Portugal deve pagar indemnizações pela escravatura?

Portugal deve pagar indemnizações pela escravatura? Os países que escravizaram devem compensar os escravizados? Há quem diga que sim e até aponte um valor para uma indemnização: 30 triliões de dólares vezes 10 mil. Há quem diga que não, porque isso seria voltar à menorização dos colonizados. Antes disso, Portugal deve debater o seu passado esclavagista, dizem historiadores.

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12.11.2014 | por Joana Gorjão Henriques

Os fantasmas do colonialismo regressam

Os fantasmas do colonialismo regressam Na actualidade, a situação de subalternidade para onde o capitalismo empurrou todos os subalternos, ou seja, quase toda a humanidade, faz com que pensemos que talvez se esteja a caminhar em direcção a um “devir-negro” à escala global que já não identifica somente todas as pessoas de origem africana mas toda a humanidade que estiver na situação de subalternidade.

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09.03.2014 | por António Pinto Ribeiro

O Tabu da História

O Tabu da História A produção e recepção de imagens do passado − como do presente ou do futuro −, seja ela mais habitada por desejos de ficção ou de realidade, encerra aspirações de autonomia por parte de quem as cria e de quem delas se apropria. Mas será mais autónoma a produção (e a recepção) que se remete para um sistema auto-referencial do que a que a si mesmo se confronta com as múltiplas incrustações nos contextos históricos em que nasceu e em que actua? Reflexões a propósito do filme Tabu, de Miguel Gomes.

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28.01.2014 | por Nuno Domingos

"Rosita" e o império como objecto de desejo

"Rosita" e o império como objecto de desejo Numa ilha no meio de um lago, onde uma fonte luminosa vinha dar um toque de modernidade, qual metáfora do empreendimento português em África, instalaram-se umas dezenas de guineenses, que viviam o seu quotidiano numa aldeia de palhotas, sob o olhar dos visitantes portugueses. O público da exposição podia assim ocupar, mesmo que temporariamente, o olhar e o lugar do colonizador. Um colonizador que, na segurança oferecida por um parque no centro do Porto, podia já beneficiar dos resultados das "campanhas de pacificação" em África

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14.10.2013 | por Filipa Lowndes Vicente

Supressão e conservação do homem branco

Supressão e conservação do homem branco Quanto mais avançava na colonização do mundo exterior, tanto mais o homem branco precisava ajustar a si mesmo, e quanto mais assim se ajustava, mais precisava colonizar o mundo. Os senhores do autodomínio, que tinham vertido sangue no Novo Mundo, lançavam agora seu olhar abstrato e utilitário para o continente europeu. A colonização externa das culturas não-européias se reverteu directamente em colonização interna do próprio mundo. Na medida mesma em que promovia a capitalização da produção e a industrialização, o colonialismo também destruía o modo de produção agrário da antiga Europa e impelia a parcela empobrecida da população para as fábricas, então com jornadas de trabalho de 14 horas e bárbaro trabalho infantil.

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03.10.2013 | por Robert Kurz

O Mato de Guilhermina de Azeredo: ambivalência colonial no feminino

O Mato de Guilhermina de Azeredo: ambivalência colonial no feminino Pretendemos examinar o papel da mulher portuguesa na construção do Império Colonial Português através da análise da sua última obra, o romance O Mato (1972). Tendo em conta a centralidade e importância de uma das personagens femininas de O Mato - personagem esta que revela ambivalência em relação ao espaço colonial em que se move – é interessante abordar tópicos como o papel da mulher no espaço colonial e a relação entre mulheres brancas e africanos, bem como a alteração do papel tradicional da mulher no contexto colonial. Mais especificamente, o contexto colonial que nos interessa, o mato, pode ser considerado o espaço marginal do Império. Em última instância, queremos ampliar as perspectivas de se olhar o colonialismo português como um colonialismo predominantemente masculino e perceber a forma como a mulher foi instrumento fundamental na construção do projecto colonial.

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30.09.2013 | por Sandra Sousa

Um brasileiro em terras portuguesas - Prefácio

Um brasileiro em terras portuguesas - Prefácio Além da sistematização do luso-tropicalismo, Um brasileiro… fornece-nos informação parcelar sobre a viagem de Gilberto Freyre pelos territórios ultramarinos portugueses, elementos para o estudo da recepção do seu pensamento em Portugal e nas colónias portuguesas e para o conhecimento da sua rede de sociabilidades neste país.

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31.03.2013 | por Cláudia Castelo

Notas sobre «Caderno de Memórias Coloniais»

Notas sobre «Caderno de Memórias Coloniais» A gestão de saudade que esta onda literária e testemunhal tem marcado no panorama literário português traz contudo uma novidade – denuncia também, mal ou bem, que para se perceber o Portugal actual se tem de fazer a viagem de retorno a África, mas não no sentido com que Isabela Figueiredo o faz, ou seja, no sentido de lidar de frente com os seus fantasmas, mas de habilmente os transformar em fantasias, ora escrevendo a busca do paraíso perdido que não poderá lá estar porque nunca existiu a não ser na imaginação, ora na efabulação de uma África Minha que nunca tivemos.

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26.03.2013 | por Margarida Calafate Ribeiro

Luanda: Exposição-Feira de Angola 1938

Luanda: Exposição-Feira de Angola 1938 Dois anos antes da Exposição de Mundo Português, realizou-se em Luanda uma muito grande Exposição-Feira que não ficou para a história colonial. Teve por objectivo exibir o desenvolvimento económico de Angola num “documentário expressivo e completo”, em lugar de encarecer o programa historicista e a mística imperial do regime, como era norma das exposições coloniais e ocorrera por exemplo em 1937 na Exposição Histórica da Ocupação, em Lisboa no Parque Eduardo VII.

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18.03.2013 | por Alexandre Pomar

Anatomia de uma bem-sucedida guerra revolucionária: exército português versus PAIGC e o assassinato de Amílcar Cabral

Anatomia de uma bem-sucedida guerra revolucionária: exército português versus PAIGC e o assassinato de Amílcar Cabral Amílcar Cabral era já, desde essa altura, um sério problema para autoridades colonias de Bissau e da metrópole. Aliás, pelo menos desde 1972, o nome do general Spínola é falado para a presidência da República, e, por isso, não pode regressar derrotado. Era para ele imperioso tudo fazer para inverter a situação militar, pelo que não é de descartar a hipótese de que o assassinato de Amílcar Cabral se enquadrasse nessa espécie de obsessão que levaria o Exército português, no início de 1973, logo depois do seu assassinato, a realizar uma série de violentas operações militares contra as regiões libertadas e algumas bases do PAIGC no Sul que, no entanto, vieram a revelar-se desastrosas.

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04.02.2013 | por Leopoldo Amado

A fantasia imperial numa história em imagens

A fantasia imperial numa história em imagens Esta “comunidade imaginada” era construída na metrópole, à distância. A “corrida à África” de vários impérios europeus, a partir 1870, culminou na Conferência de Berlim de 1885 e na perda de uma série de territórios ultramarinos “conquistados” pelos portugueses. Este “novo fulgor africanista” levou à organização, pela Sociedade de Geografia de Lisboa, de expedições de exploração ao interior do continente africano, como as de Serpa Pinto, e de Capelo e Ivens. Estas viagens resultaram num manancial de imagens, fotografias, mapas, artefactos recolhidos nas colónias, trazidos pelos exploradores recebidos com glória no regresso a Lisboa.

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22.01.2013 | por Raquel Ribeiro

Guimarães Rosa lido por africanos: impactos da ficção rosiana nas literaturas de Angola e Moçambique

Guimarães Rosa lido por africanos: impactos da ficção rosiana nas literaturas de Angola e Moçambique Este artigo mostra como a ficção de Guimarães Rosa foi lida por escritores de Angola e Moçambique, mais especificamente por Luandino Vieira, Ruy Duarte de Carvalho e Mia Couto, atentando para os impactos da obra rosiana na produção desses escritores. Pretendo também destacar a dimensão política das estratégias poético-ficcionais rosianas, percebida de imediato pelos mencionados escritores africanos.

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14.12.2012 | por Anita Martins de Moraes

Entrevista a Mark McKinney

Entrevista a Mark McKinney Entrevista a Mark McKinney, a propósito do seu livro The Colonial Heritage of French Comics. "Quer a série Tintin quer Zig et Puce estão pejadas de cenas de racismo colonial e antisemita. O busílis está em saber o que se deve fazer com essas obras. Eu estou em crer que a coisa mais acertada seria estudá-las de uma forma crítica, e utilizá-las para ensinarmos os outros, sobretudo os mais jovens, sobre o passado e a sua representação na banda desenhada. Quer Tintin no Congo quer A Estrela Misteriosa deveriam conter introduções fortemente críticas e independentes que analisassem como é que esses títulos são racistas e não diminuem a responsabilidade do artista em propagar essas perspectivas repreensíveis, como é usualmente feito pelos muitos hagiógrafos de Hergé."

Cara a cara

05.06.2012 | por Pedro Moura

The Colonial Heritage of French Comics de Mark McKinney

The Colonial Heritage of French Comics de Mark McKinney O debate de McKinney emprega, portanto, vários instrumentos e dedica-se a várias frentes de atenção, desde os veículos de circulação das bandas desenhadas estudadas até aos complementos autorais possíveis de coligir, sem jamais esquecer a contextualização histórica, em todas as suas dimensões. Estando o foco ancorado nessas obras mais antigas, compreende-se a genealogia estabelecida, mesmo que o autor precise que muitos outros títulos poderiam ser citados e estudados (nos Anexos críticos, encontramos alguns dos instrumentos de identificação e cômputo dos elementos pertinentes). Este é, portanto, um contributo de uma importância extrema, não apenas no que diz respeito ao próprio território da banda desenhada mas até mesmo para o que compõe o tecido social das nossas sociedades contemporâneas. É um gesto que contribui para “um alinhamento com os desenvolvimentos da pesquisa académica, a publicação, e uma intervenção no debate público sobre como perspectivar a história colonial e como tratar as minorias pós-coloniais” (120). Lição a qual deveria ter reverberação em Portugal.

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05.06.2012 | por Pedro Moura

Prefácio a "Futebol e Colonialismo. Corpo e Cultura Popular em Moçambique" de Nuno Domingos

Prefácio a "Futebol e Colonialismo. Corpo e Cultura Popular em Moçambique" de Nuno Domingos À primeira vista este trabalho é sobre futebol e o modo como era praticado em Lourenço Marques – a maior cidade e centro administrativo da colónia portuguesa de Moçambique – na primeira metade do século XX. O trabalho interpreta o desenvolvimento do jogo, desde a fundação dos primeiros clubes formados por expatriados ingleses, passando pela organização em Moçambique de filiais de clubes metropolitanos como o Sporting e o Benfica, até à abertura deste clubes a membros de uma elite Africana, a maior parte deles mestiços, e à criação da Associação de Futebol Africana, com jogadores, na sua maioria, provenientes das classes trabalhadoras africanas que viviam na periferia pobre da cidade onde estes jogos decorriam.

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12.05.2012 | por Harry G. West

Da etnografia do futebol suburbano em Lourenço Marques por José Craveirinha, a uma ciência das obras

Da etnografia do futebol suburbano em Lourenço Marques por José Craveirinha, a uma ciência das obras A presença do humor no jogo suburbano, considerava José Craveirinha, distinguia esta actividade desportiva de outras concepções de práticas físicas: «esses agregados de côr inebriam-se com a prática do desporto mas não como uma actividade de revigoramento físico; abstraem-se até desse conceito restritivo» (ibidem). Historicamente, o projecto de transformação do desporto num mecanismo de «revigoramento físico» desenvolvera-se na Europa pela tentativa de institucionalização estatal de uma dinâmica de contornos mais largos, típica das sociedades industrializadas e urbanas onde se expandiram novas práticas de lazer.

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12.05.2012 | por Nuno Domingos

Salazar vai ao cinema - A “Política do Espírito” no Jornal Português

Salazar vai ao cinema - A “Política  do Espírito” no Jornal Português Os temas que o Jornal Português – produzido de 1938 a 1951 com patrocínio do Estado Novo – abordou clarificam como o regime quis projectar a nação e pensou a relação do cinema com o público. Salazar vai ao cinema - O Jornal Português de actualidades filmadas não pôde desenvolver a análise desses temas nem tão pouco dar conta do caso de intercâmbio noticioso com o congénere espanhol, NO-DO. Salazar vai ao cinema - A “Política do Espírito” no Jornal Português propõe-se complementar, assim, a abordagem a essa colecção de actualidades cinematográficas.

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08.07.2011 | por Maria do Carmo Piçarra

A situação colonial: uma abordagem teórica

A situação colonial: uma abordagem teórica Um dos acontecimentos mais marcantes da história recente da humanidade é a expansão da maior parte povos europeus pelo mundo. Trata-se de uma expansão que conduziu à submissão – quando não ao desaparecimento – da quase totalidade dos povos ditos atrasados, arcaicos ou primitivos. A acção colonial, ao longo do século XIX, foi o aspecto mais importante da expansão europeia e aquele que teve maiores consequências. Abalou brutalmente a história dos povos que submeteu; ao estabelecer-se, impôs a esses povos uma situação muito particular. Este facto não pode ser ignorado.

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01.07.2011 | por Georges Léon Émile Balandier

O neo-colonialismo em África

O neo-colonialismo em África Embora nominalmente independentes, estes países continuam a viver na relação clássica da colónia com o seu “patrão” metropolitano, isto é, a produzir matérias-primas e a servir-lhe de mercado exclusivo. A única diferença é que agora essa relação está encoberta por uma aparência de ajuda e solicitude, uma das formas mais subtis do neo-colonialismo. Como a França considera que só se poderá desenvolver perpetuando a sua relação actual com os países subdesenvolvidos que se mantêm na sua órbita, isto significa que o fosso entre aquela e estes se irá alargando. Para que este possa vir a ser diminuído, ou mesmo anulado, será necessário renunciar completamente à actual relação de patrão a cliente.

Mukanda

09.06.2011 | por Kwame Nkrumah

O Projecto Crioulo - Cabo Verde, colonialismo e crioulidade (Parte II e III)

O Projecto Crioulo - Cabo Verde, colonialismo e crioulidade (Parte II e III) A crioulização tem claramente a sua base no estudo do complexo Afro-Americano e nas sociedades de plantação das Caraíbas, talvez apenas com ramificação para o Brasil como instância comparativa. Na sua review da antropologia da Afro-América Latina e Caraíbas, Yelvington (2001) diz que a actual preocupação antropológica com os processos de globalização, dispersão, migração e transnacionalidade, com o colonialismo, o hibridismo, etc., elide muitas vezes a produção fundacional que remete para os estudos da diáspora africana nas Américas.

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06.05.2011 | por Miguel Vale de Almeida