"Além Margem(s)" - Exposição na Plataforma Revólver

Délio Jasse | Eustáquio Neves | Francisco Vidal | Kiluanji Kia Henda | Mauro Pinto | Mónica de Miranda

ALÉM MARGEM(S)

Délio Jasse ©Délio Jasse ©

Curador: André Cunha e Carlos Alcobia

Plataforma Revólver
26 Setembro - 2 Novembro 2013 (Terças a Sábados | 14:00 to 19:00)

“O malabarista é uma síntese do conceito de território. É alguém queadministra três objetos num território para apenas dois.” – Cildo Meireles

O que significa hoje: território, transgressão, síntese?

Caminhando sucessivamente entre margem e centro, o malabarista é um indivíduo em permanente transgressão. Opta por habitar territórios em disputa, criando movimentos nascidos no dissenso, e ensaiando essa transgressão. Nas suas mãos os elementos não repousam, mantendo-se em constante movimento e permanentemente reequacionando as relações que estabelecem entre si.

“Além margem(s)” pretende evidenciar a importância da transgressão na síntese do conceito de território. Sintetizar esse conceito é, antes de mais, questionar uma só perspetiva, quando efetuada a partir de um centro, e forçando a outros deslocamentos que emanem também das margens. Os trabalhos aqui reunidos trazem-nos outros olhares, outras perspetivas, outros caminhos. Um trânsito construído por objetos, e que enquanto circulam por entre as mãos do malabarista, nos permitem também alcançar outro entendimento sobre o conceitode território.

Délio Jasse, Eustáquio Neves, Francisco Vidal, Kiluanje Kia Henda, Mauro Pinto e Mónica de Miranda, são os artistas que participam neste projeto expositivo com curadoria de André Cunha e Carlos Alcobia.

“Além Margem(s)” é produzido pela XEREM, conta com o apoio financeiro da Fundação Calouste Gulbenkian e apoio à produção das obras da Fineprint.

Informações e contactos:
www.xerem.org | www.alem-margem.xerem.org | geral@xerem.org
www.transboavista-vpf.net/ | plataformarevolver@gmail.com | 21 343 32 59

18.09.2013 | por herminiobovino | colagem, exposição, fotografia, pintura

IV Congresso Internacional em Estudos Coloniais - Colonialismo, Pós-Colonialismo e Lusofonia

Re-imaginar a Lusofonia ou da necessidade de descolonizar o conhecimento


Colonialismos e pós-colonialismos são todos diferentes, mesmo quando referidos exclusivamente à situação lusófona. Neste contexto, mais do que procurar boas respostas, importa determinar quais as questões pertinentes aos nossos colonialismos e pós-colonialismos lusófonos.

Com efeito, problematizar a própria questão é começar por descolonizar o pensamento. Em nosso entender, esta é uma das tarefas candentes no processo de re-imaginação da Lusofonia, que passa, atualmente, pela procura de um pensamento estratégico que inclua uma reflexão colonialista/pós-colonialista/descolonialista.

Esta tarefa primeira, e mesmo propedêutica a qualquer construção gnoseológica, de descolonizar o pensamento hegemónico onde quer que ele se revele, não pode deixar de implicar as academias, centros de produção do saber e do conhecimento da realidade cultural, política e social. Neste sentido, descolonizar o pensamento sobre a Lusofonia passará por colocar em causa e instabilizar o que julgamos já saber e ser como ‘sujeitos lusófonos’, ‘países lusófonos’, ‘comunidades lusófonas’.

Trata-se, assim, de instabilizar a uniformidade, mas também as diferenças instituídas, que frequentemente não são mais do que um novo género de cânone integrador e dissolvente da diferença. Por outro lado, não podemos deixar de praticar uma atitude vigilante, de cuidado e suspeição, em face do discurso sobre a diferença irredutível, que pode tornar-se (como no passado) na estéril celebração do exótico. Fazer com que a diferença instabilize o que oficialmente se encontra canonizado como ‘diferença dentro do cânone’, implica negociar e re-inscrever identidades sem inverter dualismos. Uma reflexão pós-colonial no contexto lusófono não pode evitar o exercício da crítica às antigas dicotomias periferia/centro; cosmopolitismo/ruralismo, civilizado/selvagem, negro/branco, norte/sul, num contexto cultural de mundialização, transformado por novos e revolucionários fenómenos de comunicação, que têm também globalizado a marginalidade.

A tarefa de re-imaginar a Lusofonia implicará necessariamente a deslocação, inversão ou até implosão, do pensamento dual eurocêntrico, obrigando-nos a repensá-la dentro de uma mais vasta articulação entre local e global

Re-imaginar a Lusofonia em contexto pós-colonial implica, por isso, repensar a pós-modernidade em que se inscreve, e que convive paradoxalmente com o crescente isolamento dos países árabes e o rápido desenvolvimento económico da Ásia

Re-imaginar a Lusofonia obriga ainda, em nosso entender, a estudar as práticas de resistência e de contra-hegemonia, procurando compreender o que criam em troca, que lastro deixam nas sociedades e nas culturas contemporâneas, no que respeita à diminuição das desigualdades. A Lusofonia que procure um pensamento e um conhecimento descolonizado, não pode deixar de prestar uma atenção particular às comunidades minoritárias e de emigrantes, cujo estudo faz parte do próprio pós-colonialismo.

Note-se porém que o pós-colonialismo não está aqui no sentido nem geográfico (como sociedades subalternas) nem no sentido temporal (como sociedades libertas do colonialismo), mas pensamos, por outro lado, que uma re-imaginação da Lusofonia não pode dispensar uma análise comparativa e um diálogo profundo com os diversos colonialismos e pós-colonialismos contemporâneos, procurando encontrar as especificidades do caso lusófono.

Longe de se tratar de uma análise meramente discursiva (embora a inclua) importa estudar igualmente as modalidades vividas e concretas da situação pós-colonial (que implicam necessariamente também a investigação empírica) das comunidades que, quer disso tenham consciência quer não, vivem na linha de continuidade, cruzada e traficada, entre colonialismo e pós-colonialismo.

Desmistificar, desierarquizar, estabelecer uma política da diferença, permitir a multiplicidade das vozes, constituir outros tantos projetos de modernidades/racionalidades possíveis dentro da pós-modernidade, mobilizar, re-politizar, imaginar outros modelos políticos, sociais e económicos, eis a tarefa (utópica, naturalmente) que nos parece ser essencial no re-imaginar a Lusofonia.

Assim, nesta proposta, propedêutica e maiêutica da própria Lusofonia, pretendemos implicar colonialismo, pós-colonialismo e descolonização numa política de identidade lusófona (que se constitui em primeiro lugar como um conjunto de narrativas) a delinear e implementar, numa situação de permanente negociação do sentido, e da história, reconhecendo a sua natureza estruturalmente ambígua. Na verdade, não podemos ignorar que pensar o pós-colonialismo hoje terá de passar pela crítica já realizada aos lugares da modernidade, não podendo deixar de se fazer a partir da pós-modernidade e do pós-estruturalismo.

Ao radicarmos esta proposta no contexto epistemológico dos Estudos Culturais não podemos ignorar os contributos das teorias da subalternidade e da representação na construção de um projeto que re-imagine a Lusofonia. Com efeito, o pós-colonialismo é uma temática de investigação e trabalho central dos Estudos Culturais desde a sua génese, na sequência da teoria crítica e do pós-estruturalismo, que se tem cruzado com as temáticas do multiculturalismo, hoje objeto de múltiplas críticas.

Um tal projeto implica, em nossa opinião, trabalhar a ideia de que colonialismos e pós-colonialismos marcam as culturas e as histórias de colonizadores e colonizados, misturando, de diferentes formas, os seus ‘destinos’. Não há colonialismos nem pós-colonialismos iguais. Cada qual tem de reconstruir, conhecer, simbolizar e integrar a sua própria história e definir sentidos possíveis de futuro. Também não há como não o fazer, pois o ‘destino’ que em comum nos coube, para o melhor e o pior, é um dado com o qual podemos e devemos pensar o futuro.

Mas o que será decisivo neste projeto é descolonizar a cultura, o pensamento, as práticas sociais, a política e a ciência: uma tarefa que cabe a colonizados e colonizadores, nas suas próprias culturas e sociedades, mas também nas relações que estabelecem hoje entre si (onde encontramos ainda todas as figuras de poder que a relação colonial institui, apenas agora multiplicadas e aplicadas em todos os sentido possíveis).

O Colonialismo traz a marca dos interesses de quem exerce e pode exercer o poder. Re-imaginar a Lusofonia impele-nos a trabalhar no sentido de descolonizar as relações ente países, entre comunidades recetoras e emigrantes, entre o norte e o sul, entre o mundo anglófono e o outro, entre o saber erudito e o saber comum, o saber sobre o homem e o conhecimento técnico.

É que, como nos diz Stuart Hall, «[…] a cultura não é apenas uma viagem de redescoberta, uma viagem de retorno. Não é uma ‘arqueologia’. A cultura é uma produção. Tem a sua matéria-prima, os seus recursos, o seu ‘trabalho produtivo’. Depende de um conhecimento da tradição enquanto ‘o mesmo em mutação’ e de um conjunto efetivo de genealogias. Mas o que esse desvio através dos passados faz é capacitar-nos, através da cultura, a produzir-nos a nós mesmos de novo, como novos tipos de sujeitos. Portanto, não é uma questão do que as tradições fazem de nós, mas do que nós fazemos das tradições» (Hall, 1999/2003:p. 44).

E que melhor inspiração do que esta para nos lançarmos no apaixonante projeto de re-imaginar a Lusofonia?

Maria Manuel Baptista
HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Organização Liv Sovik; Tradução Adelaine La Guardia Resende. Belo Horizonte: UFMG, 2003.

Congresso: 
28, 29 e 30 de abril de 2014
Submissão dos trabalhos: até15 de outubro de 2013
Importante:
Para submeter os artigos, é necessário fazer um registo prévio. Para isso os autores devem seguir este link.

18.09.2013 | por herminiobovino | colonialismo, lusofonia, pós-colonialismo

700.000 fotografias do Portugal colonial

Mais de 700 mil fotografias do Portugal colonial vão estar disponíveis para consulta online. As imagens estão a ser digitalizadas dos acervos do Arquivo Histórico Ultramarino e do Instituto de Investigação Científica tropical.Neste momento já é possível consultar perto de 20 mil destas fotografias no site do Arquivo Científico Tropial Digital (http://actd.iict.pt/), algumas da autoria de Elmano da Cunha e Costa (ver foto), advogado em Lisboa e fotógrafo na África nos anos 30 cuja obra pictória está neste momento a ser estudada por uma investigadora holandesa.Segundo disse Catarina Marques, responsável pelo espólio do Instituto de investigação Científica Tropical e pela digitalização das imagens, as fotografias têm diversas proveniências e temáticas sendo a mais antiga de 1860 e as mais recentes de 1974.

As fotografias do espólio são valiosas também pelos vários tipos de processos fotográficos que ali existem, desde os métodos comuns de fotografia (com nitratos e acetatos de celulose) até métodos mais raros de papéis de ouro e platina.

Michele Marques Baptista

ver aqui

16.09.2013 | por martalanca | colonialismo português, fotografia

construção de 'makuti', folha de coqueiro tecida - um espaço comunitário de apoio à actividade cultural que povoa o território

um projecto de Pedro Blanc

a presença e detalhe da matéria são extenção da paisagem, humana, fisica e social à excepção de rede mosquiteira e lonas reutilizadas, é construído de coqueiro,  madeira e folha e outras ‘palhas’ sob um embasamento de terra batida. 

Makuti é nome para folha nas várias linguas do sul de Moçambique,  em terra de coqueiro dá o nome à peça feita ao trançar folha daquela palmeira para criar pequenos ‘painéis’ leves.  Faz cobertura, revestimento, sombra exterior ou vedação, na abundante construção de matéria local.

O projecto é o de um dos pontos de uma rede de espaços de encontro e de cultura na peninsula de inhambane.

Num tecido de caminhos, árvores, e estradas. Hábitos, oficios, bancas, comércio, casas e gente…É sombra. 

Já tradicionalmente o espaço de reunião é à sombra de uma árvore grande, e penso que é isso…

Conseguiu-se aqui pensar numa rede intermédia de espaços no tecido intra-cultural de uma capital  de província em Africa, que históricamente é polo inter cultural no Índico. Este espaço que se concretiza no projecto de arquitectura reflecte uma postura do estudo sobre a ‘cidade de cultura’ 

A ideia e seu projecto vêm do estudo de uma cidade, Inhambane, que compreende uma área rural e natural maior e mais povoada que a parte urbana do municipio. Baseado numa iniciativa vinda da capital, Maputo, o estudo pressupunha a descentralização cultural numa estratégia de potenciar Inhambane como capital de cultura.

Usando da sazonalidade do turismo e proximidade de outros polos maiores na região, estudar quais elementos poderiam, junto com uma produtora, e outros agentes culturais, ajudar a equipar este ‘programa’ de cidade de cultura. 

Uma das ferramentas que pretende operar no próprio uso da cidade é o caderno de campo, uma publicação A5  ao baixo reflete também as ideias do projecto, mas principalmente reflexões de cidade e cultura. Isso no inicio, bem como história e cartas geograficas, para mais tarde estender a reflexão ao próprio caderno, o uso, registo, interacção e troca de informação através do mesmo, numa ferramenta urbana de mapas e legenda.

Do processo inicial ao estudo da mobilidade da cidade e dos seus agentes intra culturais, fluxos e lugares de encontro, produziram-se as ferramentas para operar no território. o desenho, mais tarde, é o do ensaio perante um universo  culturalmente rico e de recursos simples. a inovação no pormenor é deixar de cortar e vincar na tecelagem, aumenta a resistência e rentabilidade em secções portantes que funcionam excepcionalmente bem à tracção.

O desenho desta estrutura que se apoia ao centro num degrau sobre uma cisterna e na periferia em pilares de madeira, foi revelado e experimentado em vários suportes e a mostra é sobre isso, os protótipos (.2) à escala real, maquetes (.3) em palha, ou cartão, ou pvc entrançado, registos gráficos (.4) e video, paginação e desenho de um caderno (6) de campo da cidade, e o complicado mas gratificante levantamento de imagem aerea (5). 

A ideia de exposição começa na realização de uma viga (.1) que no alto permanece direita apoiada em dois pontos na diagonal do espaço. O objecto é um prisma triangular, tecido e atado com matéria orgânica e aparelhado em pré esforço pelo seu interior (de modo a não ter flecha). Esta presença paira sobre a exposição que deve estar presente nos diferentes momentos do projecto, a apreciação da cidade, da rede de espaços, e edifício arquitectónico.

 

15.09.2013 | por martalanca | arquitectura, coqueiro, Moçambique

Revistas e livros como espaço de resistência: feira de edições

Feira de edições como espaços de resistência, na feira da ladra! 28 de setembro. Porque uma feira não é um franchising, os livros não são salsichas de lata entre outras coisas. claro. Como por exemplo: do pouco que gostamos do que está a acontecer às livrarias aos prédios e às ruas desta cidade. todos a serem vendidos ao desbarato e mais outras torpezas que tais.

Com bancas, música, livros, discussões

 

Participam: JOGOS SEM FRONTElRAS • GHOST • DOIS DIAS • AND_LAB * PUNKTO • UNIPOP/IMPROPRIA • HOMEM DO SACO • FOGO POSTO • STET • A ESTANTE • BUALA/CORPO E PRECARIEDADE * EDIÇÖES ANTIPATICAS * MIA SOAVE • LETRA LIVRE • BOCA • STRESS.FM/ TRANSIÇÖES URBANAS • CASA DO VAPOR • BURACO * & ETC • LETRA LIVRE • galeria de arte ambulante e mais bancas • zines • editoras • performances e conversas e DJ JP Pacheco Patricio

 

Dia 28 de setembro - 11h30 - 18h 

Palácio Sinel de Cordes
Campo de Santa Clara, 142-145
1100-474 Lisbon, Portugal
+351 213 469 366

15.09.2013 | por martalanca | buala, edições, jogos sem fronteiras

Narcotrafic : la « guerre aux drogues » en question

Si dans les pays industrialisés leurs effets en matière d’ordre et de santé publics sont relativement circonscrits, les drogues d’origine naturelle (héroïne, cocaïne, cannabis…) ont des impacts d’une autre ampleur dans les régions où elles sont produites et qu’elles traversent, essentiellement situées au Sud : alternative économique de survie pour des millions de petits paysans et de passeurs, mais aussi source d’affrontements sanglants entre cartels, de diffusion d’une culture de la violence, d’apparition de nouvelles inégalités, de corruption des institutions, de financement de coups d’État et de rébellions en tout genre. Tout à la fois produit et moteur de l’informalisation des économies et de l’affaiblissement des États, dont les causes premières sont à chercher dans la crise des secteurs productifs traditionnels et l’ajustement néolibéral, le narcotrafic a également su jouer de l’opacité des circuits financiers internationaux pour étendre ses ramifications.

Loin d’endiguer le phénomène, le modèle répressif imposé depuis quarante ans par les États-Unis l’a objectivement alimenté, l’interdiction décuplant le prix des drogues, l’attractivité de leur commerce et le pouvoir des trafiquants. Cette approche contre-productive, régulièrement subordonnée à d’autres objectifs de politique extérieure qui plus est, fait aujourd’hui l’objet de remises en question par plusieurs gouvernements latino-américains, qui estiment que leurs sociétés paient un tribut disproportionné à la “guerre internationale aux drogues”.

voir ici

 

13.09.2013 | por martalanca | narcotrafic

PHOTOGRAPHY AND DEMOCRACY

PhotographyandDemocracy.com publishes video interviews with South African photographers about photography and democracy. You can watch all the videos published so far, and read more about the project here and in the blog. 

13.09.2013 | por martalanca | PHOTOGRAPHY AND DEMOCRACY

A branquitude está nua

Por Ana Maria Gonçalves para as Blogueiras Negras

Dada a velocidade com que consumimos novas informações, os assuntos abaixo parecem ultrapassados; mas não são. Sempre atuais, tendem a ocupar mais espaço nas nossas vidas e nos noticiários na proporção em que mais negros ocupem espaços nos quais não eram vistos anteriormente. E isso não significa necessariamente que o racismo esteja aumentando, mas que lhe são dadas mais oportunidades de se manifestar, quando negros estão em situação de igualdade ou superioridade social ou econômica em relação a brancos. Acontece no Brasil e em qualquer lugar do mundo cuja economia já foi baseada em regimes escravocratas e/ou que agora tenta lidar com o impacto das novas correntes migratórias, principalmente as originárias de ex-colônias africanas. O que vemos manifestado nessas situações de racismo e xenofobia, além do ato em si e sua negação, é o desconforto do sujeito diante do espanto causado pela falha de sua invisibilidade. Quando pegas em um ato ou uma fala racista, as pessoas dizem que foram mal interpretadas e que não esperavam tal repercussão, pois até então se sentiam seguras, escondidas atrás de sua branquitude. E aqui uso o conceito de branquitude de Ruth Frankenburg, como sendo “um lugar estrutural de onde o sujeito branco vê aos outros e a si mesmo, uma posição de poder não nomeada, vivenciada em uma geografia social de raça como um lugar confortável e do qual se pode atribuir ao outro aquilo que não atribui a si mesmo”. Algumas análises sobre a atuação do ministro Joaquim Barbosa no STF e sobre as reações à vinda ao Brasil de médicas cubanas negras são bons exemplos dessa quebra de paradigma.

Não me espantou a indignação do jornalista Ricardo Noblat na nota “Que geração de jovens é esta?“. Para ilustrá-la, ele colocou a foto de um médico cubano negro sendo vaiado por jovens médicos brasileiros e escreveu: “A foto abaixo é emblemática de uma situação que deveria nos fazer corar e refletir.” E terminou com as exclamações: “Vergonhoso! E imperdoável!” Sim, a foto é emblemática, porque não podemos deixar de notar a negritude do médico. E é mais emblemático ainda que Ricardo, ao ilustrar a nota com a foto de um médico negro, não vê incoerência entre sua condenação dos médicos brasileiros e sua atitude em um artigo escrito havia menos de 10 dias, no qual ataca o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa:“Para entender melhor Joaquim acrescente-se a cor – sua cor.” Na nota sobre os médicos, Ricardo ainda pergunta “Que geração de jovens é esta?”, como se não soubesse a resposta, como se não estivesse tratando de uma geração que, assim como ele, reagia aos médicos cubanos acrescentando a cor – a sua cor. A geração hipocritamente criticada por Ricardo é filha, neta, bisneta e tataraneta daquelas outras gerações que, protegidas pela branquitude, acham que podem julgar negros tendo como base a cor. Essa geração não nasceu por combustão espontânea, mas cresceu vendo parentes, amigos, cônjuges e formadores de opinião questionarem o que consideravam ousadias de negros com frases do tipo “quem esse negro/essa negra pensa que é?”, do mesmo modo que o jornalista Ricardo começa seu artigo perguntando “Quem o ministro Joaquim Barbosa pensa que é?”. Para mais tarde nos lembrar que, para respondermos essa pergunta, não devemos esquecer a cor. Sempre a cor, e sempre a do outro. A do negro.

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13.09.2013 | por martalanca | Brasil, racismo

Gregory Porter | 9 OUT | CCB

A estreia nos palcos portugueses está agendada para dia 9 de Outubro, no Centro Cultural de Belém, e dia 11 na Casa da Música. Uma oportunidade única para conhecer ao vivo a mais recente aposta da Blue Note, “Liquid Spirit”, e o artista que é considerado por alguns críticos como o “rei” do Jazz, dono de uma extraordinária presença já comparada com a de Joe Williams, Nat King Cole, Donny Hathaway e Marvin Gaye.

Composto por 14 músicas, “Liquid Spirit” ajuda a justificar a rápida ascensão de Gregory Porter no mundo do Jazz e do R&B contemporâneos. Além dos 10 temas originais, onde o músico demonstra um dom inato para compor com base em experiências pessoais, deste álbum fazem também parte uma versão do standard “I Fall In Love Too Easily”, bem como covers de “Lonesome Lover”, de Abbey Lincoln, e o hit de Ransey Lewis “The ‘In’ Crowd”. “Considero-me firmemente um cantor de jazz, mas também gosto de blues, soul e gospel”, diz Porter. “Estes elementos fazem o seu caminho dentro da minha música e eu sempre ouvi-os em Jazz”. Dono de uma das vozes mais cativantes na música de hoje, Porter canta com a alma transmitindo emoção e intelecto com a sua voz. Os altos e baixos do romance, a infância e o mundo que o rodeia são algumas das temáticas abordadas em “Liquid Spirit”.

Tal como escreveu a cantora Dee Dee Bridgewater no JazzTimes: “Há muito tempo que não temos um cantor como ele. É um compositor maravilhoso que conta grandes histórias.

Três anos depois, e apesar de já ter gravada ou partilhado o palco com Van Morrison, Wynton Marsalis, Dianne Reeves, Nicola Conte, Christian McBride, Kenny Barron, Buster Williams ou David Murray, Gregory Porter mantem a sua personalidade e recebe os elogios e distinções com humildade.

Considerado o novo “rei” do Jazz por alguns críticos, este artista de extraordinária presença que tem sido comparado a Joe Williams, Nat King Cole, Donny Hathaway e Marvin Gaye.

 

13.09.2013 | por martalanca | Gregory Porter, jazz

primeira Noite Príncipe da rentrée

Entra em dia a primeira Noite Príncipe com um nome internacional, e a primeira depois do lançamento nacional e internacional dos discos de Niagara e DJ Nigga Fox.
O início da festa será conduzido pelo jovem prodígio DJ Maboku, membro dos Piquenos DJs Do Guetto / CDM Produções, crew que em breve verá música sua firmada em vinil pela Príncipe.
Seguir-se-ão os convidados DJ Rashad & DJ Spinn, nomes fundamentais no desenvolvimento e evolução da música Juke e cultura Footwork de Chicago, numa genealogia estóica que inclui nomes como Paul Johnson, DJ Gant-Man, DJ Manny, DJ Godfather, Traxman ou Jammin Gerald. A sua visão prismática de ghetto house, disco, juke e ghetto-tech tem sido editada na Dancemania, Juke Trax, Planet Mu ou Hyperdub, para além do trabalho iniciado com a Lit City, selo editorial e club night dinamizada por J-Cush com o apoio de Rashad e a crew Teklife, colectivo convicto a representar fidedignamente a cultura de onde emana esta música, e suas mais recentes manifestações que estejam a fazer mexerem-se os footworkers. Esta atitude e conduta de progressão tecnológica, artística e cívica facilmente gerou empatia na família Príncipe, reconhecendo os pontos em comum com o que se propôs a construir. Rashad & Spinn têm assim vindo a angariar um gradual e consistente apoio online de entusiastas pela sua música, o que lhes possibilitou atacar de forma intenta a cena internacional de clubes e festivais de música de dança e electrónica com os seus lives cada vez mais impiedosamente aprimorados.Após os filhos de Chi-town, DJ Marfox chega livre de enredos e focado no compromisso de nos levar a Noite para aquele último patamar de festa até ao raiar do dia nas ruas.Casa da Mãe Produções https://soundcloud.com/cdm-beatsDJ Rashad https://soundcloud.com/dj-rashadDJ Spinn https://soundcloud.com/dj-spinn-1DJ Rashad & DJ Spinn ‘We Trippy Mane’ http://youtu.be/Qhqa2KrYngUDJ Rashad & DJ Spinn ‘Just Jam 51’ http://youtu.be/dCvww5BbAuIDJ Rashad ‘I Don’t Give a Fuck’ http://youtu.be/DtJKBrnAi3MLit City https://soundcloud.com/litcityDJ Marfox https://soundcloud.com/dj-marfoxPríncipe http://principediscos.wordpress.com/
Noite Príncipe c/ DJ Maboku + DJ Rashad & DJ Spinn + DJ MarfoxLocal: MusicboxData: 14 de SetembroHorário: 01:30Entrada: entre a 01h e as 03h - 5€ c/ 2 senhas de consumo // entre as 03h e as 06h - 8€ c/ 2 senhas de consumo
 
 
 
 

10.09.2013 | por martalanca | editora príncipe, noite lisboa

Afreaka traz novo olhar sobre o continente africano

Afreaka é um site de jornalismo literário, fotografia e design que traz um lado pouco conhecido do continente africano no Brasil, fugindo dos estereótipos como fome, pobreza e passividade, e cobrindo as expressões coletivas e individuais das culturas locais - tendências, música, literatura, arte, culinária, arquitetura etc.
Para concretizar o site, que hoje traz mais de 90 reportagens, 100 ilustrações inéditas, inúmeros vídeos e fotografias e ainda uma seção de dicas para o turismo local, a jornalista Flora Pereira e o designer Natan de Aquino realizaram uma viagem de transporte público durante sete meses por oito países do sul e leste da África que revelou um continente descolado e protagonista.
O projeto, que já alcançou mais de 22 mil fãs nas redes sociais, utilizou uma maneira de financiamento que está ganhando força na rede: o crowdfunding, também conhecido como financiamento coletivo. E contou também com a gestão comercial da empresa Rocta. O Afreaka está organizando agora um segundo financiamento coletivo (www.catarse.me/afreaka2), para dar continuidade ao trabalho, desta vez para descobrir o que o lado oeste africano tem de bom para contar ao mundo. Serão mais seis meses de apuração, trazendo a África para ainda mais próxima do Brasil. Dessa vez, além das reportagens, o site contará com:
+ uma seção de notas e artigos,+ dicas de artistas e eventos ligados ao tema,+ um página colaborativa onde quem quiser mandar artigos sobre cultura africana, vai poder participar.
Para que o site não pare, é possível contribuir com qualquer quantidade e, em troca, ainda ganhar recompensas do projeto: fotografias, livro digital, posters, palestras, vaga em workshop e muito mais.
Para doar qualquer quantia, acesse aqui.
Exposição no Metrô de São Paulo
Durante todo o mês de agosto, o Projeto Encontros promove nas Estações Paraíso, Corinthians-Itaquera e Arthur Alvim do Metrô, a exposição Afreaka. A mostra traz um pouco da energia da África pelo olhar da jornalista Flora Pereira e do designer Natan de Aquino, idealizadores do site www.afreaka.com.br. Abordando um novo mundo de tendências, música, literatura, arte, culinária, arquitetura, projetos sociais, moda, cultura jovem, tradições e muito mais, a exposição Afreaka mostra informações, sensações e impressões captadas pela dupla, que desmitificam a imagem negativa do continente africano, visto internacionalmente como um lugar de fome e pobreza, e contam outro lado da história: a África cool e descolada.
Serviço:Exposição Afreaka Data: 5 a 31 de agostoLocais: Estações Paraíso, Corinthians-Itaquera e Arthur Alvim Horário: Funcionamento do MetrôEntrada: Gratuita
Clipagem:
Projeto que mostra “lado alternativo” da África faz sucesso e quer chegar a segunda fasehttp://www.ecodesenvolvimento.org/posts/2013/agosto/afreaka-o-lado-alter...
Exposição no metrô de São Paulo propõe novo olhar sobre a ÁfricaModa, cultura jovem, música e literatura estão entre os conteúdos da mostra “Afreaka”, em três estações da capital paulistahttp://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/30341/exposicao+no+metro+...
Exposição no Metrô revela uma África colorida e descoladahttp://catracalivre.com.br/sp/agenda/gratis/exposicao-no-metro-revela-um...
Casal paulistano dá palestra na USP sobre viagem de oito meses pela Áfricahttp://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2013/06/1301673-casal-paulistano-d...

10.09.2013 | por martalanca | representações de africa

Mestrado em Estudos Africanos no Porto

O Mestrado em Estudos Africanos na Faculdade de Letras da Universidade do Porto foi concebido de modo a responder à demanda formativa em quatro áreas: a) Ramo de Estudos Africanos Educação e Desenvolvimento; b) Ramo de Estudos Africanos História; c) Ramo de Estudos Africanos Geografia d) Ramo de Estudos Africanos Artísticos, Linguísticos e Culturais.

Estes três ramos, juntamente com a componente letiva comum que os alicerça, envolvem os objetivos gerais: 1) Proporcionar uma formação posgraduada relativa à prismática e complexa diversidade africana, segundo um ponto de vista multidisciplinar; 2) Propiciar ferramentas conceptuais para que os alunos enfrentem desafios numa esfera de atividades amplas englobadoras de instituições transcontinentais de cooperação; em ONG’S; em em actividades culturais, sociais, mediáticas e económicas; 3) Incentivar um regime proativo na investigação concernente à amplitude das temáticas africanas. No CEAUP pode ver as atividades realizadas, bem como os objetivos.

09.09.2013 | por martalanca | Estudos Africanos

Sala da Nação – Embaixada de Terra Nenhuma, LISBOA

Sala da Nação – Embaixada de Terra Nenhuma é um projecto de Paulo Moreira e Kiluanji Kia Henda integrado na exposição A Realidade e Outras Ficções, com curadoria de Mariana Pestana, para a terceira edição da Trienal de Arquitectura de Lisboa.

No atual cenário de descrédito relativamente aos modelos políticos existentes, esta é a embaixada de uma nação imaginária que não representa qualquer tempo ou espaço em particular. Semanalmente, associações e grupos que desenvolvem trabalho nas áreas do ativismo político, cidadania e inclusão social, são embaixadores em sequência, realizando receções, perfomances, mesas redondas e outros eventos abertos ao público. 

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The Nation Room – Embassy of No Land is a project by Paulo Moreira and Kiluanji Kia Henda, part of the exhibition The Real and Other Fictions, curated by Mariana Pestana, for Closer, Closer, 2013 Lisbon Architecture Triennale. Against the current backdrop of general misgivings about about the existing political models, this is the embassy of an imaginary nation that does not represent any particular time or place. Every week, associations, organizations and groups working in the areas of activism, citizenship and social inclusion are ambassadors on a rota. As ambassadors, they host receptions, performances, roundtables and other events, all open to the public. 

Inaugura Sábado dia 14 Setembro. 

Carpe Diem Arte e Pesquisa (R. de O Século, 79, Bairro Alto, Lisboa)

09.09.2013 | por franciscabagulho | arquitectura, arte contemporânea, kiluanji kia henda, Paulo Moreira

Sem Flash- homenagem a Ricardo Rangel

Projecção comentada no Centro Intercultura Cidade às 18h30 (19h). Um filme com Sérgio Santimano, Kok Nam, Luís Carlos Patraquim e Alexandre Pomar. e RICARDO RANGEL.Dia 5  - QUINTA ÀS 18h30  
Dia 12 no programa “Todos” às 21h.

04.09.2013 | por martalanca | RICARDO RANGEL

Pierre Singaravélou: «restituer leurs capacités d’action, pas seulement subi la domination coloniale»

Des élites autochtones qui pactisent avec les colonisateurs, des peuples qui résistent… L’historien Pierre Singaravélou, spécialiste des empires coloniaux, signe un ouvrage collectif qui déjoue les clichés. Explications cartes à l’appui.

Par CATHERINE CALVET

Pour la première fois en France, une équipe de chercheurs français et étrangers décide d’écrire collectivement une histoire comparée des empires coloniaux, européens, japonais et américain, sous la direction de Pierre Singaravélou (1), déjà coauteur d’un Atlas des empires coloniaux. De nombreux clichés sont ainsi débusqués, ceux de l’historiographie traditionnelle mais aussi ceux des études postcoloniales qui s’inspirent des travaux de l’intellectuel américano-palestinien Edward Saïd (2) et enfin ceux de l’historiographie conservatrice ou néo-conservatrice, illustrée aujourd’hui par Niall Ferguson. Ici, l’histoire de la colonisation n’est pas abordée d’un point de vue moral et ne dresse aucun bilan, ni positif ni négatif.

Quels sont les principaux clichés?

Le premier lieu commun de l’historiographie traditionnelle est celui selon lequel les empires coloniaux auraient été conquis très rapidement et très aisément. Les colonisateurs européens se seraient approprié les quatre cinquièmes de la planète en quelques années. Cette vision des choses a été fortement remise en question par de nombreux travaux depuis ces trente dernières années, qui révèlent que ces conquêtes ont été longues et difficiles. Les populations autochtones ont opposé une forte résistance, parfois victorieuse. Ainsi, pouvait-on lire, dans des manuels d’histoire, que les Britanniques et les Français avaient conquis l’Inde à la fin du XVIIIe siècle et l’Algérie en 1830, alors que le processus d’expansion ne s’achève respectivement qu’au milieu et à la fin du XIXe siècle. De même, les populations Ashanti, dans l’ouest de l’Afrique, ont résisté souvent victorieusement aux Britanniques pendant tout le XIXe siècle.

Qu’entendez-vous par empire «colonial»?

La notion d’empire désigne une formation politique hiérarchisée, qui –par des conquêtes mais aussi par des systèmes d’allégeance agrège des territoires et des populations très hétérogènes aux statuts très divers au profit d’un centre. Cela peut aussi bien désigner l’empire austro-hongrois que l’empire colonial britannique.

Les empires coloniaux se distinguent eux par leur dimension ultramarine, y compris l’empire états-unien. Ils se caractérisent par une grande distance géographique entre le centre métropolitain et les territoires coloniaux. Cela induit de fortes discontinuités administratives et territoriales qu’on ne retrouve pas dans les empires continentaux.

Les empires coloniaux présentent aussi la spécificité d’être composés de sociétés coloniales inexistantes dans les empires continentaux, par exemple dans l’empire ottoman. Elles sont composées d’une minorité étrangère –les colonisateurs– différente ethniquement et culturellement de la majorité de la population – les autochtones–, sur laquelle elle exerce une domination politique et économique. Au sein de ces sociétés, il existe aussi d’autres groupes, immigrés allochtones, comme les Indiens en Afrique australe et orientale, ou les Italiens en Tunisie.

Cette définition des sociétés coloniales, formulée par Georges Ballandier, permet d’appréhender la spécificité de la situation coloniale. L’oppression de la majorité autochtone par une minorité étrangère constituant une situation intenable, les colonisateurs inventent au XIXe siècle une série de discours de légitimation de l’entreprise coloniale: la «mission civilisatrice», les promesses de démocratie… ainsi qu’une idéologie différentialiste et raciste qui subordonne naturellement l’«indigène» au colonisateur. Des politiques de division et de séparation permettent également de maintenir le pouvoir d’une infime minorité «blanche».

Vous citez un proverbe nigérian: «Tant que les lions n’auront pas leurs propres historiens, les histoires de chasse ne pourront que chanter la gloire du chasseur.»

Il s’agit de ne plus écrire l’histoire du point de vue des autorités coloniales et encore moins selon la perspective exclusive des administrations centrales des métropoles, à Paris ou à Londres. A partir des archives impériales, les historiens avaient développé un modèle d’analyse européo-centré de l’expansion coloniale, un récit sans failles d’une colonisation omniprésente et d’un empire omnipotent, qui laissait finalement peu de place aux populations colonisées, à leur point de vue, et surtout à leurs pratiques sociales et à leur marge de manœuvre face aux colonisateurs.

Il faut bien sûr continuer à étudier en détail les formes de violence, non seulement physiques mais aussi symboliques, infligées aux populations colonisées. Il convient en outre de restituer leurs capacités d’action, montrer qu’elles n’ont pas seulement subi la domination coloniale. Qu’elles n’étaient pas non plus enfermées dans une dialectique aussi simple que «collaborer» ou résister militairement. Il existait entre ces deux options toute une panoplie d’attitudes très diverses : des stratégies d’évitement telles la fuite dans la forêt, la montagne ou la colonie voisine, des formes d’action non violente: vols, refus de travailler ou de payer l’impôt. Et enfin, des résistances à bas bruit comme les moqueries, les insultes ou les crachats.

Un registre de résistances individuelles et collectives qui, au quotidien, sapait lentement mais sûrement l’autorité coloniale. Parallèlement, une partie des populations locales –élites traditionnelles ou «occidentalisées» a instrumentalisé la domination étrangère pour asseoir leurs propres positions. 

Ces élites étaient souvent choisies par le colonisateur…

Exactement, cela participait de la stratégie «diviser pour régner», qui a conduit les colonisateurs à favoriser certains groupes, les Priyayi aux Indes néerlandaises ou les Brahmanes aux Indes britanniques, sur lesquels ils se sont appuyés pour administrer la colonie, aux dépens du reste de la population autochtone. Mais ces élites en ont profité pour affirmer leur propre autorité comme au Rwanda, où la minorité tutsie a été choisie par le colonisateur belge pour imposer son pouvoir à la majorité hutue. Les colonisateurs belges ont racialisé des clivages socioprofessionnels en inventant, de toutes pièces, une opposition entre les Tutsis de noble origine «hamitique» et les Hutus, peuple bantou, considéré comme inférieur.

On retrouve une politique similaire en Inde où les orientalistes britanniques théorisent l’existence  de «races martiales» tels les Sikhs ou les Gurkhas et durcissent l’idéologie des castes. En s’appuyant sur l’autorité des Brahmanes, les colonisateurs ont renforcé la position de cette caste au sommet de la société indienne et ont institutionnalisé sa vision très hiérarchisée.

Ce processus d’invention de la tradition est également à l’œuvre au Cambodge, où les savants de l’Ecole française d’Extrême-Orient (EFEO), fondée à Hanoi en 1900, sont en charge de la conservation d’Angkor. Dans l’entre-deux-guerres, des nationalistes cambodgiens s’appuient sur les travaux archéologiques et philologiques des savants français et des «lettrés» cambodgiens de l’EFEO pour réinventer une identité khmère, ferment d’un puissant nationalisme culturel.

Les années 2000 semblent marquer un tournant dans le débat sur les questions coloniales.

La fin du XXe siècle correspond à l’introduction massive en France des historiographies anglophones: études postcoloniales, histoire connectée, histoire globale, histoire atlantique et nouvelle histoire impériale. Ces nouveaux courants partagent le même intérêt pour l’étude des circulations et des interactions à l’échelle des grandes régions du monde. Ils ont tous participé au renouvellement de l’histoire du fait colonial.

Le début du millénaire semble également correspondre à un tournant géopolitique, ce que certains observateurs ont qualifié de moment «néo impérial» dans les relations internationales, avec notamment les interventions militaires des Etats-Unis et de leurs alliés en Irak et en Afghanistan, suscitant de nouvelles analyses sur le rôle et la nature des empires formels ou informels. Déjà, dans les années 1990-2000, le passé colonial semblait de plus en plus instrumentalisé dans le débat public des anciennes métropoles impériales comme des ex-colonies. En France, la loi du 23 février 2005, dont l’article 4 prévoyait de reconnaître le «rôle positif de la présence française outre-mer», déclenche une vive polémique qui contraint le gouvernement à retirer l’article incriminé et stimule l’intérêt des Français pour l’histoire du fait colonial.

Cet intérêt est ensuite ravivé à l’occasion de plusieurs crises sociales, par exemple, dans certaines banlieues françaises, en 2005, ou aux Antilles françaises, en2009, interprétées en termes postcoloniaux par les commentateurs. Cette question de l’héritage colonial s’est posée au même moment à presque toutes les anciennes puissances impériales. Au Japon, le Parti libéral démocrate ne cesse de promouvoir l’œuvre coloniale nippone en Asie orientale pendant la première moitié du XXe siècle et empoisonne, par là même, les relations diplomatiques du Japon avec la Chine (massacre de Nankin) et la Corée («femmes de réconfort»).

En 2008, Silvio Berlusconi présente officiellement les excuses de l’Italie au colonel Kadhafi et s’engage à verser 5 milliards de dollars pour réparer les dommages causés à la Libye. Parallèlement, des demandes de réparation des préjudices subis par les populations autochtones se sont multipliées en Australie, Nouvelle-Zélande, Amérique du Nord, et en Afrique subsaharienne.

Des musées de la colonisation existent déjà en Belgique ou en Grande-Bretagne. Pourquoi tant de crispations en France?

Il existe une spécificité française dans le traitement de ce sujet. Le maintien de la présence française dans les départements et territoires d’outre-mer ainsi que la question de l’émigration postcoloniale ont fait, depuis les années 1980, l’objet d’une instrumentalisation politique croissante qui a eu tendance à polariser le débat en termes souvent manichéens. Ainsi l’arène médiatique a-t-elle opposé, quasi systématiquement, d’un côté, les zélateurs de l’œuvre coloniale–qui défendent de façon extravagante son bilan positif– et de l’autre, les tenants d’une vulgate postcoloniale –qui dénoncent, sans parvenir à les démontrer, les liens consubstantiels entre la République française et le colonialisme. Entre autosatisfaction aveugle et vaine repentance, ils partagent une même vision européo centrée de la toute-puissance des colonisateurs qui empêche de comprendre la complexité et la diversité des situations coloniales.

La colonisation a été à l’origine d’une histoire commune, violente mais tissée de nombreux échanges, qui fait de nous ce que nous sommes. Colonisés et colonisateurs ont été transformés par cette expérience. Et il revient aujourd’hui aux historiens d’étudier ces interactions qui ont sans doute favorisé l’émergence de nouvelles identités en Europe comme dans les pays colonisés. Une multitude de recherches, menées ces trente dernières années, ont par exemple démontré l’influence de l’expansion coloniale sur la «britishness», l’identité britannique. En France, à quelques exceptions près, nous manquons cruellement de travaux empiriques pour mesurer l’impact de la colonisation sur la métropole elle-même, ses institutions, sa culture, et ses pratiques sociales.

Les Britanniques  semblent assumer l’héritage de leur passé colonial. Un peu trop parfois, lorsque le Premier ministre travailliste Gordon Brown a déclaré en 2005 que la «Grande-Bretagne doit cesser de se repentir de son passé colonial […] et doit au contraire le célébrer». Le Royaume-Uni a en effet très tôt développé une «anglosphère», un monde britannique qui dépasse les frontières de l’empire colonial pour inclure les Etats-Unis; la métropole établissant rapidement –sur un pied d’égalité– d’intenses relations migratoires, économiques et culturelles avec ses colonies de peuplement comme le Canada ou l’Australie. La permanence de ce lien très fort, à l’origine de l’actuel Commonwealth, explique en partie, outre-Manche, une vision plus irénique de l’héritage colonial.

Même si certains ex-colonisés sont gardés de mauvais souvenirs…

La mémoire des exactions commises par les Britanniques demeure en effet vivace dans les anciennes colonies: l’expropriation des terres, le travail forcé, le génocide des Aborigènes de Tasmanie dans les années 1820, la gestion criminelle des grandes famines en Inde de 1877-1878 et 1942-1943, le massacre d’Amritsar en Inde en 1919 ou encore la répression des Mau-Mau au Kenya dans les années 1950. Dans l’empire britannique comme dans les autres formations impériales, la paix n’est qu’un mythe, la guerre est quasi constante. Dès leur création, les empires, en permanence contestés, se caractérisent par une forte instabilité.

Contrairement à ce qu’on peut observer sur les cartes…

Nous sommes conditionnés, depuis la fin du XIXe siècle, par l’iconographie coloniale, notamment les cartes géographiques qui donnent l’impression, grâce à des aplats de couleur rose ou rouge, d’un contrôle territorial continu et étendu, alors qu’une partie non néglige able de ces territoires échappe en fait aux colonisateurs.

Planter un drapeau ou colorier une carte ne suffit pas à contrôler effectivement un territoire et ses millions d’habitants. Les possessions coloniales, à l’exception de quelques colonies de peuplement, se caractérisent par une faible présence européenne et un sous-encadrement administratif chronique : en Inde, en 1937, on compte seulement 1400 administrateurs britanniques pour plus de 250 millions d’habitants. Dans ces conditions, les colonisateurs doivent absolument recruter de nombreux agents autochtones et  rechercher le consentement d’une partie de la population local e par des formes de cooptation et de rétribution.

A contrario, la faiblesse de l’encadrement administratif et militaire s’accompagne souvent de l’usage d’une violence extrême et spectaculaire, pour impressionner la majorité autochtone. Contrairement aux discours de la propagande coloniale, l’encadrement scolaire et médical demeure presque toujours très faible, en dessous de 5% pour le taux de scolarisation. Parallèlement, les populations locales maintiennent des formes vernaculaires de régulation sociale que les colonisateurs ne voient pas et ne comprennent pas: les autochtones conservent bien souvent leurs systèmes scolaire et judiciaire qui doublent les institutions coloniales.

Les «sciences coloniales» n’ont pas observé ces phénomènes?

Les sciences coloniales, qui se sont développées à partir des années 1880, ont d’abord servi à légitimer l’œuvre coloniale. A partir du début du XXe siècle, ces nouvelles disciplines, institutionnalisées dans les universités européennes, s’appliquent à produire des données vérifiables, et pas seulement utiles aux politiques publiques. Les savants coloniaux, avec l’aide indispensable des «lettrés» autochtones, travaillent alors davantage sur le terrain et conçoivent également de nouvelles méthodologies.

Ainsi, les africanistes découvrent l’intérêt de l’histoire orale pour reconstituer le passé de l’Afrique: dans l’entre-deux-guerres, le broussard Maurice Delafosse enseigne aux futurs administrateurs de l’Ecole coloniale que les Africains ont fondé de grands empires, tandis qu’au même moment, à la Sorbonne, le célèbre historien Charles Seignobos professe que les Noirs sont de «grands enfants» incapables de constituer une nation. Même si les sciences coloniales restent souvent marquées par les lieux communs racistes et culturalistes de l’époque, elles se caractérisent par une grande diversité épistémologique: contrairement à ce que prétendent Edward Saïd et ses épigones, il n’existe pas un seul et même discours colonial.

Un autre lieu commun: l’idée que ces empires coloniaux européens résulteraient d’une émigration massive en provenance des métropoles…

En fait, peu d’Européens se sont installés dans les colonies. Au XIXe siècle, la France manque de bras et l’émigration française en direction des colonies est très faible, à l’exception de la seule colonie de peuplement, l’Algérie, où, très rapidement, dès le milieu du XIXe siècle, en nombre insuffisant, les Français font appel à des immigrés d’origine méditerranéenne, des Espagnols, des Italiens et des Maltais.

Les Britanniques, en pleine expansion démographique, constituent une exception au sein de ces empires contemporains. Des années 1810 aux années 1920, plus de 20 millions de Britanniques se sont expatriés outre-mer. Certes, une majorité d’entre eux sont partis aux Etats-Unis, mais ils ont également peuplé les dominions canadiens, australiens et néo-zélandais, au point de transformer ces régions en «nouvelle Grande-Bretagne».

Autre exception, plus tardive, les Japonais qui, dans l’entre-deux-guerres, exportent massivement leur main-d’œuvre dans leurs colonies d’Asie orientale: au début des années 1940, on compte plus de 3 millions de civils nippons installés notamment au Mandchoukouo (Mandchourie), en Corée et à Taïwan. En se concentrant sur  les migrations «blanches» transatlantiques, les historiens ont longtemps éludé les grands flux migratoires asiatiques.

Environ 50 millions de Chinois et 30 millions d’Indiens ont quitté leur région d’origine pour travailler outre-mer, dans les colonies européennes. Si la majorité d’entre eux ont fini par rentrer chez eux, une partie est demeurée sur place et a contribué à refaçonner la démographie de certaines colonies comme Maurice et Singapour, dont la population devient respectivement majoritairement d’origine indienne et chinoise.

Ces nombreux migrants asiatiques ont constitué, dès la deuxième moitié du XIXe siècle, à la fois une «classe ouvrière globale» et un groupe d’intermédiaires entre colonisateurs et autochtones sans lesquels les empires n’auraient pas pu se développer.

La colonisation serait-elle à l’origine de la mondialisation?

Il est tentant de penser que les empires ont constitué l’un des principaux vecteurs de la mondialisation dès le milieu du XIXe siècle. C’est par exemple la thèse de l’historien Niall Ferguson, qui parle d’«anglobalisation» pour qualifier le rôle décisif de l’empire britannique dans l’avènement de la «modernité» aux quatre coins du monde avec la Diffusion du libre-échange, des institutions politiques modernes, de la langue anglaise ou encore des sports dits «modernes».

L’expansion coloniale a, certes, induit une accélération et une Intensification des interactions à l’échelle mondiale qui, pour la première fois dans l’histoire, ont concerné– simultanément mais avec une intensité variable–des populations des cinq continents. Mais contrairement à Niall Ferguson, on ne peut pas dire que la colonisation a entraîné un processus univoque d’occidentalisation des sociétés colonisées. Celles-ci se sont appropriées, ont adapté et réinventé des formes culturelles d’origine européenne: le développement des langues créoles et des syncrétismes religieux illustre parfaitement cette mondialisation impériale avant la Seconde Guerre mondiale.

(1) Maître de conférences en histoire contemporaine à l’université Paris-I Panthéon-Sorbonne et membre de l’Institut universitaire de France. 

(2) «L’Orientalisme. L’Orient créé par l’Occident», Seuil, 1980.

Fonte: Libération (Le Mag), 31.8.2013, pp. XII-XV. Colons, colonisés, une histoire partagée era o título original. Colons, colonisés, une histoire partagée - Libération

03.09.2013 | por raul f. curvelo | CATHERINE CALVET, colonialisme, Pierre Singaravélou, résistance

Triângulo - brevemente perto de si!

Rio de Janeiro, Luanda, Lisboa: três cidades ligadas por um passado comum passam juntas por uma transformação que mudará a forma como sempre se relacionaram. “Triângulo” é um filme composto por três estórias dirigidas por jovens realizadores de cada país. Explora os novos contornos, segredos e discussões entre as três cidades, através do olhar dos seus novos habitantes: Licínio, um angolano no Rio; Inês, uma portuguesa em Luanda; e Paula, uma brasileira em Lisboa.

……
Produção
Geração 80, Plataforma, Colectivo Tás a Ver? e Vende-se Filmes

Realização
Fernanda Polacow e Juliana Borges (Brasil) / Mário Bastos (Angola) / Filipa Reis e João Miller Guerra (Portugal)

Música: Bande Dessinée - “Setubanalidades” (Filipe Barros/Jr. Black)

02.09.2013 | por martalanca | lisboa, Luanda, Rio de Janeiro

Underground Spiritual Band - TRIBUTO A FELA KUTI

No ano em que se celebram os 15 anos da morte de Fela Kuti, a Underground Spiritual Band propõe-se homenagear o legado e a memória do multi-instrumentista e compositor nigeriano, representante maior do afrobeat (um estilo baseado na fusão complexa de jazz, funk, rock psicadélico e música tradicional africana), cuja actividade transcendeu a fronteira artística, expandindo-se a uma intensa militância política, contra o colonialismo e imperialismo cultural e apoiando a causa dos direitos humanos e o movimento pan-africanista.

Composta por músicos emergentes da cena musical do Porto (vindos de bandas como os Olive Tree Dance, Souls of Fire, Bilan, Semente, Foge Foge Bandido, Tchakare Kanyembe e Hhy & The Macumbas), este ensemble convoca a herança e influência da obra de Fela Kuti na cultura contemporânea, arriscando a revisitação do afrobeat e reactualizando a dimensão hipnótica e vibrante desta música à luz das linguagens musicais actuais, num concerto que é, simultaneamente, uma celebração da história e um gesto de descoberta do futuro.


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Riddim Culture Sound

Colectivo de Selektas, DJs e Toasters formado em 2004. Representam a união entre diferentes origens, culturas e vivências, demonstrando a não existência
de barreiras quando o tema em foco é a música. 
Uma festa com eles basta para se perceber que o gosto é requintado, a fusão
de estilos e rítmos é irresistível. No repertório, para além de temas originais,
trazem na manga temas de Ska, Rocksteady, Roots Reggae, Dub, e World
Music, capazes de fazer dançar a mais céptica das almas. 
Única exigência comum entre eles: Qualidade musical.

21.08.2013 | por martalanca | Fela Kuti

25 Agosto: 1ª Sessão do Ciclo 'Conversas em Volta da Guitarra Portuguesa'- Mural Sonoro

  • 1ª Sessão do Ciclo ‘Conversas em Volta da Guitarra Portuguesa’
  • Tema: Autorias e Composições no Fado
    com: Daniel Gouveia e Paulo de Carvalho
    Moderação: Soraia Simões
    25 de Agosto, 18h
    Parceria: A Muralha - Tasca Típica e Mural Sonoro
    NOTA: Paulo de Carvalho far-se-á acompanhar do Músico Filipe Lucas para fazer demonstrações de guitarra portuguesa de 14 cordas permitindo-lhe ao mesmo tempo dar exemplos cantados acompanhados só por guitarra.

18.08.2013 | por joanapereira | ciclo, guitarra portuguesa, mural sonoro, música

Juventudi Ku Atitudi, no Tarrafal

Jovens MCs de Hip Hop Tarrafal e Biblioteca Municipal de Tarrafal convida a população em geral a participar na palestra sobre os factores que dificultam o desenvolvimento da juventude em particular, e da sociedade em geral, o evento conta com debate aberto sobre a juventude e a sua integração na sociedade, contam com convidados como Jorge Andrade e Emerson Pina. O encontro será realizado Sábado, 17 de Agosto, no salão nobre da câmara municipal de Tarrafal, pelas 17 horas.

Objectivo do encontro:

Debater os problemas que dificultam o desenvolvimento intelectual do homem e da mulher social;

Promover debates a fim de conhecer o nosso tempo e os desafios;

Despertar a juventude a intervir na sua comunidade positivamente para o desenvolvimento;

Conhecer a história da África;

Promover intercâmbio entre jovens de Tarrafal com jovens de outras localidades

contacto da pessoa responsável pelo evento: 9158877

13.08.2013 | por martalanca | cabo verde, juventude

Práticas de criar corpo-acontecimento com Sofia Neuparth - C.E.M. em Agosto LISBOA

dias 3-4-5-6 de Agosto no cem - centro em movimento

Curso Completo: 90€
Corpo Chão:40€ | Anatomia e Fisiologia Experimental: 45€ | Corpo Vertical 40€

PRÁTICAS DE CRIAR CORPO-ACONTECIMENTO é uma proposta de 4 dias intensivos em que, entre as 9:30 e as 15:30 mergulhamos em 6h de  práticas de criar corpo desde a escuta do movimento, ao estudo experiencial de anatomia-fisiologia, à expressão do gesto entre o chão e o céu.
Este curso está desenhado com uma coerência interna, não se tratando de um conjunto de partes, no entanto, e porque me parece que nunca se toca o corpo “todo”, cada prática pode ser acessada independentemente.

NOTA IMPORTANTE: O curso não prevê pausas durante as 6h embora os últimos 5m de cada prática bem como os primeiros 5m da prática seguinte permitam um tempo para o que cada umaum precisar. É aconselhável vir preparado para uma viagem com caderno, caneta,  comida, água ou o que vos parecer bem. 
Corpo-chão  dias 3-4-5-6 de agosto das 9:30 às 11:30Considero corpo um acontecimento. Comecei a estudar as práticas que exercitamos nestas sessões desde que comecei a ensinar dança, no início dos anos 80. Nessa altura eram sessões muito festivas que cada dia ginasticavam a experiência de qualquer pessoa poder saborear a dança. Começávamos sempre de pé porque me parecia que, se chegávamos andando, o melhor era continuar andando, apurando a atenção para a poesia dos gestos que fazemos acontecer só por estarmos vivos. Agora vejo mais a atmosfera que cada umaum produz nesse momento e deixo que a aula se concretize por entre essas invisibilidades. Nunca sei à partida o que vou dizer ou que prática vamos exercitar, mantenho-me rigorosamente afinada com o que vai aparecendo.
Sempre me interessou tecer. Aceito que o corpo que vou sendo tem buracos, aceito que alguns desses buracos são a própria renda que me faz corpo-sofia. Não aceito a negligência e o abandono. Não aceito boicote ao sabor da dança. O encontro entre os tecidos do corpo, os tecidos do chão ou do ar parecia-me, e ainda parece, um evento fascinante. A criação de formas que se vão fazendo corpo a partir da escuta da relação com o expandir-contrair, adensar-desajuntar, afundar-levitar foi a primeira pergunta que me desassossegou, e ainda desassossega, momento a momento. A elasticidade da atenção acompanha a elasticidade do gesto, é possível que alguns desses tais buracos ou outros lugares por onde não passa movimento me peçam anos e anos para se tecerem, outros realinham-se numa manhã. Apurar a escuta do corpo-acontecimento implica não me isolar do som, da temperatura, da luz, da relação entre a geografia do corpo e geografia da cidade. Assim, cada encontro da manhã abre espaço por entre as paisagens do corpo, deixar passar movimento, descomprime tensões fixadas onde o movimento não passa, escuta os mapas de linhas-manchas-deslizamentos-torções-embalos-encaracolamentos. A escuta é movimento.
É um trabalho sem princípio nem fim que celebra a continuidade que vibra em começar. -este trabalho é aberto a qualquer pessoa que queira dispor-se a ouvir os movimentos que criam o corpo que vamos sendo, sem pressa. Anatomia e fisiologia experiencial dias 3,4,5 6 de agosto das 11h30 às 13h30 Estudar Corpo a partir da dança lado a lado com outras formas de conhecimento como a biologia tem sido um lugar muito rico no percurso de investigação. Não nos interessa conhecer o corpo para o controlar ou dominar, interessa-nos antes caminhar com a descoberta de quem vamos sendo desta vez entrando no micro universo da célula ou na dança dos componentes que formam tecidos, órgãos ou sistemas. Passear por um mapa do corpo que considera o transito dos fluidos, por um outro que aborda a vida do osso, por um outro que se aproxima da elasticidade dos músculos ou da presença de uma “membrana” de tecido que envolve cada vaso sanguíneo, cada músculo, cada osso, cada órgão, encontrar a especificidade de cada articulação, a nossa capacidade de regeneração, a pertinência na comunicação entre cada partícula que nos compõe é, pelo menos, uma aventura! e tudo isto ainda desenhando, dançando no espaço e conversando, parece-nos um convite precioso.-é um curso trabalhado de forma simples, destinado a quem se inicia no estudo do corpo e do movimento ou a quem já anda nestas danças há uns tempos e vai percebendo que estamos sempre no princípio …  Corpo-vertical   dias 3,4,5,6 de agosto das 13h30 às 15h30Cada forma de vida se faz forma exercitando a vida. É evidente que a medusa se relaciona com as forças de movimento de maneira diversa que o coqueiro, a girafa, o tamboril, a lesma, o gato ou o gafanhoto…é evidente que a lista de diversidades seria interminável…parece-me espantoso como as formas se apuram tão diferentemente!
Quando passamos do ambiente aquático ao ar, aquilo que era cartilagem vai-se fazendo osso na dança de empurrar e puxar, na ginástica de se fazer forma por entre as forças que puxam para o centro da terra ou para as nuvens. Os últimos tempos em que habitamos a barriga da nossa mãe estamos tão apertados e encaracolados que parece não ser possível apertar mais….mas é! ainda falta atravessar um canal estreito onde nos encolhemos ainda mais em espiral. E levamos todo o caminho de estar vivo nessa dança de esticar, encolher, espiralar…
A vertical é um mistério!
Só em desequilíbrio é possível conceber a engenharia humana! A estabilidade dos nossos corpos é a própria dança, desde os micro ajustamentos que praticamos para estar de pé em quietude, aos balanços-pressões-molas que se fazem acções como andar, correr, rodopiar.
Este trabalho percorre histórias de movimento que nos nossos corpos se fazem gestos. Viagens do fumo do corpo. Escutando linhas específicas, dançamos acordes, combinações de acordes e até sinfonias. -este trabalho requer experiência de movimento e prática de trabalho de corpo.

 

através do site http;//www.c-e-m.org  
e do facebook 
https://www.facebook.com/centroemmovimentodelisboa 

30.07.2013 | por martalanca | corpo, movimento