A experiência poética universalizante valeu ao poeta João Vário a ostracização por parte da generalidade dos literatos e ensaístas nacionalistas e teluricistas caboverdianos da sua geração e da geração seguinte.
A ler
31.08.2010 | por José Luís Hopffer Almada
São pois o cepticismo e ironia que prefazem a linguagem de "Perdido de Volta" de Miguel Gullander, onde não há heróis e todos são traídos, acusados pelas suas máscaras e papéis sociais: drogados, ambientalistas, bancários, salvadores hipócritas do Terceiro Mundo. O tom de denúncia dirige-se também à indústria do desenvolvimento, disfarçada de razões humanitárias mas sempre de olho no negócio em África, que continua a exportar fileiras de jovens ocidentais à procura de experiências exóticas e que, além dos objectivos carreiristas, vivem África como um “campo de férias” sem alcançar nada da sua profundidade e complexidade.
A ler
31.08.2010 | por Marta Lança
Além fronteiras, a imagem de marca é a de um Equador andino, de rasgos índios e de um paraíso natural chamado Galápagos, ilhas justamente consideradas uma das reservas naturais mais bonitas do mundo. No entanto, há um Equador de cor negra e ritmos africanos que ainda tende a ficar esquecido.
A ler
30.08.2010 | por Sílvia Norte
espichei as pernas bobas e esbarrei com a minha mãe na cozinha, «Acordou, meu filho?», olheiras enormes, assustado perguntei cadê a Biz, e ela descreveu, lamuriosa, que me apresentei «Completamente», hesitou em dizer bêbado, mas frisou, entristecida, «Tonto», não conseguia nem parar em pé, e que entreguei a ela o peso da moto e saí tropicando, e, não sabendo o que fazer, encostou a Biz no fícus, junto ao muro em frente de casa, pegou uma cadeira e passou a noite inteira vigiando pra ninguém roubar
Mukanda
28.08.2010 | por Luiz Ruffato
É a singularidade de cada história, relatada na primeira pessoa, que permite chegar ao colectivo das histórias de vida de mulheres guineenses – e, até, da História do país. Histórias de valência e sobrevivência – seja o relato da jovem que foge com a filha à guerra civil de 98; ou a história de algumas das muitas ex-combatentes que Amílcar Cabral reconheceu mas a História ainda não fixou; ou ainda a realidade, hoje na Guiné-Bissau, de uma prática como a mutilação genital feminina.
A ler
27.08.2010 | por Sandra Oliveira
A guerra é suja e o conflito entre o Sahara e Marrocos não é excepção. Marrocos acusa também a Frente Polisário e as autoridades argelinas de terem torturado prisioneiros marroquinos e de reprimirem os saharauis que se opõem à independência.
Vou lá visitar
25.08.2010 | por Nuno Ramos de Almeida
A força de superarmos a nossa condição histórica reside dentro de nós. Saberemos como já soubemos antes conquistar certezas que somos produtores do nosso destino. Teremos mais e mais orgulho em sermos quem somos: moçambicanos construtores de um tempo e de um lugar onde nascemos todos os dias. É por isso que vale a pena aceitarmos descalçar não só os setes mas todos os sapatos que atrasam a nossa marcha colectiva.
Mukanda
25.08.2010 | por Mia Couto
Voz transmudante e transumante, inaugural. E desse teu dizer primevo, um apuro e um rigor encantatórios se vieram sedimentando num tom crescente de métrica libertária e de epopeia, para se afirmarem cada vez mais como um dizer poético de sábio e longuíssimo fôlego, e caracterizar toda a tua obra, na qual, “as artes de que sobretudo [dás] notícia são aquelas expressões da actividade humana imediatamente ligadas ao exercício de estar vivo e dar continuidade à vida.”
Ruy Duarte de Carvalho
25.08.2010 | por Zetho Cunha Gonçalves
Os grupos do "Tchiloli", conhecidos na ilha por tragédias, têm cerca de trinta elementos cada um, e pertencem todos a uma determinada localidade de forros (assim se chamam os crioulos nativos de São Tomé). Dentro de certos limites dramatúrgicos, cada tragédia representa uma versão própria da peça. Conforme a tradição medieval, exclusivamente os homens representam todos os papéis, inclusivamente os de mulheres. Além disso, o mesmo actor amador representa sempre a mesma personagem. Os papéis, o guarda-roupa e os textos transmitem-se no seio das famílias.
Palcos
24.08.2010 | por Gerhard Seibert
Como brasileira, persigo na sua viagem pelos nossos sertões, e não só, o encantamento e a capacidade de, no chão tão batido por outros viajantes, descobrir o inédito, elaborá-lo, convertê-lo em prosa, contrapondo as imagens do país apreendidas na errância às que colheu nas leituras desde a adolescência em Moçâmedes. Na escrita dessa experiência, compreendi o sentido de desmedida. Não a do país de dimensões continentais, mas a da energia do olhar que nos revela outras faces de nós mesmos.
Ruy Duarte de Carvalho
23.08.2010 | por Rita Chaves
pretende-se fazer um balanço dos discursos feitos por Agostinho Neto, primeiro presidente de Angola e do MPLA e, posteriormente, por seu sucessor José Eduardo dos Santos, naquilo que tange as relações internacionais de Angola, e o conflito com a UNITA – desde o momento da proclamação da independência, em 1975, até a assinatura dos Acordos de Nova Iorque, em 1988.
A ler
23.08.2010 | por Kelly Araújo
Não existe verdadeiramente “consciência lusófona”, excepto talvez nalguns intelectuais ou políticos. O angolano ou o moçambicano médio, mesmo artista ou universitário, nunca utilizará esta palavra para se definir, enquanto para um africano francófono, o termo “francofonia” tem significado, e até uma dimensão política supranacional.
A ler
23.08.2010 | por Ariel de Bigault
A minha reflexão incide sobre o modo como se pode fazer cinema em África, à nossa maneira: a maneira como nos mexemos, a maneira como saboreamos, como ouvimos as coisas, como vemos as coisas, a nossa percepção do mundo.
Afroscreen
22.08.2010 | por Samba Félix Ndiaye
Era um prazer viajar com ele. Acordávamos muito cedo, “matabichávamos” juntos e depois... pé na estrada. Eu guiava no asfalto, ele na terra. Trocávamos impressões e memórias. Tínhamos todo o tempo do mundo, entre um ponto e outro do trajeto diário. Na Chapada Gaúcha, lugarejo mais próximo do Parque do Grande Sertão Veredas, subitamente o Ruy se apaixonou por uma menina que vendia flores de papel. E assim vivemos aqueles momentos.
Ruy Duarte de Carvalho
22.08.2010 | por Daniela Moreau
Emídio Jossine, Amâncio Mondlane e Nelson Mondlane vieram “do outro lado do oceano”, de Maputo, directamente para Cataguases. Vamos encontrá-los na “base”, nome de guerra para o galpão onde se aprende, se testa, se erra, se trocam ideias, e se “respira cinema”. Estão a aguardar pelo genérico que finalizará a edição do seu doc “A Espera no Quintal" e, enquanto não chega, falamos sobre o Festival e o cinema do seu país.
Afroscreen
22.08.2010 | por Marta Mestre
“Observa” diz o homem branco numa língua selvagem, mas que a menina negra compreende pelo medo. Ele aponta-lhe um corpo de um menino português que, ninguém sabe, mas também foi um pastor antes de o terem embarcado à força. O menino está muito maltratado. O pirata ri uma gargalhada por conseguir assustar uma menina.
Mukanda
20.08.2010 | por Miguel Gullander
É certo que as demolições e despejos forçados vão continuar em Angola, mas também é certo que as comunidades e os movimentos se estão a fortalecer, à custa de muita coragem, mas também por saírem do isolamento em que viviam.
Cidade
20.08.2010 | por Rita Silva
Foi preciso esperar mais de 30 anos para que as feridas abertas pelo retorno dos colonos em África começassem a sangrar. Muitos decidiram agora escrever sobre o estigma de "retornado". Fundamental para se perceber o que é ser português, hoje
A ler
19.08.2010 | por Raquel Ribeiro
Poder-se-á imaginar a língua portuguesa como centro de um exercício lúdico em que o sujeito ou protagonista, num contexto rural de Angola, é uma criatura sem qualquer tipo de formação escolar? De facto é possível. E tal acontece num conto cujo autor é o escritor Uanhenga Xitu.
Cara a cara
17.08.2010 | por Luis Kandjimbo
Jorge Barbosa jamais foi ao Brasil; Ribeiro Couto jamais pôs os pés em Cabo Verde. "Eu gosto de você, Brasil, porque você é parecido com a minha terra. Eu bem sei que você é um mundão e que a minha terra são dez ilhas perdidas no Atlântico (...)"
Mukanda
17.08.2010 | por Jorge Barbosa e Ribeiro Couto