As intervenções políticas, sociais e culturais dos portugueses invisíveis continuarão a ser cruciais para se começar a narrar Portugal de forma mais objetiva e responsável – haja porém vontade de desencobrir e agir sobre as invisibilidades da sociedade portuguesa.
A ler
19.04.2019 | por Hélia Santos
O Carnaval guineense, apropriado plenamente pela população e cuja principal representação ocorre na capital do país, revela mais o “desejo de” do que o “descontentamento com”, apesar desta última componente também estar presente. Uma festividade complexa e composta por várias camadas performativas, que junta num só lugar toda a gama de manifestações culturais, por um lado, características de diversos grupos étnicos e, por outro, um imaginário concebido por todos, independentemente das referências étnicas, que se expressa através das máscaras criadas pelos grupos especialmente para esta ocasião.
Palcos
15.04.2019 | por vários
A resistência traz aos jovens uma fase mais enérgica de intervenção e focam em assuntos como questionamento do papel dos servidores do estado, democracia e governança e mobilização política. “Estamos numa fase muito interessante, em que o desafio da construção das novas formas de mobilização protagonizadas pelos jovens está a ser confrontada com desafios de encontrar, também, novas formas de representação e legitimação da governação democrática”.
Cara a cara
14.04.2019 | por Henri Chevalier
Durante esses dias foi um prazer contar com a participação de rapazes e raparigas guineenses, estudantes e profissionais, e conhecer um pouco os seus contextos de vida e de trabalho e as suas preocupações com o país e problemáticas sociais e culturais. Fizemos uma apresentação do portal BUALA, em relação ao seu historial, dinâmica e conteúdos, no sentido de convidar todos os participantes a colaborarem.
Vou lá visitar
14.04.2019 | por Marta Lança
Nós, os angolenses, caminhamos de gato e sapato. Onde estávamos mesmo? Luanda chove. BUÉ!!! A chuva escurecida sussurrava ao céu. Sussurrava aquando dos pássaros escondidos nas estribeiras da casa de chapa. A chuva sussurra ainda mais alto (barulhenta) e a nuvem estremece…BOOUM! BOOUM! Estremeceu! Uma cicatriz embranquecida no céu…BOOUM! Cai um balde de tinta de água. O chão escorrega…escorregadio. Uma tela transparente. ESCORREGADIA: a chuva inunda todas as cidades de Angola. Encharca os hóspedes no meio da morte. A chuva infiltra-se num país! Relâmpaga-se… tempestade!!! A chuva.
Cidade
14.04.2019 | por Indira Grandê
Obrigaram Zehra a casar com um primo que mora na Alemanha. Ela viu o homem com quem se casaria somente uma vez, na noite do casamento... O seu marido partiu para a Alemanha na noite seguinte e nunca mais regressou. Zehra serviu a sua família, que visitava Antakya todos os anos, e tinha esperanças de que a levassem para a Alemanha.
Cara a cara
10.04.2019 | por Sinem Taş
O fato de Franco estar enterrado "em local sagrado" e da decisão da sua família – de que caso não se possa impedir uma exumação, a que se opõem irrefutavelmente, Franco seja transferido para a Catedral de Madrid – forçou o governo a procurar apoio junto do Vaticano, transferindo o conflito para a esfera diplomática. O destino do corpo de Franco, que ainda está no Vale, tornou-se o centro de uma controvérsia memorial de primeira ordem que questiona a capacidade da democracia espanhola de se livrar de uma vez por todas do tenaz fantasma do seu último ditador.
A ler
06.04.2019 | por Francisco Ferrándiz
Atitude punk e distorção cruzam-se com os ritmos cabo-verdianos do funaná, mediados pelas técnicas do dub ou hip-hop e pelas metamorfoses electrónicas. No Portugal dos últimos meses é difícil encontrar uma outra aventura musical tão vital. Por detrás dela está o português Marcus Veiga, também conhecido pela alcunha Sette Sujidade, e agora também como Scúru Fitchádu.
Palcos
02.04.2019 | por Vítor Belanciano
A experiência da participação neste evento de indefinida colocação historiográfica, quer pela denegação que oficialmente o caracterizou, quer pela radical reformulação geopolítica do país que a partir dele se engendrou com a descolonização, tornou a guerra colonial um dos mais recalcados e complexos, mas também um dos mais trágicos eventos da contemporaneidade portuguesa que ainda hoje nos interroga.
A ler
30.03.2019 | por Margarida Calafate Ribeiro
Mãe de três filhos pequenos, era o único sustento da família, o seu marido estava desempregado. Juliana é o exemplo de muitas mulheres que hoje em dia são as principais fontes de sustento das suas famílias – num panorama económico frágil onde as oportunidades de emprego são escassas. Como muitas das Zungueiras que são migrantes do interior do país – Juliana era originária de Libolo, província do Kwanza-Sul. Teria vindo para Luanda à procura de melhor qualidade de vida.
Cidade
29.03.2019 | por Beatriz Ramalho da Silva
Decidi fazer fotografia quando percebi que a opinião da minha família já não fazia sentido. A minha mãe não permitiria, dizia-me “as meninas não tiram fotos”. Então, eu fazia-o sem o seu conhecimento dela. Encontrei uma câmara disponível e a outra deixava em casa, assim a minha mãe pensava que eu a tinha deixado em casa.
Cara a cara
29.03.2019 | por Sinem Taş
Os cinemas indígenas devem ser compreendidos como um capítulo a mais, um capítulo contemporâneo, no vasto e complexo território de relações com as imagens, com os espíritos, com as alteridades, presentes entre estes povos há tempos imemoriais. Regimes de visibilidade singulares que se relacionam às heterogeneidades nas formas de fazer, conceber e conferir uso às imagens. A Mostra Ameríndia: Percursos do Cinema Indígena no Brasil, realizada no Coleção Moderna do Museu Gulbenkian, traz um recorte de um múltiplo e diverso cinema, feito por realizadores indígenas, desconhecido ainda para tantos de nós.
Afroscreen
28.03.2019 | por Daniel Ribeiro Duarte e Júnia Torres
- Mademoiselle é um destino que nos persegue. Mesmo que abandonemos a memória, os monumentos e lugares carregam os seus fantasmas. Fantasmas? Souvenirs. Les Fantômes? – Non, Mademoiselle, não são esses fantasmas, estes só existem na Torre do Tombo. E o Nimas. O Nimas Sébastien!? RÊVE AVEC MOI. O Nimas é um fantasma da cinematografia, ou é um fantasma da filmografia (— Xé, pára só de filosofar!). O Nimas 500, onde nós, os filhos do «império» assistíamos ao glamour do cinema com histórias arquitectadas por cineastas “amicíssimos” de Salazar. -
Cidade
25.03.2019 | por Indira Grandê
Através do trabalho de Louise Narbo podemos interrogar esta relação de quem herda o olhar de um passado através de um outro. Ela sugere que o olhar do outro, que comporta em si certas capacidades, interfere na visão de quem o herda; que esse olhar, diminuído ou amplificado, pode nublar, embaciar, deformar a visão de quem o recebe; mas pode ao mesmo tempo constituir o motivo pelo qual o herdeiro desse olhar se interroga sobre essa visão que não é exclusivamente a sua, mas que também já não pertence exclusivamente àquele que lhe transferiu o seu olhar.
A ler
23.03.2019 | por Fátima da Cruz Rodrigues
O desempenho dos protagonistas do filme e a extrema fragilidade de laços sociais faz o espectador mergulhar numa intensidade de cenas portadoras de mágoas, incompreensões e revoltas internas sobre os problemas enfrentados pelas sociedades ditas modernas e globais, que colocam tatuagens em grupos sociais e povos face à pobreza e corrupção do serviço público desumanizante para quem não tem capacidade de montar um sistema alternativo - mesmo que marginal - que possa garantir segurança e possibilidade de continuar a viver com dignidade.
Afroscreen
23.03.2019 | por Miguel de Barros
O eixo à volta do qual gravita toda a narrativa do documentário é o extraordinário conjunto escultórico “A Sagrada Casa dos Madjaha”, obra de Malangatana votada à degradação e ao esquecimento num subúrbio de Maputo. A partir deste exemplo particular, revisita-se vida e obra do criador moçambicano de modo a fundamentar a necessidade de preservar não só o conjunto escultórico, como a sua memória e o seu legado.
Afroscreen
22.03.2019 | por Lurdes Macedo
Para Bhabha, face à incerteza do posicionamento de fronteiras – que são maleáveis e flutuantes – do período pós-colonial, emancipa-se o lugar que está para lá, permanecendo-se, porém, num perpétuo entre.
Esta des-referenciação, baseada na transformação cultural movida pela dinâmica de êxodos migratórios, pela deslocação de grupos étnicos, religiosos e ideológicos, pela itinerância de refugiados e de exilados políticos e pela re-definição de estatutos e fronteiras políticas, está assente na noção exploratória e expeculativa do beyond – para lá/paraalém de.
Jogos Sem Fronteiras
20.03.2019 | por Luísa Sol, Ana Teresa Ascensão, Manuel Aires Mateus e Vasco Tavares dos Santos
Seja alimentada pelos problemas económicos cada vez mais profundos, pela sensação de complacência por parte de uma elite cultural, convencida de que a paz na Europa, depois de tanta destruição, seria mais ou menos um dado irrevogável, ou mesmo apenas por causa da crueldade humana básica, não pode ser ignorada por mais um momento: o tempo dos assassinos está de volta para nos assombrar e, na sua raiz, encontra-se uma nostalgia pós-imperial renovada, impulsionada por uma negação intencional, vergonhosa e desavergonhada, do passado imperial da Europa.
A ler
17.03.2019 | por Paulo de Medeiros
Nós, os humanos, aquilo a que chamamos Humanidade, “quando não estamos ocupados em predar uns aos outros, estamos a predar o planeta”. Então que Humanidade é essa? “Será que essa ideia não está na base de muitas escolhas erradas? Por exemplo, a de que os homens brancos tinham o direito de sair colonizando, de trazer os obscurecidos para uma luz incrível, que é o buraco que agora estamos fazendo?” Como se existisse um jeito certo, “uma verdade de estar aqui na terra”, um modo civilizador. “Hoje podemos pôr em questão essa Humanidade.” Questionar a “disposição para a servidão voluntária”, o domínio das corporações, as estruturas que tentam substituir “os estados-nação falidos”. “As corporações conseguiram comprar uma narrativa de que não tem mais História.”
Afroscreen
17.03.2019 | por Alexandra Lucas Coelho
Como no dia da memória, o fracasso confirma que não será uma tecnicidade que salvará um passado definitivamente perdido, mas uma compaixão humana transformada em consciência histórica, ainda toda por construir, diante de um passado abjeto e terrível. Este será o único antídoto capaz de manter enterrado, no seu horrível refúgio, o monstro de um passado de brutalidade ilimitada, que não se deixa narrar. Pelo menos temporariamente, no entanto.
A ler
12.03.2019 | por Roberto Vecchi