5ª Edição do Festival ImigrArte

Os objectivos gerais do Festival ImigrArte consistem principalmente na promoção da interculturalidade e cidadania, valorização dos imigrantes e pelo resgate dos seus direitos, divulgação das suas culturas e artes em solidariedade com o povo português.

A associação quer propor várias actividades nas quais associações e sócios podem participar, para poder ter no festival, uma representação a mais variada possível da cultura e das artes realizadas por imigrantes.Os interessados podem participar com:

-Uma banca de: artesanato/comidas/bebidas (de preferência típicas de cada país e não produtos importados)

-Como (grupo) artista: Dança, música, teatro, pintura, fotografia/cinema/contadores de  histórias/poesia/literatura/magia/malabarismo/artes de rua/outra

-Como professor/ a de workshops para: crianças/ adolescentes/ adultos/ idosos/outros

-Como conferencista/dinamizador/a de: debates/ tertúlias/  assembleias/ outras

-Com qualquer outra actividade que queira sugerir.

 Para uma melhor organização do festival, pedimos-lhe que preencha o Formulário de Inscrição (em anexo) até à data limite de 29 de Agosto de 2011 (inclusive), para o seguinte mail: festival.imigrarte2011@gmail.com.

18.08.2011 | por ritadamasio | activismo cultural, cultura, diversidade cultural, festival, imigração

Patché di Rima - "Ingratessa" nas Festas do Vale da Amoreira

18.08.2011 | por martalanca | Patché di Rima

BES PHOTO 2011 em São Paulo

Kiluanji Kia Henda, Mauro Restiffe, Mário Macilau, Carlos Lobo, Manuela Marques inauguram dia 20 de Agosto na Estação Pinacoteca.

 

 

 

 

17.08.2011 | por martamestre | Bes Photo, fotografia, S. Paulo

Origem angolana - António Tomás

No mês passado, escreveu-me uma amiga brasileira, a dizer que tinha estado na FLIP (Feira Literária de Paraty) e que tinha ouvido um escritor angolano, cuja apresentação tinha sido a grande sensação do evento. Grande surpresa para mim foi quando ela me disse que o angolano era Valter Hugo Mãe. Lembro-me que comecei a ouvir falar em Valter Hugo Mãe em finais dos anos 90, quando fiz um estágio no Jornal de Letras, em Lisboa, mas que em nenhum momento me tinha percebido que era meu conterrâneo. Esta descoberta fez-me pensar no que é ser angolano, ou que é identidade angolana. Reflectir sobre esta questão, parece-me, coloca-nos em posição privilegiada para questionar o legado cultural do colonialismo.
Minha preocupação não é dizer quem é ou quem não é angolano. Em Angola, como em qualquer outra sociedade moderna, o ser angolano é definido pela lei da nacionalidade. Não fui ver a lei para escrever esse texto, mas a ideia que tenho é que a nossa lei é muito mais generosa que a lei portuguesa que permite (ou pelo menos permitia) que pessoas que tenham nascido em Angola no contexto colonial possam requerer a nacionalidade. Portugal começou por nacionalizar todos os naturais das colónias durante a guerra colonial (de que outro modo se podia justificar que Angola era província ultramarina?). Desnacionalizá-los foi um dos primeiros actos políticos do governo saído da revolução de Abril. Ninguém escreveu com mais eloquência sobre a desnacionalização dos africanos que António de Almeida Santos (Quase Memórias, Vol. 1, pp. 275-284). Os fundamentos para a definição de quem é português roçam o mais puro racismo (“Era um negro bom. Bons, são em regra os negros”, Vol. 1, p. 13). Almeida Santos não se coíbe mesmo de citar Salazar: “o próprio Salazar admitiu, às tantas, que os africanos não faziam parte da Nação portuguesa. Como, assim, podiam ter direito à nacionalidade de uma Nação de que não faziam parte?” (p. 278).
Assim ficou desfeito o mito. Portugal pluricontinental nunca existiu. Foi puro oportunismo para a manutenção do sistema colonial. Porque os portugueses não distinguem “nação” portuguesa de nacionalidade portuguesa. O que é interessante, no entanto, notar, é que em muitos meios portugueses, os mesmos que tornam as teses de Almeida Santos possíveis, Angola não é “nação”, tampouco nacionalidade, mas simplesmente “território”, ou origem. E a referência a esta origem opera de dois modos: por um lado expulsa da “nação” portuguesa aqueles que não são culturalmente portugueses (os negros, por exemplo), mas por outro permite que aqueles que são culturalmente portugueses possam fazer referência à sua origem em território outro que Portugal (Almeida Santos é angolano).

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13.08.2011 | por martalanca | nacionalidade, Valter Hugo Mãe

Brixton Uprising 1981

do “Black Peoples Day” para o “The Day the Blacks Ran Riot”

Após a II GM, a chamada Windrush Generation [composta por negros da West Índia britânica], desembarcou no Reino Unido, para horror de grande parte da população branca. Os filhos desta geração revoltaram-se contra a passividade dos pais e a falta de oportunidades, sobretudo no emprego. Em 1981, um incêndio intencional de uma casa onde se comemorava um aniversário, resultou na morte de 13 adolescentes negros.

 

 

After the deaths of 13 young black people in a fire in New Cross which to this day remains unsolved theblakc community was outraged by the indifferenet reaction form the police and the government. In March of that year a march of 15,000 titled Black Peoples Day of action took place between New Cross and Central London. Despite provocation from the police the demonstration was peaceful although the Sun headline the next day stated “The Day the Blacks Ran Riot”. Later that year the police launched Operation Swamp where a thousand young black men were stopped and searched in a three day period in the Brixton area.. Evidence planting, beatings on the street and in the cells were common and racial abuse a daily occurence …

Black History

13.08.2011 | por martalanca | black history, London

Triângulo - Geração 80

A Geração 80 está neste momento a preparar mais um projecto inovador e gostaria de contar com a tua ajuda para encontrar possíveis candidatos para o triângulo que estamos a montar em conjunto com Portugal (Vende-se Filmes e Buala) e Brasil (Primo Filmes e Colectivo tás Ver?). 

Triângulo é um documentário (75′) sobre a nova imigração que, nos últimos anos, tem vindo a se estabelecer entre as cidades de Lisboa, Rio de Janeiro e Luanda. Trata-se de uma coprodução entre Angola, Portugal e Brasil composta por três histórias de meia hora cada assinadas por um jovem realizador de cada país.

As três cidades serão apresentadas ao espectador a partir de um (ou mais) imigrantes: um angolano no Rio, um brasileiro em Lisboa, uma portuguesa em Luanda. O  espectador percorre cada uma das cidades por meio de histórias de imigrantes. Fixando-se no país estrangeiro, estas pessoas defrontam-se com preconceitos, burocracias e mal-entendidos. Descobrem o outro lado de mitos como o sonho europeu, o novo eldorado africano ou um Brasil só de festa e samba. Descobrem também novas identidades, reconhecem traços culturais e fortalecem cumplicidades. Triângulo vai abordar o estado da relação amorosa entre Portugal – Angola – Brasil, que comunicam na mesma língua mas nem sempre se entendem. 

COMO PODES AJUDAR ESTE PROJECTO?
Para a parte Angolana, a produtora Geração 80 resolveu explorar o universo feminino da recém emigrante portuguesa em Luanda, queremos tirá-la da rota típica do expatriado e descobrirmos em conjunto a Luanda do outro lado de lá, mesmo ali ao lado.
Se conheces ou és uma emigrante portuguesa ( entre os 20 e 40 anos) recém chegada a Luanda (nem que seja há um ano ou alguém que venha a Luanda de x em x tempos em trabalhos de consultoria) e estás interessada em partilhar a tua experiência / pontos de vistas, contacta-nos! Mesmo que não estejas interessada em partilhar a tua experiência em frente a câmara, escreve e manda para nós pois também vai ajudar nos muito no nosso trabalho de pesquisa.
Mário Bastos (Realizador): mbastos@geracao-80.com / +244 923 34 44 09Jorge Cohen (Produtor): jcohen@geracao-80.com / +244 923 33 09 55

11.08.2011 | por martalanca | geração 80

“há prendisajens com o xão” de Ondjaki

hoje (10-ago-11) lançamento do livro
[o segredo húmido da lesma & outras descoisas]
na livraria da travessa de ipanema [rua visconde de pirajá 572] às 19h

“quero só/o silêncio da vela”: experimente soprar uma vela ao contrário, e engolir a luz da chama ou a chama da luz. por instantes seu coração resvalará para ceras, só assim se experimenta ser o poro de uma vela. ora, o poro da vela é que emite um silêncio de cada vez.

despalavreação: é um ensinamento. uma desaprendizagem. um desmomento. e tem outros nomes: Guimarães Prosa, Manoel de Barro, Luuandino Vieira, Mia Conto, ou qualquer pessoa que sorria no grande significado das coisas insignificantes.

pirilampo: «sabe por que minha luz é tão mínima? é que estou procurar coisas dentro de mim mesmo… ». ser que alumia um mundozito de cada vez e ajuda poetas a encontrar iluminossílabos desprovidos de grande significação.

penúltima vivência
quero só
o silêncio da vela.
o afogar-me
na temperatura
da cera.
quero só
o silêncio de volta:
infinituar-me
em poros que hajam
num chão de ser cera.

10.08.2011 | por martalanca | ondjaki

Um Agosto de Cinema na Universidade Eduardo Mondlane - Maputo

Prezado(a),

Reafirmando a intenção de fazer do mês de AGOSTO, um mês para o cinema nacional na FLCS (Faculdade de Letras e Ciências Sociais) da Universidade Eduardo Mondlane, anunciamos o Ciclo de Cinema Moçambicano 2011 FLCS, um espaço onde se pretende confluir ideias em torno do cinema e outras áreas, desta vez com a reflexão em torno das artes e da Cultura.

Olhando a produção audiovisual nacional, podemos perceber uma quantidade considerável de vídeos que se relacionam com a produção artística ou biografias de artistas nacionais, especialmente na área da música, das artes plásticas, da dança e algumas peças elaboradas no formato videográfico em sí (…).

Acreditando no poder do Cinema e do Audiovisual como provocador destas reflexões, propõem-se um Ciclo de Cinema Moçambicano de 2011 voltado para um olhar para as Artes, seus fazedores e organizadores, para a Cultura, como esfera de encontro de hábitos e costumes de diferentes identidades e para o debate entre as duas esferas, muitas vezes confundidas, entre outras razões, pela falta de esclarecimentos.

Com isto, formula-se o tema “ARTE E CULTURA: Arte ou Cultura?” para preencher o mês de Agosto de cinema na FLCS, dando continuidade ao programa iniciado no ano de 2010.

Departamento de Comunicação e Imagem/Secção de Artes e Desporto
Faculdade de Letras e Ciências Sociais/ Universidade Eduardo Mondlane - Campus Principal

09.08.2011 | por martamestre | Cinema Moçambicano, Universidade Eduardo Mondlane

Festival Baía das Gatas 2011

Arranca a nona edição do Festival Baía das Gatas 2011,  Mindelo, Cabo Verde.

De 12 a 14 de Agosto de 2011. Vê a programação aqui.

 

08.08.2011 | por martamestre | Baía das Gatas, cabo verde, festival

s.Tomé

08.08.2011 | por martalanca | S. Tomé

Seminário Pensamento Crítico Contemporâneo IDENTIDADES E POLÍTICA

O debate em torno das chamadas questões de identidade tem sido objecto de uma enorme controvérsia mediática, politica e académica, que tem ganho forma em discussões em torno do multiculturalismo, do feminismo ou dos direitos LGBT, mas também, mais recentemente, em torno de questões relativas à identidade socioprofissional, com o tema da precariedade a dar nova ênfase a debates em torno da problemática do trabalho. Este curso pretende discutir a relação entre política e identidade a três níveis diversos mas entre si relacionados – etnicidade, género e classe –, sendo que ao mesmo tempo pretendemos debater a própria ideia de identidade enquanto base da acção política. Trata-se de um debate a ter sem identificar nenhum público preferencial e para o qual convidámos académicos e activistas que sobre estas questões se têm debruçado.

Organização: UNIPOP e revista Imprópria

Local: Fábrica de Braço de Prata (Rua da Fábrica do Material de Guerra, n.º 1, Lisboa – junto aos correios do Poço do Bispo)

Datas: Dias 17 e 24 de Setembro, 1, 8 e 15 de Outubro, das 17h às 20h

Inscrições: 20 euros (inclui o acesso a todas as sessões e a todo o material em discussão no seminário, bem como um exemplar do n.º 1 da revista Imprópria).

A inscrição em sessão avulsa está limitada à disponibilidade de lugares, não sendo susceptível de reserva prévia. Nesse caso, o valor da inscrição é de 6 euros. A inscrição deve ser feita por transferência bancária, através do NIB 0035 0127 00055573730 49, seguida de e-mail com o comprovativo para cursopcc@gmail.com.

Lugares limitados.

No final do curso será emitido um certificado de frequência.

Programa (provisório):

17 de Setembro

Mesa-redonda «Identidade e sujeitos políticos»

António Guerreiro

Bruno Peixe Dias

Miguel Serras Pereira

Fátima Orta Jacinto

Hugo Monteiro

24 de Setembro

Classe
João Valente Aguiar – conferência

José Neves – leitura crítica do texto «Algumas observações sobre classe e “falsa consciência”», de E. P. Thompson

1 de Outubro

Etnicidade

Manuela Ribeiro Sanches – conferência

Diogo Ramada Curto – leitura crítica de texto a indicar em breve

8 de Outubro

Género
António Fernando Cascais – conferência

Salomé Coelho – leitura crítica do texto «Multitudes queer. Notas para una política de los “anormales”», de Beatriz Preciado

15 de Outubro

Mesa-redonda «Política, identidade e movimentos»

Paulo Corte-Real

Sérgio Vitorino

Mamadou Ba

António Guterres

Ana Cristina Santos

Tiago Gillot

Ricardo Noronha

Conferencistas:


António Guerreiro é crítico no jornal Expresso, tradutor e ensaísta. Tem trabalhado particularmente autores como Walter Benjamin e Giorgio Agamben.

 

Bruno Peixe Dias é investigador do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa e da Númena – Centro de Investigação em Ciências Sociais e Humanas. Coordenou, com José Neves, a edição do livro A Política dos Muitos. Povo, Classes e Multidão (2010).

 

Miguel Serras Pereira é tradutor.

 

Fátima Orta Jacinto é arquitecta urbanista e estudante bolseira no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, onde realiza o seu doutoramento em Sociologia, que incide sobre a crítica feminista do espaço urbano contemporâneo.

 

Hugo Monteiro é doutorado em Filosofia e docente do Instituto Politécnico do Porto. Pós-doutorando na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em torno dos pensamentos de Jacques Derrida e de Jean-Luc Nancy. 

 

João Valente Aguiar é investigador do Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras do Porto. Publicou recentemente o livro Classes, Valor e Acção Social(2010).

 

José Neves é professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e é investigador do Instituto de História Contemporânea da mesma faculdade. Coordenou recentemente a edição do livroComo se Faz um Povo. Ensaios em História Contemporânea de Portugal (2010).

 

Manuela Ribeiro Sanches é professora na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde investiga nas áreas dos estudos culturais, dos estudos pós-coloniais e dos estudos literários, e é membro do Centro de Estudos Comparatistas.

Diogo Ramada Curto é investigador do CesNova. Dirige, com Nuno Domingos e Miguel Jerónimo, a colecção «História e Sociedade», das Edições 70.

António Fernando Cascais é professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Entre outros, coordenou a edição do livro Indisciplinar a Teoria: Estudos Gays, Lésbicos e Queer (2004).

 

Salomé Coelho é doutoranda em Estudos Feministas na Universidade de Coimbra, com tese sobre Teorias Queer, movimentos feministas e LGBT. É vice-presidente da associação UMAR.

 

Paulo Corte-Real é professor auxiliar na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa. É presidente da Associação ILGA-Portugal.

 

Sérgio Vitorino é activista LGBT.

 

Mamadou Ba é activista da associação SOS Racismo.

 

António Guterres é coordenador do Centro de Experimentação Artística do Vale da Amoreira e é fundador da associação Freestylaz.

 

Ana Cristina Santos é socióloga e doutorada em Estudos de Género. É investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.

 

Tiago Gillot é licenciado em engenharia agronómica e activista do movimento Precários Inflexíveis.

Ricardo Noronha é investigador do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

unipoppers

04.08.2011 | por martalanca | unipop

Sombras e Espíritos, de Hako Hankson

Exposition d’aquarelles d’Hako Hankson. à l’espace doual’art du 02 juillet au 30 août 2011.Ombres et esprits, la seconde exposition que l’artiste montre aujourd’hui à l’Espace doual’art, propose 25 aquarelles sous verres et deux dessins à l’encre de Chine sur plexiglas.

Hako Hankson, qui a beaucoup travaillé en dessin, en peinture sur toile ou sur bois, expérimente pour la première fois la technique de l’aquarelle, avec une série de portraits mi-masques mi-personnages aux inquiétants et très présents regards vides. Certains d’entre eux empruntent au vocabulaire formel des sculptures ou masques traditionnels de l’Ouest du Cameroun mais aussi d’autres régions du continent.

04.08.2011 | por martamestre | doual'art, Hako Hankson

UNIÃO EUROPEIA, UNIÃO AFRICANA E A DEMOCRATIZAÇÃO EM ÁFRICA

por Justino Pinto de Andrade

Ao contrário do que se possa hoje pensar, alguns dos actuais países africanos ascenderam à independência num quadro multipartidário, um pouco à semelhança das suas antigas potências coloniais. Foi assim nas colónias inglesas, nas francesas e nas belgas. O caso português constituiu a grande diferença.

A explicação para tais comportamentos reside no facto de as primeiras independências (ex-colónias inglesas, francesas e belgas), ocorridas em finais dos anos da década de 1950, e, sobretudo, na década de 1960, terem sido o fruto de processos negociais, mais ou menos pacíficos, entre os governos coloniais e representantes de formações políticas com existência legal nas colónias.

Mas, também houve excepções. Refiro, por exemplo, a Argélia, tornada independente em 1962, após a assinatura do Armistício de Evien, no rescaldo de uma dura guerra de libertação que custou inúmeras vidas. Instalou-se, pois, então, na Argélia, um sistema político mono partidário, com a FLN a apresentar-se sozinha às eleições. Ahmed Ben Bella eleva-se, assim, à condição de Presidente. Naquele país, o multipartidarismo só é instalado em 1988, após a eclosão de motins, e fica condicionado em 1992, quando tem lugar a ilegalização da FIS (Frente Islâmica de Salvação, vencedora das eleições legislativas), e o consequente estabelecimento do estado de emergência.

O Quénia é uma excepção no processo de descolonização africana realizado pelos ingleses, pois é precedido de uma sangrenta luta de libertação, liderada por elementos da tribo Kikuyu que, revoltados pela perda das suas terras, constituíram uma sociedade secreta que ficou conhecida como a Rebelião Mau-Mau. Mesmo assim, prevaleceu o princípio do multipartidarismo que, em 1982, regride para mono partidarismo quando se entra no período mais duro do governo de Daniel Arap Moi.

A República Democrática do Congo é também um exemplo de regressão de um sistema multipartidário para o mono partidarismo. Este país ascende à independência, após uma mesa redonda que envolveu nacionalistas e a Bélgica, a potência colonial. Decidiu-se, então, pela criação de 6 governos provinciais e um forte governo central. Pela via eleitoral, Joseph Kasavubu (chefe do Partido Abako), tornou-se Presidente da República e Patrice Lumumba (líder do Movimento Nacional Congolês), ficou Primeiro-ministro.

Instalou-se o caos no Congo. Lumumba é preso e morto. Moisés Tshombé, governador da província mais rica, sobretudo em minerais, o Katanga, proclama a sua secessão. Outras províncias ameaçam seguir a mesma via, e o Exército assume verdadeiramente as rédeas do poder até que, finalmente, em 1965, Joseph Mobutu se faz proclamar Presidente da República. Segue-se um longo período de regime de um único partido.

Podemos, pois, dizer que muitos dos poderes que se instalaram em África foram legitimados pelo papel que jogaram no processo de ascensão à independência, quer tenham sido processos pacíficos, quer tenham implicado o recurso às armas. Mas, nem todos começaram pela via da governação solitária, sem oposição.

O caso português é diferente, sobretudo porque o processo de ascensão às independências teve lugar num contexto em que a própria potência colonial estava numa verdadeira encruzilhada: ou se implantava a democracia em Portugal, ou o país cedia às tentações totalitárias de algumas das suas forças políticas internas.

No caso das colónias portuguesas, prevaleceu o princípio da legitimação política pela via da participação na luta de libertação nacional, independentemente dos ideários dos movimentos de libertação. Mas, ao contrário do que sucedeu com a maioria das colónias francesas e inglesas (ou mesmo no Congo-Belga), todos os países africanos de expressão portuguesa iniciaram o seu percurso como nações independentes com sistemas mono partidários.

Os anos que se seguiram às independências da maioria das ex-colónias, foram marcados por golpes de estado militares que puseram fim às poucas liberdades democráticas que então existiam. Foram dezenas os golpes de estado que ocorreram no nosso continente desde 1960, fazendo sobrevir regimes políticos ditatoriais com diversas características, até mesmo as mais funestas.

Com ligeiras excepções, a tónica dos processos de descolonização em África assentou na manutenção dos interesses económicos e/ou geo-estratégicos das potências coloniais, os quais julgava-se serem melhor assegurados pelos chamados regimes fortes (autoritários ou ditatoriais). Alegadamente, tais regimes fortes evitariam a desagregação dos novos estados, permanentemente ameaçados por eventuais convulsões. É essa perspectiva (a salvaguarda dos interesses das potências coloniais e o medo da desagregação dos estados) que torna simpáticos aos olhos das antigas potências os golpes que se vão sucedendo.

A rivalidade decorrente da Guerra Fria entre o Ocidente e os países do chamado Bloco do Leste foi um estímulo à manutenção de muitos regimes autoritários em África, ora suportados por países ocidentais, ora respaldados sobretudo pela União Soviética; mas, também, pela China, mesmo que em menor número. Poucos países africanos escaparam a esse determinismo.

Com o final da Guerra Fria e a consequente alteração da geoestratégia, com a própria consolidação do mercado europeu sobrevieram, então, novos interesses e emergiram outros conceitos: os países ocidentais decidiram promover reformas políticas em África que passariam pela realização de eleições, por práticas de boa-governação e transparência na gestão da coisa pública, combate à corrupção, etc.

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04.08.2011 | por martalanca | independências africanas, União Africana

Silence is a boy

no Bairro Alto. Às 22h. On Stage
Rua Luz Soriano 18 (Bairro Alto) 913188889   ver FB      ouvir

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 Ovo Estrelado

04.08.2011 | por martalanca | música

Entrevista ao escritor moçambicano Ba Ka Khosa

Relembrar a História

Ungulani Ba Ka Khosa alia as histórias tradicionais a uma noção consciente de História. Ualapi é um romance histórico retratando um período importante do colonialismo, a resistência de Ngungunhana aos colonizadores, com tudo o que isso implica. Mas também aborda a História recente. 

 

Ungulani Ba Ka KhosaUngulani Ba Ka Khosa“Quando fui para Maputo o país vivia um período muito conturbado. Moçambique tinha decretado sanções contra a Rodésia, o que foi um ato de coragem. As dificuldades começaram a aumentar e nós começámos a ter carências diversas. O Zimbabwe tornou-se independente – e nós pensámos “aqui está alguma coisa” – mas de repente a África do Sul intensificou a agressão ao país. Então nós vivemos carências enormes. Eu na altura trabalhava na [área da] Educação. Recordo-me que depois do Acordo de Nkomati [assinado em 1984, segundo o qual a África do Sul deixava de apoiar a RENAMO e o governo moçambicano deixava de apoiar os militantes do ANC que se encontravam em Moçambique], houve uma distribuição de maçãs pelas escolas. Havia crianças, nascidas depois da independência [em 1975], que não sabiam o que era uma maçã. Isto revela o grau de carência daquelas crianças.” 

São precisamente estas condições de vida que servem de pano de fundo a um conto de Histórias de Amor e Espanto. “Era um ambiente de dificuldades. Havia gente que, para ficar com o cartão do abastecimento, ia enganar a administração para ter mais uns quilos de comida. Fiz essa ficção em torno desse ambiente pesado. E hoje nós contamos às outras gerações o que vivemos, vamos aos supermercados de Moçambique e eles estão cheios de comida. E eu lembro-me como era antes a paisagem no supermercado: quanto muito via-se uma barata a circular pelas montras, não havia nada. É por isso que eu digo, a literatura tem a força de trazer essas histórias, trazer esse ambiente e essa época, muito difíceis, que nós vivemos.”

continue a ler no site BERLINDA 

03.08.2011 | por martalanca | Ungulani Ba Ka Khosa

Fusão Musical @ Elinga apresenta Wyza & Dão - LUANDA

Quinta-Feira |04 | 08,  22h, Artistas e estudantes|1000 kz

Público em Geral | 1500 kz

Aproveitando a estadia do músico brasileiro Dão representante da black music da Bahia, que veio a Luanda interagir com músicos locais e gravar o seu novo videoclip da canção Além Mar, com a participação especial do músico angolano Wyza, a Maianga Films & a Mano a Mano Produções aproveitam esta oportunidade para oferecer ao público a oportunidade de assistir a um espetáculo de qualidade internacional numa fusão de estilos musicais que vão desde a Kilapanga ao Samba-Rock passando pelo  Soul, Reggae, e o Funk.

Wyza & Dão serão aconpanhados pelos seguintes instrumentistas:

Tedy Nsingui | Guitarra | Banda Movimrnto

Ben Joli | Baixo | Jovens do Prenda

Armando Gobliss | Teclas | Free Band

Gabriel | Bateria |The King’s

Chico Santos | Percusão | Banda Maravilha

03.08.2011 | por martalanca | Wyza

Antologia da poesia angolana

Lançamento no dia 25 de Agosto. A antologia vai ser apresentada pelo escritor Luandino Vieira, na Livraria Porta Treze, onde funciona a editora Etutanu, que quer dizer em português “nós somos”, título  de um poema de Agostinho Neto.

IRENE GUERRA MARQUES, natural de Luanda, é licenciada em Filologia Românica pela Universidade de Coimbra.Foi professora de Literatura e Língua Portuguesa e, posteriormente, de Literatura Angolana. Foi directora do Instituto de Línguas Nacionaise do Instituto Nacional de Formação Artística e Cultural do Ministério da Cultura de Angola. São de sua autoria as primeiras antologias literárias publicadas pelo Ministério da Educação após a Independência de Angola, designadamente Literatura Africana de Expressão Portuguesa, Poesia de Angola e Textos Africanos de Expressão Portuguesa. Tem artigos publicados em diversas revistas de especialidade, antologias e colectâneas. Actualmente é assessora principal do Ministério da Cultura exercendo as funções de Consultora da Ministra e é docente da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto. 

 

CARLOS FERREIRA (Cassé), natural de Luanda, jornalista, escritor e letrista. Co-fundador da Brigada Jovem de Literatura e membro da União dos Escritores Angolanos. De ambas as associações foi secretário das actividades culturais. Ex-Director dos Serviços de Programas da Rádio Nacional de Angola, foi jornalista da Assessoria de Imprensa da Presidência da República. Foi ainda correspondente da revista Seara Nova e do jornal Diário de Noticias em Angola. É autor de mais de uma dezena de livros de poesia, novela, crónicas e letras de canções. Exerce actualmente a actividade literária e de apoio à investigação de História, em tempo inteiro.

03.08.2011 | por martalanca | poesia angolana

Literaturas da Guiné-Bissau: cantando os escritos da história

Esta edição organizada por Margarida Calafate Ribeiro e Odete Costa Semedo (Ed. Afrontamento, 2011), oferece uma reflexão polifónica e multifacetada sobre uma literatura em fase de busca e de afirmação e que encontra a sua força vital na tradição oral e na oratura; uma literatura que se vai alimentando dos acontecimentos sociais, políticos e culturais; escritos que encontram a sua força e identidade na tradição e nas línguas locais – instrumentos usados pelos poetas, contistas e romancistas para desconstruir e reconstruir aquela que foi a língua do opressor, que evoluiu para mais uma das línguas da emancipação e que é hoje, por opção e apropriação, a língua de contacto com o mundo e também a língua do coração.

Com textos de ensaio de Odete Costa Semedo, Carmen Lúcia Tindó Secco, Tony Tcheka, Maria Nazareth Soares Fonseca, Teresa Montenegro, Íris Amâncio, Moema Parente Augel, Pires Laranjeira, Amarino Oliveira de Queiroz, Robson Dutra, Joaquim Bessa, Laura Padilha e dos criadores guineenses  Abdulai Sila,, Raul Mendes Fernandes, Carlos Lopes, Fafali Koudawo e Filomena Embalo o livro torna acessível ao leitor um universo crítico e literário até então desconhecido.

Com Literaturas Insulares: leituras e escritos de Cabo Verde e São Tomé e Princípe  eLiteraturas da Guiné-Bissau: cantando os escritos da história encerra-se um ciclo que teve início com a publicação de Lendo Angola (Afrontamento, 2008), Moçambique: das palavras escritas(Afrontamento, 2008), mas não se coloca um ponto final.

 

03.08.2011 | por martalanca | literatura guineense

Literaturas Insulares – leituras e escritas de Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe,

Obra organizada por Margarida Calafate Ribeiro e Silvio Renato Jorge (Ed. Afrontamento, 2011), reúne um conjunto de textos que tem por objeto as literaturas produzidas nos referidos arquipélagos africanos. Colocando em diálogo ensaístas de vários locais geográficos, epistemológicos e identitários  e criadores das ilhas e de outras paragens, o livro pretende lançar um debate sobre a literatura, a cultura, a política e a sociedade destes espaços.

Pires Laranjeira, Ana Cordeiro, Inês Cruz, Benjamim Abdala Junior, Ellen Sapega, Elena Brugioni, Phillip Rothwell, Joana Passos, Lívia Apa, Simone Caputo Gomes, Tomás de Medeiros, Jessica Falconi, Margarida Calafate Ribeiro e Sílvio Renato Jorge oferecem um conjunto multifacetado de leituras, a par das palavras dos criadores são-tomenses Inocência Mata, Alda Espírito Santo, Albertino Bragança, Armindo Vaz d’ Almeida, Teles Neto, Olinda Beja, Conceição Lima e dos caboverdianos, José Hoppfer Almada e Joaquim Arena. Na última parte da obra, intitulada “Outras palavras: a escrita e a crítica”, Jean Yves-Loude e Anne-Marie Pascal reflectem criativa e criticamente sobre estes universos insulares que se exprimem em língua portuguesa. 

Com Literaturas Insulares: leituras e escritos de Cabo Verde e São Tomé e Princípe  eLiteraturas da Guiné-Bissau: cantando os escritos da história encerra-se um ciclo que teve início com a publicação de Lendo Angola (Afrontamento, 2008), Moçambique: das palavras escritas(Afrontamento, 2008), mas não se coloca um ponto final.

03.08.2011 | por martalanca | literatura caboverdiana

8ª Edição Luanda Cartoon - 05.08.2011

02.08.2011 | por martalanca | cartoon