Entre Ideias e Reflexões — Podcast BUALA

Alícia Gaspar acompanha as diversas vozes críticas pós-coloniais através de entrevistas em formato podcast.

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No episódio de março, Alícia Gaspar conversou com a fotógrafa Alice Marcelino sobre comunidades negras, violência policial, e a celebração do cabelo. Bem como foram discutidos e explicados dois dos seus projetos: “Black Skin White Algorithms” e “Kindumba”. Podem acompanhar o trabalho de Alice Marcelino no seu website

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No episódio de Abril, Alícia Gaspar entrevista André Amálio e Tereza Havlíčková, fundadores e diretores artísticos da companhia de teatro Hotel Europa. Nesta conversa foram discutidos temas como o teatro documental, o rumo da companhia de teatro Hotel Europa, e a peça “Os filhos do Mal”. Oiça o episódio se quiser ficar surpreendido!

Acompanhe o trabalho do Hotel Europa em hoteleuropateatro.com

22.04.2022 | por Alícia Gaspar | alice marcelino, cultura, entre ideias e reflexões, fotografia, Hotel Europa, podcast, Portugal, teatro

Ciclo Visualidades Negras — Kenneth Montague

Kenneth Montague (Canadá) é um reputado curador e colecionador de arte, fundador e diretor da Wedge Curatorial Projects, uma organização sem fins lucrativos que apoia artistas africanos e da diáspora, emergentes e consagrados.

No dia 4 de maio, falará no CCB sobre a sua mais recente exposição e livro de fotografias da cultura da diáspora africana: As We Rise, eleito um dos 20 Melhores Livros de Fotografia de 2021 pela revista TIME. Criada a partir da sua própria coleção – The Wedge Collection, em Toronto, uma coleção dedicada a artistas de ascendência africana – a exposição, e a publicação que a acompanha, analisa as ideias multifacetadas da vida negra, abordando temáticas como diligência, beleza, alegria, pertença, subjetividade e autorrepresentação. Com mais de uma centena de obras de artistas negros do Canadá, Caraíbas, Reino Unido, Estados Unidos e continente africano e, portanto, diferentes perspetivas atlânticas, este projeto oferece uma exploração da identidade negra em todos os lados do Atlântico.

Esta conferência integra o ciclo Visualidades Negras, com curadoria e moderação de Filipa Lowndes Vicente (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa), que propõe várias reflexões sobre a relação entre visualidade e negritude.

Com o apoio da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.

Mais informações aqui. 

21.04.2022 | por Alícia Gaspar | arte, CCB, ciclo visualidades negras, cultura, debate, diaspora africana, kenneth montague

MOVART - Podcast project

With a podcast, visual art and especially the voice of the artists is made audible. In this way, we hope to create another level in the experience of and with art.

We are happy to announce the release of the MOVART Podcast Project. In this podcast, we talk to the artists of the MOVART Gallery.

We learn more about the story behind the artworks: About the inspiration, the motivation and the process from the artist‘s perspective. 

In the first episode we will meet Fidel Évora. We talk to him about street art, the power of social media to construct our own past and the role of music in visual art. Enjoy!

In the coming months we will be releasing more episodes with artists such as Kwame Sousa, Alice Marcelino, Sofia Yala, Mario Macilau and many more. Stay tuned

14.04.2022 | por Alícia Gaspar | cultura, galeria movart, movart, podcast

Marlene Monteiro Freitas regressa ao D. Maria II para mergulhar em clássico de Eurípides

Cinco anos depois de ter estreado Bacantes, Prelúdio para uma Purga no Teatro Nacional D. Maria II, a coreógrafa e bailarina Marlene Monteiro Freitas regressa à Sala Garrett com o espetáculo que mergulha neste clássico do teatro. A 13 e 14 de abril, quarta e quinta-feira, às 19h, será possível ver ou rever Bacantes, Prelúdio para uma Purga, o olhar de Marlene Monteiro Freitas sobre As Bacantes, de Eurípedes.

©Guidance©Guidance

No texto de Eurípides, estão presentes o delírio e o irracional, a ferocidade e o desejo de paz, a selvajaria e a aspiração a uma vida simples. Direções contraditórias, elementos que chocam, corpos íntegros que se desmembram e crenças testadas ao limite. Este é o mundo que Marlene Monteiro Freitas percorre em Bacantes, Prelúdio para uma Purga. Um autêntico combate de aparências e dissimulações, polarizado entre os campos de Apolo e Dionísio.

Estreado em Lisboa em 2017, Bacantes, Prelúdio para uma Purga é um espetáculo coproduzido pelo Teatro Nacional D. Maria II e por vários teatros e festivais europeus, que tem viajado internacionalmente nos últimos cinco anos. Cofundadora da estrutura de artes performativas P.OR.K, Marlene Monteiro Freitas recebeu recentemente o Chanel Next Prize, prémio internacional dedicado à inovação no âmbito das artes e da cultura, distinção que juntou ao Leão de Prata da Bienal de Veneza, que lhe foi atribuído em 2018.

Mais informações sobre Bacantes, Prelúdio para uma Purga aqui.

07.04.2022 | por Alícia Gaspar | arte, bacantes prelúdio para uma purga, cultura, eurípides, marlene monteiro freitas, teatro, teatro dona maria

CCB | Ciclo Visualidades Negras — 13 abril com o cineasta Billy Woodberry

©Joana Linda©Joana Linda

Cineasta, Billy Woodberry é um dos fundadores do movimento coletivo L.A. Rebellion (Los Angeles School of Black Filmmakers), uma geração de jovens cineastas afro-americanos que procuraram a construção de um novo cinema negro. Ficou conhecido por ter realizado a longa-metragem de ficção Bless Their Little Hearts (1984), que foi premiada no Festival Internacional de Cinema de Berlim. Billy Woodberry é também professor de Cinema na Escola de Artes da Califórnia (CalArts) e ainda na UCLA.

O ciclo Visualidades Negrascom curadoria e moderação de Filipa Lowndes Vicente (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa), propõe várias reflexões sobre a relação entre visualidade e negritude, abordando problemáticas que passam pela justiça racial, política e social.

Com o apoio da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.

Descontos
Estudantes 20% 
Membros de associações 20%*
Preço de grupo: Mínimo de 10 pax – 20%*
*Estes descontos são válidos apenas na compra de bilhetes individuais e vendidos presencialmente no CCB.

06.04.2022 | por Alícia Gaspar | billy woodberry, CCB, ciclo visualidades negras, cultura, cultura visual, negritude

Apresentação da Conferência Internacional - Universidade de Bolso

Centro Cultural Vila Flor, Guimarães, 27-29 maio, 2022

Terça, 29 março 19h30
Sala B 207 (Torre B)

A cargo de João Sousa Cardoso e de António Guerreiro 
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas | Universidade Nova de Lisboa
Avenida Berna 26 C, 1069-061 Lisboa


Em cada ano, a UNIVERSIDADE DE BOLSO propõe, ao longo de três dias, a criação de uma comunidade efémera de vivência, observação, reflexão e debate aberto em torno de questões atuais, locais e globais. 

Em cada edição, os participantes encontram-se com os Oradores: pensadores e artistas internacionais, relevantes do nosso tempo, convidados a proferirem uma aula pública; com os Habitantes: cidadãos e residentes locais que testemunharão um itinerário pessoal e saberes que religam com formas de inteligência necessárias à vida pública; e os Observadores: dois convidados que acompanharão no terreno todo o programa e, no último dia, devolverão o seu olhar numa perspetiva participante, crítica e propositiva sobre o trabalho desenvolvido.  

A primeira edição da UNIVERSIDADE DE BOLSO acontece entre 27 e 29 de maio de 2022, no Centro Cultura Vila Flor. Coabitação e novas temporalidades é o mote escolhido para a edição inaugural e concentra-se na atualidade dos direitos das minorias étnicas nas sociedades contemporâneas e na elaboração social, ética e estética de uma cultura cosmopolita e transtemporal.  

Na primeira edição, os Oradores são: Françoise Vergès, intelectual, escritora e militante francesa com origem familiar na Ilha da Reunião que tem desenvolvido um pensamento crítico sobre as relações entre anti-capitalismo, ativismo feminista e decolonização; Vladimir Safatle, filósofo brasileiro, docente na Universidade de São Paulo e músico, que tem produzido reflexão sobre a construção política das subjetividades entre a filosofia, a crítica da cultura e a teoria psicanalítica; Mary Enoch Elizabeth Baxter, que também assina com o nome hip-hop Isis Tha Saviour, artivista norte-americana baseada em Filadélfia, que trabalha a relação entre o sistema institucional da justiça (incluindo a justiça reprodutiva), a violência de estado e a comunidade afrodescendente nos Estados Unidos da América.  

Os Habitantes Svitlana Baptista e Niranjan Sapkota partilham connosco – num espaço especificamente relacionado com a sua história pessoal como lugar de encontro – a experiência de imigração da Ucrânia e do Nepal, respetivamente, para Portugal. 

Svitlana Fedynyak Baptista partilhará connosco a cultura cívica, tecnocientífica e política em que se formou na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), o trauma coletivo da catástrofe ecológica de Chernobyl, a experiência migratória entre um regime autoritário do leste europeu e uma democracia em consolidação no extremo ocidente do continente. Niranjan Sapkota, por seu lado, mostrará como concilia a formação hindu e o território cultural de acolhimento, a carreira académica e o emprego fabril, além de - sendo os seus pais cantores folclóricos - o interesse pela música dos instrumentos tradicionais como uma prática familiar a que dá continuidade. Ambos os casos ajudarão a compreender as questões da alteridade, da inclusão política e das dinâmicas interculturais.   

Por último e como Observadores, a historiadora francesa Yvane Chapuis, responsável pelo Departamento de Pesquisa na escola de artes La Manufacture, em Lausanne (Suíça); e António Guerreiro, crítico cultural e professor na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, contribuirão como relatores da presente edição, analisando a qualidade das trocas havidas e as suas implicações num processo de construção coletiva de conhecimento. 

A Universidade, instituição centenária, encontra-se hoje implicada num processo imprevisível de profunda transformação política, cultural e económica, procurando os caminhos que lhe permitam reencontrar o seu fundamento – uma casa do conhecimento universal – e reinventar a capacidade de acompanhar os processos sociais e atuar produtivamente no mundo. Com a primeira edição da UNIVERSIDADE DE BOLSO queremos, juntos, dar a volta ao mundo em 3 dias! Será a primeira volta de muitas revoluções.  

21.03.2022 | por Alícia Gaspar | ativismo feminista, conferência internacional, cultura, decolonização, universidade de bolso

Workshop Ecótones – Zonas de Estudo em Criação Performativa

Este workshop faz parte do processo de investigação que está a ser desenvolvido por Leonardo Shamah (BR), em colaboração com Carolina Cantelli (BR) e Ves Liberta (PT), enquanto participantes do PACAP 5, com curadoria de João Fiadeiro, em colaboração com Márcia Lança, Carolina Campos e Daniel Pizamiglio.

No âmbito do Bloco II do PACAP 5 do Forum Dança, este workshop acontece de 21 a 25 de Março, das 18h30 às 20h30 no Forum Dança, no Espaço da Penha, em Lisboa.

Cada dia é um módulo independente.

A participação é gratuita, com inscrição prévia para o email forumdanca@forumdanca.pt.

Sobre o Workshop

“Em Biogeografia, zona ecótona é uma área de transição ambiental, onde ecossistemas diferentes se encontram e reúnem uma grande biodiversidade com seres pertencentes de cada ecossistema e da própria zona. Para reconhecer um ecótone é preciso olhar as flores e as plantas, minuciosamente, e ainda assim não é uma tarefa fácil de ser feita.

Nesta oficina chamamos por Ecótones as zonas/corpos de estudos que reúnem práticas de educação somática, deslocamentos espaciais urbanos e atividades desviantes anticapitalistas para gerar estados de percepção disponíveis à matéria sutil e invisível que nutre a existência com sentidos de encantamento e aproximação da natureza.

Com a imaginação em exercício dizemos que nesta zona ecótona: respeitamos o acaso, a perda de tempo, a conversa fiada. Queremos demorar, vagar e afrouxar. Movemos o corpo para mover o mundo que inventamos a todo instante. Como água, com a ajuda da gravidade, corremos a um lugar baixo que nos acolha em ondas de criação em existência.

No lugar de uma palavra-chave sonhamos com uma palavra-fechadura para este processo de criação habitar.

Essa oficina acontece dentro do Bloco II do PACAP 5, onde os participantes estão a criar a partir de uma pergunta partilhada.

A oficina será acompanhada pelo artista de Teatro e performer Leonardo Shamah (BR), que está em colaboração com as artistas Carolina Cantelli (BR) e Ves Liberta (PT).” - Leonardo Shamah

Inscrições e mais informações 

Forum Dança
[+351] 925 103 596
forumdanca@forumdanca.pt
www.forumdanca.pt

16.03.2022 | por Alícia Gaspar | criação performativa, cultura, ecótones, forum dança, workshop

Pantera - Companhia Clara Andermatt

Ideia da homenagem Darlene Barreto

Direção artística Clara Andermatt

Cocriação Clara Andermatt e João Lucas

Assistência à criação Felix Lozano, Amélia Bentes

Intérpretes Avelino Chantre (Avê), Bruno Amarante (Djam Neguin), Diogo Picão Oliveira, Domingos Sá (Kabum), Jorge Almeida, José Cardoso (Zeca), Nickita Bulú, Sócrates Napoleão

Participação especial Mayra Andrade

CCB . 19 e 20 março . sábado e domingo . 19h00 . Grande Auditório


O músico e compositor Orlando Barreto, mais conhecido como Pantera, nasceu na ilha de Santiago, Cabo Verde, em 1967 e deixou-nos aos 33 anos.

A sua filha Darlene – que tinha apenas 6 anos à data de falecimento de seu pai – tem  levado a cabo, nos últimos anos, uma profunda pesquisa sobre a vida e obra de Pantera; foi nesse contexto que nos lançou o desafio de lhe fazer uma homenagem.

Pantera abriu novos caminhos na música do seu país. Na sua voz pulsava Cabo Verde e as suas gentes: explorando as formas da tradição, fazia brotar uma poesia repleta de amor, perspicácia e assertividade.

Sobre esses traços encontramos a nossa própria visão, através das vivências que pudemos partilhar com ele, como amigo e como artista. Para além deste reencontro no reviver da sua criatividade e do seu afeto, seguimos um caminho de exploração, mergulhando na sua terra, costumes e cultura, não deixando de as projetar num mundo contemporâneo onde ele também se posicionava.

Este é, assim, um espetáculo construído nas andanças da memória. E é, sobretudo, uma intensa e dinâmica experiência de colaboração. Cada um dos intérpretes estabelece uma relação pessoal no relembrar da sua própria experiência e devolve-nos uma riqueza criativa que se converte no valor e no sentido desta homenagem.

Entre o muito que ficou por fazer e o muito que ficará por dizer, este é o nosso recado para o Pantera.

Lisboa, outubro de 2021

Clara Andermatt e João Lucas

08.03.2022 | por Alícia Gaspar | arte, CCB, Companhia Clara Andermatt, cultura, pantera

Nova exposição - Europa Oxalá

Até 22 agosto, Galeria Principal – Edifício Sede

Seis dezenas de obras de pintura, desenho, escultura, filme, fotografia e instalação de 21 artistas afro-europeus (filhos ou netos de quem nasceu ou viveu em Angola, Madagáscar, Congo, Benim, Guiné e Argélia) vêm alimentar a reflexão sobre o racismo, a descolonização das artes, o estatuto da mulher na sociedade contemporânea ou ainda a desconstrução do pensamento colonial. Não perca a visita-conversa com o curador António Pinto Ribeiro e os artistas e curadores Katia Kameli e Aimé Mpane, marcada para sexta-feira, dia 4, às 17:00.

04.03.2022 | por Alícia Gaspar | cultura, europa Oxalá, exposição, Gulbenkian, visita conversa

O Poder da Palavra III

“Mulheres”: navegando entre a presença e a ausência

Antologia do Iskandar SultaoAntologia do Iskandar Sultao

A terceira edição do projeto O Poder da Palavra propõe uma intervenção expositiva na Galeria do Oriente islâmico do Museu centrada no tema Mulheres: navegando entre a presença e a ausência.

O Poder da Palavra é um projeto curatorial participativo no Museu que envolve um grupo diversificado de pessoas que se expressam em várias línguas – árabe, persa, turco e português – e vivem em Lisboa.

A terceira edição explora o tema

e manifesta-se na Galeria do Oriente Islâmico com uma intervenção expositiva que procura transformar este espaço num local de reflexão e de encontro com histórias de vida de mulheres que povoam os objetos da coleção, estendendo-se do Egito até à Índia, do século XII até aos dias de hoje.

24 junho 2021 a 31 março 2022

vários horários

Fundação Calouste Gulbenkian

04.03.2022 | por arimildesoares | cultura, Fundação Calouste Gulbenkian, lisboa, mulheres, O poder da palavra

Our (spatial) stories live in performative futures

Curadoria: Cindy Sissokho & Fabián Villegas

Inauguração: 25 de Fevereiro de 2022, das 18h às 21h

Datas: Exposição patente até 19 de Março 2022, Quarta a Sábado, das 15h às 19h

Local: R. Damasceno Monteiro, 12 R/C | 1170-112 – Lisboa

Artistas: Rafael De Oliveira, Désirée Desmarattes, Theo Gould, Henrique J. Paris, Lion
Maré Djaci, Odair Monteiro, Nuno Silas, Sofia Yala

Cada regime de representação colonial é construído sobre o apagamento, o silenciamento, a devastação dos ecossistemas culturais, as geografias existenciais, as cartografias emocionais. A imagem é precedida por sons, o olhar colonial apaga os sons, remove o contexto e os objectos de representação. Tira o objecto fora da representação da sua própria concepção de espaço e temporalidade.

Através da fotografia, textos, sons, performance e vídeo, os oito artistas criam espaços de intimidade para o quotidiano, criam coletivamente ferramentas que revelam narrativas familiares, itinerários diaspóricos e arquivam o eu em processos de auto-realização e reivindicação a sua existência fora de um olhar colonial e a temporalidade.

O artista fá-lo através do auto-retrato, ligando-se através de objectos familiares como sistemas de transmissão e recuperação histórica das memórias. Esta narração é trazida dentro de uma ‘casa’ – as casas de família, o quarto, o estúdio fotográfico como um espaço seguro e até mesmo o corpo – capturando o vernáculo da diáspora, reivindicando a presença negra na cidade entrincheirada dentro de narrativas/monumentos coloniais e aos projectos ‘casa’ como espaço para horizontes emancipatórios e utópicos de vida colectiva.

Através de exercícios de insurreição e imaginação política, o diálogo da diáspora com os espaços de monumentalidade na cidade, activando espaços de memória, cria viagens auto-cartográficas, arquivos monumentais de legado anticolonial.

Como é que o regime de imagens tem um papel na informação do planeamento futuro, visão utópica e dinâmica desejos em torno de viver em cidades para a diáspora?

Através da representação e compreensão dos movimento que ocorrem (estratificação laboral, migração, mobilidade social, cultural e económica zonificação, etc.) contra as narrativas actuais de rejeição, transformação, gentrificação, etc.

A exposição é uma viagem pedagógica que não só exibe mas procura o exercício de uma imaginação de narrativas diásporas no futuro. Faz-nos questionar quais são as metáforas de nós próprios no futuro.

As obras dos artistas são um convite à ficcionalização das narrativas, e uma possibilidade de procurar através da ficção uma ferramenta pedagógica para visualizar os futuros performativos. A exposição refere-se indiretamente ao conceito histórico de “Heterotopias” e a ressonância com a categoria de “utopias localizadas”, em que construímos mundos dentro de mundos, um novo sentido de espacialidade no regime colonial de espacialidade.

Permitem-nos também pensar, visualizar e experimentar o que significa criar e recuperar histórias espaciais através da lente das suas experiências pessoais que se infiltram através da narração visual de histórias. Elas reconsideram um sentido de espaço e lugar através da fugitividade, exílio e deslocamento e negociar um sentido de pertença contra a violência espacial.

Este projecto é apoiado por UCREATE um projecto de Creative Europe a decorrer na Bélgica, Hungria, Portugal e Itália liderado por 4 organizações artísticas (Fundação Internacional Yehudi Menuhin (BE); HANGAR (PT); Mus-e Hungary (HUN); BIG SUR (IT)) com o objectivo de utilizar as artes e a co-criação artística como um meio para criar laços sociais entre indivíduos.

21.02.2022 | por Alícia Gaspar | arte, cultura, Désirée Desmarattes, diáspora, fotografia, Henrique J. Paris, Lion Maré Djaci, Nuno Silas, Odair Monteiro, Rafael De Oliveira, Sofia Yala, Theo Gould

Temos de Falar, à conversa com Gisela Casimiro

Lia Pereira, Maria do Mar e Inês Magalhães. Mulheres da música e das comunidades que ela une. Mulheres que nos fazem sentir em casa.

Sábado dia 19 de Fevereiro às 17h, na Livraria Barata.

Venham! Entrada livre.

16.02.2022 | por Alícia Gaspar | cultura, debate, Gisela Casimiro, inês magalhães, lia pereira, livraria barata, lugar de cultura, maria do mar, temos de falar

Maráia Quéri no TNDM II

Maráia Quéri de Romeu Costa e Marta Carreiras

16 fev - 6 mar 2022
qua - sáb, 19h30 > dom, 16h30 Sala Estúdio

Maráia Quéri. Filipe FerreiraMaráia Quéri. Filipe Ferreira

Quando um prazer nos faz corar.

A passagem do prazer à culpa é, muitas vezes, mais rápida do que se deseja. Mas há prazeres que não nos furtamos apenas porque censurados socialmente. Prazeres vividos em segredo. Prazeres não- aceites. E se esses prazeres virem a luz do dia? Em Maráia Quéri, o conflito interno instala-se quando paira sobre o gosto de um investigador em ciências sociais o receio da desonra ou do ridículo. Pode ele ter Mariah Carey como objeto de estudo? Pode ele gostar de Mariah Carey? Neste espetáculo, Romeu Costa e Marta Carreiras mergulham no universo musical da cantora norte-americana, que configurou uma mudança de paradigma no mundo da música dos anos 90, para investigar a liberdade com que nos permitimos gostar de algo. Através da confissão da sua vergonha, o investigador procurará “entendê-la” e entender-se, traçando, neste processo, um retrato de Portugal e da relação do país com o mundo. Numa conferência-performance que pisca o olho às famosas Ted Talks, o cientista fará acompanhar a sua comunicação pública por um conjunto de músicas que distam dos anos noventa até à atualidade, tendo sempre a vida de Mariah Carey como referente.

> Conversa com artistas após o espetáculo

27 fev > dom, 16h30

> Sessão com interpretação em Língua Gestual Portuguesa

27 fev > dom, 16h30

> Sessão com Audiodescrição

6 mar > dom, 16h30

Ficha artística

direção artística e interpretação Romeu Costa
assistência artística e direção plástica Marta Carreiras
texto Raquel S.
assistência de encenação Tadeu Faustino e Ana Bento
desenho de projeção José Freitas
desenho de luz Nuno Meira
assessoria musical Isabel Campelo e Filipe Melo
produção executiva Maria Folque
coprodução Teatro Nacional D. Maria II, Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery apoio Teatro Meridional

A classificar pela CCE duração 1h30

07.02.2022 | por Alícia Gaspar | ciencias sociais, cultura, Maráia Quéri, teatro, tndm

Gina Diama (Meu nome minha história)

Pintura angolana de Grácia Ferreira e Silvestre Quizembe em exposição na galeria Artistas de Angola


A Galeria Artistas de Angola abre portas à exposição coletiva Gina Diama (Meu Nome Minha História) dos artistas plásticos angolanos Grácia Silva e Silvestre Quizembe, com curadoria do Fotógrafo António Silva. A inauguração será no dia 18 de fevereiro, sexta-feira, a partir das 17h, na Rua Sousa Lopes N.º 12A em Lisboa. A exposição ficará patente até 18 de março do mesmo ano.

Gina Diama (Meu Nome Minha História) é uma palavra de origem Kimbundo, língua nativa do norte de angola. É uma forma de apresentação, reveladora da identidade e da origem de alguém.  As peças em exposição revelam episódios da história pessoal dos autores — receios, traumas, pensamentos, sonhos, viagens e desejos, de forma eloquente e expressiva.

Na exposição poderão ser vistas e apreciadas várias obras de ambos os artistas nos formatos de pintura, baixo relevo e escultura, realizadas entre 2020 e 2022, em plena época de pandemia e dúvidas preocupantes para os artistas.

Sobre o artista Silvestre Quizembe

Quizembe 2022Quizembe 2022Nasceu em Angola (Uíge), em 1991 e atualmente é finalista do Curso de Artes Plásticas, na Escola Superior de Arte e Design em Caldas da Rainha. O seu trabalho é representativo das suas matrizes estéticas, ancoradas na arte Angolana.  

Percurso, Materiais e Expressão

Durante o seu percurso tem vindo a desenvolver objetos tridimensionais em cartão, metal, barro e tela, explorando amplamente a sua plasticidade e flexibilidade. Na sua prática artística, utiliza também objetos encontrados que adapta a novas funções estéticas e formais. Quizembe explora os materiais para projetar e materializar formas tridimensionais fragmentadas e expressivas do seu auto-retrato e que se podem identificar como máscaras. Algumas delas são por vezes ativadas através da prática da performance, próximas da ideia de ritual enquanto ação que catalisa a memória. A sua pintura, composta pela convivência de múltiplas linguagens pictóricas, é cromaticamente vibrante e figurativa, e explora fundamentalmente o auto-retrato num universo onírico e psicológico. 

Sobre a artista Grácia Ferreira

Grácia Ferreira 2021Grácia Ferreira 2021Engrácia Ferreira dos Santos, nome artístico Grácia Ferreira, 48 anos de idade é natural de Luanda - Angola. Concluiu o Ensino Secundário no Instituto de Formação Artístico e Cultural em Luanda (INFAC), defendendo o trabalho final de escultura com o tema “Diferença conceptual entre estatueta e estátua”. Como artista plástica as suas telas e peças já passaram por vários países e continentes, com exposições em Cabo Verde, Angola, Cuba e Portugal.

Percurso, Materiais e Expressão

Cedo descobriu que a sua disciplina favorita era a Educação Visual e Plástica. Desde sempre se recorda de fazer rabiscos nas paredes de casa. Formou-se em Escultura, mas a paixão pela pintura esteve sempre presente e o destino encarregou-se de a encaminhar para as telas, pincéis e tintas. A sua fonte de inspiração é a arte no geral, seja de anónimos ou famosos. Baseia-se muito em coisas do dia-a-dia, na realidade africana e a tudo isto soma a criatividade e imaginação que mora no seu subconsciente.

Privilegia os acrílicos, o óleo, e a aguarela, sobre os mais diversos suportes, nomeadamente a tela, o papel e muitos materiais reciclados. Também a cor e a multiplicidade pictórica são proeminentes na sua pintura, vivendo apaixonada pelo surrealismo e o pelo abstratismo, o que lhe possibilita viajar no tempo. As suas imagens e envolvente pictórica são muito belas.

02.02.2022 | por Alícia Gaspar | arte, cultura, exposição, Galeria Artistas de Angola, gina diama, grácia silva, silvestre quizembe

"Música da Terra" — novo EP do Dj Nigga Fox

No dia 11 de Fevereiro a Príncipe lançará o novo EP do Dj Nigga Fox, intitulado “Música da Terra”.

Capa do EP por Márcio MatosCapa do EP por Márcio Matos

O disco encontra-se já disponível em pré-venda na página da editora no Bandcamp, onde podem também ouvir a soberba faixa de abertura “Madeso”:

https://principediscos.bandcamp.com/album/m-sica-da-terra 

Agenda confirmada para o futuro próximo: 

Dj Nigga Fox por Marta PinaDj Nigga Fox por Marta Pina12 de Fevereiro - Plano B, Porto

3 de Março - Decca “B Side Series”, Filadélfia

5 de Março - Nowadays, Nova Iorque

11 de Março - Papi Juice, Nova Iorque

12 de Março - Flash, Washington D.C.

17 de Março - tba, Guadalajara

18 de Março - festa NAAFI, Cidade do México

26 > 31 de Março - residência artística em Bergen c/ Bjørn Torske para uma composição colaborativa & instalação Ambisonics a apresentar em Bergen e Lisboa

2 de Abril - Festival Gop Tun, São Paulo

8 de Abril - Sónar Lisboa, Príncipe no Coliseu (c/ Arca, Nídia, Total Freedom, Dj Lycox e Dj Marfox) * 

23 de Abril - Backsteinboot, Berlim + 

5 de Junho - Festival Lente Kabinet, NL *  

* ao vivo 

+ dj set

Créditos Marta PinaCréditos Marta Pina

30.01.2022 | por Alícia Gaspar | cultura, dj nigga fox, editora príncipe, EP, música

Carta Aberta à RTP — Para que 'Meu Caro Amigo Chico' possa ser visto

Meus caros amigos,

A memória é uma forte aliada da criação plena. A memória individual ajuda-nos a processar as experiências do passado, abrindo caminhos de pensamento que nos transformam e fazem crescer. O mesmo acontece com a memória colectiva: é através dela que se abrem diálogos plurais e reflexões com o poder de regenerar a sociedade no presente — se não a conhecermos, estaremos condicionados a repetir os mesmos erros e os mesmos padrões.

Foi assim que, em 2005, surgiu a ideia para o documentário musical Meu Caro Amigo Chico (2012), um filme de produção independente e sem qualquer financiamento público. O filme, que junta músicos portugueses e brasileiros, apresentando a relação musical entre Portugal e Brasil, foi feito através de parcerias e com o apoio generoso de toda a equipa técnica e artística, recorrendo também a algum material de arquivo da RTP, entre outros.

O filme foi exibido em festivais nacionais e internacionais desde 2012, do IndieLisboa à Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, e ao Festival Atlântico - Philharmonie Luxembourg, entre outros. A 25 de Abril de 2020, em contexto da pandemia de Covid-19, foi exibido extraordinariamente online, em sinal aberto e sem fins lucrativos, felicitando Chico Buarque pelo Prémio Camões. A exibição atravessou o Atlântico e alcançou mais de 60 000 espectadores e centenas de milhares de reações numa só semana. Desde então, tem sido ainda mais pedido pelo público, instituições e pela comunidade universitária dos dois países.

Planeado para estrear no canal RTP Música, que nunca chegou a existir, foi finalizado em 2012 com o princípio de que a RTP seria parceira: ficou acordada a cedência de arquivos RTP e a contrapartida da primeira janela exibição e uma futura negociação destas condições. No entanto, desde 2012, não foi mais possível a contratualização com a RTP, sendo repetidamente adiada pelo canal. Agora, a RTP já não cede os direitos do uso comercial do arquivo e abdicou do seu privilégio de exibição, contrariando o acordo inicial, demonstrando pouco ou nenhum interesse, fazendo propostas a custo zero ou de verbas simbólicas e sem acordo de arquivo.

O filme ficou suspenso, e o licenciamento das obras musicais e restantes arquivos impossibilitado. Suspensos estão também, há mais de 9 anos, o pagamento à equipa técnica, a possibilidade de recuperação de investimento, candidaturas a apoios, e outras exibições do filme fora do circuito de festivais.

Restou uma estrutura de produção fragilizada, agravada pela pandemia, reduzida aos autores do filme. Ficámos perante um dilema ético: exibir o filme, desrespeitando os profissionais da cultura nele envolvidos, ou não exibir. Sabemos da extrema importância da boa prática profissional para a estabilidade do sector cultural, por isso, temos escolhido não o exibir em defesa da equipa técnica e artística do documentário, excepto em situações extraordinárias sem fins lucrativos de celebração da Cultura (2020), e com o apoio de todos os artistas retratados.

A RTP tem a responsabilidade de atuar eticamente no mercado audiovisual, honrando os compromissos assumidos e defendendo os conteúdos de produção original em língua portuguesa. A RTP tem também um papel de apoio ao sector cultural, obrigações perante os produtores e criadores independentes de língua portuguesa, e perante os músicos. Pode e deve ser a principal aliada e interessada em manter viva e acessível a Cultura e a memória colectiva de um país — neste caso, Portugal e Brasil.

É por isso que exigimos à RTP uma rápida resolução deste impasse, que temos vivido com perplexidade, incompreensão e frustração ao longo dos anos. Pedimos à RTP que cumpra o nosso acordo inicial, autorizando a cedência do Arquivo para este projecto e negociando uma verba de exibição digna, possibilitando o licenciamento e a exibição comercial do filme a todo o seu público mundial. É para isso que fazemos filmes: para serem vistos. É também para isso que defendemos a RTP: para que os mostre e os dê a conhecer.

Pedimos à RTP que colabore activamente com a nossa comunidade e que facilite o acesso ao seu Arquivo aos mais diversos agentes da Cultura e da Educação, agora e no futuro, evitando a repetição destas situações. O Arquivo RTP é uma parte essencial da memória audiovisual do nosso país e do nosso referencial de memória colectiva, permitindo-nos manter vivo o diálogo sobre democracia, liberdade, pós-memória e cultura.

Por respeito ao trabalho dos profissionais da cultura, do cinema e audiovisual, dos músicos, autores, intérpretes e técnicos; pelo público; por esta e por outras obras em situação semelhante, manifestamos o nosso apoio a este filme.

28 de outubro de 2021

 

Os autores,

Joana Barra Vaz — Realizadora / Argumentista / Produtora
Maria João B. Marques — Argumentista
Rui Pires — Montador / Argumentista

 

Para subscrever, enviar email para meucaroamigochico@gmail.com

com Nome + Profissão + País + “Subscrevo”

Subscritores serão atualizados diariamente.

 

A equipa artística e técnica do filme,

Catarina Viana -— Artista / Ilustrações e Lettering

Gil Chagas — Chefe de Produção, Projecto Marginal / Assistente de Realização

Hugo da Nóbrega Cardoso — Câmara / Apoio Produção

Ivânia West — Câmara / Ass. Realização

Ivo Tomás Costa — Ass. Realização

José de Castro — Banda Sonora

Lisa Persson — Câmara

Maria Helena Viegas — Ass. Produção / Catering

Mário Dias — Dir. Som

Pedro Pereira  — Produção, Projecto Marginal / Produtor, Portugal

Tiago Miguel Nicolau Alves — Câmara

Tiago Raposinho — Dir. Som / Mistura de som

Vanda Noronha — Fotografia de Cena

Vasco Monteiro — Montagem

 

Artistas e Músicos participantes no filme, 

Ana Brandão / Real Combo Lisbonense — Atriz, Músico

Jacinto Lucas Pires / Os Quais — Escritor, Músico

João Afonso — Músico

José Eduardo Agualusa — Escritor

João Cabrita / Sérgio Godinho — Músico, Portugal

JP Simões — Músico

Luanda Cozetti de Freitas / Couple Coffee  — Músico

Sérgio Nascimento  / Sérgio Godinho — Músico

Norton Daiello / Couple Coffee — Músico, Portugal

Nuno Prata — Músico

Nuno Rafael  / Sérgio Godinho — Músico

Marco Armés / Feromona — Músico

David João Linhares dos Santos / Bernardo Barata — Músico

 

Entidades subscritoras,

APORDOC — Associação pelo Documentário

APTA  — Associação Portuguesa de Técnicos de Audiovisual - Cinema e Publicidade

A.R.A. — Assistentes de Realização e Anotadores

Latoaria — Associação Cultural, Portugal

19.11.2021 | por Alícia Gaspar | carta aberta, Chico Buarque, cultura, meu caro amigo chico, prémio Camões, RTP

ATLANTICA: Contemporary Art from Cabo Verde, Guinea Bissau, São Tomé and Príncipe and their Diasporas

Pão, pão, queijo, queijo, 2010 | Gelantin silver print | 60 x 200 cm © Sandim Mendes Pão, pão, queijo, queijo, 2010 | Gelantin silver print | 60 x 200 cm © Sandim Mendes

Lançamento do livro Atlantica: Contemporary Art from Cabo Verde, Guinea Bissau, São Tomé and Príncipe and their Diasporas

10 de Dezembro 2021 | 18h00 – 21h00

Local: Hangar | Rua Damasceno Monteiro, n.º 12 - r/c, 1170-112 Lisboa 

ATLANTICA: Contemporary Art  from Cabo Verde, Guinea Bissau, São Tomé  and Príncipe and their Diasporas é o terceiro livro da editora Hangar Books, especializada em publicações no contexto das artes contemporâneas, com foco nas espistemologias do sul. 

Na sequência das duas obras anteriores dedicadas, respectivamente, a Angola e a Moçambique, este novo livro da série “Atlantica” centra-se na arte de Cabo Verde, da Guiné-Bissau e de São Tomé e Príncipe, bem como nas suas diásporas.  É editado pelo artista César Schofield Cardoso, em conjunto com Mónica de Miranda, que assina também a coordenação.

Entre os artistas selecionados, encontramos Olavo Amado, Nú Barreto, Welket Bungué, César Schofield Cardoso, Irineu Destourelles, Vanessa Fernandes, Ângelo Lopes, Sandim Mendes, Melissa Rodrigues, Herberto Smith, Abdel Queta Tavares e René Tavares. E nos ensaios teóricos:  Azu Nwagbogu, Mónica de Miranda, César Schofield Cardoso, Ana Balona de Oliveira, Ana Cristina Pereira, Inês Beleza Barreiros, Raquel Schefer, Ana Nolasco, Álvaro Luís Lima, Michelle Salles, Paula Nascimento, Mariana Aboim, Raquel Lima, Valdívia Delgado Tolentino, Cristiana Tejo, Luísa Santos, Inocência Mata e Joacine Katar Moreira. 

Este quadro curatorial destaca artistas contemporâneos dentro e das regiões que atuam desde a viragem do milénio até ao presente. São artistas envolvidos em pesquisas e práticas de arte experimental e conceptual que investigam narrativas coloniais e pós-coloniais. As obras dos artistas representados neste livro são diversas em meio e abordagem, bem como no que respeita a questões sociais de endereço, como identidade e política corporal, lugar, memória e história. O novo milénio assistiu a uma produção cultural sem precedentes, caracterizada por um misto de radicalidade e marginalidade, nostalgia e utopia. Estes artistas estão principalmente comprometidos em desafiar noções fixas de lugar e afirmar conexões entre a produção artística e as formações políticas, sociais, ideológicas e pessoais.

“Atlantica” é o título e o princípio organizador desta série e o seu significado semântico remonta à mitologia clássica. Está carregado de potencial interpretativo sobre questões de localização, geografia, exílio, migração, separação, êxodo, diáspora e deslocamento, e representa o movimento de deixar a terra natal, uma experiência comum para muitos dos artistas representados nos outros livros da série. Atlantica aponta também para a história bem estudada da travessia do Atlântico Sul e do Norte e remete para o conceito de The Black Atlantic (1993), de Paul Gilroy. Gilroy usa as imagens do Atlântico para demonstrar a posição de identidades entre duas (ou mais) terras, culturas, que não podem ser definidas por fronteiras. Atlantica situa-se neste lugar de dupla consciência no trabalho de W.E.B. Du Bois, em The Souls of Black Folk (Du Bois 1903, 8).

Na celebração do lançamento deste livro, no dia 10 de Dezembro, às 18h, no Hangar, teremos um seminário moderado por César Schofield Cardoso com conversas com teóricos, artistas e investigadores. Este ciclo se estenderá por outros eventos como video-screenings, residências e rádio durante 2022.  Organização de Mónica de Miranda.

PROGRAMAÇÃO

Dia 10 de Dezembro. (18h00-21h30)

18h00

César Schofield Cardoso, “The space we share” (Editor’s note).

18h30

Ana Balona de Oliveira “Contemporary Art and the Interwoven Histories of Cabo Verde, Guinea-Bissau and São Tomé e Príncipe”. 

19h00

Inocência Mata “Between Sankofa and Janus…”transterritorialized” artists”.

19h30

Joacine k Moreira “TO DECOLONIZE IS TO D.E.P.R.O.G.R.A.M.E. Systemic Racism, Body, Gender and Diaspora in Arts”.

20h00

Artists Talk 

  • Vanessa Fernandes 
  • Irineu Destourelles
  • Nú Barreto
  • Melissa Rodrigues 
  • René Tavares 

 

CICLO DE VIDEO ONLINE DIÁSPORA: ITINERÁRIO DIALÓGICO

Curadoria de JOÃO SILVÉRIO

Artistas: Cesar Schofield Cardoso, Melissa Rodrigues, Vanessa Fernandes, Sandim Mendes, Welket Bungué

Lançamento 15/12/2021 às 19h

Diáspora: itinerário dialógico

Esta seleção de artistas para exibição na plataforma Hangar Online inclui trabalhos em vídeo e fotografias.  A extensão, por assim dizer, à fotografia, tenta reforçar uma ligação à prática documental tão presente nas imagens que os arquivos da diáspora se revelam como uma memória colonial do século passado.  Nesse sentido, procura-se propor um itinerário dialógico, ou seja, uma sequência de narrativas e documentos que exploram temas e temas atuais e comuns, como a (s) diáspora (s), o período colonial e diferentes abordagens das questões identitárias que representam a suposição de diferença, desejo e liberdade.

JOÃO SILVÉRIO

Mestre em Estudos Curatoriais pela Faculdade Belas-Artes da Universidade de Lisboa. É curador associado da colecção de arte contemporânea da Fundação PLMJ. Curador e tutor no projeto RAMA Residências para Artistas, Maceira, Portugal. Inicia a sua actividade como curador independente em 2003.

Cria o projecto independente EMPTY CUBE em Outubro de 2007 que tem apresentado projectos de artistas, designers e arquitectos (www.emptycube.org). Foi Presidente da Secção Portuguesa da AICA – Associação Internacional de Críticos de Arte, desde Março de 2013 até Dezembro de 2015. Cria, em 2019, a editora independente EMPTY CUBE_reader que lançou a primeira edição com uma obra dos artistas Musa paradisiaca.

Escreve regularmente sobre projectos artísticos em catálogos, publicações e websites entre os quais no www.emptycube.org

Conheça a editora Hangar Books:

https://hangar.com.pt/edicoes/ 

18.11.2021 | por Alícia Gaspar | arte, cabo verde, contemporary arts, cultura, diasporas, Guinea Bissau, HANGAR, lançamento de livro, livro, política, São Tomé and Príncipe

Alkantara Festival | Tarantode no Espaço Urbano Desmemoriado

@ © Irineu Destourelles - Sobre o original chafariz D’el Rey, C. 1570-80, Anónimo, Coleção Berardo@ © Irineu Destourelles - Sobre o original chafariz D’el Rey, C. 1570-80, Anónimo, Coleção Berardo

20.11 2021, sábado, 19h30
TERRA BATIDA
Vídeo Performance - 180 Min Conversa Performance - 60 Min

Nesta vídeo-performance transmitida em direto via Internet, o artista visual Irineu Destourelles reflete sobre a ausência ideológica e histórica dos corpos negros na cidade de Lisboa, contraposta à exacerbação da vídeo-vigilância e da punição.

À vídeo-performance, segue-se uma conversa performance, intitulada “Leituras dos desassossegos de Tarantode: performance”, entre Irineu Destourelles e Gio Lourenço, do Teatro Griot, sobre desmemorização, violência, vigilância, e ‘animalização’ do corpo negro.

Dizem que Tarantode é a feia alma penada de João de Sá Panasco que anda pela nossa cidade sem segredo. Outrora, por desígnio real, nobre cavaleiro ao serviço da Ordem de Santiago. O “Preto da casa do Rei” com língua sanguinária e desdenhado pela corte. Morreu infeliz e só. Seguido à distância, Irineu Destoureles na pele de Tarantode, meio-pessoa, meio-animal, percorre Lisboa à procura de borboletas. Uma vídeo-performance transmitida em directo via internet.

— Irineu Destourelles

Nota biográfica

Irineu Destourelles é um artista visual cuja prática artística é sublinhada por um tratamento especulativo do impacto da violência discursiva sobre a personalidade. Trabalhando predominantemente com a imagem em movimento e com particular atenção ao conceitos que constroem categorias sociais ele propõem estados de ser problemáticos. Os seus trabalhos tem sido apresentados no Museu Calouste Gulbenkian (Lisbon, 2019), MAMA Showroom (Rotterdam, 2019), Goodman Gallery (Cidade do Cabo, 2019), Transmission (Glasgow, 2017), Transmediale (Berlim, 2015), Videobrasil 18 (São Paulo, 2013) entre outros. Estudou Belas artes na Willem de Kooning Academy (Roterdão) e Central Saint Martins (London). Nascido em Santo Antão, Cabo Verde em 1974 e vive em Edimburgo, Reino Unido.

Mais informação aqui.

Bilhetes aqui.

12.11.2021 | por Alícia Gaspar | alkantara festival, cultura, Irineu destourelles, negritude, tarantode no espaço urbano desmemoriado, vídeo performance

Alkantara Festival arranca no sábado com quatro espetáculos no mesmo dia

Os primeiros dias do festival são marcados pelas criações de Cherish Menzo, Chiara Bersani, Clara Amaral e Faustin Linyekula.

Alkantara Festival – Festival Internacional de Artes Performativas, que este ano decorre entre 13 e 28 de novembro, arranca no próximo sábado (13 de novembro) com quatro espetáculos, que serão apresentados em quatro palcos lisboetas, nomeadamente da Culturgest, Centro Cultural de Belém (CCB), Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII) e Teatro do Bairro Alto (TBA). O arranque do festival será assinalado pela festa de abertura Meio Fio, com curadoria de Cigarra, que se realiza no Estúdio Time Out (no Time Out Market), a partir das 21h00.

O primeiro momento do festival está a cargo da artista portuguesa Clara Amaral, que apresenta She gave it to me I got it from her na Biblioteca Palácio Galveias, nos dias 13, 14, 16 e 17 de novembro, uma coprodução do Alkantara com o Teatro do Bairro Alto e a Veem House for Performance (Amesterdão). Clara Amaral tem desenvolvido um trabalho feminista, interseccional e interdisciplinar para explorar o aspeto performativo da leitura e da linguagem. Nos dias 13 e 14 de novembro há sessões às 15h, 16h30, 18h30 e 20h. Na terça e quarta-feira, 16 e 17 de novembro, as sessões decorrem às 17h, 18h30, 20h30 e 22h. No dia 13 de novembro às 18h30 e no dia 16 de novembro às 16h30 as sessões terão interpretação em Língua Gestual Portuguesa.
She gave it to me I got it from her, de Clara Amaral @The Book PhotographerShe gave it to me I got it from her, de Clara Amaral @The Book Photographer
Também com apresentação no primeiro dia do festival, a coreógrafa holandesa Cherish Menzo leva Jezebel ao CCB nos dias 13, 14 e 15 de novembro, às 19h. Aqui, a criadora e intérprete assume-se como protagonista de um universo musical controlado por homens, o hip hop, para desconstruir estereótipos associados ao corpo hipersexualizado da mulher. No dia 15 de novembro, após o espetáculo, haverá, na Black Box do CCB, uma conversa (falada em inglês) com Cherish Menzo e a rapper Chonk Kwong mediada pela tradutora, jornalista e ativista cultural angolana Carla Fernandes.

Jezebel, de Cherish Menzo @Bas De BrouwerJezebel, de Cherish Menzo @Bas De Brouwer

Já no Teatro Nacional D. Maria II, estará Chiara Bersani com Gentle Unicorn  de 13 a 16 de novembro (sábado, segunda e terça-feira, às 19h; domingo às 16h30). A artista italiana reflete sobre o significado político do seu próprio corpo, assumindo-se como agente na criação da imagem que o mundo terá dela. Após a sessão de domingo, dia 14, haverá na Sala Estúdio do TNDMII, uma conversa entre Chiara Bersani e a artista portuguesa Diana Niepce, com moderação de Carla Fernandes. A conversa será em inglês.

Gentle Unicorn, de Chiara Bersani @Alice BrazzitGentle Unicorn, de Chiara Bersani @Alice Brazzit

Ainda no primeiro dia do festival, às 21h00, já na Culturgest, dá-se o espetáculo de abertura oficial do festival, com o bailarino e coreógrafo congolês Faustin Linyekula. Linyekula, que em 2016 foi o artista convidado da Bienal Artista na Cidade, em Lisboa, estreia em Portugal História(s) do Teatro II, peça que revisita a nação congolesa nos anos 70 e a criação do Ballet National du Zaïre com três dos seus membros originais. O espetáculo pode também ser visto no sábado, dia 14 de novembro, às 19h00.

História(s) do Teatro II, de Faustin Linyekula ©Agathe PoupeneyHistória(s) do Teatro II, de Faustin Linyekula ©Agathe Poupeney

Uma festa de abertura repleta de performances

Na noite de sábado, 13 de novembro, o Time Out Market acolhe a festa de abertura da edição deste ano do Alkantara Festival, com curadoria de Cigarra (Ágatha Barbosa) e intitulada Meio Fio. Durante 5 horas, Meio Fio será mais do que uma festa ou pista de dança, assumindo-se como espaço performativo. O programa inclui música, performances, instalações e “degustações sinestésicas” preparadas por Cigarra, Jajá Rolim, Kurup, Jaçira, Eubrite, Muleca XIII, Judas, Paulo Fluxuz_, entre outros artistas. A festa acontece no espaço do Estúdio Time Out, entre as 21h e as 02h. A entrada é livre.

Até ao dia 28 de novembro, a programação do Alkantara Festival vai circular pelas salas dos habituais parceiros do festival, como o Centro Cultural de Belém, a Culturgest, o São Luiz Teatro Municipal, o Teatro do Bairro Alto e o Teatro Nacional D. Maria II, assim como pelo Espaço Alkantara, em Santos, e a Casa da Dança, em Almada.

Os bilhetes para os espetáculos, cujos preços variam entre os 7 e 16 euros, podem ser adquiridos nas bilheteiras, físicas e online, dos teatros parceiros. Há ainda várias atividades de entrada livre, como performances ou ensaios abertos. A programação completa encontra-se disponível no site do Alkantara Festival: https://alkantara.pt

11.11.2021 | por Alícia Gaspar | alkantara festival, arte, cinema, conversas, cultura, espetáculos, teatro

Itinerários — Internacionalização e circulação da dança

Os Estúdios Victor Córdon, plataforma criativa pertencente ao OPART, reafirmam o seu diálogo com o Camões – Centro Cultural Português em Maputo, e alargam a sua colaboração na co-produção de um programa exclusivamente dedicado à internacionalização e circulação da dança.  Itinerários é um programa de incentivo à criação artística, dirigido a criadores moçambicanos e pretende criar uma ponte entre países de expressão portuguesa em África e a Europa, promovendo iniciativas que correlacionem os territórios.

Desafiado a propor um coletivo de artistas, o coreógrafo moçambicano Horácio Macuácua traz-nos a esta 1ª edição do programa - Mai-Júli Machado, Osvaldo Passirivo e Yuck Miranda. Estes artistas desenvolvem uma criação durante duas semanas de residência artística, que culmina com uma apresentação de resultados do trabalho realizado a artistas e operadores culturais convidados, no dia 13 de novembro, nos EVC. Segue-se uma conversa moderada pelo coreógrafo David Marques, que enquanto facilitador desta iniciativa em Lisboa, criou um programa de atividades durante o período de residência, possibilitando a interação e contacto direto com artistas e atividades culturais. São exemplos Anaísa Lopes, Marco da Silva Ferreira, Tiago Cadete e David Zambrano. O programa inclui também, uma aula aberta à comunidade da dança de acesso gratuito, orientada pelos três artistas moçambicanos, no dia 12 de novembro, das 18 horas às 20 horas, nos EVC. São Luiz Teatro Municipal, TBA - Teatro do Bairro e Teatro Nacional D. Maria II juntam-se a este projeto, possibilitando o acesso a espetáculos das suas programações.

O programa termina em Maputo com uma apresentação no Kinani - Plataforma Internacional de Dança Contemporânea, no final de novembro. 

Para participar nas atividades deve inscrever-se previamente em estudiosvictorcordon@estudiosvictorcordon.pt

10.11.2021 | por Alícia Gaspar | arte, Camões centro cultural português em maputo, cultura, dança, David marques, estúdios victor córdon, evento, Horácio macuácua, itinerários