Com base em estudos de caso e debates, a Associação Cultural Mbenga, em conjunto com a Oficina de História (Moçambique), pretendem reintroduzir conceitos de "restituição" e "reparação" no contexto contemporâneo da nossa história. Observando como estes conceitos emergem hoje em dia na cultura literária e artística, bem como na nossa investigação jornalística e académica, será desenvolvido um conjunto de temas em diversos formatos, tais como webinars, exposições e filmes. Com o objectivo de depurar a importância destes conceitos para uma identidade pós-conflito em Moçambique.
Mukanda
02.06.2021 | por vários
A chegada da Família Real portuguesa ao Rio de Janeiro, em março de 1808, provocou um grande impacto na cidade, capital da então colônia de Portugal. O efeito pode ser notado em diversos aspectos, sobretudo no que se refere ao aumento populacional da região e à expansão da importação de indivíduos escravizados. Impactado pela inédita transferência de uma Corte europeia para um território colonial e pelo decreto de abertura dos portos brasileiros às nações amigas, o Rio sofreu modificações marcantes.
Mukanda
01.06.2021 | por João Victor Pires
A reflexão de Maturana trouxe-nos, entre outros, o conceito de autopoiésis (usado depois por tantos outros, entre eles G. Deleuze e A. Negri), para falar da autonomia dos sistemas vivos, que desenvolveu com o seu então estudante e colaborador, o neurobiólogo Francisco Varela; de acoplagem estrutural, para nos falar de relações entre sistemas autopoiéticos e o seu “nicho ecológico”. O seu trabalho contribuiu e contribui para quem age no campo da ecologia, da decolonialidade, da educação, da estrutura de organizações, biologia, entre outros. Vejo no reclamar da consciência do lugar da fala de cada um, o que ele dizia com frequência: “falo desde a…”, convidando-nos também a falar e a refletir a partir da legitimidade do lugar que ocupamos; não só a tomar como a ter consciência da nossa posição.
Cara a cara
31.05.2021 | por Liliana Coutinho
A Colômbia está há 34 dias nas ruas, em protesto fogo-vivo contra um sistema político, económico e social decadente. A repressão das forças policiais matou até hoje 43 pessoas. Centenas desapareceram, milhares foram presas arbitrariamente. A luta contra a desigualdade e a pobreza continua, em estado de alerta. Operários, camponeses, indígenas, estudantes e uma classe média cada vez mais vulnerável gritam lado a lado. Dia após dia, a Colômbia exige um novo rumo.
A ler
31.05.2021 | por Pedro Cardoso
Este tipo de elaboração é em grande parte viabilizada pelo trabalho desenvolvido no âmbito do projeto Vídeo nas Aldeias. A abrangência destas ações atua em vários sentidos: não só permite pensar o universo indígena através da sua auto-representação, como igualmente promove uma inversão do olhar que nos oferece a possibilidade de percebermos como, nós, brancos, somos vistos na perspetiva ameríndia. Coloca-nos ao espelho e mostra-nos o que muitas vezes evitamos ver.
Afroscreen
30.05.2021 | por Anabela Roque
"Nunca imaginei participar numa administração para mulheres, ou trabalhar numa posição administrativa ou política, ou em qualquer outro campo, para além de ser uma dona de casa. Para ser honesta, isto é como um sonho que eu nem sequer conseguia imaginar ter", diz Maryam Ibrahim, cinquenta e seis anos.
Corpo
30.05.2021 | por Margherita Orsini
Quando me falavam em genocídio, eu perguntava-lhes porque utilizavam essa palavra, já que não estavam a ser mortos. Uma senhora olhou para mim e perguntou-me se há pior morte do que estar vivo e não poder viver onde se quer. “Era melhor que nos dessem um tiro, porque aí não sofríamos tanto. As árvores onde eu ia fazer os meus ritos e as minhas orações estão lá. Os sítios onde enterrei as placentas quando os meus filhos nasceram ficaram ali. Os meus mortos, os meus ancestrais ficaram lá”, dizia-me.
Cara a cara
30.05.2021 | por Mariana Carneiro
Por uma simplicidade de categorização Fantasmas do Império é um filme pós-colonial mas ao testemunhar no presente o que foi um determinado passado e ao constatar que o presente está cheio desse passado, ele tem toda a força de um filme de luta anti-colonial, situado num mundo que nos é contemporâneo. Um mundo em que os vestígios do passado que permeiam o nosso presente sob a forma de fraturas, são objeto de um trabalho simbólico que começa a produzir novas formas híbridas e cosmopolitas de cultura próprias de um novo tempo pós-colonial, transnacional e pós-migratório.
A ler
30.05.2021 | por António Pinto Ribeiro e Margarida Calafate Ribeiro
A 8ª edição da Arquiteturas tem como objetivo refletir sobre a construção social do espaço conectado a um fio que circula dentro de suas próprias narrativas de dominação. Narrativas também sobre identidade que muitas vezes é retirada ou forçada a representar o nosso corpo. Contra algumas suposições atuais, vemos este paradigma perceptivo — um epítome da visão de nossos tempos — como fundamentalmente social, espacial e corporal.
A arquitetura trabalha com poderes administrativos, económicos, políticos e estruturais que controlam, segregam e colonizam, mapeando ativamente os territórios espaciais habitados pelos nossos corpos.
Vou lá visitar
30.05.2021 | por vários
Pois, para mim, entre portugueses e holandeses venha o diabo e escolha... E nós, muitas vezes, fizemos o papel de diabos para nos livrarmos ou de uns ou de outros... Mas para que estamos a falar mais uma vez nisto? É sempre a mesma coisa, parece que não estamos só presos na Fortaleza, mas nessa história que nos juntou e não se livra de nós, nunca, enquanto houver uma noite de ex-estátuas...
Mukanda
29.05.2021 | por Onofre dos Santos
Escrevo para tentar explicar melhor os estados de transição entre as coisas, as pessoas, as canções, os desejos, e distraio-me lembrando-me só de gentilezas. Creio que na vida, a felicidade vai e vem. Engendramos verdades absolutas para nós porque achamos que podemos confiar de repente em alguém, para brincar com as possibilidades, despreocupadamente, até que de repente nos apercebemos da fragilidade das coisas. Afinal o meu país não é meu, afinal o som da minha voz não diz nada sobre mim.
A ler
28.05.2021 | por Rita Brás
Numa época em que se fala, mais do que nunca, de muros a serem erguidos, de fronteiras
a serem reerguidas e de uma generalizada desconfiança do “outro” – o outro que somos nós, mas nascidos noutra circunstância –, é vital que o Imaterial se posicione também como plataforma de contactos entre os vários do mercado da música a nível planetário. Até porque também a pandemia de covid-19 veio lembrar-nos o quanto nos é essencial o pulsar da música ao vivo, assim como quão diferente e marcante é a experiência colectiva de nos reunirmos em torno de sons que vemos ganhar vida à nossa frente. A plataforma profissional associada ao Imaterial remete-nos também para uma das características notáveis do património imaterial – a faculdade de transportar uma identidade local e levá-la a correr mundo, apresentá-la num outro lugar, estabelecer diálogos e promover encontros entre povos.
Vou lá visitar
27.05.2021 | por vários
O Arquiteturas Film Festival vai levar até ao Cinema São Jorge, em Lisboa, uma seleção de onze filmes produzidos em Angola, o país convidado desta oitava edição do festival, que se realiza entre os dias 1 e 6 de junho.
Para além da programação cinematográfica, o café do Cinema São Jorge receberá um ciclo de debates intitulado “África Habitat”, bem como as instalações dos angolanos Lino Damião e Nelo Teixeira. Os cineteatros de Angola estarão também em destaque numa exposição organizada por Afonso Quintã, a partir de material do Cine-estúdio do Namibe, do arquiteto José Botelho Pereira.
Vou lá visitar
27.05.2021 | por Flávia Brito
Durante muitos anos, ouvimos histórias sobre o continente africano -as suas guerras, catástrofes, doenças e fomes- que se tornaram a única verdade sobre África. É importante sabermos que cada história tem dois lados, e nunca podemos ouvir apenas uma das versões.
Mukanda
25.05.2021 | por Neusa Sousa
E se a Nakba, a palavra que elucida a despossessão catastrófica por excelência, não é um evento do ano de 1948, mas uma condição constantemente reconstituída da vida palestiniana, então resguardar-se contra ainda outra Nakba passou a ser estrutural nesta história e entrelaçado com a própria vida palestiniana.
Vou lá visitar
25.05.2021 | por Samera Esmeir
Estava a escrever para o amigo branco, mas tirei um pouco de tempo para ti. Resolvi que era melhor começar por falar contigo, por estares aqui mais perto de mim. Mas antes amigo preto, peço que não faças veto a que eu comece pelo amigo panafricanista guineense. Não penses que é nacionalismo, é apenas comodismo, porque eu o conheço melhor e tenho com ele mais espaços de encontros em comum…
Hmmm, sabes que mais, mudei de ideias, acho que vou deixar o guineense para último, típico, tipo que é mais específico.
Mukanda
24.05.2021 | por Marinho de Pina
Corpos que se levantam diariamente às 4 da manhã; corpos invisíveis numa sociedade onde são a base da pirâmide; corpos que sofrem diariamente violência obstétrica por serem consideradas “não merecedoras” de um direito fundamental; corpos que deixam os seus filhos sem amparo todos os dias em busca do sustento; corpos sem direito a lazer devido a insuficiência económica; corpos que sofrem diariamente múltiplas opressões e agressões, corpos incapazes de cuidar da sua saúde mental, uma vez que é esperado deste corpo força, destreza e resiliência.
Mukanda
24.05.2021 | por Neusa Sousa
Como é que as mulheres olharam as lutas de libertação nas ex-colónias portuguesas? Como é que os seus olhares foram integrados ou não na imaginação do colonialismo? Houve um olhar específico das mulheres sobre a libertação do colonialismo português? Que saber e consciência temos de/sobre esses olhares? E como é que esses olhares se cruzam com os das realizadoras, artistas, curadoras e académicas que hoje questionam os arquivos, públicos e privados, interrogam e recriam visualmente as suas memórias e re-imaginam o colonialismo? Que acção é que a investigação académica, as políticas de conservação de arquivos, os gestos de programação e curadoria podem ter no questionamento ou, pelo contrário, no prolongamento das “políticas (oficiais) da memória”?
Afroscreen
22.05.2021 | por Ana Cristina Pereira (AKA Kitty Furtado), Inês Beleza Barreiros e Maria do Carmo Piçarra
Articula‑se em dois temas: Em Ecopensamento, parte‑se de estudos ecocríticos para promover o debate sobre novas possibilidades de interdependência entre os domínios natural, social e político. Em Especulações Botânicas, introduzem‑se questões que têm sido levantadas por artistas sobre a ciência que se dedica ao estudo das plantas, tais como a nomenclatura científica atribuída às espécies e o reconhecimento do saber empírico e popular do seu poder curativo.
Vou lá visitar
22.05.2021 | por vários
Para desgosto dos mestres-jardineiros da outrora capital do império, a “inconstância da alma indígena” foi e será a autodeterminação de quem se quer recusar a ser talhado pelo poder colonial-racista. Vale lembrar que os cravos de abril não teriam existido sem essa preciosa determinação.
A ler
22.05.2021 | por Bruno Sena Martins