No esteio desse “admirável mundo novo”, a artilharia retórica pós-moderna e pós-colonial traria novas feridas narcísicas ao pensamento ocidental que hoje ainda ecoam em políticas e poéticas decoloniais com a entrada de agentes indígenas, afro-descendentes e queer na arena artística e intelectual de modo a desafiar os antigos prognósticos da velha antropologia. Esse curso pretende acompanhar a trilha dessas transformações epistemológicas e políticas a partir de alguns capítulos de sua história. Pretende ainda problematizar, a partir dos campos das artes visuais e das ciências sociais, os limites das retóricas pós-coloniais e decoloniais diante dos fascismos contemporâneos e da complexidade paradoxal do real das instituições a partir das polêmicas atuais.
A ler
13.07.2022 | por Leonardo Bertolossi
A história do Sr. Vítor encontra muitos paralelos com a de outros imigrantes, marcada pelo trabalho nas obras, as dificuldades em continuar os estudos e a habitação precária. A história da Quinta Mocho, onde vive o Sr. Vítor, tem muitas semelhanças com a de outros “bairros sociais” da periferia de Lisboa. O modelo de realojamento ali adotado não incorporou a opinião dos moradores e acabou por reproduzir as lógicas de silenciamento, imposição e exclusão entre aqueles que vivem em regime de subalternidade urbana.
Afroscreen
18.05.2022 | por Otávio Raposo
Antigo coletivo de artistas da Quinta do Mocho, Kebrada 55 tornou-se também o nome de um bar, onde DJs, rappers e kuduristas se reúnem para conviver e pôr em ação as suas inovações musicais.
Afroscreen
17.03.2022 | por Otávio Raposo
Recusando a imagem comum que associa a Quinta do Mocho a um território de pessoas incivilizadas e “sem cultura”, os jovens querem contribuir para o bem-estar do bairro.
Afroscreen
24.02.2022 | por Otávio Raposo
As ruas da Quinta do Mocho são locais de intenso convívio. Nelas, as tias vendem maçaroca na brasa, pastéis de milho, torresmo, frango no churrasco, e, claro, bebidas para acompanhar. O sorriso dessas mulheres sinaliza a simpatia que é comum a todo bairro.
Afroscreen
21.02.2022 | por Otávio Raposo
Partindo de princípio que a historiografia bantu é obra colonial, o método da Tradição Oral em pesquisa correctiva pode ter consistência, no âmbito da Antropologia Cultural em auxílio. A pesquisa histórica, strictu sênsu, particulariza-se das demais ciências humanas por limitar-se das fontes arquivísticas em análise e síntese enquanto instrumentos-padrão obedecendo às críticas interna e externa, heurística e hermenêutica. A alegação ocidental, reprovada em África, da dependência historiográfica às fontes escritas, neste aspecto, torna-se consistente clarificando fronteiras entre a História e as demais ciências humanas.
Mukanda
11.05.2021 | por Armindo Jaime Gomes
A kizomba veio nas bagagens dos africanos, que em finais dos anos 90 do século passado fizeram de Lisboa a cidade das suas vidas. A kizomba parece ter vindo do ambiente das festas de quintal de Luanda e Angola, mas claro que veio em jeito de passada de São Vicente ou da Praia, de Cabo Verde. Ao juntarem-se nas discotecas africanas em Lisboa e nas festas africanas nas universidades portuguesas a kizomba começa a entrar no léxico dançante das pessoas que visitavam estes espaços. Muitas das discotecas latinas tinham momentos de kizomba, o que também ajudou a levar o género um pouco à boleia da salsa e da bachata da República Dominicana.
Palcos
04.02.2021 | por Marta Lança
Recorro aos materiais produzidos por Carvalho durante um longo período de tempo para mostrar algumas dimensões do seu processo criativo, procurando fornecer uma primeira interpretação destas em relação a algumas das suas obras. Uso livremente várias áreas exploradas pelo autor, concentrando-me, porém, sobretudo em dimensões gráficas e visualmente estimulantes. Combino essa discussão com a apreciação de alguns resultados do que chamo “animar” este arquivo obtidos através da inventariação e apresentados na exposição, e termino enquadrando um dos vídeos baseados em material de arquivo nela apresentado.
Ruy Duarte de Carvalho
08.10.2020 | por Inês Ponte
No seu momento, Nelisita apontava outros caminhos ou simplesmente recusava um olhar ainda comprometido com vícios da etnologia colonial. A pesquisa e o modo como descreveu os objetos dos seus interesses teve sempre em conta as relações de poder da produção de conhecimento, no ato de fazer filmes, romances ou teses, e os limites e dificuldades de contorná-las, mas foi delimitando a sua “determinada zona de compromisso”.
Ruy Duarte de Carvalho
20.01.2020 | por Marta Lança
Como tomar posição, ou seja, não ficar no impasse, mas ao mesmo tempo não impor? E também, como não permitir que a franqueza vire uma exposição desmedida, como não desproteger-se completamente? A franqueza envolve exposição, mas não tem de ser um desnudamento, não é uma exibição. É muito possível sucumbir a essas corruptelas da coisa: a honestidade radical virar metralhadora opinativa ou desresponsabilização afectiva; a exposição virar exibição... Ou seja, tudo versões variadas da indiferença.
Cara a cara
10.01.2020 | por Marta Lança e Fernanda Eugénio
O que sucedeu à relação das autoridades tradicionais com a chegada das independências e do Estado pós-colonial? Ora aqui a provocação é muito simples. Na construção do Estado dito pós-colonial em Moçambique, em especial a partir de 1994, vamos encontrar dimensões muito pouco pós-coloniais. Vamos descortinar uma relação com tanto ou mais continuidades significativas com o Estado colonial do que aquilo que seria expectável.
Ruy Duarte de Carvalho
14.06.2019 | por Fernando Florêncio
A Mostra Ameríndia integra uma multiplicidade de experiências que nos retiram dos lugares convencionais de olhar e entender o cinema. Nestes filmes, os coletivos indígenas atuam em diferentes níveis. São cineastas no sentido ocidental, apontam a câmera para a sociedade colonial, para o quotidiano da sua aldeia, para os seus rituais, ou ainda para os avanços do agronegócio. Também colaboram com não-indígenas na produção e realização dos seus filmes.
Afroscreen
09.03.2019 | por vários
O antropólogo brasileiro Eduardo Viveiros de Castro esteve em Lisboa para o ciclo “Questões indígenas: ecologia, terra e saberes ameríndios” do Teatro Municipal Maria Matos, no qual também participou o líder indígena Ailton Krenak. De uma longa conversa para o BUALA ficam fios de reflexões sobre antropoceno, apocalipse, crise da antropologia, noções de humano, antropomorfismo, reindigenização da modernidade, devir índio, os povos por vir e os direitos da natureza.
Cara a cara
18.05.2017 | por Ritó aka Rita Natálio e Isadora Neves Marques
As cores e os objetos ganham uma especial importância na videoinstalação, tendo em conta a sua correspondência na mitologia ioruba trazida pelos escravos. Há todo um panteão de deuses através de santos, cores e objetos. Por exemplo, elementos ligados à água, como peixes ou estrelas do mar, correspondem à deusa do mar e da maternidade - Yemayá - sincretizada com a Virgen de Regla (pelo que a sua cor é o azul marinho);
Afroscreen
13.04.2016 | por Rui Mourão
Ruy Duarte de Carvalho descobriu e praticou uma antropologia pós-moderna e pós-colonial sem pagar o preço da etiqueta ou as quotas do partido. Antes de Ana a Manda, tese de doutoramento sobre o contexto muxiluanda, a sua produção literária fora da antropologia no sentido estrito já estava encaminhada e já revelava as possibilidades da multiplicação dos géneros e da sua hibridação – justamente uma característica da pós-colonialidade e uma das receitas agora tão repetidas para a invenção de novas textualidades e autorias.
Ruy Duarte de Carvalho
16.09.2014 | por Miguel Vale de Almeida
Além da sistematização do luso-tropicalismo, Um brasileiro… fornece-nos informação parcelar sobre a viagem de Gilberto Freyre pelos territórios ultramarinos portugueses, elementos para o estudo da recepção do seu pensamento em Portugal e nas colónias portuguesas e para o conhecimento da sua rede de sociabilidades neste país.
A ler
31.03.2013 | por Cláudia Castelo
“o actor da dádiva não postula o controlo ou a redução das incertezas a seu favor, ele cria-as permanentemente e implica-se nelas, sujeitando-se aos seus custos e riscos. É que a principal aspiração do doador não é que o retorno – relativo à sua dádiva – seja o mais mecânico e garantido, mas que seja, sobretudo, um retorno livre, logo incerto e inseguro. É na base deste tipo de troca livre e incerta, permanentemente renovada, que emerge, se reproduz, e se consolida, horizontal e verticalmente, a coesão social primária e derivadas, a macro coesão estatal e a micro coesão mercantil.”
Afroscreen
13.08.2012 | por Rita Brás
Este esboço reproduz – numa versão bastante reformulada, mas marcada, contudo, pelas suas circunstâncias de origem – uma exposição, seguida de discussão, realizada a 7 de Março de 1950 na Associação dos Trabalhadores Científicos (secção das ciências humanas) perante um auditório composto, sobretudo, de estudantes, investigadores e membros do corpo docente.
Mukanda
02.06.2011 | por Michel Leiris
O papel de mediação do etnógrafo, o sujeito “ocidental”, o viajante, colocado entre os mundos de partida e as culturas de contacto, apresenta uma flagrante afinidade com o perfil itinerante dos autores de ficções africanas, em diferentes momentos da História recente. De formas distintas, muitos destes autores preocuparam-se em transmitir imagens e conteúdos representativos das culturas a que estavam expostos, tanto a partir de universos de localização regional como de contextos marcados pela experiência urbana, em boa medida cosmopolita.
Ruy Duarte de Carvalho
08.10.2010 | por Ana Maria Mão-de-Ferro Martinho
Do exposto se infere qual é a nossa posição relativamente ao cinema que escolhemos fazer. O profissional de cinema tem plena consciência de que para fazer um trabalho de acordo com a realidade nacional deve munir-se de instrumentos de reflexão que lhe permitam escolher o que deve filmar e como fazê-lo. Ele sente-se autoconduzido à escolha de temas que legitimem o emprego do seu tempo de trabalho, e do da sua equipa, numa actividade não directamente produtiva e numa conjuntura em que a reabilitação da economia e da organização se impõe a todos como tarefa prioritária.
Ruy Duarte de Carvalho
02.07.2010 | por Ruy Duarte de Carvalho