Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Universidade Nova de Lisboa 9 a 13 de Abril de 2013
Centro de História da Cultura da Universidade Nova de Lisboa (CHC) Núcleo de Investigação em Ciências Políticas e Relações Internacionais da Universidade de Évora (NICPRI.UÉ) Sociedade Portuguesa de Estudos do século XVIII (SPESXVIII)
Temas:
Tráficos e políticas económicas Vivências sociais e estatutos jurídicos Abolicionismos e permanências Igreja e sociedades coloniais Mestiçagens História e ficção Leituras iconográficas e referências artísticas Problemáticas culturais História da Escravatura
Oradores Confirmados:
Adriana Dantas (Univ. Estadual de Feira de Santana) Título da Comunicação: “Libertos e pessoas de cor na Bahia século XVIII, algumas trajectórias”.
Alberto de Carvalho (Faculdade de Letras, Univ. Lisboa) Título da Comunicação: “A narrativa (romântica) do negro em O Escravo de José Evaristo de Almeida”.
Amândio Jorge Morais Barros (CITCEM, Univ Porto/Instituto Politécnico do Porto) Título da Comunicação: “Os mercadores do Porto e o tráfico atlântico de escravos”.
Ana Hatherly (CHC, Univ. Nova de Lisboa). Título da Comunicação: A indicar
Ana Maria Ramalhete (IELT, Univ. Nova de Lisboa) Título da Comunicação: “Do exilado político e do escravo: confluências em Mário de Silva Gaio”.
Ana Paula Tavares (escritora) Título da Comunicação: A indicar
António de Almeida Mendes (Univ.Nantes – CRHIA, CIRESC - EHESS) Título da Comunicação: “Escravidão e ‘raça’ em Portugal: perspectivas de trabalho”.
Antonio Fuentes Barragán (Univ. de Sevilha) Título da Comunicação: Entre la opulencia y el prestigio: grandes propietarios de esclavos en el buenos aires del siglo XVIII.
António Manuel de Andrade Moniz (CHC, Univ. Nova de Lisboa) Título da Comunicação: Dois Olhares sobre a Escravatura no Século XVI.
António Martins Gomes (CHC, Univ. Nova de Lisboa) Título da Comunicação: “ Bárbara e Jau: A escravatura em Camões
Arlindo Caldeira (CHAM, Univ. Nova de Lisboa) Título da Comunicação: “A guerra do mato. Resistência à escravatura e repressão dos fugitivos na ilha de São Tomé Séculos XVI-XVIII”.
Augusto José Moutinho Borges (Instituto Politécnico da Guarda) Título da Comunicação: “Negros na azulejaria: figurações duma minoria através da arte (Séculos XVII-XIX)”.
Carlos Almeida (Instituto de Investigação Científica Tropical) Título da Comunicação: “Dos escravos que se compram e vendem no Reino do Congo e como podem os cristãos ser vendidos depois de baptizados; Discursos missionários sobre a escravidão e o tráfico na região centro-africana”.
Carlos Engemenn (Univ. Salgado de Oliveira, Niterói, Rio de Janeiro) Título da Comunicação: “Do mercantil ao religioso: algumas reflexões sobre a escravidão do clero na América e sua catequese”.
Lisbon, treasure room of old grandeur as a former capital of globalization avant la lettre, always scoring high in the charts with most popular city trip destinations in Europe. But also a backdrop for plague and hunger, of earthquakes and tsunamis, nowadays one of the epicenters of the economic shockwaves that rock the continent. A pigg capital, a laboratory for new socio-economic realities. An ethnic melting pot in Southwest Europe -or was it North Africa, or maybe Northeast Latin America? - where racial and ethnic tensions seem less present (at least less visible) than in other western urban agglomerations. Where community perhaps still means something. A city of emigrants, immigrants and nomads, circumscribed by very volatile and porous borders: between nature and culture, between water and land, between modernity and tradition. A city of poets and surrealists, where the revolution bears the name of a flower, the cemetery is called ‘Pleasures’, where the walls speak -more eloquently than anywhere else perhaps - of agony and dreams of then and now.
Welcome to the City Lab Lisbon
É este o preâmbulo que assinala a chegada do City Lab a Lisboa. É um projecto em rede, mobilizado peloFestivals in Transition que conta com a participação de várias estruturas e artistas de cidades europeias, e que dá conta da crescente importância do ambiente urbano e das cidades como espaço de manifestações do mundo contemporâneo.
Em cada City Lab, os artistas convidados propõem trabalhos baseados nas experiências vividas em cada cidade. Depois de Utrecht, Riga, Maribor, Munique e Derry-Londonderry; chega a vez de Experimentar em Lisboa com acolhimento do Alkantara.
Monday April 8 | The Insatiable Tourist. 07.30am
Meeting point at Metro Baixa-Chiado Breakfast, Lunch & Dinner together Sunrise and breakfast on the Castelo. Traveling via the highlights of touristic Lisbon through space and time. A relay race of guides, up to a point of touristic overdose, a sort of flip book of postcards. The full Lisbon in 12 hours, from the birth of a nation till the world expo 1998. Sunset on a boat crossing the river to have diner on the south bank.
Tuesday April 9 | Backyard silence. 11am
Meeting point at Metro Baixa-Chiado Lunch together in Bairro de Santa Filomena Night off. A walk through the hills on the backside of the city, starting with lunch in Santa Filomena, descending through the ‘non-lieus’ of suburban Lisbon to Amadora. The anti-tourist (or was it a slum tourist?), in a slow, strolling rhythm and no landmark in sight. We end the day in the late afternoon with a meeting with the company BERLIN. They already made a series of portraits of cities and are now working on a project about Lisbon.
Wednesday April 10 | City of Nomads. 10 am
Meeting point at the Parliament Off from 12pm to 6pm 6pm – Meeting point at Metro Baixa-Chiado Morning session in the fabulous Mãe d’Água water reserve with Urândia Aragão, a young artist working on the notation of movement, conceptual maps and scores, aiming to develop a ‘cartography of an experience’. Afternoon off, followed by dinner in a community house in the Curraleira neighborhood, and a meeting with representatives of the gipsy community. Fado.
Noite Temática 20:00 – Jantar tradicional Sujeito a inscrição prévia por e-mail ou telefone Contribuição: 13 moz (entrada, prato principal e sobremesa. Não inclui bebidas)
22:00 – Poesia e Música com Malenga e convidados Entrada: 3 moz
Lançamento do livro (Romance) “Finhani – O Vagabundo Apaixonado” de Emílio Lima, pela Corubal e a Chiado Editora, no Centro Cultural Franco Bissau Guineense. Sexta-feira, 12 de Abril de 2013 | 17h00
(…) Imagine como pode terminar uma aventura transcontinental, por um corpoprofundamente agoniado, corroído pela ganância e brutalidade dos homens e,consumado pelas balas de canhões?
Foi assim que nasceu a ilusão do Finhani Pansau Kam-mecé, em emigrar paraEuropa, só com a roupa de corpo, após ter visto a casa e a família que construiucom muito amor e suor transformarem em escombros e fragmentos de sonhos (…) Inspirado no poema “Vagabundo Apaixonado”, este romance transpira histórias verídicas. Traz à luz do dia a problemática da delinquência juvenil nos subúrbios… da escravatura moderna, perpetrada pelos grupos de mafiosos e traficantes que operam entre a Europa, América do Sul e África.
Para quaisquer dúvidas, esclarecimentos adicionais, não hesite em contactar: Lisboa: 969432876 | miolindo@hotmail.com – Emílio Tavares Lima Bissau: 00245 5917716 | corubalgb@gmail.com - Miguel de Barros
Village, Monoswezi’s debut album, is a collection of rearranged Zimbabwean traditional songs blended with a cool Nordic edge. With members hailing from Mozambique, Zimbabwe, Norway and Sweden the boundary-crossing band’s sound is entirely unique. Articulated mbira rings out atop colourful woodwind and the gentle rhythm section.
Num projecto comissionado pelo The Goethe Institute, “10 Cities” serão palco, até 2014, de uma experiência multicultural única que juntará músicos e produtores de música electrónica e cultura club (5 cidades europeias e 5 africanas).
Depois de Angola, Lagos e Joanesburgo, Nairobi será a próxima cidade onde a música electrónica europeia, e a cultura club em geral, representada pelos portugueses Octa Push e Batida, vai interagir com bandas locais, de 14 de Abril a 1 de Maio, com o objectivo de produzirem temas em conjunto, que serão reunidos posteriormente numa compilação.
Durante estas duas semanas de intensa cooperação e produção musical, decorrerão ainda DJ sets, live-acts e concertos pela capital queniana.
Deste projecto constam os produtores europeus e africanos: Diamond Version (Alva Noto e Byetone), Gebrüder Teichmann, Jahcoozi, Pinch, Rob Smith, Dirty Paraffin, Vakula, Dubmasta, Wura Damba, Oboyega Oyedele, Djeff, DJ Satellite, Just A Band, Camp Mulla, Marco Messina, Lucio Aquilina e claro, Octa Push e Batida.
Tudo isto acontece pouco antes do álbum de estreia dos Octa Push ser editado, em Junho, pela inglesa Senseless, cujo primeiro single, “Françoise Hardy” (clicar para ouvir), conta com a participação do vocalista dos Youthless, Alex Klimovitsky.
Música ritual japonesa, sons clássicos, espaço arquitectónico, improvisação, funk – elementos que se entrelaçam metodicamente, porém de forma artística e harmoniosa, pelo quarteto suíço Nik Bärtsch’s Ronin.
A banda Ronin, constituída em 2001 e liderada pelo compositor e pianista Nik Bärtsch, natural de Zurique, é dotada de um som idiossincrático forte. Com o baterista Kaspar Rast, Sha nos clarinetes baixo/contrabaixo e sax alto e Thomy Jordi no baixo. Cada membro do grupo dispõe de enorme controlo e visão não só em relação aos sons que ele próprio produz mas também às sonoridades que surgem da combinação com os restantes instrumentos. É aqui que os instrumentos se fundem como componentes de uma orquestra sinfónica, ao mesmo tempo que acompanham a visão estética da música ritual groove. Com uma presença irresistível no palco, e distinguida pelo Wall Street Journal como um dos seis melhores espectáculos ao vivo em 2011, a Ronin conta agora com o apoio da Pro Helvetia, a Fundação Suíça para a Cultura, para fazer chegar ao Cape Town Jazz Festival, Joanesburgo, Durban, Suazilândia e Moçambique a energia hipnotizante que caracteriza as suas actuações ao vivo. A banda oferecerá ainda vários workshops que se realizarão em locais seleccionados. “Isso demonstra bem a versatilidade e a franqueza da chamada música moderna que não se impõe limites mas visa talvez romper as fronteiras existentes.” Hans-Jurgen von Osterhausen, Jazzpodium (Alemanha). CIDADE DO CABO Sexta, 5 de Abril de 2013 | 19h00 Cape Town International Jazz Festival Cape Town International Convention Centre Moses Molelekwa Stage Ingresso de um dia R440 www.capetownjazzfest.com Workshop: 6 de Abril | 16h00 Sala VOC, 3º Andar, Cape Sun Por inscrição JOANESBURGO Segunda, 8 de Abril | 19h30 The Music Room, 8º andar do Edifício University Corner, Universidade Wits, Jorrisen Street, Braamfontein. R50 Bilhetes à venda no local; entrada livre para estudantes. Estacionamento subterrâneo disponível no Edifício University Corner. Entrada localizada na Jorrisen Street DURBAN Quarta, 10 de Abril de 2013 | 18h00 The Centre for Jazz and Popular Music Campus Howard College da UKZN Estudantes R10 | Pensionistas R20 | Adultos R35 MALKERNS Suazilândia Quinta, 11 de Abril | 20h00 House on Fire, Malandela’s Complex Malkerns E 70 Bilhetes à venda no local www.house-on-fire.com MAPUTO Moçambique Sábado, 13 de Abril | 20h30 Centro Cultural Franco Moçambicano – Auditório CCFM Avenida Samora Machel, 468 Maputo Público em geral 250 Mt, Membros do CCFM 150Mt www.ccfmoz.com
Muholi won the Index Arts award, for which she had been nominated alongside Russian punk group Pussy Riot, Saudi Arabian filmmaker Haifaa al Mansour, and Indian cartoonist Aseem Trivedi.
The Index Awards are, according to the organizers, ‘an extraordinary celebration of the courageous and determined individuals around the world who have stood up for free expression, often at great personal risk’. Dedicating the award to two friends who were victims of hate crimes and later succumbed to HIV complications, Muholi said: ‘To all the activists, gender activists, visual activists, queer artists; writers, poets, performers, art activists, organic intellectuals who use all art forms of expressions in South Africa. The war is not over till we reach an end to ‘curative rapes’ and brutal killing of black lesbians, gays and transpersons in South Africa.’
According to The Guardian, CEO Kirsty Hughes said: ‘Zanele has shown tremendous bravery in the face of criticism and harassment for ground-breaking images which include intimate portraits of gay women in South Africa, where homosexuality is still taboo and lesbians are the target of horrific hate crimes. She has won the award both for her courage and the powerful statements made by her work.’
Born in Umlazi, Durban, in 1972, Muholi describes herself as a ‘visual activist’, presenting positive imagery of black lesbians and transgendered persons through her work. Her series of black and white portraits, Faces and Phases, was exhibited at Documenta 13 in 2012, as was her documentary, Difficult Love, which has been shown to acclaim at festivals around the world.
Works from Muholi’s Faces and Phases series are currently on exhibition at Yancey Richardson Gallery in New York, through 6 April.
O FESTin – Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa está de volta ao Cinema São Jorge, em Lisboa, para a sua quarta edição.
Entre 3 e 10 de abril serão exibidos 77 filmes, entre 24 longas e 53 curtas-metragens (ficção, documentário e animação), provenientes de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe.
Entre as novidades desta edição, destaque para uma homenagem ao cinema de Angola e para uma maratona de documentários, no dia 8 de Abril, onde serão exibidos oito filmes, entre longas e curtas-metragens.
alguns lembretes:
QUARTA, 3 DE ABRIL
O GRANDE KILAPY Angola/ Portugal/Brasil, 2012, 100 minutos, Ficção Realização: Zezé Gamboa Com: Lázaro Ramos, Pedro Hossi, João Lagarto, Patrícia Bull, Adriana Rabelo, Sílvia Rizzo, Hermila Guedes, São José Correia
Horário: 3 de abril | 21h30 | Sala Manoel de Oliveira
Sinopse: Joãozinho é um vigarista com uma profunda ética de amizade, bon vivant a todo o custo, é uma pessoa simples e que vive indiferente às contingências de vida numa colónia portuguesa. Por forças das circunstâncias Joãozinho acaba por se tornar uma personagem incómoda e subversiva para o regime colonial português.
NOS TRILHOS CULTURAIS DA ANGOLA CONTEMPORÂNEA Angola, 2010, 58 minutos, Documentário Realização: Dias Júnior Com: Orlando Sergio
Horário: 4 de abril | 22h00 | Sala 3
Sinopse: Produzido no âmbito da série DOCTV-CPLP, que apresentou ao público nove documentários inéditos produzidos nos países da CPLP e em Macau, este documentário traça os trilhos da linha entre o passado, o presente e o futuro de uma linha férrea de importância extrema que atravessa Angola de leste a oeste. Em 50 minutos, o documentário, que levou 16 dias de rodagem e seis meses de produção, centra a sua ação no troço Lobito/Cubal (ambos municípios de Benguela), num percurso de aproximadamente 153 quilómetros.
Sinopse: Este documentário retrata e valoriza algumas etnias do sul de Angola com destaque para os subgrupos do grupo Hereros, que mesmo com os quinhentos anos de colonização e de imposição religiosa, mantiveram-se firmes na conservação da sua cultura ancestral, a mesma que faz parte do acervo de culturas desta imensa Angola. A sua interação com outros grupos bantus, o confronto permanente durante a transumância e a sobrevivência do gado são também problemas abordados nesta obra.
MANIFESTO DAS IMAGENS EM MOVIMENTO Moçambique, 2012, 5 minutos, Documentário Realização: Diana Manhiça Horário: 6 de abril | 18h00 | Sala 3
Sinopse: Originalmente editado como um manifesto do KUGOMA para a introdução da seção de Arquivos de Imagens em Movimento do festival, em 2012, as imagens filmadas por Diana Manhiça e Ilda Abdala durante a remoção de caixas e películas irrecuperáveis do acervo do INAC (Instituto Nacional de Audiovisual e Cinema), em Maputo, foram cruzadas com registos do Simpósio do Festival Dockanema de 2010, e excertos de entrevistas do Projecto “Fora de Campo” de Catarina Simão. O contexto é definido por elemento textuais, da Declaração sobre a Conservação e Preservação do património Audiovisual da UNESCO, de 1980.
SEGUNDA-FEIRA, 8 DE ABRIL
BAFATÁ FILME CLUBE Portugal/Guiné-Bissau, 2011, 77 minutos, Documentário Realização: Silas Tiny.
Horário: 8 de abril | 15h30 | Sala 3
Sinopse: Em Bafatá, na Guiné-Bissau, Canjajá Mané, antigo operador de cinema e guarda do clube da cidade, repete os mesmos gestos há cinquenta anos. Mas atualmente o cinema está fechado e não existem espectadores. Dos seus tempos como trabalhador do clube até aos nossos dias, restam apenas recordações. Na cidade, somente as pedras, árvores e o rio resistiram à erosão do tempo. E com eles, algumas pessoas, que ficaram para perpetuar na memória do mundo e dos homens, que ali já viveu gente. São essas pessoas por quem Canjajá procura e espera pacientemente até hoje.
Chego a Viena numa sexta à noite. A cara do taxista diz-me que o seu país de origem poderá ser algures no Médio Oriente. Não fala inglês, por isso, não podemos falar. Alguns minutos mais tarde atende uma chamada. Oiço-o falar turco. “So, you´re from Turkey?”, pergunto quando desliga. Olha para mim através do retrovisor surpreendido e pergunta-me (provavelmente): “Percebe turco?”. Digo-lhe “Yunanistan” (“Grécia” em turco). Olha para mim ainda mais surpreendido e exclama: “You?! Yunanistan?!”. E continua em inglês: “Me, you, no problem, no problem.” Sorrio: “No problem”, digo-lhe. Quando chegamos ao hotel, agradeço-lhe em turco. Parece estar contente.
………………………………… Estou em Viena para um workshop sobre racismo e consciência cultural, financiado pelo Grundtvig, o programa da União Europeia de aprendizagem ao longo da vida – começa na segunda. A formadora principal é uma mulher preta que parece ser dinâmica e muito autoconfiante. Os participantes vêm da Bulgária, Roménia, República Checa, Polónia, Alemanha, Irlanda, Holanda, Reino Unido, Espanha e Turquia. Pessoas pretas e brancas – ou uma espécie de pretas e uma espécie de brancas – muitas originárias de países diferentes daqueles onde hoje residem, pessoas de várias idades e áreas, reunidas em Viena para debaterem o racismo. É-nos pedido para falarmos das nossas expectativas face ao workshop. Digo-lhes que espero que as minhas ideias sobre o racismo sejam desafiadas, que o meu pensamento se desenvolva, porque sei que nenhum de nós se considera racista, mesmo assim, poderíamos ficar surpreendidos. Um pouco mais tarde, é-nos dada pela formadora uma definição do racismo: “Racismo é discriminação com poder numa sociedade dominada pelos brancos.” Esta definição não me deixa confortável. - “Vê o racismo hoje em dia como algo que apenas os brancos fazem contra os pretos?”, pergunto. - “Não sou eu que o estou a dizer”, responde a formadora, “é assim que tem sido definido.” E nesse momento, com aquele género de resposta, sei que a semana que temos pela frente será mais complicada e menos interessante do que tinha antecipado. Mas desafiante, mesmo assim. São várias as razões porque esta experiência me deixou profundamente preocupada e desiludida, para além de me fazer sentir desconfortável. Em primeiro lugar, ao longo da semana, fomos bombardeados com afirmações (algumas delas sendo sérias imprecisões históricas), raramente, ou melhor nunca, fazendo referência a qualquer fonte bibliográfica e sem espaço para serem discutidas: assim, foi-nos dito que deveríamos esquecer os filósofos Gregos antigos e o seu contributo para a cultura europeia e mundial, porque tinham sido vistos no Egipto (só isso, “tinham sido vistos”); que Heródoto tinha feito a descrição de Cleópatra como tendo traços africanos (como, se viveu cinco séculos antes dela?); que Alexandre o Grande incendiou a biblioteca de Timbuctú (bem, acho que não se aventurou por esses lados); que os médicos hoje fazem um juramento escrito por um médico egípcio (mmm… será de Hipócrates que estamos a falar?). Em segundo lugar, havia uma determinação em fazer calar qualquer pessoa, preta ou branca, que estaria a tentar colocar o racismo numa perspectiva mais contemporânea, mais ampla. Era-nos dito que este não era o tema do workshop ou os nossos comentários e questões provocavam risos irónicos ou respostas agressivas, uma vez que o nosso desejo para haver debate era visto como uma tentativa de minimizar a seriedade do racismo dos brancos contra os pretos a fim de lidarmos com a nossa “culpa de brancos”. Os argumentos para apoiar esta tese continuavam a chegar. Num passeio pela cidade (chamado “Black Vienna” no programa do workshop), uma jovem mulher preta – que vive na Áustria desde os 2 anos e que tem hoje nacionalidade austríaca – partilhou a história da sua participação numa peça de Tennessee Williams, fazendo de empregada (um papel típico reservado a actores pretos, disse-nos). Sentiu-se desconfortável com o uso da palavra “nigger” (preto) no texto de Williams. Queria que fosse substituída (vamos ver: teria ficado satisfeita se tivesse mudado um texto escrito nos anos 50 que apresentava uma história no sul dos EUA, onde um personagem branco (provavelmente racista) que queria rebaixar um preto usasse talvez o termo “african american” em vez de “nigger”? E talvez a criada devesse ser interpretada por uma actriz branca? A sério, é assim que se vai combater o racismo?). Depois disto, continuando o nosso passeio, fomos levados ao parque da cidade e foi-nos mostrado o local onde um jovem preto tinha sido atacado pela polícia com enorme gravidade (presumivelmente por ser preto), onde a ambulância demorou séculos para chegar, resultando o incidente na morte do jovem (umas semanas antes tinha ocorrido em Salónica, na Grécia, um incidente bastante parecido, quando a polícia não gostou do aspecto “anarquista” de um jovem – branco…).
A aparente incapacidade da comunidade preta de Viena em se organizar para lutar pelos seus direitos e para partilhar de forma mais ampla as suas preocupações com a sociedade vienense deixou-me também apreensiva e algo surpreendida. Foi-nos contada a história de Angelo Soliman, um homem preto que chegou a Viena no século XVIII e era muito respeitado pela sociedade local e um companheiro do imperador pela sua inteligência e vastos conhecimentos e até se casou com uma mulher branca… para depois da sua morte ser embalsamado e exposto no Museu de História Natural. Uma exposição do Museu de Viena sobre Soliman uns anos atrás foi severamente criticada pela nossa guia, pela forma como representava as pessoas de África, mas, aparentemente, não houve nenhuma reacção oficial da comunidade preta (mais sobre a exposição aqui). Mais tarde, quando perguntámos que tipo de associações tinham para serem representados na sociedade austríaca e nas suas relações com o Estado austríaco, foi-nos dito que este género de associação não era possível, uma vez que a maior comunidade africana era da Nigéria e as pessoas pertencem a tribos diferentes e no passado rivais… Como pode ser que sejam todos “um” (“pretos” ou “africanos”) quando atacados ou discriminados, mas que as tribos se metam no caminho quando é suposto organizarem-se? Por último, uma outra razão de preocupação: a óbvia raiva e igualmente óbvia incapacidade (ou falta de vontade) de colocar as coisas numa perspectiva diferente. Quando foi mencionado o caso de Zimbabwe, e concretamente a forma como os brancos tinham sido tratados pelo governo de Mugabe, foi-nos dito que tinha sido feita justiça. Os pretos viviam lá desde sempre, os brancos chegaram depois, por isso, mesmo que nasçam e cresçam naquele pedaço de terra há décadas, não lhes é permitido chamá-lo “seu”… Por outro lado, jovens que hoje em dia são oficialmente Austríacos (pretos) – depois de terem vivido durante alguns anos no país – reclamam furiosos contra o racismo e a discriminação austríacos. Estão convencidos (ou preferem pensar, para poderem continuar a alimentar a sua raiva) que qualquer coisa que aconteça a um preto é porque é preto. Não estou a negar este género de racismo – ao contrário, se o estivesse a fazer, não teria ido a Viena -, mas nas suas repetidas tentativas de nos fazer ver uma vítima preta, alguns de nós víamos simplesmente uma vítima: um pobre, uma mulher, um homossexual, um cigano… Fiquei muito impressionada quando um participante do Senegal, que vive hoje em Barcelona, nos disse que, quando um rapaz do Senegal foi assassinado por ciganos (que estavam a gritar “mata o preto”…), a comunidade recusou-se a ver este incidente como um crime racial e concentrou-se no crime, no homicídio que deveria ser punido. Tinha sido uma opção consciente para evitar virar uma comunidade contra a outra. O homicídio tinha sido visto como um homicídio. E sinto que este poderá ser o caminho. Considerando que existe apenas uma raça, a raça humana, o racismo hoje em dia para mim só pode ter um significado metafórico. É discriminação com poder (independentemente da cor do discriminado e de que detém o poder). Numa entrevista com Mike Wallace, Morgan Freeman considerou o Black History Month “ridículo”, recusando-se a ver a sua história reduzida a um mês. Quando o jornalista lhe perguntou “Então, como vamos ver-nos livres do racismo”, simplesmente respondeu:“Parem de falar sobre issoVou parar de te chamar branco e vais parar de me chamar preto. Sou Morgan Freeman para ti, e és Mike Wallace para mim.” …………………………………. No final da semana, esperando pelos nossos voos no aeroporto – quatro de nós, pretas e brancas de diferentes origens – estamos a falar de viagens e depois das companhias low cost e dos seus serviços. Uma de nós, preta, conta-nos a história da sua tia que vinha para a Europa com a Easyjet e foi-lhe dito para esperar algures para fazer o check-in, tendo sido “esquecida” propositadamente e obrigada a comprar um bilhete novo. “Estão a ver, é o que fazem aos Africanos”.
MOSCA – The Cambuquira Short Film Festival - is focused on the diffusion of Brazilian and foreign audio-visual productions, as well as promoting a critical film-going public. The festival program includes Brazilian films screening, special programs of foreign movies, debates, workshops, exhibitions, children’s activities, a bar-restaurant and a travelling outreach festival. Since 2005, MOSCA has been contributing to the revival of film-going rituals in this small town, while also providing and expanding cultural and artistic opportunities for the local population.
DATES AND VENUE
MOSCA 8 will unfold from 10 – 14 July, 2013, in the Brazilian town of Cambuquira, located in the south of Minas Gerais, and otherwise renowned for its naturally mineral springs. The festival is warmly held at Cine Elite - an old city cinema that had been closed for about 20 years, but which in 2001 was lovingly restored by the cultural institution “Espaço Cultural Sinhá Prado”.
The venue and the town share a charming and idiosyncratic architecture, with calm and serene walking streets. This video, made for MOSCA 7, gives a glimpse of Cambuquira’s beauty and attraction:http://vimeo.com/44820975#at=0
After the primary festival in July, MOSCA continues its work with a travelling outreach festival, spreading the film-going spirit to other communities.
Service: 8th CambuquiraShort Film Festival – MOSCA 8
Place: Espaço Cultural Sinhá Prado – Av. Virgílio de Melo Franco, 481 – Cambuquira-MG / Brazil
Date: 10 to 14th of July, 2013
Realização: Associação Comercial Educacional e Cultural Sinhá Prado Guimarães and Ministério da Cultura.
Próximo fim de semana traz a última oportunidade para baianos conferirem a peça que há 2 anos faz sucesso em todo o Brasil.
Está chegando ao fim a temporada de Namíbia, Não! em Salvador. A montagem faz seu último fim de semana no Teatro Sesc Casa do Comércio (Caminho das Árvores), sábado e domingo, dias 30 e 31 de março, às 21h e 20h, respectivamente. No mês de maio, a convite da Funarte, segue para 3 apresentações na Cidade do Porto, pelas comemorações do “Ano do Brasil emPortugal”.
“Temos viajado pelo país com a peça, mas realizar a temporada de comemoração dos dois anos de em Salvador, cidade onde esse esptáculo nasceu, tem um sabor especial. O público baiano pôde rever a história, e aqueles que ainda não tinham prestigiado essa comédia reflexiva, têm uma nova oportunidade. A temporada ainda contou com a novidade de trazer o ator Sérgio Menezes, amigo e parceiro de outros espetáculos, que entrou no projeto Namíbia, Não! com toda garra e talento. Que venha o terceiro ano, com as novidades que o tempo nos dará!”, declaraAldri Anunciação,ator e autor do texto do espetáculo.
Jamile Amine/Comunika PressO argumento parte da seguinte situação hipotética: o ano é 2016 e o governo brasileiro decreta que todos os cidadãos de melanina acentuada sejam deportados para um país da África. Com humor e inteligência, a partir do confinamento de 2 primos em um apartamento por causa desta absurda Medida Provisória, o espetáculo provoca uma discussão sobre a situação do negro no Brasil atual.
Namíbia,Não! é dirigida por Lázaro Ramos, estreou em março de 2011 no Teatro Castro Alves, em Salvador, e já se apresentou em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza e Brasília. Desde o seu lançamento contabiliza mais de 35 mil espectadores.
Desde sua estreia Namíbia,Não! tem acumulado importantes consagrações, validando sua qualidade artística. Contemplada com os Prêmios Braskem de Teatro 2011 e Myryam Muniz 2010, ambos na categoria Melhor Texto (autoria de Aldri Anunciação), recebeu recentemente o Prêmio Portal R7 de Melhor Texto de Teatro em 2012, escolha que deu-se através de votação popular, tendo mobilizado mais de 100 mil votantes.
O texto Namíbia, Não!, de Aldri Anunciação, foi tema de palestra em Colóquio Internacional Sobre Literatura Brasileira Contemporânea realizado em parceria pela Freie Universität de Berlin, Université Paris-Sorbonne (França) e Universidade de Brasília, em Berlim, dias 11 e 12 de março, na Alemanha. Neste evento, a dramaturgia negra brasileira foi objeto de estudo e teve destaque no exterior. Em breve, Namíbia, Não! poderá ser traduzida e publicada em alemão.
O Regresso da Poesia às Noites Crioulas do Poço dos Negros Programa: 19:00 - Apresentação do livro “Espicilégio/Antologia nº 1”, de Kwame Kondé seguido de recital de Poesia 20:30 - Jantar tradicional de Cabo Verde Sujeito a inscrição prévia por email ou telefone (até dia 29) Ementa: Linguiça frita; feijoada de feijão pedra; pudim de queijo Contribuição (jantar + concerto): 13 crioulos (não inclui bebidas) 22:00 - Música ao vivo na voz e violão de PALÓ Entrada: 3 crioulos Marcações: Tel: 21 820 76 57 | info.interculturacidade@gmail.com Travessa do Convento de Jesus, 16 A, 1200-126 Lisboa
“a Pequena Galeria” abriu ao público na quinta-feira dia 21 de Março com a exposição Salão #1 (Inauguração) apresentando obras de Ágata Xavier, António Júlio Duarte, Augusto Cabrita, Carlos M. Fernandes, Carlos Oliveira Cruz, Céu Guarda, Filipe Casaca, Guilherme Godinho, Jordi Burch, José Cabral, José M. Rodrigues, Mário Cravo Neto, entre outros. “a Pequena Galeria” é um projecto colectivo que ocupa um pequeno espaço de exposição, informação e comercialização de arte, tendo a fotografia como interesse preponderante. Pretende ser um lugar diferente, à procura de novas fórmulas de produção e distribuição, atento às actuais condições do mercado e decidido a promover o coleccionismo.
Os seus fundadores - Carlos M. Fernandes, Guilherme Godinho, Carlos Oliveira Cruz, Alexandre Pomar, Bernardo Trindade, Luís Trindade e Ágata Xavier - associam diversas experiências e relações com a arte e a fotografia, nos campos da criação, da crítica e investigação, da edição e também nas áreas do comércio livreiro e da realização de leilões. O nome que escolhemos recorda a história e a ambição de The Little Galleries of the Photo-Secession, a galeria fundada em 24 de Novembro de 1905 por Alfred Stieglitz e Edward Steichen. A inauguração decorre nos dias 21 (18-21h.), 22 (18-24h.) e 23 (16-21h.) de Março. Horário da galeria (a partir de dia 27 de Março): Quarta - Sexta: 18:00 - 20:00 Sab: 16:00 - 20:00 Endereço | Avenida 24 de Julho 4C, Lisbon, PT. Tel. | 218 264 081 facebook
A última apresentação de Nástio Mosquito na Europa, este ano, será transmitida ao vivo na Internet; Live Stream. Hoje às 23H (hora Alemã) Nástio apresenta “African? I Guess.”, pela útima vez, naHAUS DER KULTUREN DER WELT em Berlim, Alemanha.
A DZZZZ ArtWork convida aqueles que não estão em Berlim a juntarem-se a nós e, quem tem amigos, família, cães, gatos e pássaros em Berlim enviem-nos na nossa direcção!!
[Trabalhos feitos em colaboração com BOFA DA CARA, Jorge Palma, Kennedy Ribeiro, Pedro Rocha, Gabi Ngcobo entre outros farão parte da performance.]
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DZzzz - less a name than a sound – Cucumber Slice, African, conqueror, philosopher, businessman. Whoever dwells a while in the universe of Angolan artist Nástio Mosqutio, finds himself without ground under his feet: a plethora of names, voices and possible identities. Mosquito‘s form is the monologue, subtle spoken word poetry, as surreal as it is ironic. “My mother calls me António Nástio da Silva Mosquito always followed up by ‘I’ve warned you!’” he introduces himself.
At the beginning of his performance African? I Guess in Karlsruhe Mosquito talks, whispers, yells invisibly from the darkness. As I watch the show, I can’t help thinking of the words of art critic and curator Colin Richards on the work of Moshekwa Langa: “You’re unsettled, you’re undone, because you can’t place him and consequently you don’t know where your place is”. And yet, unlike Langa, Mosquito is not primarily interested in questions of identity. With the symbolic withdrawal of the person, positions appear in the foreground. “I am here to question the information you have”, says his alter ego Nástia in the video work Nástia answers Gabi. And thus his voice asks from the Off: “What are you going to do with your education?”.
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Ao contrário do que nos tenta passar o discurso eurocêntrico e mono-histórico, que retrata África como um lugar sem escrita e como tal sem história, nós temos uma longa e linda história. Além das maravilhosas tradições orais que devemos preservar e divulgar, temos também um história escrita que não foram os europeus que passaram para papel. Desde há cinco séculos que a Europa tenta reescrever a história de África a partir do seu espelho e da sua noção de desenvolvimento, tudo isso para justificar a sua exploração. Nos últimos dois séculos multiplicaram-se os escritos racistas mascarados de ciência. Cabe-nos “exumar” a nossa história e esclarecer irmãos e irmãs sobre o grande contributo dos povos africanos e das nossas civilizações para o mundo. Tombuctu, do império de Songhay no Mali, foi um dos maiores centros de conhecimento do mundo e ainda hoje se continuam a descobrir livros de lá que revelam o grande saber astrológico, matemático, geográfico, teológico, literário de África antes do colonialismo e que foi inclusive amplamente aprendido e usado na Europa. Assim o projecto Tombuctu quer emprestar todos os livros pessoais dos membros da Plataforma Gueto a pessoas da nossa comunidade que queiram usufruir desses livros para aprenderem e para que discutamos, cada vez mais amplamente, a nossa história e actualidade e para que lutemos por um futuro de auto-determinação onde falemos em voz própria. A grande maioria dos livros difundidos nas escolas e universidades e outras instituições tornam invisível o nosso contributo, mas existem vários livros de políticos, historiadores, poetas, romancistas, guerreiros, africanos e africanas que te podem devolver um orgulho no teu passado e um sentido para o teu futuro. “Até que os leões possam contar a sua história a caça glorificará sempre o caçador” – Provérbio africano. No Séc. XVI, Tombuctu, contava com uma população de 25.000 habitantes, com ricos comerciantes e numerosos artesãos. O geógrafo árabe Leão, O Africano, escreve que se vendiam aí numerosos manuscritos árabes vindos da África do Norte, e que o comércio dos livros era muito próspero. Contavam com 150 a 180 escolas do Corão. A mesquita de Sancoré recebia os mais célebres e constituía uma verdadeira universidade. Aqui se ensinava teologia, direito corânico, literatura árabe, história, geografia, matemáticas e astronomia. Foi aqui que foram escritos, nos séculos XVI e XVII, os dois primeiros grandes livros históricos redigidos por Sudaneses, que transcreveram em árabe as tradições relativas aos estados negros (Ghana, Mali, etc.): O Tarikh-el-Fettach e o Tarikh-es-Sudão. História da Guiné e Ilhas de Cabo Verde, PAIGC 1974 De todas as cidades de Songhai, Tombuctu foi a mais importante sob o domínio de Aksia, o Grande, e dos seus sucessores…Tombuctu transformou-se no seu centro comercial e intelectual. As suas escolas de teologia, leis, história, ou outros estudos tornaram-se conhecidas em todo o mundo muçulmano (incluindo a Andaluzia – sul de Portugal e Espanha). Eruditos de terras distantes chegavam para ensinar e para aprender. Nos finais do século XV essas escolas formavam um grupo de “faculdades” como as universidades de Oxford e Paris nos primeiros tempos. Muitos dos escritores e professores de renome da África Ocidental, cujos nomes ainda são lembrados e cujos livros ainda são estudados, viveram e ensinaram em Tombuctu. À Descoberta do Passado de África, Basil Davidson, 1978.