The residency on the theme of social engagement is tailor-made for each invited personality and is conceived as an opportunity to showcase their work and commitment to the largest possible audience. For this first edition, Filipa César and her collaborator Marinho de Pina have been invited to share their cinematographic work in the field, which manifested in the creation of a media library for film and literature that they co-founded with the filmmaker Sana na N’Hada, in the village of Malafo, Guinea Bissau. It is a community run platform for sharing mundializing and traditional knowledges through practices in the fields of performing arts, archival practices, agroecology, moving image and digital media.
Filipa César is an artist and filmmaker interested in the porous relationship between the moving image and its reception by the public, the fictional aspects of documentary, and the politics and poetics inherent in the production of moving images. A large part of her films focus on the specters of resistance within the geopolitical history of Portugal. Through the creation of performative spaces, she proposes a subjective approach to knowledge and questions the mechanisms of production of the great national narratives as well as the erasure of events and gestures of minorities.
Since 2011, she has made several films that take as their matrix the first hours of the cinema of struggle and liberation in Guinea-Bissau, like fragments of a lost heritage whose potential she seeks to reanimate through a collective research, Luta ca caba inda (The struggle is not yet over). In 2017, Spell Reel, her first feature film that traces this adventure, had its world premiere at the Berlinale (Forum) and then showed in festivals and museums around the world, where it received numerous awards.
César has also shown her work regularly in contemporary art venues such as SAAVY (Berlin), Khiasma (Paris), Tensta konsthall, e-flux, Mumok, MoMA, Harvard Museum of Cinema. She was granted the AFIELD fellowship for art and social engagement in support of the project Mediateca Onshore.
Marinho Pina is currently pursuing a PhD at the University Institute of Lisbon (ISCTE-IUL), focusing on city planning in Bissau, the capital of Guinea-Bissau. He researches Guinea-Bissauan architecture and has a masterʼs degree in vernacular architecture and clay building. He is also a performing artist and a writer. Since 2016 he has been working in the public management of AJASS, a social organization in Sonaco, which aims to improve the quality of local education, to fight against female genital mutilation and HIV/AIDS, and against ecological destruction such as deforestation. Marinho de Pina is part of the collective developing the space Abotcha – Mediateca Onshore in Guinea Bissau, and has been collaborating in the New Alphabet research project at HKW, Berlin.
The Delegation in France is the European branch of the Calouste Gulbenkian Foundation, a Portuguese foundation for all mankind, dedicated to promote human knowledge and improving the quality of life of people through arts, science and education. Established by the will of Calouste Sarkis Gulbenkian, the Foundation has a perpetual character and develops its activities from its headquarters in Lisbon and its delegations in Paris and London. In France, its activities include the co-production of exhibitions, an annual project call for French art institutions to present Portuguese visual artists in their programming, a call for artists engaged in collaborative practices, the organisation of meetings and debates throughout the year, partnerships with civil society organisations, and the provision of an important Portuguese language library.
KADIST believes contemporary artists make an important contribution to a progressive society, their work often addressing key issues of our time. KADIST, a non-profit organization dedicated to exhibiting the work of artists represented in its collection, encourages this engagement and affirms contemporary art’s relevance within social discourse. KADIST’s local hubs in Paris and San Francisco present exhibitions and events, and organize residencies and educational initiatives, as well as producing projects online and via social media. Concurrently, KADIST is actively establishing networks across five areas—North America, Europe, Middle East & Africa, Asia and Latin America—inviting new artists into the collection and initiating collaborative programs, especially exhibitions with museums of each region. Together, they aim at facilitating new connections across cultures and creating vibrant conversations about contemporary art and ideas.
Dois anos depois do lançamento do livro O Brasil Contemporâneo e a Democracia (Outro Modo, 2020), o Coletivo Andorinha – Frente Democrática Brasileira de Lisboa e a Livros Outro Modo promovem um encontro para reflexão e ação sobre a atual encruzilhada brasileira. No próximo dia 26/10, às 18h30, na Fundação José Saramago (Lisboa) será realizado o ato-debate Brasil: que futuros em disputa?, onde reúnem-se pensadores brasileiros e portugueses num alerta sobre as implicações da atual conjuntura.
Convidados já confirmados: João Pedro Stédile, Adelaide Gonçalves, Chico Diaz, Ana Chã, Susana Matos Viegas, Carlos Latuff, Ladislau Dowbor, Graziella Moretto, Pedro Cardoso, Fernando Walcacer, Isabel Araújo Branco, João Luís Lisboa, Danilo Moreira, Mabel Cavalcante, Pedro Cardim, Adriano Karipuna. Com inserções de Guilherme Boulos e mediação de Carlos Alberto Jr.
Ato-debate na Fundação José Saramago, presencial e online.
“Brasil, que futuros em disputa?”
Por Ariadne Araújo
No passado, nas aldeias grandes e pequenas desse mundo, um sino de bronze acordava o povo para acudir às catástrofes – as cheias dos leitos dos rios, os incêndios que se propagavam rapidamente, os desabamentos e derrocadas de pedras, os perigos vindos das mãos dos homens. Hoje já não tocam mais. Ou, pelo menos, não por isso. Os tempos são outros. Os perigos são outros. Os sinos também são outros. Os sinos de hoje, no dizer do escritor português José Saramago (1922-2010), Prêmio Nobel de Literatura, não repicam o badalo no bronze frio, mas, sim, em vozes – milhares delas, cada vez mais fortes. Vozes que ressoam alertas atuais e convocam o povo para novas urgências. Estes sinos contemporâneos são “os múltiplos movimentos de resistência e ação social, que pugnam pelo (re)estabelecimento de uma nova justiça”.
Sendo assim, às vésperas do segundo turno no Brasil, um repique de sinos-vozes vai ecoar na próxima quarta-feira, na Casa dos Bicos, ali na Rua dos Bacalhoeiros, bem no boliço do centro de Lisboa, onde hoje funciona a Fundação José Saramago. Em umas das salas desta velha casa, contruída no século 16, as vozes deste novo sino vão levar aos portugueses e aos brasileiros uma pergunta crucial para os tempos em que vivemos: “Brasil, que futuros em disputa?”. Sentado na primeira fila de bancos, haverá de estar o espírito desencarnado de Saramago, também homenageado por esse ato-debate, por sua obra e pensamento crítico. Nas narrativas e personagens de seus livros – de lembrança, os alentejanos Mau-Tempo e sua mulher Sara da Conceição -, a denúncia da exploração, do desemprego e da pobreza extrema dos trabalhadores rurais, em Portugal. Não teria o Brasil de agora e suas vidas severinas também um tantinho do Alentejo, do Levantado do Chão?
O escritor, que nunca aceitou a resignação, é “bússola” para estas vozes que, pela persistência e determinação, hão de “acordar o mundo adormecido” ou pelo menos transformar-lhes os sonhos. Como “pontes sonoras sobre rios e mares”, gritando que a atual encruzilhada brasileira não é um problema só nosso. Longe disso. Pois, o resultado das urnas no Brasil terá impacto planetário. Já que estão em jogo importantes questões ambientais com a situação do desmatamento da floresta Amazônica - aumentou assustadoramente desde que o presidente Jair Bolsonaro iniciou seu mandato -, e vem batendo recordes a cada novo mês.
O enfraquecimento das políticas de proteção ambiental, a defesa de implantação de mineradoras e alargamento de áreas destinadas à agricultura em zonas de floresta são, portanto, de interesse de todos. Por outro lado, uma coisa está ligada à outra, há a ameaça ao sistema democrático brasileiro. Problema que puxa o debate sobre a fragilização da democracia no mundo - minada por “estratégias de domínio”, nas palavras de Saramago. Interesses que “nada têm a ver com o bem comum a que, por definição, a democracia aspira”. Ou será que, como deixou proposto no prefácio do livro Terra, de Sebastião Salgado, teremos um dia de retirar o Cristo Redentor e, “no lugar dele, colocar quatro enormes painéis virados às quatro direções do Brasil e do mundo, e todos, em grandes letras, dizendo o mesmo: UM DIREITO QUE SE RESPEITE, UMA JUSTIÇA QUE SE CUMPRA”. Talvez.
Se Saramago será o sineiro desta reflexão, os sinos terão mistos sotaques, do Brasil e de Portugal, reunindo artistas, historiadores, antropólogos, economistas e pensadores da conjuntura brasileira. Porque, afinal, como nos lembram os escritos do dono da casa, votar só não basta. Temos de abrir os olhos, os ouvidos e a voz diante do poder econômico e financeiro mundial, a “real força que governa o mundo – e, portanto, o seu país e a sua pessoa”. E que, pela mesma via, transforma governos em meros “comissários políticos”. A Amazônia que o diga. Contra estas forças, que nos enrolam de propagandas e “açúcares”, temos o dever de multiplicar os sinos e as badaladas, que elas cheguem o mais longe possível. “Para que uma justiça pedestre, `companheira e quotidiana dos homens´, não seja declarada defunta”. E não tenhamos de pranteá-la, lamentando não ter acudido a tempo a catástrofe desta morte anunciada.
O Ato-debate “Brasil, que futuros em disputa?”, é uma iniciativa do Coletivo Andorinha e editora Livros Outro Modo, com apoio da Fundação José Saramago.
O debate terá transmissão ao vivo pela Internet (14:30h em Brasília; 18h30 em Lisboa), através do canal da Frente Internacional Brasileira contra o golpe e pela democracia (Fibra), com o link https://youtu.be/5y_E5odSKoU
“De Lândana ao Virei” inaugura no dia 28 de outubro. Será a última de cinco exposições apresentadas no âmbito das celebrações finais do Espaço.
O artista Angolano Lino Damião inaugura “De Lândana Ao Virei”, no dia 28 de outubro. Esta exposição conta com a curadoria de Lourdes Féria. Depois de ter já participado em diversas exposições individuais e coletivas, dentro e fora de Portugal, e com uma obra representada em várias coleções e dispersa por vários continentes, o artista mostra-nos agora o seu trabalho mais recente. Quanto ao Espaço Espelho D’Água esta será a última exposição que apresenta, chegando ao fim a 5 de novembro.
Lino Damião tem já uma relação de longa data com o Espaço. Aqui, participou em duas exposições coletivas: “Comuting: Os das Bandas”, 2016 e “Lelu Kizua”, 2020, esta última com curadoria de João Silvério e Inês Valle. Apresenta agora “De Lândana Ao Virei”, a sua primeira exposição individual neste local.
Ao visitar esta exposição, entre os dias 28 de outubro e 5 de novembro, poderá observar várias obras do artista, todas dedicadas à pintura abstrata. Para a curadora Lourdes Féria, a exposição distingue-se pelas “desinibidas pinceladas de cor lançadas na superfície dos quadros que sugerem geografias, rapsódias musicais, horizontes abertos, padrões de pensamento, evocando ao mesmo tempo o poder perturbante do silêncio nas paisagens vazias de figuras. Nesta itinerância mental funde-se o real com o imaginário.”
Luandense de nascimento, Lino Damião inspira-se nas memórias ganhas em viagens dispersas que fez entre 2009 e 2017, compondo um mosaico de estadias diversas entre Lândana e Virei, extremos geográficos do seu vasto pais de origem. Apresenta-nos aqui o seu modo muito característico de trabalho, baseando a pintura não apenas nas suas experiências pessoais, mas também no dia-a-dia dos outros. O seu percurso é feito de cruzamentos, entre tintas, telas, pincéis, exposições e concertos de jazz.
Depois de ter feito a programação de música e DJ sets do Jardim de Verão da Fundação Calouste Gulbenkian conquistando uma extraordinária adesão de público, o projeto LISBOA CRIOLA lança, em Novembro, um grande festival de encerramento de 2022: a FESTA CRIOLA.
A FESTA CRIOLA acontece de 2 a 5 de Novembro com inúmeros eventos no Castelo de São Jorge, em Marvila, no Rato e no Hub Criativo do Beato. O festival conta com apoio da Câmara Municipal de Lisboa, é de entrada livre e a participação nos eventos é gratuita (exceto os de comida e em restaurantes).
Créditos - Lisboa Criola
Estão programadas iniciativas de Música, Gastronomia, Literatura, Artes Visuais e Dança. Inspiradas no conceito “Criolo”, estas 5 áreas foram pensadas com o apoio de curadoras/es com diversos backgrounds culturais que ajudaram a programar as experiências mais entusiasmantes: Blaya na programação de Dança, DJ Ary Rafeiro na Música, Inês Matos Andrade na Gastronomia, Nash Does Work nas Artes Visuais e Gisela Casimiro na Literatura.
O evento arranca no Castelo de São Jorge com leitura de poemas por Alice Neto de Sousa e Leo Middea Trio no Largo da Achada, passa por aulas de dancehall em Marvila, oficinas de literatura infantil, conversas com Gisela Casimiro e Nuna, flash tattoos, o forró vibrante de DJ Swingueiro e muito mais. Na gastronomia, a crioulagem lisboeta viaja pelos sabores de Cabo Verde, pelos sorvetes da múcua de Angola, pela comida do Médio Oriente e de outros lugares. A FESTA CRIOLA termina no Hub Criativo do Beato com uma grande noite ao som de DJ Berlok e da DJ Umafricana.
Dino d’Santiago, diretor artístico da LISBOA CRIOLA partilha:
“A missão da LISBOA CRIOLA é aproximar, celebrar e amplificar a mistura cultural que compõe a cidade de Lisboa. Com esta grande FESTA CRIOLA, em Novembro, queremos que se transpire crioulidade a partir de diversos lugares da capital e através do cruzamento de disciplinas. E, acima de tudo, que as pessoas celebrem e sintam que são a cidade.”
O programa da FESTA CRIOLA fica disponível nas redes sociais e no website do projeto.
A FESTA CRIOLA é um evento da LISBOA CRIOLA. A LISBOA CRIOLA é um projeto cultural, criativo, transversal e participativo, lançado em 2021, cujos objetivos passam pela criação de uma cidade mais inclusiva, igualitária e representativa. Conta com o apoio e co-organização da Câmara Municipal de Lisboa.
Avez-vous déjà vu des représentations de la Vierge enceinte ? Des statues de Marie dans l’attente de Jésus, la main posée sur son ventre rond et proéminent ? Elles ont existé. Elles ont, pour la plupart, disparu.
Entre le XIIIe siècle et la fin du XVIe siècle, les sculptures de la Vierge enceinte jouissent d’une ferveur populaire, en France, en Espagne, au Portugal. Les femmes confient espoirs et angoisses à Celle qui partage leur sort.
Cependant, sensibles aux critiques des Protestants, les membres du Concile de Trente, exigent, en 1563, la mise à l’écart de ces images jugées « irregardables ». Tout comme les Vierges parturientes alitées et les représentations de Marie allaitant son enfant. En conséquence, les sculptures des Vierges de l’Attente sont retirées des églises. Détruites, emmurées, cachées, volées ? On l’ignore. Aujourd’hui, peu de ces figurations d’une Vierge « trop humaine » subsistent. Il faut les chercher.
La mission est confiée à Jean-Yves Loude, écrivain, ethnologue, et Viviane Lièvre, ethnologue, photographe, connus pour leurs enquêtes policières sur les conséquences de la traite négrière ou sur les mémoires assassinées dans la coulisse de l’Histoire. Très vite, le couple d’investigateurs associe ces disparitions à la logique d’un discours d’exclusion élaboré par des hommes religieux aux dépens de la moitié de l’humanité. Ils décident d’enquêter le long d’un chemin vers Saint-Jacques de Compostelle qui ne suivra aucune balise officielle. Leur itinéraire prévoit 14 stations, toutes dédiées à des représentations de la Vierge enceinte : entre Le Puy-en-Velay et Santiago, en passant par des cathédrales, des couvents, des chapelles discrètes, des musées, des villages retirés, dans le sud de la France, puis en Alentejo, Ribatejo, au centre et au nord du Portugal, dans le Douro, le Minho, le Trás-os-Montes, pour finir en Galice.
In the scope of FCT funded project “Constellations of Memory: a multidirectional study of postcolonial migration and remembering” (PTDC/SOC-ANT/4292/2021)
The ghosts of empire have returned to haunt our present times. Curiously, more than half a century after formal decolonization peaked (1945-1975), civil society movements proclaim, and put into practice, a turn towards ‘decolonial’ politics. Governments, museums, and cultural institutions are increasingly forced to engage with colonial legacies—not least their own. Institutional heritage practices are being revised globally, responding to activist and cultural debates, and opening up to previously marginalized voices and difficult histories. Urban protest movements rattle post-imperial commemorative landscapes - and face the backlash of those who criticize them as drivers of a new “cancel culture”. This new visibility of imperial histories and their contested legacies is a worldwide phenomenon. Across its different locations, it is marked by two commonalities: the prominent role played by migrant groups and their descendants, and the effects of planetary urbanization. Cities are economic and cultural hubs and nodal points of regional and transnational migration paths. They also provide the stages on which collective imaginaries are negotiated, contested, and continuously reinvented. It is here that the struggles over memory, identity and place unfold, intensify, and draw public attention.
Luanda, foto de Marta Lança
Against this backdrop, we are seeking contributions for an edited volume to be submitted to the Routledge series “Memory Studies: Global Constellations”. Our volume aims to analyze the triangular relationship between postcolonial memories, migrations, and urban space-making in the last twenty-five years or so. It does so through an exploration of Portuguese- or Portuguese-Creole-speaking cities across the world. In São Paulo and Rio de Janeiro, Afro-Brazilian and Indigenous community associations commemorate histories of resistance to colonization, slavery, and land exploitation as they face a neo-colonial agenda of the Bolsonaro regime. In Lisbon, postcolonial memories are gaining access to central cultural spaces while Afro-Portuguese advocacy groups intervene in the city’s post-imperial memory landscape. In Benguela, the presence of Portuguese migrants seeking employment in the booming economy of Portugal’s erstwhile colony of Angola produces an unusual postcolonial encounter. In Cape Verde, a social movement of artists, scholars and student activists is campaigning to decolonize the education system; in 2021, its members delivered a petition with 2,000 signatures to the National Assembly to remove “pro-slavery and colonial monuments in Cape Verde”.
The choice to analyze the global post-imperial dynamics since the 2000s through a focus on Lusophone cities follows from two general ideas. First, there is good reason to empirically probe the assumption that Portuguese-speaking urban demographics are connected in specific ways across regions, nations, and continents. These connections, we presume, result from a) these demographics’ use of Portuguese-language and Creole news outlets, social media, music, literature, and performing arts; b) the effects of intercontinental migrations and the transnational social relations they create; and c) the weight of (post-)imperial histories that various groups in these cities inherited. These are histories that shape their daily realities, but that they are also conscious of—and seek to critically engage with—in order to mobilize for their goals or to build their identities around. Second, choosing Lusophone cities offers a valuable contribution and corrective to current academic debates. It has become a sad truism that the study of both (post-)imperial histories and memories suffers from a constant recentering of the experiences and afterlives connected to the “major” French and British empires. By contrast, the histories and legacies of “minor” empires like those of Italy, Spain, Belgium, or Portugal continue to be marginalized. Even less work analyzes the dialogue between Western cities and cities of the Global South, not to mention the South-South connections among the latter, to explore the multivocality of and entanglements between their respective decolonial projects and postcolonial cultures. Building on a host of recent efforts in various disciplines, this edited volume contributes to a redressing of this imbalance. It does so not by centering the former imperial metropole, Portugal and its capital Lisbon, but by building on the critical notion of a decentered Lusotopy (Cahen/dos Santos 2018) – that is, an empirical field of constellations, dependencies, and mobilities that exists within and between spaces, countries and communities impacted by Portuguese colonization and history.
Exploring the social and cultural geographies of urban migration and memory in the post-colonial age that has now become a decolonial one as well, this volume seeks to stimulate a transnational conversation between scholars, activists, and cultural practitioners. Its chronology focuses on the period since the turn of the millennium until the present day, but it is obviously open to contextualization and genealogies that reach further back in time. While we strongly encourage all contributors to bring a historical sensibility to their topics, we welcome scholars from urban studies, memory studies, and migration studies whose approaches are rooted in history, anthropology, sociology, geography, literary studies, political science, or any other relevant discipline.
As long as contributors address the triangular relationship of Lusophone urban spaces, migrations, and memories after empire, we are open to all suggestions of topics. An incomplete list includes:
Materialities – Visual culture and museums; cultural production; statues and toponomy; (post-)colonial urban planning, population control, and urban segregation.
Heritage – Official memory policies and resistances; commemoration practices; decolonial academic and social movements and how they fight for the use and representation of/in the city space; transcultural interactions, transnational dynamics and dissonant interpretations in Lusophone/Creole urban spaces.
Subjectivities – Migratory or subalternized collective (post-)memories; how migrants imagine and use the city; (racialized) exclusions, strategic appropriations, negotiations; memories and lifeworlds; the practice of space.
Rights – (post)colonial migrations, labor relations and citizenship inclusions and exclusions; memorial activism and the struggles for citizenship legalization and civil rights.
Accordingly, some overarching questions that will be pertinent to most contributions, irrespective of the case study presented and the approach chosen, are:
How does the imperial past materialize in different ways in urban settings where Portuguese or Luso-Creole languages are spoken or that have a history of Portuguese colonization? In which ways do public memories of empire and colonialism reciprocate, cross-fertilize, or antagonize in these cities? How have they been mobilized as a political category?
How has the lived experience of colonial history shaped the lifeworlds, identities and memories of different post-colonial populations? How are their conflicting colonial stories performed, strategically appropriated, or contested in shared spaces of everyday life and become transmitted across generations? Are they agents of post-colonial memory transfer across transnational spaces and the former imperial world?
How do legacies of colonialism continue to shape models of exclusion or inferior citizenship with regard to migrants, diasporic communities, and racialized minority groups? How do these legacies operate through paradigms of urban segregation inherited from colonial times? What is the role of memorial activism in the struggles for an inclusive citizenship and for civil rights?
We initially seek abstracts of 450-550 words from potential contributors, along with a short bio (including institutional affiliation if any) of no more than 250 words (in one Word document). We aim to incorporate ten book chapters in the volume. Once authors are informed whether their proposed chapters will be included (first in the book proposal to be sent to Routledge, and then in the collection if it is accepted by the publisher) they will be required to submit their full chapters by January 15, 2024. After receiving feedback from both the editors and anonymous reviewers, they will revise their texts and send their finalized chapters according to the provisional timeline below. Draft chapters and final chapters are expected to be 7000-10,000 words in length, including footnotes.
Abstracts and short bios should be sent to all three editors of the collection, i.e., Christoph Kalter, Jonas Prinzleve, and Elsa Peralta, by January 15, 2023. Our emails are:
Any queries about the edited volume or this call for contributions should also be sent to these three email addresses. The projected volume is part of the FCT-funded research project “Constellations of Memory: a multidirectional study of postcolonial migration and remembering” (PTDC/SOC-ANT/4292/2021), led by Elsa Peralta at the FLUL (Faculty of Humanities at the University of Lisbon).
Timeline:
Undertaking
Due date
We send out a “Call for chapters” to potential contributors and publish it online
October 20, 2022
Potential contributors submit a title, an abstract (of 350-500 words, not counting references), and a short bio (no more than 250 words)
January 15, 2023
We notify contributors of acceptance or rejection of their abstract
March 15, 2023
We submit a full book proposal to Routledge
May 15, 2023
We notify contributors about acceptance of full book proposal and invite authors to submit full chapters
O Angola AIR é um Projecto de Residência Artísticas para artistas não-angolanos, aproveitando uma experiência de produção e galerista acumulada em Angola de mais de 13 anos. A ideia tem sido convidar artistas renomados internacionais cujas reflexões e narrativas possam ser influenciadas de forma positiva e inovadora com pesquisa teórica e empírica em Luanda. O 14º residente do Angola AIR é Marcelo Brodsky. Argentino de família russa judia, Marcelo Brodsky nasceu em 1954 em Buenos Aires, onde vive até hoje. Artista e ativista político, Marcelo Brodsky, foi forçado ao exílio em Barcelona após o golpe do General Videla na Argentina em 1976. Estudou economia na Universidade de Barcelona e fotografia no Centro Internacional de Fotografia, também Barcelona. Por lá, estudou Economia e fotografia. Marcelo voltou para a Argentina em 1984 e realizou a sua primeira exposição em 1986. Além do trabalho fotográfico, é conhecido por ser ativista dos Direitos Humanos. Suas peças misturam texto e imagens, muitas vezes usando figuras de fala. Seus ensaios foram mostrados mais de 140 vezes em espaços públicos, bem como instituições como ou o Museu Sprengel em Hannover em 2007, o Museu Nacional de Bellas Artes em Buenos Aires em 2010, a Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil em 2011. “Marcelo Brodsky utiliza a fotografia como ferramenta de busca de identidade, captando o efeito do tempo e dos acontecimentos que ocorrem em seu ambiente pessoal e social. Muitos se lembrarão dele por sua obra ‘The Class’, na qual sintetizou, numa fotografia tirada em 1966, o destino –após a última ditadura militar argentina– de seus 32 colegas da sexta divisão do primeiro ano do Colégio Nacional de Buenos Aires Aires, e posteriormente foi adquirido pelo Metropolitan Museum of Art (MET) em Nova Iorque, onde foi exposto como parte de sua coleção permanente”. Em julho último, Marcelo Brodsky trabalhou com o artista peruano Fernando Bryce: juntos trabalharam numa residência em Miami para criar ‘Territórios’ - obra que denuncia “a violência de que a América Latina é vítima”, e em que retratam os casos de 10 ativistas mortos em nove países do continente. Neste momento, as obras do Marcelo Brodsky encontram-se em exposições coletivas em museus em Bogotá, São Paulo, Salvador da Bahia, Buenos Aires e Bologna. Marcelo Brodsky ficará em Luanda até 23 de Outubro, fazendo várias atividades.
Após mais um evento marcante que foi a Antestreia do filme “A mulher rei” no passado dia 04 de Outubro no cinema City do campo pequeno, em parceria com BANTU.MEN e a Sony Pictures Entertainment Portugal, onde reuniu e empoderou 200 mulheres, o CBA irá brindar os seus convidados com um Jantar de RENTRÉE no Espaço Espelho D’Água no dia 31 de Outubro pelas 19h30.
Como a própria palavra indica, RENTRÉE marca o retorno do CBA à produção e organização de grandes eventos fazendo-se assim cumprir o seu primeiro evento de mais um ciclo de agenda anual.
Sendo uma característica intrínseca nas produções do CBA, as palavras Afroempreendedorismo, Irmandade, Networking e comunidade coesa, farão sentir-se bem presentes nesse dia, e será uma oportunidade única para partilhar ideias, experiências e adquir novos conhecimentos.
O local escolhido é o Espaço Espelho D’água, que fechará portas brevemente e por terem sido grandes impulsionadores dos eventos da plataforma, cujo dono, Mário Almeida sempre acreditou no projecto, não faria sentido escolher outro local. Será uma noite de homenagem ao Espaço e a todo o seu simbolismo.
No decorrer do serão, o Jantar de RENTRÉE contará com algumas surpresas e convida a todos a participar activamente no evento e a fazer um brinde a esta comunidade afrocentrada que está a crescer acada iniciativa.
O valor da inscrição é 35,00€ e a lotação é limitada.
O Pagamento poderá ser feito por transferência bancária pelo NIB 0007 0386 0003 3170 0099 8 (Titular: Ednilze Luiz) ou através do MBWay pelo número 969641760.
23 DE OUTUBRO DE 2022 - 15H00 Auditório do Museu do Aljube
Fotografia de Carla Osório. Performance por Maré de Matos.
A artista visual afro-brasileira Carla Osório documentou artistas, ativistas, escritores (as) e pesquisadores (as) africanos (as), bem como afrodescendentes portugueses (as), durante um ano, em Lisboa.
Desconstruir a história, recuperar memóriasapresenta duas obras audiovisuais que abordam as questões socioculturais do racismo e da xenofobia, bem como as consequências da colonização portuguesa em países africanos, como Angola. Com uma visão do mundo afro-centrada, a obra de Carla Osório toca, de forma direta e contundente, em pontos que, na sua opinião, precisam de ser amplamente debatidos, na sociedade portuguesa.
Artista visual convidada: Carla Osório- fotógrafa, documentarista e realizadora.
Intervenientes:
Rosa Melo, Antropóloga Angolana.
Alice Santos, Ativista Santomense.
Raquel Carrilho, Artista Visual e Editora Portuguesa.
Mediação:
Rita Cássia Silva - Antropóloga, Artista Multidisciplinar e Ativista Brasileira e Portuguesa.
Sinopse dos filmes:
Corações Valentes na Diáspora
(6min10) legendado em inglês
Uma pequena cartografia de cidade de Lisboa e dos corpos negros em trânsito na contemporaneidade.
Missão Sudoeste de Angola:
AFINAL, QUEM NOS DEFINE?
(23min) legendado em inglês
A protagonista do filme, a antropóloga Rosa Melo, descendente dos Handa, grupo étnico do sudoeste de Angola, comenta o álbum fotográfico Missão do Real Padroado da Huilla sob um ponto de vista decolonial. Com mais de 40 imagens raras, o álbum foi produzido pela missão católica espiritana na região da Huila, durante o período colonial português.
Procuramos mulheres artistas oriundas dos PALOP’S e Timor Leste para participar na segunda edição do Projecto NZINGA. Serão selecionadas três candidatas para realização de uma residência artística que decorrerá na Galeria Movart em Luanda entre 20 de novembro e 20 de dezembro de 2022.
Prazo de inscrição: até 31 de outubro de 2022.
O NZINGA é um projecto de residências artísticas da Movart Gallery concebido exclusivamente para mulheres artistas plásticas e curadoras, naturais dos PALOP’S e de Timor-Leste, que desenvolvem a sua prática no âmbito da arte contemporânea africana, com o objetivo de emancipar e empoderar o papel da mulher e promover a igualdade de género na vida social e cultural. A primeira edição do projecto NZINGA decorre na MOVART Luanda até 6 de novembro de 2022, com os artistas selecionados Filomena Mairossi, Isabel Landama e Sarhai, sob orientação da artista Ana Silva.
O artista Fidel Évora estará presente no stand da MOVART na AKAA Paris 2022, e em residência artística durante o mês de outubro, no âmbito da parceria entre a Movart e Association des Amis d’Idem, o patrocinador do projeto de residência artística no Idem Paris, uma gráfica de arte construída em 1881 e localizada no coração do bairro de Montparnasse, em Paris.
A Idem Paris é um ponto de encontro de grandes artistas franceses e internacionais que colaboram com esta gráfica para criar edições especiais. Este local histórico abriga as prensas litográficas de Fernand Mourlot que trabalhou com Matisse, Picasso, Miro, Chagall, Braque, Giacometti, e os principais artistas do século XX. Um lugar de inspiração e criação numa vasta oficina de 1.400 m2 sob uma bela cobertura de vidro, onde as pessoas se encontram e trocam histórias.
De 11 a 27 de novembro, o Alkantara Festival convida artistas e públicos para uma programação internacional de dança, teatro, performance e encontros, distribuída pela cidade de Lisboa. Apresentam-se projetos que partem de investigações artísticas, políticas, culturais e sociais para experimentar formatos e possibilidades de diálogo. Alimentam-se espaços de reflexão para que o conhecimento e os sentidos ganhem novas estruturas de referência.
No Teatro São Luiz, quatro projetos convocam os públicos para movimentos e experiências: entre diásporas, exílios e sacrifícios; encontros em torno de processos de desflorestação, monoculturas e estratégias de regeneração; e corpos onde as memórias se reinventam a partir dos gestos.
18 a 20 novembro
Conversas Refloresta Plataforma Terra Batida Coordenação: Rita Natálio
Este encontro reúne investigadores que trabalham a história do anticolonialismo africano, bem como das independências e da formação do Estado nos contextos moçambicano e angolano, sem esquecer as relações transnacionais que estes processos estabeleceram a uma escala global, da China ao Cuba, passando por Portugal.
Trata-se de um encontro promovido pelo Museu do Aljube, o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e o Instituto de História Contemporânea (Universidade Nova de Lisboa e Universidade de Évora), reunindo investigadores doutorandos e doutorados destas duas últimas escolas. O encontro é ainda palco para a apresentação e discussão de um trabalho recente dos historiadores Allen Isaacman (University of Minnesota) e Barbara Isaacman, autores de trabalhos de referência no quadro da história de Moçambique.
Local:Museu do Aljube — Rua Augusto Rosa, 42 — 1100-091 Lisboa
14h-16h | Da resistência ao poder: investigações em curso
– Matheus Pereira (ICS — ULisboa) | “Eu abaixo assinado enfermeiro no hospital de Magude”: notas sobre “enfermeiros indígenas”, assimilacionismo e estratégias de resistência ao colonialismo português em Moçambique (1917-1961) – Tomás Diel Melícias (IHC — NOVA FCSH / IN2PAST) | Camaradas de Angola: o maoismo na construção política da UNITA angolana – Rita Narra Lucas (IHC — NOVA FCSH / IN2PAST) | A revolução portuguesa de 1974 e o espectro terceiro-mundista – Rebeca Ávila (IHC — NOVA FCSH / IN2PAST) | Brasil e Cuba: entre a libertação africana e a revolução portuguesa – Rodrigo Domenech de Souza (ICS — ULisboa) | Poder e produção no pós-independência moçambicano – Edalina Sanches (ICS — ULisboa) | Partidos Únicos e transição para a democracia em África
Moderação de Victor Barros (IHC — NOVA FCSH / IN2PAST)
DESPOJOS DE GUERRA, Spoils of War (2022) |Série documental. 4x 40′. Portugal.
Despojos de Guerra revela histórias extraordinárias de espionagem, patriotismo, sobrevivência e romance, tendo como pano de fundo a guerra colonial portuguesa em África (1961 a 1974). Com recurso a imagens de arquivo extraordinárias e pela primeira vez submetidas a um processo de colorização inédito em Portugal, esta série documental, com assinatura de Sofia Pinto Coelho, vem dar voz a heróis anónimos que relatam agora as encruzilhadas que enfrentaram em tempo de guerra e de descolonização.
Despojos de Guerra é uma co-produção da Blablabla Media com a SIC, realizada com o apoio à inovação audiovisual do ICA – Instituto do Cinema e Audiovisual.
“O impulso fotográfico” alude à expansão da fotografia pelo mundo, e consequentemente à sua apropriação considerada fidedigna e realista.
Prova do Crime, Nkaka Bunga Sessa e Soraya Vasconcelos, 2021. A partir de imagem original da missão de delimitação de fronteira em Lourenço Marques [Maputo], 1890-91. UL-IICT-Col. Foto-MGG 4003
Quando: 26 de Novembro de 2022 a 31 de Maio de 2023
Onde: Museu Nacional de História Natural e da Ciência
“O impulso fotográfico” alude à expansão da fotografia pelo mundo, e consequentemente à sua apropriação considerada fidedigna e realista.
Nesta exposição, a expansão da fotografia associa-se à expansão científica colonial, e a uma certa vocação colonial da fotografia sob a forma de uma tecnologia usada pela ciência para medir, classificar e arquivar documentos de modo potencialmente infinito, reprodutível e difundido de modo massificado.
Partindo desta obsessão pela medição e classificação, mostra-se os modos como territórios e corpos africanos foram medidos e apropriados durante as missões científicas de geodesia, geografia e antropologia e como se difundiram as narrativas da ciência colonial. Mas também se mostra como resistiram, através de outras histórias (ficcionais ou não), desvendadas e criadas pelo sentido crítico da curadoria participativa de artistas e investigadores(as) e ativistas.
A exposição é o resultado destes encontros, dúvidas e questionamentos da equipa multidisciplinar que se envolveu em diferentes fases do projeto, desde a conservação e restauro à digitalização de fotografias e filmes, desde a investigação teórica à propostas artísticas, até à própria construção museográfica.
Qual o significado destas coleções de fotografias e objetos, no presente, para as diferentes comunidades? Que marcas deixaram enraizadas na sociedade?
Esta é uma exposição concebida para questionar e ser questionada.
Photo Impulse visa contribuir para a história e a teoria portuguesas da fotografia e do filme científicos, trazendo para este campo as imagens produzidas em diversas expedições geográficas e antropológicas realizadas às então colónias portuguesas em Africa e na Ásia, entre 1883 e 1975. A maioria dessas missões foram promovidas pelas autoridades portuguesas através da Comissão de Cartografia e das instituições que lhe sucederam, a última das quais o Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT). Atualmente, grande parte do material em estudo pertence ao Museu de História Natural e Ciência, parceiro do projeto.
Pretendemos contribuir para a análise das especificidades políticas e comunicativas desses meios visuais, da sua cultura visual e contexto histórico, bem como das relações que as imagens desenvolvem com a produção dos saberes na Geografia e na Antropologia portuguesas.
Produzido principalmente no contexto da política colonial, o material de estudo abrange diferentes regimes políticos: a monarquia tardia (especificamente o período de 1890 a 1910), a Primeira República (1910-1926), a ditadura fascista (1926-1974) e a viragem para democracia (1974-1975).
Foco principal
O ponto de partida do projeto é a ideia de que a fotografia e o filme são formas de apropriação simbólica, uma apropriação que se tornou efetiva tanto no terreno como nos espíritos. São, também, formas de produção do espaço (Henri Lefebvre) e de o habitar (Heidegger).
Tomamos como princípio norteador e ideia inspiradora as relações entre mapas, fotografias e filmes nos seus sentidos mais latos: mapas como “fotografias” do território; fotografias como um tipo de mapa; filmes como histórias espaciais (De Certeau) e os atos de fotografar ou filmar como atividades de mapeamento (Denis Wood).
Consideramos que a fotografia e o filme fixam relações de poder no exato momento de tirar a fotografia ou de fazer o filme. Quer seja de forma consciente ou não, certas relações tendem a ser replicadas ao longo dos muitos usos das imagens. Diante do nosso arquivo colonial, além de procurar entender como as imagens eram utilizadas, pretendemos investigar como podemos descolonizar esse legado visual.
Porquê o nome “Photo Impulse”?
Photo Impulse é uma referência ao trabalho incontornável da historiadora de arte Svetlana Alpers, que identificou um “impulso cartográfico” na pintura holandesa do século XVII. No nosso contexto, as práticas fotográficas e cinematográficas aqui estudadas visavam a constituição de mapas geográficos mas também de um Atlas Colonial dos territórios e dos povos sob dominação portuguesa. Foram aplicadas metodologias para mensurar terras e corpos. Identificamos assim um “impulso fotográfico” que revela como estes media eram percebidos como instrumentos modernos e fidedignos.
Nota: Exposição criada pelo projeto O Impulso Fotográfico: Medindo as Colónias e os Corpos Colonizados, O arquivo fotográfico e fílmico das missões portuguesas de geografia e antropologia”, financiado pela FCT (PTDC/COM-OUT/29608/2017). Este projeto está sedeado no Instituto de Comunicação da Nova, da NOVA Faculdade Ciências Sociais e Humanas, e tem como parceiros o Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa e a NOVA.ID. da Faculdade de Ciências e Tecnologia.
As pessoas continuam a relacionar-se com e a preservar as suas histórias. Este espectáculo é sobre ouvir histórias para voltar a contá-las com tudo o que se acrescenta mas também com tudo o que fica nos esquecimentos. Alguém disse, uma rede é uma colecção de buracos.
— Maria Gil
Avieiras, viagem de Lamas tem como ponto de partida relatos e testemunhos actuais de mulheres pertencentes a comunidades avieiras das aldeias Palhota e Escaroupim e ainda de Vila Franca de Xira e da Praia da Vieira de Leiria. Trata-se da continuação de um projecto de etnografia artística desenvolvido por Maria Gil desde 2018 (Mulheres em Terra, Homens no Mar), junto a mulheres de comunidades piscatórias e ligadas ao mar. O espectáculo parte ainda do trabalho realizado pela jornalista Maria Lamas em, As Mulheres do Meu País, para apresentar uma visão contemporânea do processo emancipatório da condição feminina dentro destas comunidades desde a segunda metade do século XX até aos dias de hoje. Após uma primeira apresentação na aldeia de Palhota para a comunidade local, o espetáculo terá estreia em Sintra, na Casa de Teatro de Sintra/Chão de Oliva a dia 28 de outubro. Os bilhetes para a data de Sintra custam €7,50 (bilhete normal) e €5 (com descontos), podendo ser reservados através do email teatrodosilencio@gmail.com. A peça ficará em cena até dia 6 de novembro.
A comunidade avieira era constituída sobretudo por famílias de pescadores da Praia da Vieira de Leiria, mas também da zona da Murtosa que, quando o mar estava bravo durante o inverno, se deslocavam em carroças, barcos, e até a pé, na direção do Tejo, para aí se dedicarem à pesca. Inicialmente, viviam dentro das embarcações - os saveiros - mas com o passar dos anos acabaram por se fixar ao longo das margens, onde construíam casas de madeira, cobertas com caniços e assentes em palafitas, que os protegiam das cheias do rio e dos efeitos do solo arenoso. As mulheres avieiras sabem pescar, lançar, lavar, coser e remendar as redes. Eram elas quem remava o barco e ainda quem carregava o peixe à cabeça para o ir vender de porta em porta, pelos caminhos ou junto aos mercados - tudo a pé. Partindo da realidade desta comunidade, este projecto visa incentivar e envolver as comunidades a apropriarem-se crítica e criativamente do seu património imaterial. Para tal, a par de todo o trabalho de recolha e investigação dos testemunhos e histórias de vida, a comunidade terá a oportunidade de ver o espetáculo final e participar de um debate sobre o mesmo.
Datas e locais 21 outubro às 19h00 | 22 Outubro e 23 de outubro às 18h00 Casa do Avieiro/Projecto Palhota Viva, Aldeia da Palhota, Valada, Cartaxo Acesso livre 28 e 29 outubro, 4 e 5 de novembro às 21h30 | 30 de outubro e 6 de novembro às 16h00 Casa de Teatro de Sintra/Chão de Oliva, Sintra Preço: 7,50€ (bilhete normal) 5,00€ (Bilhete desconto - grupos + de 5 pessoas; <25 anos; >65 anos; profissionais e estudantes de Artes Performativas) 26 Novembro às 16h00 Centro Cultural de Escaroupim, Escaroupim, Salvaterra de Magos Acesso livre Reservas e marcações e-mail - teatrodosilencio@gmail.com telm. - + 351 91 463 26 75 - produção Teatro do Silêncio
{…} «Desembaraçadas e aguerridas, as mulheres da Praia de Vieira são das mais corajosas, na luta pela vida, e também das mais sacrificadas. Para elas não há limite de trabalho nem escolha de tarefas…» «A avieira é verdadeiramente, a camarada do marido, a sua companheira de todas as horas, trabalhando com ele e suportando as mesmas agruras que ele suporta. Não é camponesa nem nasceu na região. Veio de longe, da praia de Vieira, mas fica ali, às vezes, o resto da vida. O lar é o barco, no barco lhe nascem os filhos, e raramente consegue construir uma casa - suprema aspiração de todas. Quando o rio não lhe dá peixe e a fome é a mais trágica realidade, a avieira vende fruta, trabalha no campo ou no que lhe apareça. É das figuras mais impressionantes e corajosas do nosso povo! » —Maria Lamas, As Mulheres do Meu País, p.331 e p.297
Ficha Artística | Criação, dramaturgia e interpretação: Maria Gil Realização de vídeo e edição de imagem: Joana Linda Sonoplastia e desenho de luz: Maria Gil Apoio à dramaturgia: Tiago Pereira Apoio ao desenho cénico: João Ferro Martins Mediação/apoio à produção e à criação: Aleixa Gomes, Beatriz Baião Comunicação: Sara Cunha Produção: Teatro do Silêncio 2022 Parceria: Projecto Palhota Viva, Chão de Oliva - Casa de Teatro de Sintra O Teatro do Silêncio é uma estrutura apoiada pela República Portuguesa-Cultura/Ministério da Cultura - Direcção-Geral das Artes e pela Junta de Freguesia de Carnide
No dia 16 de outubro, às 21h30, Lucrecia Martel, realizadora argentina, vai estar no Cinema Trindade, no Porto, para apresentar e debater o seu filme “O Pântano” (2001), exibido pela primeira vez em suporte digital em Portugal. Uma iniciativa da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa no Porto com a Fundação Calouste Gulbenkian, em parceria com o Cinema Trindade, que promove sessões de cinema seguidas de debate com nomes fundamentais do cinema contemporâneo.
O filme “O Pântano” (2001), de Lucrecia Martel, é a primeira longa-metragem da realizadora. Conta a história de duas mulheres e das suas famílias, que um acidente virá juntar numa narrativa apaixonante. O Pântano força-nos a uma reflexão profunda sobre classe e natureza, sexualidade e política, tendo sido uma das mais aclamadas primeiras obras contemporâneas. Com este filme, a cineasta ganhou o Prémio Alfred Bauer para Melhor Primeira Obra no Festival de Berlim e o Prémio de Melhor Argumento em Sundance. No final da sessão, haverá espaço para a realizadora conversar com o público presente na sala.
“É um enorme prazer contribuir para o programa cultural da cidade, nesta parceria que nos trará mais uma grande artista do cinema internacional contemporâneo ao Porto”, salienta Daniel Ribas, coordenador do Mestrado em Cinema da Escola das Artes.
Esta iniciativa da Escola das Artes e da Fundação Calouste Gulbenkian, com o Cinema Trindade, teve início a 24 de setembro e irá prolongar-se até janeiro de 2023. As sessões seguintes contarão com a presença dos realizadores Atom Egoyan (2 novembro), Marco Martins e João Canijo (dezembro 2022 – janeiro 2023).
Trade of enslaved people and slavery has existed worldwide since the earliest Antiquity. These phenomena have adversely impacted Europe, the Mediterranean basin, and Africa for millennia. But at some point in modern times, we went from slaves of a multiplicity of origins on European soil to an almost African uniqueness of slavery in the Americas. MANIFEST: New artistic perspectives on memories of the transatlantic trade of enslaved people aims to contribute to and enhance the re-imagination of Europe’s collective memory of the transatlantic trade of enslaved people.
By organising an Artistic Journey which includes art residencies in Budapest/Zsennye, Lisbon and Copenhagen the Project seeks to empower artists to approach the subject matter, re-imagining the history of the transatlantic trade of enslaved people from the perspective of its links in the European continent and its existing cultural traces. Selected artists will create art designed to promote an artistic look into the past collective memory. Along this Journey, artists and creators will be encouraged to fully take advantage of new technologies and foster personal capacity building.
Artists and creators who are legal residents in the countries within the Creative Europe framework can apply starting from October 26, 2022, till November 27, 2022. For more information on eligibility, conditions and application process, please visit https://www.projectmanifest.eu/call-for-artists/
Consortium
MANIFEST: New artistic perspectives on memories of the transatlantic trade of enslaved people is a project funded by the European Commission under the Creative Europe Programme that will run until November 2024. It is implemented by a Consortium led by Khora, the world’s first combined virtual reality (VR) and augmented reality (AR) production house based in Copenhagen. The consortium is joined by Les Anneaux de la Mémoire, France’s leading association working with the themes of the history and heritage of the Atlantic trade of enslaved people and colonial enslavement; Pro Progressione, a Budapest-based artistic hub specialising in international collaborations in the field of culture; Gerador, an independent Portuguese platform for journalism, culture and education; and CUMEDIAE, a Brussels-based international non-profit agency providing consultancy services in the field of CCIs European-wide.
Para ver, a partir de 20 de outubro, na Escola das Artes da Católica no Porto.
Simulações de solos de um território imaginado através das quais se pode procurar vestígios de minerais com potencial energético e apresentar amostras de terra provenientes de diferentes origens com composições variadas que são montadas em planos bidimensionais – é esta realidade ficcionada que se poderá assistir de perto na nova exposição “Fictional Grounds” do coletivo artístico berru criado no Porto, que venceu o prémio Sonae Media Art 2019, e que já expôs e foi responsável por instalações em instituições como a Fundação Calouste Gulbenkian, BoCA Biennial of Contemporary Arts, e The Old Truman Brewey (Londres). A exposição conta com curadoria de Nuno Crespo, diretor da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa.
A inauguração tem data marcada para 20 de outubro, às 19h00 na Escola das Artes. A entrada é livre.
A exposição será apresentada ao público através de planos bidimensionais e colocados no espaço expositivo como se de pinturas ou esculturas minimalistas se tratassem. Vista de uma forma crítica e movida pela urgência da catástrofe ecológica atual, a exposição estabelece uma relação subtil com o universo dos earthworks (trabalhos com terra) dos artistas pioneiros da Land Art comoRobert Smithson, Richard Long ou com a famosa exposição de Walter de Maria quando em 1977 encheu uma galeria de Nova Iorque com 140 toneladas de terra.
“Em ‘Fictional Grounds’ está bem patente a visão característica de berru, cujo trabalho que têm vindo a desenvolver é baseado numa ideia de exploração de mecanismos, conceitos e materiais muito diferenciados,” salienta Nuno Crespo, curador da exposição. O grupo trabalha indistintamente com imagens em movimento, escultura, som e new media, havendo sempre um elemento performático e muito dinâmico em todas as obras que desenvolvem. O elemento dinâmico acontece quer no momento da conceção das suas obras, quer na experiência que o público faz delas. ”A vita contemplativa dá aqui lugar a vita activa em que o público é convocado a acompanhar o processo dinâmico de desenvolvimento das suas obras.,” conclui Nuno Crespo.
Uma exposição a não perder, patente na Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa no Porto até 17 de fevereiro. A entrada é livre e aberta a toda a comunidade.
Datas
BERRU · 20 OUT · 17 FEV 2023
Curadoria de Nuno Crespo
Entrada Livre · de terça a sexta · 14H30 – 19H00
Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa
Rua de Diogo Botelho, 1327, 4169-005 Porto
Sobre o coletivo berru:
O coletivo berru, criado no Porto em 2015, venceu o prémio Sonae Media Art 2019 com o projeto “Systems Synthesis” e já expôs e foi responsável por instalações em diferentes instituições, como a Fundação Calouste Gulbenkian, BoCA Biennial of Contemporary Arts, Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, gnration (Braga), Galeria Municipal do Porto, Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas - Açores, The Old Truman Brewey (Londres), Culturgest, a Fundação Cecília Zino e o Centro Cultural Vila Flor. Em 2021, esteve na quinta edição da Instambul Design Biennial.