O amor – e quando falo de amor também estou a falar de amizade – é político muito para lá desta ideia negociada das contrapartidas, de uma gestão do que se ganha e se perde numa relação de amor, apesar de não haver nada errado com as expectativas de que se ganham coisas numa relação de amor (e se perdem), ou das escolhas que fazemos, conscientes, sobre quem queremos manter na nossa vida. Porque aquela primeira efervescência que nos empurra para o sujeito da nossa admiração pode ou não ser desenvolvida. Pode ou não ser trabalhada: à semelhança das festas do divino, como propõe João Leal, o amor dá muito trabalho.
Mukanda
15.01.2025 | por Patrícia Azevedo da Silva
São seis horas da manhã e ainda não dormi. A vida não espera, parece que o novo dia já acontece, parece que é preciso seguir, parece que mais um dia é preciso ser forte, parece que mais um dia é preciso ser esteio, apoio, estrutura, vínculo, laço, base, centro, acolhida. Parece que mais um dia é dia de não ser eu mesma e ser esta grande fundação que sustenta o firmamento. Com os pés, procurei o chinelo pelo chão, ainda sentada, ainda meio viva meio morta, ainda nem acabei meu ontem mas já é preciso ser hoje, e é preciso que o hoje seja agora.
Mukanda
02.03.2023 | por Laura Gusmão
Separados por uma tela de computador, mas unidos pelo interesse em debater alguns contornos da sua profissão, sentámo-nos frente a frente. Angelo Raimundo, mais conhecido por Another Angelo, faz sucesso na cena artística portuguesa graças às suas ilustrações, quase sempre complementadas por poemas ou frases cuja grafia é também ela única e se tornou a marca do artista, sendo poucos os que ficam indiferentes às mensagens passadas por este.
É nas redes sociais que causa furor, quer pelos temas que aborda: ansiedade, amor, felicidade, solidão... quer pelo modo de o fazer.
“Afinal de contas, eu também sou um ser humano”, diz enquanto conversamos sobre as interações que tem com os seus seguidores (que intitula de finches) no seu instagram. Será a tranquilidade e humor com que Angelo aborda os temas, que cativa os seus 90 mil seguidores, ou a segurança, vontade de sorrir e paz interior que sentimos ao tomarmos contacto com a sua arte?
Cara a cara
21.09.2022 | por Alícia Gaspar
O amor aviva a vida e os desejos. Tive sorte. O meu corpo já vai expandindo um pouco sinto. Tenho uns pelos escassos no queixo e de seguida já lá vão 10 meses de Testosterona, mas acho que tenho daquelas constituições em que a transição é mais lenta. Vou aguardando saltos, que dizem muitos se dão na transformação. Olho-me ao espelho mas só me parece tudo muito vagaroso. Enfim, paciência. Isto anda tudo a passo de caracol lately. Temos que esperar por janeiro também para ver o Trump fazer as malinhas. Espero que alguém grite a plenos pulmões “You're fired!”
A ler
20.11.2020 | por Adin Manuel
Estes rasgos de continuidade sabem muito bem. É que a Nova Ordem Mundial confunde Ordem com Regime e de ordem não percebem nada, a ordem é difícil como tudo, por isso é que aparecem regimes que fazem passar formatação por ordem em desespero tentam impor aquilo que existe e só com muita gentileza atinge ordem.
Corpo
14.06.2020 | por Adin Manuel
"O modo como as personagens morrem tem muito a ver com a traição entre pessoas na vida real. A meu ver, a sociedade moçambicana tornou-se muito gananciosa. O tempo dos favores já se foi, em troca veio o tempo do refresco. A corrupção aumentou, a prostituição também. Hoje em dia vende-se crianças, albinos são cortados aos pedaços, assassinam-se indianos, rapta-se portugueses, ricos, pobres. Tudo em troca de dinheiro."
Afroscreen
05.08.2019 | por Marta Lança
O gesto é político e o que nos apresenta rejeita qualquer hipótese informativa, propondo-nos um filme numa linguagem cinematográfica muito percetiva e relacional, que não cai em descrições e narrativas da diferença e preserva a intimidade da vida e do espaço privado.
A matéria do cinema, o movimento que nasce do conhecimento e da relação para a criação de universos que partilhamos a partir do som e da imagem é um gesto profundamente político, porque move lugares e reifica histórias, dando conta de uma partilha do sensível.
Cara a cara
15.06.2017 | por Mariana Pinho
Para escrever um texto que fala das relações entre arte e luta necessitaria de uma língua estrangeira dentro da própria linguagem, uma língua de saltimbancos que materialize a possibilidade de dançar numa corda bamba e de combater. Ao invés, tenho apenas os trapos de palavras gastas que tento coser à volta dos problemas. Por exemplo, o problema de nem sequer conseguir pensar em atravessar a ponte que liga a arte e a vida, se ela alguma vez existiu, sem cair nos braços da lei. E de não conseguir admitir este estado de coisas sem me deixar cair em cobardia ou depressão.
A ler
19.01.2017 | por Claire Fontaine
É a possibilidade de descobrir que todos somos uma singularidade qualquer, igualmente amável e terrível, prisioneira das malhas do poder, à espera de uma insurreição que nos permita mudar a nós mesmos.Que amemos o comunismo quer dizer que acreditamos que as nossas vidas, empobrecidas pelo comércio e pela informação, estão prontas a elevarem-se como uma onda e a reapropriarem-se dos meios de produção do presente.
A ler
17.01.2017 | por Claire Fontaine