e, de repente, acabou-se o paraíso deles e voltaram a Portugal… e eles também dizem: “Deixamos tudo…”. Ali ficou um sentimento de perda, um sentimento de saudosismo, que representa o tal retorno, os tais retornados. Há, na palavra retorno, nuances que se perdem. E essas nuances se perderam porque o discurso dominante do retorno sempre foi expresso, articulado por uma classe de portugueses, a maior parte brancos, que falavam duma África mística, maravilhosa etc.
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30.07.2021 | por Doris Wieser, Aida Gomes e Paulo Geovane e Silva
Respiramos ar puro na serra de Oaxaca. Nas terras altas do sudoeste mexicano, uma camponesa com o dom da cura virou um hit do vórtice psicadélico e hippy dos anos 60 e 70. Carimbada como “produto indígena”, Maria Sabina, a sacerdotisa dos cogumelos alucinógenos, virou artigo de consumo de intelectuais, cientistas, artistas e de uma multidão sedenta de drogas. No seu transe, não entenderam nada.
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29.07.2021 | por Pedro Cardoso
A exposição EXPLORANDO: Kubanga Kukatula é a primeira apresentação pública de um projeto de criação artística e pesquisa, centrado em residências, produção de obras e exposições, de Lino Damião e Nelo Teixeira, artistas angolanos sediados em Lisboa, com curadoria de Paulo Moreira.
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29.07.2021 | por vários
O feminismo continua a ser um termo positivo, baseado no movimento, e eu estou feliz por ser identificada com ele. Indica uma rejeição da opressão, a luta pela libertação da mulher de todas as formas de opressão, interna, externa, psicológica e emocional, sócio-económica, política e filosófica. Gosto do termo porque me identifica com uma comunidade de mulheres radicais e auto-confiantes, muitas das quais admiro, tanto como indivíduos como pelo que contribuíram para o seu desenvolvimento. Estas referências são mulheres africanas, asiáticas, latino-americanas, do Médio Oriente, europeias e norte-americanas de todas as cores e tendências, passadas e presentes.
Cara a cara
27.07.2021 | por Elaine Salo
A intuição e sensibilidade são evidentes – as imagens denotam a qualidade da relação com as pessoas fotografadas, e o empenho em relevar todos os aspectos da luta em curso. Não obstante a reportagem estar enquadrada pelo militantismo da autora, nela destacam-se os retratos e a fixação de situações, simples ou disruptivas, do quotidiano dos guerrilheiros e povo no contexto da luta. Os manuais de alfabetização, as armas de uns e outro (também para cultivar os campos); a manutenção das mesmas; o(s) seu(s) uso(s) e integração dos gestos – da sua importância – num movimento, colectivo, de uma comunidade em luta pela sobrevivência e libertação, mas em que, nem por isso, Conchiglia deixa de olhar para as pessoas na sua singularidade.
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26.07.2021 | por Maria do Carmo Piçarra
projecto que junta que junta profissionais africanos e afrodescendentes residentes em Portugal – ou com ligação ao país –, com o propósito de partilhar experiências, valorizar competências, criar alianças, divulgar e suportar negócios. Integra também ainda um laboratório de fotografia, uma oficina de palavras, e uma roda de conversa sobre o documentário As vozes da Mulher Negra.
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26.07.2021 | por vários
O “Concerto 25 de Julho” é uma iniciativa #MAKAlisboa: Francisco Vidal + Namalimba Coelho, em coorganização com o Festival Iminente, em homenagem à memória de Bruno Candé e de todas as vítimas de discriminação, opressão e injustiça, na data em que se assinala um ano após o assassinato racialmente motivado do ator.
Palcos
25.07.2021 | por vários
Reescrevi biografias, topografias e narrativas. Quiçá, tentando, sem que o soubesse, desconstruir traumas, conciliar e articular, pelo uso da imaginação, o meu lugar de pertença, esta minha vida repartida entre dois continentes, querendo dar sentido à nostalgia e ao sofrimento sentido pelo avô. Seguindo ao seu lado, enquanto dá as voltas à mística mulemba e diz: “O que fica, fica aqui.”
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22.07.2021 | por Yara Monteiro
Além de poeta, performer e arte-educadora, Raquel Lima é doutoranda do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra onde desenvolve a sua investigação sobre a oratura são-tomense. Aqui se fala sobre o seu percurso, a construção da identidade. diaspórica, bem como sobre o primeiro livro, que inaugura uma voz poética arguta, pulsante e lúdica.
Cara a cara
20.07.2021 | por Raquel Lima , Doris Wieser e Paulo Geovane e Silva
O cinema militante tem precisamente o objetivo de, através da força das imagens, mostrar a realidade sem a suavizar para que se tenha em conta a real dimensão dos problemas e a partir daí suscitar o espírito crítico, em última instância para procurar soluções, mas em primeira instância para possibilitar abrir portas à consciencialização da existência desse problema.
O cinema tem esse papel e tem essa importância de, através da força das suas imagens, da força da sua linguagem, retratar realidades, retratar personagens que dão a dimensão que nos falta no nosso dia a dia para entendermos o real problema que as comunidades marginalizadas enfrentam diariamente.
Cara a cara
19.07.2021 | por Alícia Gaspar
A descolonização, iniciada com a resistência dos povos colonizados, teve no 25 de Abril uma data marcante. O golpe feito revolução resulta diretamente da derrota política na guerra. A ele se sucedeu o fim do império em África e um processo revolucionário do qual a democracia portuguesa é herdeira. Neste sentido, uma boa ocasião para debater e estimular novas políticas públicas da memória sobre o passado colonial será, certamente, o próximo ciclo comemorativo do 25 de Abril.
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19.07.2021 | por Miguel Cardina
O primeiro carregamento de toros de eucalipto que chegou a Aveiro proveniente do porto da Beira, em Moçambique, foi recebido com fortes críticas por grupos moçambicanos e portugueses, apoiados por coligações internacionais. A madeira provém de plantações de eucalipto exploradas pela Portucel Moçambique, subsidiária da empresa Navigator, e será utilizada nas fábricas de pasta e papel em Portugal.
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15.07.2021 | por vários
impact é o nome de um sistema construtivo adaptado à realidade cabo-verdiana, que promove a dignidade no acesso à habitação e ao trabalho com uma reflexão paralela sobre a forma como se tem construído nas últimas décadas. Este é um projecto que se formaliza ao ser selecionado para o Salão Created in Cabo Verde da URDI2020 promovido pelo CNAD - Centro Nacional de Artesanato e Design, e que sintetiza problemáticas extensamente abordadas por Inês Alves e Lara Plácido.
Mukanda
15.07.2021 | por Inês Alves e Lara Plácido
A descoberta não aconteceu de facto, pelo menos no sentido de um reconhecimento capaz de activar os mecanismos da crítica, esse discurso de mediação entre os autores e os leitores, discurso de apresentação e de revelação (mesmo quando veicula juízos negativos), e discurso último da legitimação e do reconhecimento. Talvez a popularidade que a banda rapidamente alcançou tenha afinal contribuído para a diluição da imagem da poetisa na imagem da letrista, com todos os preconceitos que esta imagem ainda carrega: a ideia de ligeireza, de facilidade, etc. Assim, a poesia de Regina continua a ser até ao presente uma poesia de minorias. Jogo, com alguma ironia, com as palavras de um título que fui buscar a um jornal de há alguns anos, numa pesquisa frustrada sobre a obra poética da autora
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13.07.2021 | por Maria de Lurdes Sampaio
A partir do dia 14 de Julho está aberto ao público o portal da Associação Tchiweka de Documentação (ATD) colocando online uma grande parte do arquivo que, desde 2006, o seu Centro de Documentação tem vindo a gerir, organizar e ampliar.
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13.07.2021 | por Associação Tchiweka de Documentação
Poder declarar-me mulher negra, é fazer visível o laço invisível da minha ancestralidade, identidade legítima e que me aceita, esfera onde eu deixo de ser bastarda. Nela eu sou filha, sou humana, tenho voz e tenho o amor e a aceitação daqueles que se reconhecem em mim, por vezes nos meus cabelos crespos, por outras vezes na cor da minha pele, mas sempre nas nossas histórias de resistência e conquistas.
Mukanda
12.07.2021 | por Aline Djokic
Nos anos 30, com o slogan “Portugal não é um país pequeno”, o Estado Novo procurou cultivar um orgulho nacional derivado da dimensão do império colonial português. Contudo, nos anos 50, numa altura em que os impérios coloniais se encontravam em colapso pelo mundo inteiro, o regime viu-se obrigado a justificar a sua presença colonial em África. Nesse sentido, amplificou a narrativa do lusotropicalismo – um imaginário de Portugal como uma nação multirracial e pluricontinental, com uma capacidade inata para um tipo de colonização amigável e não-violenta, e uma atitude liberal relativamente a relações sexuais e casamentos interraciais. Silenciando a realidade do racismo e do colonialismo, a propaganda solidificou-se em livros de história, estátuas e monumentos, cimentando uma narrativa histórica profundamente alienada.
Mukanda
12.07.2021 | por Rui Braga
Uma visão mais alargada dos contornos dos acontecimentos do 27 de Maio, prestando especial atenção aos sentimentos dos que ficaram, em particular as mães. Com isso, não pretendemos de todo ignorar os restantes familiares, mas sim começar por onde a humanidade tem o seu início: no ventre materno.
As consequências destes acontecimentos foram de tal maneira nocivas, que pretendemos dar início a um longo processo de cura, humanizar a tragédia para mitigar a dor e buscar a paz interior.
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11.07.2021 | por vários
O livro "Estamos Aqui | Twina Vava | Nous Voici" é uma viagem pela cosmogonia kongo e o mote para o regresso da escritora Branca Clara das Neves ao "Mar de Letras".
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08.07.2021 | por Branca Clara das Neves
Quando a fome grassa no Rife, uma família parte para Tânger em busca de uma vida melhor. Nas noites passadas ao relento, nos becos da cidade, o pequeno Muhammad, orgulhoso e insolente, descobre a injustiça e a compaixão, a tirania da autoridade, a loucura labiríntica da miséria, o consolo das drogas, do sexo e do álcool. E é na prisão que um companheiro lhe desvenda as maravilhas da leitura, mudando para sempre a sua vida. Estreia do autor em Portugal, em tradução directa do árabe, 'Pão Seco' foi publicado originalmente em 1973, na tradução inglesa de Paul Bowles (For Bread Alone), quando os editores de língua árabe não estavam ainda preparados para o caos narrativo, a linguagem crua e a indisciplina gramatical que desafiavam a tradição e o «bom gosto». «Verdadeiro documento do desespero humano» (Tennessee Williams), obra de culto proibida até recentemente nos países árabes por tocar em tabus da sociedade magrebina, este avassalador romance autobiográfico consagrou o autor e continua a iluminar o caminho de várias gerações de renegados marroquinos. O BUALA pré-publica o primeiro capítulo de 'Pão Seco', publicado pela Antígona, em tradução direta do árabe pela mão de Hugo Maia.
Mukanda
07.07.2021 | por Muhammad Chukri