Quando a arte é controlada apenas por um tipo de pessoa que pertence a um grupo que foi socializado a partir de uma cultura colonial, como a portuguesa, não é só difícil pensar nestas perguntas, como é quase impossível uma mudança estrutural. Seria preciso não só reinventar o modo de produção artística, como ainda destruir este modelo para criar um novo baseado numa nova ética, em que pessoas sem sobrenome importante podem participar com voz ativa dos circuitos que distribuem o poder. A arte é política.
Mukanda
21.11.2021 | por Rodrigo Ribeiro Saturnino (ROD)
A era digital e o desligamento do mundo, com o filósofo André Barata e o advogado Francisco Teixeira Mota.
Palcos
21.11.2021 | por vários
Para Fisher, o som de uma Londres mutilada a arrastar os pés à entrada do século XXI – como uma espécie de memória desbotada e perra de uma dança – ganha corpo nos álbuns de Burial e The Caretaker, nomeadamente Burial (2006) e Untrue (2007), do primeiro, e Selected Memories from the Haunted Ballroom (1999) e Theoretically Pure Anterograde Amnesia (2005), do segundo. Sem que possa examinar cada um destes álbuns e as diferenças entre eles, vale a pena, fazer o seu retrato a traço largo, enquanto exercícios sobre as nossas perturbações temporais.
Mukanda
20.11.2021 | por Miguel Cardoso
Acho que em geral, não só aqui, eu sinto que é muito mais mediático o tema da transgeneridade.
É muito mais conversado e ao mesmo tempo que sinto que é uma temática um pouco cansada, um pouco desgastada nas mesmas narrativas, e o meu trabalho aqui em Portugal e no Atlas da Boca é tentar renovar essas narrativas, é falar assim: nem todas as travesti, nem toda mulher trans vai se identificar pela dor, pelo problema com o corpo, pela não aceitação, pela disforia.
Cara a cara
19.11.2021 | por Alícia Gaspar
Eu me inicio a partir daquele lugar (Angola), mas tenho em mente que não me encerro naquele lugar. Sou angolano, sou africano, sou um homem, mas, mais do que isto, eu sou as somas de todos os lugares por onde eu passei, de todas as pessoas com quem me encontrei e que causaram alguma espécie de impacto na minha formação e na minha personalidade. Angola é importante para mim, mas não Angola no sentido de nação, no sentido de pátria, porque essa é uma construção e é uma construção que não foi iniciada por angolanos…
Cara a cara
19.11.2021 | por Doris Wieser
O Brasil vive um dos mais dramáticos períodos da sua História. Mergulhado num misto de negacionismo, política de ódio, destruição e retrocesso. A manifestação será realizada na Praça do Município, às 16h30, com apresentações artísticas.
Mukanda
19.11.2021 | por vários
Entre a música e a dança serve-se à noiva a refeição principal, à base de arroz, leite fermentado e óleo de palma. O tambor de água (ou tina) marca o ritmo do festejo, acompanhada pelo djembê, sikó, wafe e as canções tradicionais ligadas a esse ritual.
Afroscreen
16.11.2021 | por Otávio Raposo
Num regime de propriedade dominado por grandes latifúndios e num contexto sociodemográfico de abandono e de envelhecimento da população, as imagens recolhidas são expressivas de uma realidade mais profunda, enraizada na concentração do poder de decisão e no vazio sócio-ambiental criado pelo progressivo desvínculo da paisagem por parte daqueles que possuem um maior sentido de comunidade e de ligação à natureza envolvente.
Jogos Sem Fronteiras
16.11.2021 | por André Paxiuta
Procura-se então compreender como o cinema construiu políticas de representação definidores de modos de filmar a Luta que ocultaram mecanismos capazes de explicar a instabilidade política que, desde então, tem caracterizado o Estado guineense. É que se hoje o Estado guineense é rotulado de «falhado», não deixa de ser relevante que aquele que se estava a construir no decorrer da Luta seja a constante discursiva recorrente nas narrativas fílmicas. Torna-se então fundamental questionar o papel do Estado enquanto referencial político.
A ler
16.11.2021 | por Catarina Laranjeiro
"1000 anos de alegrias e tristezas" é o título do livro de memórias do artista chinês Ai Weiwei (艾未未). Digo artista mas podia também dizer ativista. Digo chinês mas poderia também dizer cidadão do mundo, ou inconformado ou até mesmo cidadão do mundo inconformado. Ai Weiwei fala-nos do passado mas parece estar sempre a explicar o presente. Como se para se entender uma flor, tivéssemos que começar pelo seu caule e depois seguir atentamente cada pétala. E não basta entender a flor, mas saber onde se posiciona: se é um girassol num cartaz de propaganda maoista ou se é uma orquídea colhida naquele dia e colocada por cima das câmaras de vigilância de Caochangdi, perto da morada de Ai Weiwei em Pequim. A memória, essa corda que se pode agarrar e avançar ou voltar para dias que ficaram no passado.
Vou lá visitar
15.11.2021 | por Sara F. Costa
Yvone Kane não é uma encenação do fim da ideologia, mas sim o registo da derrota de uma certa ideologia, que considerava a emancipação como uma possibilidade real, em conjunto com uma noção já há muito necessária e inclusiva, de pertença. É sobre o fim dessa utopia em particular que Yvone Kane faz o seu luto e manifesta a sua melancolia que nunca deve ser confundida com qualquer forma de nostalgia que, aliás, rejeita categoricamente.
A ler
15.11.2021 | por Paulo de Medeiros
Estou cansada de ver pessoas enaltecendo coisas que considero afetadas e pouco conscientes do mundo além-fronteira, ao mesmo tempo que assisto a pessoas talentosas e humildes serem maltratadas. Vejo o poder, em todas as suas formas de arrogância, em vez da potência, na sua forma de liberdade. Ando cansada dos egos dos artistas e sobretudo do meu, e a única coisa que me apetece é aquilo que ainda não sei fazer… cozinhar, plantar. Tratar de animais. Ver crescer coisas, tentar amar como deve ser.
A ler
12.11.2021 | por Rita Brás
Querendo pensar de modo global, afasto a minha lupa como uma criança que, simplificando a visão do mundo, nos transporta para as questões essenciais que, por vezes, deixamos de ter presentes. O mundo depende em larga medida da eventualidade de um confronto ou da possibilidade da manutenção da paz. Paz! Esta palavra! Pouco em voga depois de Schopenhauer que tanto fez para glamorizar o pessimismo, a inevitabilidade do conflito. A paz pessimista, agregada à teoria realista das Relações Internacionais, é a paz episódica. A paz que só é paz para o vencedor. A paz que é neste sentido uma expressão de poder. Os realistas, desde Tucídides, aperceberam-se do perigo que representam estados em rápido crescimento económico em momento de declínio de estados protagonistas, onde um estado aspira ao status de hegemónico e outro pretende mantê-lo. A própria obtenção de prestígio durante as maiores guerras esteve sempre relacionada com destrutivos conflitos armados.
Jogos Sem Fronteiras
11.11.2021 | por Sara F. Costa
Enquanto estivemos juntos, no final da tarde, sentávamo-nos na sala, ela costurava minhas camisas ou tricotava e eu lia os textos dos apóstolos; às vezes, ela me pedia para tocar as músicas que mamãe gostava de ouvir. Eu, até, tentava me aproximar daquele piano, mas era como tocar as mãos de meu pai, não conseguia.
A ler
11.11.2021 | por Carlos Alberto Alves
Gueto é a tradução de um bairro entre “guerra” e “paz”. Para aqueles que lá vivem, recusa-se o rótulo de “piores” e reivindica-se o direito à cidade. Das “assadas” ao “amor”, novos sentidos são dados a esses territórios de “memórias” que não querem estar reféns da segregação urbana.
Afroscreen
10.11.2021 | por Otávio Raposo
A história da detenção e condenação de Danijoy, bem como da sua misteriosa morte não fogem à regra da desproporção das medidas de coação e da violência contra jovens negros no sistema judicial e prisional português.
Mukanda
09.11.2021 | por vários
Este é um início, uma aproximação. Um arranque que abre vários caminhos para o Anozero’21-22. Aqui, são apresentadas algumas das bases que sustentam a proposta para a Bienal. Apresentadas, conversadas e discutidas, porque estes são alguns dos seus princípios-fundadores: a discussão, a abertura, a participação.
A Meia-Noite chega com uma exposição-conversa.
Palcos
09.11.2021 | por Elfi Turpin e Filipa Oliveira
Repito, amigo, A NOSSA EXISTÊNCIA NÃO É MERA RESISTÊNCIA, NÃO É MERA SOBREVIVÊNCIA. É vida e alegria e confusão e harmonia e choros e risos e festas e amigos e bestas e esgares e pesares e desaires. Portanto, pelamordideus, amigo, para de fazer os teus artigos… científicos… a chamar de resistência à nossa forma de existência
Mukanda
05.11.2021 | por Marinho de Pina
“Hoje em dia o meu bairro é um local turístico. Antigamente era um local problemático, um local que ninguém queria pisar”, diz Yuri G entre freestyles de rap. Mas a beleza da street art, continua ele, não pode servir de ornamento para disfarçar as condições degradadas que permanecem no bairro.
Afroscreen
03.11.2021 | por Otávio Raposo
Os álbuns que, apesar de nem sempre terem uma curadoria pensada, acabam também por refletir a natureza do colonialismo que coloca um forte investimento no nível afetivo. Naqueles álbuns, o racismo acaba por ser exposto com afeto, carinho, amor até. E parece ser tratado como um membro da família que não se quer esquecer, tal como uma “mulher da Guiné” na moldura.
A ler
02.11.2021 | por Carla Fernandes