Os segredos de Estado tornam-se mitos em países como Angola ou a China. São autênticos cofres vazios, lendas populares, elefantes brancos que ocupam o imaginário e o dia a dia do cidadão. Perguntei-lhe qual era o cheiro do corpo do Lenine, se cheirava a mofo no papel.
'Não! Tem um cheiro forte, sufocante e ao mesmo tempo vazio. Não dá vontade de espirrar, dá é mais vontade de não respirar.'
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16.02.2024 | por Fradique
Abro pela primeira vez os arquivos que ele me deixou, sem saber o que vou encontrar e aquilo que talvez tenha perdido todos esses anos. A ideia é descobrir, a cada crónica, um pouco mais sobre a vida deste que foi provavelmente o projecionista angolano que conheceu mais cabines de cinema a nível internacional que, em 1981, fez uma viagem com a delegação angolana à Alemanha de Leste e desapareceu.
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24.01.2024 | por Fradique
Nesta exposição, a expansão da fotografia associa-se à expansão científica colonial que vê na fotografia a tecnologia adequada para visualizar, medir, classificar e arquivar os seus objetos de estudo de modo potencialmente infinito, num contexto de progressivo extrativismo. Partindo desta obsessão pela medição e classificação, mostra-se os modos como os territórios e os corpos das pessoas colonizadas foram visualmente apropriados durante as missões científicas de geodesia, geografia e antropologia, no período 1890-1975, e como se difundiram as narrativas da ciência colonial.
Vou lá visitar
11.12.2022 | por vários
O arquivo audiovisual do BUALA está agora disponível no Youtube. Pode encontrar todos os episódios de Temos de Falar, momentos do projeto ReMapping Memories, reportagens feitas no Festival Música do Mundo e muito mais.
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28.04.2022 | por vários
Reconhecemos as ambiguidades que constituem formas de curto-circuito inerentes à processos coletivos de produção de conhecimento, que antes do que retenção de informação ou presunção de campos de exclusividade temática, ensaiam formas de distribuição de energias, capacidades e responsabilidades na invenção do comum. O posicionamento crítico e na fronteira dos espaços legitimados de conhecimento não supõe uma desvalorização da erudição (popular, acadêmica, indígena, militante, etc.), porém estejamos habitadxs por condições de acesso diferenciadas à distintos regimes discursivos (como os discursos hegemônicos acadêmicos ou sobre a arte, repertórios léxicos ativistas ou vozes indígenas).
Mukanda
10.08.2021 | por vários
Como é que as mulheres olharam as lutas de libertação nas ex-colónias portuguesas? Como é que os seus olhares foram integrados ou não na imaginação do colonialismo? Houve um olhar específico das mulheres sobre a libertação do colonialismo português? Que saber e consciência temos de/sobre esses olhares? E como é que esses olhares se cruzam com os das realizadoras, artistas, curadoras e académicas que hoje questionam os arquivos, públicos e privados, interrogam e recriam visualmente as suas memórias e re-imaginam o colonialismo? Que acção é que a investigação académica, as políticas de conservação de arquivos, os gestos de programação e curadoria podem ter no questionamento ou, pelo contrário, no prolongamento das “políticas (oficiais) da memória”?
Afroscreen
22.05.2021 | por Ana Cristina Pereira (AKA Kitty Furtado), Inês Beleza Barreiros e Maria do Carmo Piçarra
O triunfo do filme consiste, por isso, em mostrar, mas sobretudo em interromper e interpelar os filmes que mostra, com comentários, observações e justaposições, demonstrando que não há neles rigorosamente nada de natural. Tomando em consideração o modo sistemático como se tem vindo a demonstrar quão artificiais, postiças, desequilibradas, encenadas e ocultadoras são as imagens dominantes que foram produzidas em contextos imperiais, Benjamin Stora perguntou recentemente: será que a imagem colonial ainda mantém uma ligação ao real? Ariel de Bigault levou esta inquietação a sério no documentário, dando-lhe uma resposta enfática na negativa, concentrando-se no imaginário e ficção do cinema colonial como se uma história de fantasmas.
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01.12.2020 | por Afonso Dias Ramos
"Tenho visto que racismo, homofobia, queerfobia e transfobia são coisas interligadas que existem em todas as sociedades, ao longo do tempo. Como sou tratada quando me desloco entre países, a linguagem desumanizante utilizada nas fronteiras e nos costumes, diz muito sobre a raça. No mundo em geral, só agora conhecemos o alcance da violência racial que tem vindo a acontecer, bem como as suas raízes e efeitos sistémicos. Só recentemente, enquanto sociedade mais alargada, nos foram fornecidos os instrumentos e a linguagem para apontar e abordar o racismo. Como disse anteriormente, a violência é mais antiga do que todos nós".
Cara a cara
19.11.2020 | por Osei Bonsu e Zanele Muholi
Os “papéis velhos” representam para mim a herança arqueológica de trajetos de vida, memórias e eventos nacionais. Por circunstâncias várias, sou eu a guardiã destas memórias materiais que invadem o meu escritório com o seu perfume do antigamente. Existem silêncios, lacunas e incógnitas. Amiúde, interrogo-me: o que terá decidido não arquivar e deixar de fora? Que narração decidiu guardar para que não fosse condenada ao esquecimento? Não entendo o arquivo como um fim em si mesmo, é antes uma porta que se abre para a exploração do testemunho que o avô desejou deixarmos.
A ler
27.06.2020 | por Yara Monteiro
Numa abordagem que não pretende de todo fechar-se, mas oferecer-se, como escuta, à pluralidade de histórias e vozes, à sua vulnerabilidade, Ícaro Lira dá conta de uma profunda empatia pelas experiências vividas. A exposição na galeria Salle Principale aparece como um nó. Um nó temporário de vozes, encontros e histórias, de territórios atravessados, habitados e carregados em cada um, de temporalidades distintas constantemente reconduzidas por colagens renovadas.
Vou lá visitar
24.12.2019 | por Elena Lespes Muñoz
O que se busca é uma consciência crítica das representações calcificadas ou ausentes dos arquivos, fomentando o debate sobre modos de reimaginação e abordagens éticas não só às imagens que se fazem imagem-arquivo mas também aos arquivos de imagens na sua materialidade.
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18.09.2019 | por Maria do Carmo Piçarra
De 24 a 27 de setembro, o Goethe-Institut de Lisboa promove, em parceria com a Culturgest, o ciclo de cinema e debates que aborda o confronto de vários artistas com a herança colonial dos países europeus através dos arquivos cinematográficos, no âmbito do projeto internacional "Tudo passa, exceto o passado".
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06.09.2019 | por vários
Os documentos preservados pelos Estados ou chefaturas Ndembu (Jindembu) em Angola são testemunhos importantes da centralidade plurissecular de práticas africanas de arquivo. Em 1934, o antropólogo português António de Almeida tomou posse (alegadamente “por empréstimo”) do Arquivo de Estado do Dembo Caculo Cacahenda, trazendo-o para Lisboa, para seu estudo.
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24.01.2019 | por Ricardo Roque
É uma exposição muito aberta. Passa por uma chamada de atenção sobre os tesouros, no sentido da acepção da palavra, de África. Por isso museologicamente cada peça assume uma unidade. Não é uma exposição de totalidade, mas de casos individuais: são 41 peças, 41 curadores, 41 palavras e nunca as quisemos mexer ou misturar. A ideia é que se possa contar e não dizer África, recuperar o que já se traz, o que se sabe e não se sabe e poder, não tanto “acrescentar um ponto” mas “rever um ponto”.
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14.01.2019 | por Marta Lança
Este livro traz-nos, pois, o registo escrito de um processo de resgate e releitura de um tempo que surge vivo na exata medida em que a sua dimensão de ruína envolve o cuidado para que se recuperem os fragmentos existentes e, simultaneamente, um exercício hermenêutico que os torna visíveis e contemporâneos.
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13.01.2019 | por Miguel Cardina
Onde se encontram o comum e o estranho? Como combinar a perspectiva sócio-histórica da memória com a experiência singular e individual? É possível retomar fatos da história e, ao mesmo tempo, recusar a monumentalização do passado? Em Museu do estrangeiro, o artista Ícaro Lira interpela a narrativa histórica brasileira, em específico o debate sobre os fluxos migratórios no país, envolvendo uma multiplicidade de sujeitos, espaços e tempos em sua montagem poética de materiais coletados.
A ler
13.03.2018 | por Eduarda Kuhnert
“Museu do Estrangeiro” de Ícaro Lira, projeto que, à semelhança de grande parte dos seus trabalhos, combina formas de conhecimento temporalmente distintas e politicamente contraditórias, tem a potência remissiva da enciclopédia e a deriva da montagem surrealista, um work in progress que articula ao longo do tempo vários tipos de agenciamentos de pessoas, objetos, e afetos.
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24.04.2015 | por Marta Mestre
portanto, a partir deste capítulo de desvinculação colonial tão “desconhecido” quanto contundente, da longa primavera da África (por relação aos acontecimentos políticos recentes no Oriente Médio), e de um novo pensamento ideológico e cultural (o exemplo da “pedagogia da revolução” de Amílcar Cabral, nas palavras de Paulo Freire), que as responsáveis – Ligia Nobre e Cécile Zoonens – pela plataforma exo experimental org., em colaboração com Anne Sobotta, “imaginaram” uma aproximação renovada e necessária. Mas qual a importância contemporânea desta aproximação? O que alimenta esta necessidade hoje, em que o Brasil se assume como uma potência no mundo? O que existe para além da histórica descendência afro, de milhões de brasileiros?
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21.08.2013 | por Marta Mestre
‘Migrações externas', as experiências transatlânticas, sempre presentes em Portugal (trazidas por países diversos que permaneceram ou permanecem cá há um tempo vital, enriquecendo-o com as suas ligações às músicas, aos instrumentos, à literatura e oralidade) sem, porém, um trabalho de campo intensivo que se disponibilizasse a entendê-las, através dos seus personagens vivos mais expressivos, e as encadeasse nesse plano de pesquisa, relacionamento e interculturalidade. E tambem faltava arquivar.
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06.03.2013 | por Soraia Simões de Andrade
O projecto "Fora de Campo" propõe olhar o Arquivo de Cinema de Moçambique através das práticas materiais e simbólicas da sua própria estrutura de memória. O arquivo é entendido como um corpo autónomo mas simultaneamente dependente de uma cadeia de ideologias associadas à condição tecnológica e política que a máquina moderna do cinema implicou.
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19.11.2010 | por Catarina Simão