O que fariam os tugas de bens pobres se toda essa gente que limpa as cidades, colhe as frutas e tomates cherries que enchem as suas mesas, calceta os seus passeios, limpa as suas casas e escritórios, leva-os de uber de um sítio para outro e entrega as suas comidas, se fossem embora? Se os tugas de bens pobre ou os pretos ou os ciganos ou os sul-asiáticos distraídos acordassem para as questões das desigualdades estruturais, o medo e a diferença usados para dividir, entenderiam que a luta não é uns contra os outros, mas todos ao lado uns dos outros, porque os problemas são comuns: salários baixos, habitação precária, falta de oportunidades, escassez de transportes públicos, guetização, falta de acesso a espaços culturais, entre outros.
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13.01.2025 | por Marinho de Pina
Na Rua do Benformoso há muitas carências que devem ser tratadas com urgência, incluindo a melhoria na recolha de lixo, programas de cuidado para toxicodependentes, articulação das instituições com a sociedade civil, policiamento de proximidade. As comunidades residentes nesta área, portuguesas e de outras origens, estão desagradadas com estas operações policiais absolutamente desproporcionais à criminalidade que ali existe e revoltadas pois o investimento necessário para melhorar a situação não está a ser feito.
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22.12.2024 | por vários
Ser uma jovem migrante brasileira negra investigadora em Portugal é resistir à destituição do meu potencial singular e complexo, quando a lógica colonial insiste em me cristalizar em identidades marcadas para morrer. É tentar equilibrar o aforismo gramsciano - pessimismo da razão e otimismo da vontade - numa fronteira cultural, social e política cujo agente de imigração não vai com a minha cara. Mas na escrevivência posso ser fronteiriça, posso ser tudo e nada, posso até abandonar esse texto sem uma lição que o valha.
A ler
27.10.2024 | por Gessica Correia Borges
As Universidades de Portugal cobram 5 vezes mais o valor de mensalidades para imigrantes brasileiros. O desconto em medicamentos não existe, mas pagamos os mesmos impostos. Eu já vendi todas as câmeras que trouxe do Brasil e comprei este moleskine em promoção por 5 euros na FNAC. (...) Ou achas que me esqueci dos longos anos na fila da Alfândega? O meu algoz chamava Joana.
Ela coordenava aquele purgatório melhor que Bosch o pintava. Checa-se bagagem, celular, documentos, repete-se perguntas e religiosamente julga-se. Quem checa a história é meu estômago.
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25.07.2024 | por
Convidamos todas as pessoas que estudam e trabalham, ou que já estudaram e já trabalharam na FCSH a juntarem-se a nós no dia 21 de março, pelas 16h na esplanada da faculdade. Para que esta celebração da Primavera seja um momento de afirmação de que o fascismo não passará na FCSH.
Cara a cara
17.03.2017 | por vários
Em 2008 eclodiu inesperadamente na África do Sul, país que acolhe um grande número de emigrantes dos países vizinhos, uma onda de Xenofobia contra estes. Cerca de 50 pessoas foram mortas e milhares ficaram feridas entre as quais moçambicanos. Milhares de estrangeiros viram os seus familiares agredidos e mortos, as suas casas e bens queimados e foram obrigados a fugir sem nada. Este documentário relata a história dramática de três destas pessoas que regressaram à sua terra natal fugindo da violência.
Afroscreen
10.07.2012 | por Camilo de Sousa
a Cidade do Cabo parece viver dentro do slogan para carros dos anos 60 que mostrava a ligeireza da vida de uns poucos sul-africanos: barbecues, rugby, sol, Chevrolet… Porém, fora da África funcional que cuidadosamente afastou a miséria lá para os confins, por detrás da luz que desce das montanhas com nome de mesa (Table Mountain), desalojando os pobres do centro, a realidade é outra. Percebemos o sentimento de Mandela quando, nos anos 40, descobriu o sofrimento da exploração na golden city Joanesburgo e entregou o peito à luta política. E agora, nesse mesmo país de Nadine Gordimer e de J. M. Coetzee, africanos ou, antes, os kwerekwere – termo ultrajante para «estrangeiro» são queimados e mortos.
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27.04.2011 | por Marta Lança
Podemos ter a certeza que sempre que a Argélia, os Camarões, o Gana, a Costa de Marfim e a Nigéria, descerem ao relvado do Soccer City ou ao Estádio Peter Mokaba, o público vai apoiá-los com um fraterno e atroador concerto de vuvuzelas. Jogo duplo? Não: parece antes a esquizofrenia de uma sociedade profundamente fracturada durante tanto tempo…
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17.06.2010 | por Boubacar Boris Diop