – alegadamente – feito (gosto dele por causa das suas Daily Affirmations, que fez para os netos e netas e ganharam tração entre as crianças do mundo). Não sei muito mais sobre Stewart. Sei que cumpriu pena por fraude? Percebo que Stewart opera sob um código muito próprio: sem grandes capacidades emocionais e afectivas, não tem grande tolerância para, bom, muita coisa. Trai, sem nunca admitir que o que faz é traição, porque para ela traição é outra coisa. É bruta com as pessoas com quem lida. Tenho um fraquinho por pessoas rudes, e venho fazendo um esforço para distinguir o que são pessoas francas e o que são agressores.
No meio do caos que é a sua vida, o seu casamento, etc, percebemos que Stewart é uma daquelas mulheres que não pedem desculpa, o que irrita muitos homens. Um deles o procurador de Nova Iorque, James Comey, procurador de NY entre 2002 e 2003, e director do FBI entre 2013 e 2017. Comey engaja naquilo a que chamam uma bitch hunt para entalar Stewart. Enquanto investigo, percebo que existe um grupo de discussão no Reddit dedicada exatamente a quem, como eu, se surpreende não com a acusação de fraude mas sim com a acusação de mentira que levou Stewart à prisão. Enquanto caio agora no buraco negro do Reddit, percebo que James Comey também foi o responsável por começar uma investigação a Hilary Clinton nas vésperas da eleição, e que Bill Clinton não foi afastado por se envolver em actos sexuais, mas sim por mentir sobre não ter engajado em actos sexuais.
Muitas coisas são discutidas no filme sobre Stewart, incluindo a sua ida para a prisão e o seu regresso, que começou num segmento do roast do Justin Bieber (“roast” é assado, mas também é aquele movimento colectivo que junta várias pessoas que destroem uma, geralmente em público, em piadas mais ou menos conseguidas, à sua frente). No final das contas, é Mariana Pasternak, uma das suas melhores amigas, mãe da afilhada de Stewart, que estava com ela num barco, de férias, e ouviu o telefonema que a condena: a questão não é, então, a fraude de Stewart (insider trading?), mas a mentira que disse (aconselhada pelos seus advogados). A mentira foi o que a condenou. Num universo machista e moralista, em que everybody loves to watch little miss perfect fail, sobretudo se essa pessoa perfeita for a primeira mulher americana com uma net worth de 1 milhar de milhões de dólares, Martha Stewart foi condenada por ter mentido. Apanhada num fogo amigo. A verdade é que todas nós ou já fomos a Pasternak, ou já tivemos uma Pasternak na vida.
Entretanto, Pasternak lança, em 2011, um livro de memórias sobre o início da amizade com Stewart, a vida que partilharam, as várias confidências. O livro chama-se The Best of Friends: Marta and Me.
6. Este texto é sobre amizade. E sobre mentiras. E sobre tudo o que acontece nesse intervalo. Como as mentiras em que precisamos de acordar para que a nossa vida possa acontecer.
Em Station Eleven, uma jovem Kirsten (Matilda Lawler) é empurrada para a guarda de Jeevan Chaudhary (Himesh Patel), quando alguém precisa de assumir a responsabilidade sobre aquela menor. Jeevan leva-a a casa, ciente de que não será bem visto um adulto, homem, ficar responsável por uma criança com a qual não tem laços. Os pais de Kirsten não estão em casa e existe a possibilidade de estarem já mortos, o que deixaria Kirsten sem cuidadores. Enquanto se afasta, Jeevan luta com a sua decisão: se deixar Kirsten sozinha, coisas más podem acontecer-lhe, a ela; se ficar com ela, coisas más podem acontecer-lhe, a ele. Jeevan encena um telefonema, à frente de Kirsten, e quando desliga diz-lhe que está tudo decidido: os seus pais aceitaram que ficasse ao seu cuidado. Os dois fingem que acreditam naquela mentira. É preciso que ambos aceitem aquela mentira, para que a narrativa possa continuar.
Durante muito tempo, aceitamos acreditar na mentira que nos contavam de que as mulheres eram difíceis. Começava antes do seu nascimento: diz a lenda que as gravidezes de meninas dão mais enjoos. “As meninas roubam a beleza das mães”, era o que me diziam para justificarem a certeza de que eu carregava meninos, iluminada que estava. Na minha família, as relações entre as mulheres sempre foram complicadas, e essas complicações foram sempre explicadas com a naturalidade de quem assumia que era assim, “complicadas”, que eram as relações entre as mulheres. A minha avó ficou aliviada quando soube que ia ter um bisneto, porque as meninas só dão sarilhos. Quando confrontada com o facto de ser uma menina a dizer isto a outra menina, riu-se, envergonhada – mas não retirou.
Cresci numa época que viu a Courtney Love ser muitas vezes culpada pela queda do Kurt Cobain. Uma cena meio Yoko Ono, que demorou a consolidar-se como artista e que na época dos Beatles era visto apenas como uma intromissão, com a diferença de que agora Love não era apenas espectadora e companheira, tinha a sua própria banda, com outras mulheres. As mulheres a torcerem por outras mulheres.
Nestas linhas sobrepõem-se dois assuntos, que na minha vida muito se cruzam: por um lado, as amizades entre mulheres; por outro, as relações que começam ou que se mantêm por serem com mulheres.
Vejo a narrativa sobre “as mulheres” mudar, e é com grande satisfação que assisto a meninas serem educadas por mães que amam ser mulheres, amam ter filhas mulheres, amam ter amigas mulheres. Acho que seria uma excelente mãe de meninas. Sou tia de duas, e podem crer que vou lançar sobre elas a minha magia.
Com o crescente colapso da mentira do amor-para-sempre, vejo que cresce a narrativa da amizade entre mulheres até como ponto de fuga para uma velhice mais acompanhada. De que existe, entre mulheres, uma irmandade transversal que nos liga e nos protege. Já antes disto, sempre tentei procurar mulheres, também como protecção, e foi assim que me encontrei recentemente numa situação de exclusão de um projecto que era meu, relegada para uma espécie de nota de rodapé por uma mulher que escolhi e que me aterrorizou por dois anos. Ou que a simpatia quase imediata deu lugar ao desinteresse pelo tal colectivo feminista, que facilmente reconheci ter sido constituído para reclamar os benefícios que os seus colegas homens possuem na indústria, e não para tentar desconstruir o mesmo sistema que as deixa de fora, não para, num movimento interseccional, chamar outras pessoas (mulheres) que não estão no centro desse mesmo sistema, mas sim para usufruir de privilégios de classe que reproduzem tudo aquilo que tentam combater.
Reconheço um elo muito forte que liga as mulheres. Uma amizade com outras mulheres é feita, para mim, de uma matéria que realmente não consigo encontrar com os meus amigos rapazes. Estas mulheres de que falo não fazem parte de uma categoria abstracta e essencialista, mas vêm sim de uma intersecção das nossas histórias, que se cruzam em tantos aspectos que a nossa experiência de vida aproxima: e aí acontece a magia, uma sintonia que traz acolhimento e risada, pertença e desacordo, aconselhamento sem julgamento. Com todas estas mulheres que se aproximam de mim e de quem me aproximo, ou me deixo aproximar, partilho um pedaço de mim, um pedaço da minha história, que ressoa nelas como ressoa em mim. A amizade enquanto projecto interseccional e político vai ganhando força se pensarmos que a amizade (as relações de amizade) não são coisas que acontecem mas sim que fazemos acontecer – são escolhas. E estas escolhas são também o resultado dos vários momentos das nossas vidas: é por isso que o afastamento pode ser uma coisa positiva e naturalizada.
Para mim, retirar a amizade entre mulheres do lugar sagrado em que a coloquei não foi fácil. O meu eu de 11 anos, que começava a prolongar a estender as minhas amizades para lá do domínio da sociabilidade escolar, como nunca antes tinha acontecido, começou num lugar em que a amizade era considerada sagrada, precisamente porque seria o oposto das relações da família, hierárquicas, de poder, tóxicas, presentes e constantes. Na amizade, haveria uma espécie de horizontalidade, esquecendo-me eu (mas relembrada muitas vezes na vida, o que não quer dizer que tenha aprendido, e sei disto, aliás, porque continuo a ser relembrada, de vez em quando) de que não partimos todas do mesmo lugar. Sendo assim, não estamos todas no mesmo lugar, de poder também. A amizade, essa instituição tão fora de qualquer regulamentação, tão longe de definições jurídicas, tão inacessível para as mãos do estado, e também por isso tão sagrada, fora do everyday life, mágica e especial, é também um lugar de poder, como qualquer outra instituição – profanemos a amizade.
7. Recentemente, deparei-me com um vídeo da Access Hollywood na gala da Elle Women in Hollywood, em 2024, numa breve entrevista às actrizes Rita Wilson, Melanie Griffith e Rosie O’Donnell, na apresentação de um prémio de homenagem a Demi More. Quando questionadas sobre sobre as queixas de fake feminism em Hollywood (comentários recentes da actriz Sidney Sweeney), a resposta de O’Donnell é: “She’s a very talented young actress, but I can understand what she feels, because when you’re young and you’re starting out everybody puts you in competition with each other”. Por fim, será Wilson a entregar o segredo de uma relação de amizade feminina duradora: esforço. Fazer o esforço. E comparecer.
Conheço o trabalho de Sweeney (Euphoria, The White Lotus, e uma Sweeney de tons mais sóbrios em Reality, dirigido pela excelente e habilidosa dramaturga, argumentista e realizadora Tina Satter). Procuro o artigo da Vanity Fair em que faz estas queixas. Sweeney diz: “This entire industry, all people say is ‘Women empowering other women.’ None of it’s happening. I’ve read that our entire lives, we were raised—and it’s a generational problem—to believe only one woman can be at the top. So then all the others feel like they have to fight each other or take that one woman down instead of being like, Let’s all lift each other up.”
Reconheço o problema geracional de que fala Sweeney. É um trauma, sim, que as relações entre mulheres tenham, durante tanto tempo, assente nessa mentira que é a competição – para chegar onde? Os rapazes continuam a não nos dar lugar na mesa (vide: Sucession).
Este texto é sobre amizades. E sobre mentiras. E sobre tudo o que acontece nesse intervalo. O que fazer quando as mentiras que inventamos – aquelas em que precisamos de acreditar para desenrolar a narrativa – falham? Inventar novas mentiras. Inventar mentiras melhores. Ou evocando as palavras de George Michael mimetizadas por aquelas que viriam a constituir a classe das supermodelos nos anos 90, rapidamente substituídas por modelos mais novas com menos agência mas mais agências: “all we have to do now is take these lies and make them true somehow” (Freedom!).
FIM