Taíla Carrilho e Nália Agostinho exibem “Sinergia de Emoções” no Espaço Espelho D’Água
Dia 26 de fevereiro o Espaço Espelho D’Água inaugura a exposição “Sinergia de Emoções”, de Nália Agostinho e Taíla Carrilho, artistas plásticas e ativistas moçambicanas baseadas em Maputo.
É a primeira vez que as duas expõem juntas e também é a primeira vez em Portugal. Estão presentes nas obras as questões de género, discriminação, inclusão e exclusão social das mulheres em Moçambique e no continente africano como um todo, em um ambiente com transformação sociocultural acelerada, onde existe um processo de desvalorização e desqualificação da mulher em todos sectores. Faz ainda parte do interesse criativo das artistas temas relacionados com o isolamento e a emoção afetada pelas questões da crise atual.
São 20 obras – uma série de pinturas, desenhos e ilustrações com o uso de acrílico, pastel de óleo, carvão e tinta de óleo, tinta da China e aquarelas sobre a tela e papel. Para além dos pormenores indicados, elas usam a literatura em momentos de pausa para complementar o seu processo criativo, recorrendo, neste caso, à poesia e à prosa.
A exposição é resultado de um grande mergulho interno para a autoanálise fundamental, que comprova a necessidade de aprender a lidar com as mudanças, as perdas e os ciclos. Pela herança africana, Taíla e Nália percebem a morte como uma das poucas certezas da vida. De acordo com suas crenças, a morte não significa um ponto final e sim uma mudança de estado, deixando de lado o corpo físico para dar lugar a outra forma de estar no espaço. E isto se aplica no sentido literal e figurado. Não existe um fim, existe uma transformação.
É o que se vê em uma das obras de Nália, “Nobreza da Alma” – uma mulher em movimento, braços esticados ao ar em busca de um futuro, cheia de energia positiva, mas presa nos traços do passado. A obra reflete melhor a realidade corrente de Moçambique sobre a agonia e a passagem do tempo. Enquanto isso, um quadro de Taíla mostra uma mulher mergulhada no meio de um abismo colorido, cheia de angústia, mas também de esperança. Tudo à sua volta parece não fazer sentido, mas por baixo da tela nota-se uma diversidade de escolhas.
A exposição pode ser visitada até o dia 20 de março.
Sobre Taíla Carrilho
Nasceu em Maputo, em 1984, e é licenciada em Design Gráfico pela Cape Peninsula University of Technology, Cape Town. Vinda de uma família de artistas, cedo desenvolveu, naturalmente, o gosto por desenhar, pintar e cantar. Mais tarde veio a paixão por escrever poesia e, recentemente, por declamar. É co-fundadora da RUUM, desde novembro de 2013, uma galeria criativa de objectos de design, feitos à mão, com recurso a materiais locais. A concepção destes objectos surge da necessidade de criar peças artísticas à sua imagem e com o seu DNA.As peças, os objectos e as intervenções em que se envolve combinam características lúdicas, utilitárias e inovadoras.
Valores com os quais tenta buscar a exclusividade no trabalho que faz, um trabalho impregnado do lugar e do tempo em que está. Um trabalho feito em Moçambique com os materiais e as sugestões encontradas à sua volta.
Em 2018 fundou a CONFORME com a ajuda de amigos e familiares. Uma plataforma que tem o objectivo a consciencialização e educação sobre Anemia Falciforme em Moçambique.
Sobre Nália Agostinho
Nasceu em Maputo, em 1990. As raízes da sua infância estão na Polana e no Chamanculo, bairros da Capital de Moçambique, repleto de texturas cruas, padrões, cheiros e o jeito caótico de ser. Seu amor pela arte começou durante sua infância, incentivada por seu falecido pai, que era um amante das artes e da música.
Se formou em Ciências Políticas em Trento, Itália, onde viveu, estudou e trabalhou por quase uma década. Frequentou a Escola Nacional de Música, onde completou a sua formação com uma certificação em Dezembro de 2006. Em 2018 decidiu começar a pintar profissionalmente, como uma necessidade de expressão do seu verdadeiro eu.
Suas visões sobre a Pintura baseiam-se em uma percepção de osmose da vida, onde tudo o que ser humano tende a ser e expressar é fortemente movido entre as expectativas internas e externas, os cenários micro e macro, os pólos positivos e negativos.
Sobre o Espaço Espelho d’Água
O Espaço Espelho D’Água resulta de um concurso público organizado em 2012 pela Associação de Turismo de Lisboa – ATL para a exploração de parte de um edifício localizado na emblemática zona de Belém, em frente ao rio Tejo. O espaço compõe uma área de 1.200 m2 e foi inicialmente construído em 1940 durante a Exposição do Mundo Português.
O mote do projeto é o de que neste local, onde há cinco séculos os portugueses partiram para o mundo, seja agora uma plataforma de conexões culturais onde se traga as culturas contemporâneas das diferentes regiões por onde os portugueses andaram nessa aventura durante as grandes navegações.
Desta forma criou-se um espaço onde há atividades de gastronomia, exposição de arte e design, música, cinema e vídeo, entre outras formas de divulgação cultural. Tendo presente todo enquadramento histórico do local, e o que ele representa na atual conjuntura mundial, visa criar um ambiente artístico e cultural que reflita sobre a relação dos portugueses com o mundo e do mundo com os portugueses.
Apresentar neste local as mais variadas formas de expressão cultural contemporânea dos países que se relacionam historicamente com Portugal é a principal premissa do projeto que esteve na base da criação do Espaço Espelho D’Água.
SERVIÇO: Sinergia de Emoções
Local: Espaço Espelho D’Água
Endereço: Av Brasília, Edifício Espelho D’Água (ao lado do Padrão dos Descobrimentos) Inauguração: 26 de fevereiro, às 17h
Horário de visitação: diariamente, das 11h à 0h
Período: 26 de fevereiro a 20 de março de 2022
Entrada gratuita