Política da língua como prática da decolonialidade: uma reflexão começada

Política da língua como prática da decolonialidade: uma reflexão começada A língua tem lugar, enraizada num chão onde é vivida, mas, além disso, é lugar de expressão de lugares. No sentido em que através dela algo se mostra, a língua é faculdade de ser atravessada, lugar de influências e dependências que levam o nome de uma negociação e que são também uma forma de atravessar, o resultado de uma viagem do lugar de sentido que somos por lugares de sentido que outros são e reciprocamente. Era esse o sentido de negociação de identidade a que se referiu Chiziane. Travessia que consiste em se deixar atravessar, língua e território percorrem-se como uma fita de Moebius.

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15.11.2023 | por André Barata e Liliana Coutinho

Amo o português quando o Ronaldo tem a bola

Amo o português quando o Ronaldo tem a bola O Ronaldo joga como os poetas falam e escrevem, sem gravatas, sem dizeres, nem lances oficiais, os outros jogam com mecânica como se escrevessem documentos oficiais.

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05.05.2023 | por Fernando Carlos

O neo-lusotropicalismo linguístico: críticas à lei que classifica a língua portuguesa como património cultural imaterial de Cabo Verde

O neo-lusotropicalismo linguístico: críticas à lei que classifica a língua portuguesa como património cultural imaterial de Cabo Verde orque num país de parcos recursos como Cabo Verde qualquer lei que sobrestime a língua portuguesa traduzir-se-á, com base num jogo de soma zero, na amplificação de obstáculos a real promoção e oficialização da língua cabo-verdiana. Dito de uma forma mais direta: qualquer recurso, simbólico ou material, canalizado à língua portuguesa traduz-se no correspondente que não é transferido a língua cabo-verdiana.

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26.04.2023 | por Abel Djassi Amado

"Moçambique nunca conheceu momentos de paz”, entrevista a Paulina Chiziane

"Moçambique nunca conheceu momentos de paz”, entrevista a Paulina Chiziane Foi a primeira mulher a publicar um romance no seu país. E a primeira africana a ganhar o Prémio Camões, em 2021. Ser tudo isto levou-a a perguntar: “Porquê agora?” A resposta ocupa a conversa com o Expresso. Nela recua-se aos inícios, fala-se do rumo do continente africano, da autocolonização e da colonização da língua

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19.01.2022 | por Luciana Leiderfarb

Língua portuguesa e colonização – caso da Guiné Bissau

Língua portuguesa e colonização  – caso da Guiné Bissau “Será a língua portuguesa um instrumento ideal a usar no processo de ensino-aprendizagem para a libertação do povo da Guiné?”. Tendo em conta que a língua portuguesa foi um dos instrumentos usados pelo colonialismo para a dominação do povo da Guiné, não seria normal o mesmo instrumento de opressão servir para um processo educativo que pretenda a libertação do mesmo povo da alienação colonial.

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02.06.2019 | por Sumaila Jaló

O Angolês, uma maneira angolana de falar português

O Angolês, uma maneira angolana de falar português O tempo virá em que o falar do povo angolano há de quebrar os ditames e formalismos impostos pelos gramáticos na Língua Portuguesa. Expressões como “é sou eu que estou aqui; vou trazer este livro no João; aquele senhor que você viste ontem era sou eu; o único que sobrou só sou eu; estão a te chamar no papá; vão te apanhar na polícia; a bebe lhe morderam na casumuna; me dá lá só dinheiro; te encontrei não estavas em casa; bati a tua porta na janela; me faz só um kilapi; me dá só dez kwanza, etc.”, entrarão para sempre no seio da LP. Pois, o centro de gravidade de uma língua encontra-se onde houver maior número de falantes, e o maior número de falantes do LP em Angola está do lado dos iletrados. Estaremos então, sem dúvida, na iminência de presenciar e testemunhar o nascimento do Angolês – uma maneira angolana de falar o Português – que precisará apenas de determinadas condições sociais para se impor.

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22.09.2012 | por Francisco Kulikolelwa Edmundo

Cada escritor persegue um caminho próprio mas cada geração tem algumas questões colocadas a todos - entrevista a Anita Martins de Moraes

Cada escritor persegue um caminho próprio mas cada geração tem algumas questões colocadas a todos - entrevista a Anita Martins de Moraes Os que se viram implicados nas lutas pelas independências, mesmo os que não se integraram aos movimentos de luta armada, têm que lidar com as relações entre literatura e política, inevitavelmente, como também com uma idéia de nação, que podem querer formar ou questionar. Nesse sentido, a relação com as sociedades tradicionais e suas produções culturais se torna decisiva. As gerações que se viram, como no caso de Guiné-Bissau, Angola e Moçambique, assoladas por guerras civis se vêem demandadas a lidar com seus escombros. Bem, posso dizer que, pelo que tenho lido, a denúncia da desigualdade social e da corrupção dos governos tem se tornado muito presente nessas literaturas africanas, desde os finais dos anos 1980.

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09.02.2012 | por Cláudio Fortuna

A propósito das “línguas nacionais”

Deveria ser elaborada uma política linguística abrangente e articulada, de modo a fazer da diversidade nesse domínio uma mais-valia efectiva, o que pressupõe superar conceitos subjectivos, emocionais e equivocados, assim como eliminar os factores que apenas dificultam a desejada e necessária cooperação entre as línguas africanas e a língua portuguesa, como a dupla grafia.

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25.11.2011 | por João Melo

Entrevista a Domingos Simões Pereira

Entrevista a Domingos Simões Pereira Se eu decidir vir trabalhar de fato e gravata ou de bubu, nenhuma das opções deve chocar ou ser inadequada. Todos temos de encontrar na pluralidade e diferença os elementos de escolha e de inclusão, e preparar a nossa mente para aceitar a diversidade.

Cara a cara

08.05.2011 | por Marta Lança

Inês não é morta

Inês não é morta É sempre escuro no país do futuro porque falta fazê-lo, e ninguém o fará senão nós. Portanto, quanto a Atlânticos e Índicos em todas as suas margens falantes de português, acredito que Inês não é morta. Depende de haver quem fale e quem escute, como podemos escutar Lula Pena e ela ser fado, morna ou Caetano Veloso, sendo única: ela própria.

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01.04.2011 | por Alexandra Lucas Coelho

A Urgência do Crioulo Guineense

A Urgência do Crioulo Guineense  Na literatura na Guiné-Bissau, os termos em crioulo são cada vez mais utilizados, existindo já obras de poesia exclusivas nesta língua. Alguns intelectuais guineenses têm vindo a assumir cada vez mais uma postura de contestação à nacionalização da língua portuguesa. A música popular desde cedo se manifestou em crioulo. Dinamizada primeiramente por José Carlos Schwarz, que teve a ousadia de cantar nesta língua durante a guerra de libertação, este movimento continuou a ter força com bandas como os SuperMamajombo ou TabancaJazz.

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13.02.2011 | por

África é o último território da arte contemporânea, entrevista a Miguel Amado

África é o último território da arte contemporânea, entrevista a Miguel Amado África é hoje, em 2011, o último território, entre aspas, por descobrir. A África de expressão portuguesa ainda está um bocadinho ignorada e o meu papel pode ser um pouco esse: servir de interlocutor.

Cara a cara

22.01.2011 | por Susana Moreira Marques

Quem tem medo da lusofonia?

Quem tem medo da lusofonia? É inegável que existe em Lisboa uma aproximação natural dos falantes da língua portuguesa, que não portugueses, mesmo quando não partilham a mesma raça e cultura. As diferenças nacionais diluem-se em virtude da discriminação a que todos estão submetidos. E faz todo o sentido pensar nesta diluição como necessidade de resistência à discriminação, no sentido em que a metrópole torna homogéneos todos os ex-colonizados, arrumando-os nas categorias de “pretos”, “negros”, “imigrantes”.

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21.01.2011 | por António Tomás

Você diz trem, eu digo comboio

Você diz trem, eu digo comboio A voz vai mudando do outro lado do telefone – escritores, cantores, Lisboa, Rio de Janeiro – mas mantém-se o tom: ninguém sabe dizer o que é, ao certo, a lusofonia, se existe, e ainda que exista, talvez não baste. É preciso discutir, discordar, estrebuchar, concordar, amar perdidamente, ficar insatisfeito, porque bom, bom, era a utopia, aquela dos tempos de “descobrir” o mundo. Como se o mundo não existisse antes de nós o dizermos – em português.

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07.01.2011 | por Susana Moreira Marques

Comer a língua

Comer a língua Quanto do que hoje é brasileiro foi português antigo que Portugal perdeu? Como o cardápio em Portugal encolheu, certamente por falta de apetite! E eles continuam a vir, dietistas, higienistas, fiscais-de-contas, reduzindo a língua a um quartinho, e de colarinho: não respire, não respire. Avé a poesia, cheia de fome.

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03.01.2011 | por Alexandra Lucas Coelho

Lusofonia, identidade e diversidade na sociedade em rede

Lusofonia, identidade e diversidade na sociedade em rede A retórica tradicional da lusofonia tem persistido, não raras vezes, numa espécie de nostalgia do império, subvalorizando a diversidade cultural que cinco séculos de aventuras associaram à experiência de todos os cidadãos que pensam, sentem e falam em língua portuguesa. Será, por isso, importante - e talvez também urgente – que todo um conjunto de políticos, intelectuais e académicos, que têm trazido à luz numerosas pistas sobre a complexa construção da identidade lusófona, reflicta sobre o contributo que o ciberespaço oferece à reconfiguração de uma lusofonia mais englobante e mais plural.

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02.01.2011 | por Lurdes Macedo

Mostrar e pensar o que se anda a fazer - festivais de teatro de língua portuguesa

Mostrar e pensar o que se anda a fazer - festivais de teatro de língua portuguesa Companhias e artistas viajam para apresentarem os seus trabalhos uns aos outros e a um público que refresca o olhar do seu habitual nicho de mercado, nos territórios nacionais. O trabalho ganha em visibilidade e reflexão, pois o debate entre pessoas da área ajuda a desenvolver critérios de exigência e de comunicação sobre aquilo que se apresenta. Um Festival tem uma dimensão festiva, não menos importante que tudo o resto, e contribui para esse intercâmbio no espaço lusófono, entre agentes culturais e representações das realidades de cada um.

Palcos

24.12.2010 | por Marta Lança