Portuguesia promove happening transverbal

Portuguesia promove happening transverbal Como se situa "Portuguesia contraantologia" (Minas entre os povos da mesma língua...), obra organizada pelo poeta Wilmar Silva, relativamente aos tópicos do “bom gosto” e de uma, por assim dizer, particular “orientação curatorial”? Nesse verdadeiro corso antropoético de 500 páginas, que abriga 101 poetas, Wilmar põe em questão o sentido estrito de tais categorias. A qualidade literária, a bem de verdade, não está descartada, mas apenas ficou em segundo plano, porquanto um dos traços de Portuguesia é a justaposição em nível de igualdade de toda uma rosácea de vozes que se correspondem desde o lugar transcultural de uma poesia multifária de matriz lusófona.

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26.11.2010 | por Ronald Augusto

Entre as palavras e memória: o grito silenciado da Guiné Equatorial

Entre as palavras e memória: o grito silenciado da Guiné Equatorial Num país sem imprensa, sem editoras, sem livrarias, em que as bibliotecas existentes são coordenadas pelas cooperações estrangeiras, em que o analfabetismo atinge valores altíssimos, em que os intelectuais sofrem acções persecutórias não é de estranhar esta situação e ainda se estranha menos que acabem escrevendo e publicando no estrangeiro, mesmo quando não abdicam de viver em solo pátrio. Se bem que recente, a sua produção literária já apresenta diversidade tanto em termos de géneros, como de estilos, de conteúdos e de gerações em escrita.

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22.10.2010 | por Cátia Miriam Costa

"Queremos um tsunami!", a voracidade de Miguel Gullander

"Queremos um tsunami!", a voracidade de Miguel Gullander São pois o cepticismo e ironia que prefazem a linguagem de "Perdido de Volta" de Miguel Gullander, onde não há heróis e todos são traídos, acusados pelas suas máscaras e papéis sociais: drogados, ambientalistas, bancários, salvadores hipócritas do Terceiro Mundo. O tom de denúncia dirige-se também à indústria do desenvolvimento, disfarçada de razões humanitárias mas sempre de olho no negócio em África, que continua a exportar fileiras de jovens ocidentais à procura de experiências exóticas e que, além dos objectivos carreiristas, vivem África como um “campo de férias” sem alcançar nada da sua profundidade e complexidade.

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31.08.2010 | por Marta Lança

Os retornados estão a abrir o baú

Os retornados estão a abrir o baú Foi preciso esperar mais de 30 anos para que as feridas abertas pelo retorno dos colonos em África começassem a sangrar. Muitos decidiram agora escrever sobre o estigma de "retornado". Fundamental para se perceber o que é ser português, hoje

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19.08.2010 | por Raquel Ribeiro

Literaturas emergentes, identidades e cânone

Literaturas emergentes, identidades e cânone O conceito de literaturas emergentes surgiu nas últimas décadas como consequência das chamadas teorias pós-coloniais e alargou-se, por influência da poderosa academia norte-americana, tanto às denominadas literaturas de minorias (étnicas, de género, de orientação sexual), como às literaturas formadas no interior dos processos de colonização e descolonização, independentemente das características destes.

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06.07.2010 | por Fátima Mendonça

José Saramago, o visionário da tangibilidade

José Saramago, o visionário da tangibilidade A morte só existe se há ausência. Para uns, como Saramago, não haverá nunca ausência. O escritor semeou-se tanto e por tantos outros que ele apenas mudou de presença. Não falo da escrita. Mas dos momentos em que ele se distribuiu, pessoa entre pessoas. Em mim, essa permanência faz-se de indeléveis momentos. Relembro aqui alguns desses episódios.

Cara a cara

30.06.2010 | por Mia Couto

Corsino Fortes e sua poética semeadora da “cabeça calva de Deus”

Corsino Fortes e sua poética semeadora da “cabeça calva de Deus” Trata-se de um discurso em ascensão, em que o poeta gradativamente incorpora e ressignifica elementos simbólicos do universo insular, encenando experiências da realidade cabo-verdiana, histórias do próprio sujeito e da linguagem, com o objetivo de constituir uma memória coletiva do grupo. Fortes, em um ato de consciência histórica, reflete, enfim, sobre a independência do povo de Cabo Verde no sentido de construção e valorização de uma identidade “em curso”, em constante processo de transformação.

Cara a cara

28.06.2010 | por Cláudia Fabiana

O sentido comunitário na narrativa africana: o caso de Moçambique

O sentido comunitário na narrativa africana: o caso de Moçambique O sentido comunitário sofreu abalos provocados pela ordem avassaladora da modernidade tecnológica e cultural assimilada, quando não imposta, a partir dos centros difusores do Ocidente, mas é reconhecível - nas práticas do quotidiano, no imaginário e nas criações artísticas - uma ideia de comunhão de origens atracada a formas tradicionais de existência. Na narrativa africana, onde ainda se observa a ressonância de elementos estruturantes de convivência social, de marcas profundas de oralidade, de práticas de partilha de espaços e de bens, e de consciência de pertença a um destino comum, o sentido comunitário da existência impõe-se.

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24.06.2010 | por Francisco Noa

A Canção de Zefanias Sforza - pré-publicação PATRAQUIM

A Canção de Zefanias Sforza - pré-publicação PATRAQUIM A cidade, essa missanga grande, esse vidrilho, esse espelhinho delicado, forrado de seda, com que se tentava entreter e seduzir as mulheres grandes para que estas amaciassem as decisões dos dignitários da terra, tudo isso se diluiu neste traçado, lugar de desembarque e depois de muitos desenhos por onde correm as gentes e as coisas. Penetremos, pois, nesse colar multicolorido, afagando-lhe algumas das contas, as de um certo e improvável Zefanias Plubios Sforza, um moçambicano com qualidades.

Mukanda

22.06.2010 | por Luís Carlos Patraquim

Germano de Almeida, o contador de Estórias

Germano de Almeida, o contador de Estórias Aquilo que verdadeiramente lhe interessa é ter uma estória e alguém a quem a contar. A forma só lhe importa na medida em que serve o conteúdo e os recursos estilísticos ou linguísticos que utiliza estão submetidos às necessidades do enredo que é, de facto, a sua prioridade. Ele pertence à geração que teve o privilégio de entrar no mundo da ficção pelas palavras ouvidas e não pelas palavras escritas, e por isso não é de estranhar que essa marca da oralidade esteja tão claramente presente nas suas obras.

Cara a cara

15.06.2010 | por Ana Cordeiro

Um fim do mundo africano – entrevista com Pepetela

Um fim do mundo africano – entrevista com Pepetela No fundo é uma pergunta: que raio de pessoas são essas para começar uma humanidade? Ora, a nossa humanidade atual, como é que começa? Com um irmão a matar o outro, Caim a matar Abel. E essa nova humanidade começaria da mesma maneira como a outra acabou. Não há aí muita inovação, não é? Enfim, a idéia era jogar com isso tudo, mas de fato o que ficam são as relações entre as pessoas.

Cara a cara

11.06.2010 | por Cláudia Fabiana

Que África escreve o escritor africano?

Que África escreve o escritor africano? Os intelectuais africanos não têm que se envergonhar da sua apetência para a mestiçagem. Eles não necessitam de corresponder à imagem que os mitos europeus fizeram deles. Não carecem de artifícios nem de fetiches para serem africanos. Eles são africanos assim mesmo como são, urbanos de alma mista e mesclada, porque África tem direito pleno à modernidade, tem direito a assumir as mestiçagens que ela própria iniciou e que a tornam mais diversa e, por isso, mais rica. É preciso sair dessa armadilha.

Mukanda

23.05.2010 | por Mia Couto

Dar a ver o que tem andado a dar a ler, Ruy Duarte de Carvalho

Dar a ver o que tem andado a dar a ler, Ruy Duarte de Carvalho O ciclo dedicado a Ruy Duarte de Carvalho, em Fevereiro de 2008, tornou mais visível o caso raro de “um grande escritor de língua portuguesa, cuja obra se distribui por diversos campos de actividade – permitindo uma abordagem multidisciplinar ao seu universo.”, como referiu Mega Ferreira, seu impulsionador.

Ruy Duarte de Carvalho

18.05.2010 | por Marta Lança