Mostra de fotografia: "UM CARNAVAL FORA DO CARNAVAL" | MÁRIO SOARES

01 de abril | 11 horas

CCCV - Centro Cultural Cabo Verde

Rua de São Bento, 640, 1250-222 Lisboa, piso -1

Mário Soares, fotógrafo cabo-verdiano, natural da Ilha de Santo Antão, apresenta-nos um conjunto de registos fotográficos captados em pleno Carnaval na Ilha de São Vicente. este conjunto de fotografias retrata especificamente os Mandingas, que são uma das maiores manifestações culturais e tradições do Carnaval de São Vicente e dão um contributo significativo para a enorme diversidade cultural que há em Cabo Verde. No desfile dos Mandingas participam grupos provenientes de várias zonas da Ilha de São Vicente, bem como de outras ilhas. No tempo da escravatura os Mandingas eram associados à feitiçaria e à macumba e quase que se pode dizer que quem entra no meio fica enfeitiçado pela vibração e energia das pessoas que brincam o Carnaval, que começa normalmente no segundo domingo de janeiro e termina com o enterro, no domingo após o Carnaval, onde se reúnem todos os grupos das diversas zonas de São Vicente e das pessoas que vêm de vários pontos do país e da diáspora.

 

Sobre o fotógrafo

Mário Soares nasceu no dia 11-06-1984, na ilha de Santo Antão, Cabo Verde, filho de Carlos Soares e Zulmira Lima. É casado. Passou a infância e toda a adolescência na Cidade de Porto Novo. Sendo filho de artistas (pai carpinteiro e mãe cantora), desde cedo se interessou pela arte, nomeadamente, na criação e elaboração de artesanato. Assumindo-se como um autodidata, procurou sempre técnicas para inovar a sua arte. Aos vinte anos, rumou para Portugal, onde tirou o Curso Técnico de Contabilidade. Após terminar o curso, começou a trabalhar na área das telecomunicações, mas desde logo percebeu que a fotografia era uma paixão paralela ao seu ofício.

Tendo participado em alguns concursos de fotografia em Portugal, sentiu necessidade de aperfeiçoar as suas capacidades. Sempre se interessou por fotografar pessoas e paisagens. É um defensor acérrimo da seguinte máxima: «a fotografia deve mostrar a essência das pessoas e dos locais, sofrendo o mínimo de alterações possíveis por parte do fotógrafo».

No ano de 2014, dez anos após ter ido para Portugal, decidiu regressar à sua terra, terra da Morabeza, para então trabalhar e constituir família. Atualmente trabalha como freelancer, tendo desempenhado funções como fotógrafo do Dr. Abrão Vicente, Ministro do Mar e da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde. Realizou várias exposições individuais em Cabo Verde. Organizou uma exposição fotográfica no ano de 2019, intitulada de: “Um simples olhar”, no Centro Cultural do Mindelo, Cabo Verde. Em novembro de 2019, a sua exposição “Um simples olhar” foi apresentada no espaço cultural “Nôs Raiz”, na ilha de Santo Antão.

No ano de 2021, apresentou um espólio fotográfico em Porto Novo, na “Casa para Todos”, cujo título foi: “A nossa casa, as nossas vivências”. A mesma exposição seguiu para a Câmara Municipal de Porto Novo, onde permaneceu até setembro de 2021.

 

29.03.2023 | por mariadias | cabo verde, diáspora, fotografia, Mário Soares

As Tramas da Memória: Seminário #4

SEMINÁRIO #4

31 de março de 2023, 16h00 (GMT+1)

GUERRA CIVIL EM LUANDA : A EXPERIÊNCIA DE UM MILITAR MILITANTE

Rui Bebiano (CES/FLUC/CD25Abril)
O ciclo As Tramas da Memória: datas para contar é organizado pela coordenação da linha de investigação Europa e o Sul Global: patrimónios e diálogos do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. O ciclo visa assinalar e refletir sobre datas menos sonoras, mas igualmente determinantes para a construção do 25 de Abril de 1974 e das independências dos países africanos de língua oficial portuguesa e de Timor-Leste. Os seminários decorrem online, sempre que possível na data a assinalar, todos os meses, pelas 16 horas, ao longo de 2023. Esta atividade está integrada na iniciativa do CES, «50 anos de Abril».

Consulte mais informação aqui.

 

29.03.2023 | por mariadias | As Tramas da Memória, guerra cívil, Luanda, militar, seminário

Chamada de Trabalhos: Neoliberalismo urbano no século XXI: Da exclusão e lutas pelo direito à cidade

Para Henri Lefebvre, autor do conceito de direito à cidade, as margens urbanas são um lugar de observação privilegiado, pois é nesse ponto que a narrativa da cidade se revela. O seu pensamento desenvolve-se a partir do limiar que divide e estilhaça o espaço urbano, separando os grupos mais abastados dos grupos mais vulneráveis.

Manter-se-á esta perspectiva de Lefebvre, chave de leitura dos processos de acumulação e expropriação em sociedades moldadas pelo capitalismo mais maduro, pertinente à luz dos problemas socio-espaciais levantados pelo neoliberalismo urbano ? É esta a questão que queremos abordar no número temático que propomos, a partir de uma atenção específica às margens urbanas das metrópoles contemporâneas tanto no contexto euro-norte-americano tratado por Lefebvre como no contexto pós-colonial do sul global.

Em ambos os contextos, torna-se pertinente a observação de Lefebvre em relação aos traços de um “novo colonialismo interno” (1972, p. 43) ao atender ao modo como o desenvolvimento urbano do pós-guerra separa as áreas hiperdesenvolvidas das áreas abandonadas à miséria e ao subdesenvolvimento. Esta visão aproxima-se assim de Fanon e da sua atenção ao modo como a ideia de raça e os processos de racialização operam em conjunto com a classe e o espaço, produzindo “cidades compartimentadas” (1968, pp. 23-75). Reencontramos esta perspectiva na teorização de uma cartografia moderna dual (Santos, 2007), a que corresponde um sistema de distinções que, tendo a sua génese na expansão e colonialismos europeus, atravessa hoje o cerne das antigas metrópoles. Distinguindo e separando saberes e práticas hegemónicos, que se afirmam como universais, das áreas de não ser (Fanon, 1968), tal compartimentação nega a co-presença de formas diversas de conhecimento, representação e acção sobre o mundo.

Por outro lado, a questão urbana é também uma forma espacial de luta contra a desigualdade, potenciando novas resistências e o ensaio de alternativas. Ela é parte de uma dialética espaço-temporal mais ampla, com o duplo propósito de libertação global e emancipação quotidiana (Fanon, 1968, pp. 105-106). Um conjunto de pesquisadores, ligados a correntes científicas que promovem o engajamento académico nos processos de transformação urbana, vêm abraçando estratégias alternativas que olham a urbanização como um modo, em vez de um modelo : como algo orgânico e coletivamente dinâmico, oposto à visão modernista/colonial/capitalista pré-estabelecida e pré-definida, que toma simultaneamente as cidades como territórios em resistência, em potência e de emancipação, enquadradas na linha de descolonização do território defendida por autores como Zibechi (2015) ou Ela (2013), fomentando uma maior distribuição de recursos públicos e estimulando a especificidade do modo de vida do lugar.

Pretendemos neste volume questionar e documentar a transformação urbana vivida hoje, a partir de pesquisa focada - conceptual e empiricamente - nas margens urbanas das metrópoles contemporâneas e atendendo ao modo como se cruzam, em concreto, três planos que - tal como os elementos de uma experiência química - reagem juntos no espaço urbano : a questão da classe e a questão étnico-racial, já focadas, a que se junta, crucialmente, a questão do género. De que modo complicam e problematizam esses três planos as contradições do novo modelo urbano neoliberal contemporâneo ? Convidamos à apresentação de artigos de abordagem interdisciplinar, cruzando todas as disciplinas com enfoque sobre os estudos urbanos críticos.

Propomos alguns pontos a desenvolver :

Como evoluiu, para o presente contexto, a compartimentação da cidade apontada especificamente por Fanon ?

Num tempo em que os subúrbios das maiores metrópoles do norte e do sul globais são cada vez mais atravessados por populismos que ameaçam a democracia, que resistências emancipatórias podemos identificar ?

O protagonismo das mulheres nas lutas urbanas é cada vez mais importante e muita literatura feminista destaca um papel político do conceito de “cuidado” em novas formas de “produção de espaço”. Que agencialidade é essa e como se como se relaciona, hoje, com a questão urbana ?

Serão aceites propostas originais escritas em português, inglês, francês e espanhol.Todas as propostas originais de artigos, de revisão e empíricas, devem ser enviadas em sua versão completa por e-mail, em formato .docx, para a Forum Sociológico (forum@fcsh.unl.pt) com o título do número especial no campo assunto do e-mail e até 30 de setembro de 2023Antes de submeterem uma proposta à revista no âmbito deste número especial, todos os autores deverão i) ter conhecimento das políticas, procedimentos editoriais e normas para a elaboração e submissão de textos, difundidos em especial nas páginas Normas para Apresentação de Originais e Declaração de Ética e Boas Práticas ; ii) ter participado substancialmente do trabalho ; iii) ter identificado todas as fontes de financiamento da investigação desenvolvida ; iv) obter todas as autorizações e licenças necessárias para a reprodução, publicação e divulgação em acesso aberto (direitos de utilização das imagens ou de outro material de terceiros, etc.), assumindo a responsabilidade da indicação dos respetivos créditos nos trabalhos e dos eventuais encargos associados à sua obtenção e isentando a revista e o CICS.NOVA – Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa de qualquer responsabilidade nesta matéria ; v) ter a responsabilidade final do conteúdo e das afirmações proferidas no texto. Mais informações, aqui.

29.03.2023 | por mariadias | chamada para artigos, cidade, direitos, henri lefebvre, neoliberalismo

Homenagem a Sarah Maldoror em Luanda

Na passada sexta-feira, 17 de Março, o Camões - Centro Cultural Português acolheu a segunda edição da nova temporada do projeto Cinéfilos & Literatus. O filme “Sambizanga”, da cineasta Sarah Maldoror, foi exibido na ocasião. Tratou-se de uma edição especial, promovida em homenagem à figura da cineasta Sarah Maldoror. 
O evento contou com o apoio da Associação Amigos da Sarah Maldoror e Mário Pinto de Andrade, em parceria com Camões – Centro Cultural Português e Associação KinoYetu.
O evento acolheu várias figuras da cena cultural e artística de Luanda: artistas plásticos, estudantes, escritores, jornalistas culturais, cineastas, leitores e professores.
À mesa de conversa estiveram Henda Pinto de Andrade, uma das filhas de Sarah Maldoror, a cineasta Maria João Ganga e o coordenador e mentor do projeto André Gomes, que desempenhou o papel de moderador.

[ Arquivo: Cinéfilos & Literatus]

Para o início da conversa, a cineasta Maria João Ganga apontou a importância do filme “Sambizanga” para a história do cinema angolano e da Libertação de Angola, tendo afirmado depois o facto de Sarah Maldoror não possuir uma nacionalidade. Destacou, desta feita, a maneira poética e humana de como “a mãe do cinema africano” tratava a linguagem cinematográfica – particularidade que a fez concluir ter feito um “cinema moderno”, apesar das condições materiais e técnicas da época.
Concordante com as linhas da cineasta Maria João Gonga, Henda reforçou o fervor do olhar humano de Sarah Maldoror principalmente com a questão da violência e do corpo no filme “Sambizanga” e do seu empenhado papel nas questões da Luta de Libertação em Angola e em outras partes do mundo. 
Em relação ao livro “A Vida Verdadeira de Domingos Xavier”, os presentes fizeram perguntas e em algum momento proferiram comentários evidenciando pormenores contrastantes entre a obra literária e fílmica.
A edição especial serviu de reflexão ao papel de Sarah Maldoror na história do cinema nacional, na Luta da Libertação, no despertar de consciências progressistas como a presença de mulheres no cinema servindo igualmente de guia elucidativo para as razões por detrás da adaptação de “A Vida Verdadeira de Domingos Xavier” do escritor e nacionalista angolano José Luandino Vieira ao cinema. 
Importa destacar que o filme exibido era uma cópia restaurada (4K) pela Fundação Martin Scorsese sendo cedida a termos pela Cinemateca de Bolonha, Itália.
O evento cumpriu com um minuto de silêncio à memória de Sarah Maldoror, falecida no dia 13 de Abril de 2020, vítima de COVID - 19.
Cinéfilos & Literatus é um projeto artístico-cultural que consiste na projeção de filmes adaptados de obras literárias nacionais e internacionais, seguido de um debate em torno do filme e do livro após a sessão. O debate acontece a meio de vinhos.

27.03.2023 | por martalanca | cinefilos & Literatus, Luanda, Sarah Maldoror

Ontem, hoje e amanhã

Apresentação do arquivo digital dos Papéis da Prisão de Luandino Vieira

29 de março de 2023, 18h00
Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa

Durante os 12 anos de cárcere, José Luandino Vieira escreveu grande parte da sua obra ficcional e coligiu 17 cadernos compostos por anotações diarísticas, correspondência, postais e desenhos, cancioneiros populares, esboços literários e exercícios de tradução, ditos e textos em quimbundo, recortes jornalísticos e apontamentos, num total de 2000 frágeis folhas manuscritas, conservadas inéditas ao longo de 50 anos. Em 2015 este acervo foi publicado em livro sob o título Papéis da Prisão: apontamentos, diário, correspondência (1962-1971) (Leya-Caminho), com financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian. Apresenta-se agora, em formato digital, o acervo original destes Papéis da Prisão.
Oradores/as: José Luandino Vieira (Escritor) | Margarida Calafate Ribeiro (CES) | Nuno Simão Gonçalves (CES) | Roberto Vecchi (CES/U. Bolonha) | Sandra Inês Cruz (CES)


24.03.2023 | por mariadias | apresentação, exposição, lisboa, manuscrito, Papéis da Prisão de Luandino Vieira

Conferência de Primavera de 2023

 

Decorrerá no próximo dia 29 de março, às 18 horas (hora de Lisboa), a Conferência de Primavera de 2023, integrada no Ciclo permanente de conferências em Literatura, Humanismo e Cosmopolitismo, promovido pelo Centro de Estudos Globais da Universidade Aberta. A oradora será a Professora Doutora Inocência Mata (Universidade de Lisboa) e a conferência terá por título “Estudos pós-coloniais e literatura-mundo: Reflexão sobre a epistemologia da crítica literária”.
A Conferência de Inverno de 2022 em Literatura, Humanismo e Cosmopolitismo decorrerá no Salão Nobre da Universidade Aberta (sito na Rua da Escola Politécnica, 141, em Lisboa) e terá transmissão direta online. A participação é gratuita, mas requer inscrição prévia para o e-mail lit.human.cosmo@gmail.com.

 

24.03.2023 | por mariadias | conferência de primavera, epistemologia, estudos pós-coloniais, Inocência Mata, lisboa

Neve Insular 0,0003% - algodão e resistência

O Centro Cultural de Cabo Verde (CCCV), a Neve Insular e o Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade (i2ADS) têm a honra de convidar para a inauguração da exposição “Neve Insular 0,0003% - Algodão e Resistência” no dia 31 de março pelas 18h30 no CCCV, Lisboa.O Seminário e Oficinas irão decorrer nos dias 31 março e 1 abril, cuja programação está disponível em anexo e neste link o formulário de inscrição. Como podem o pensamento e as práticas artísticas em torno do algodão, o seu poder histórico, e as suas histórias de resistência provocar diferentes processos de intersecção das forças da arte, ecologia e transformação social num contexto de crises ambientais, cognitivas, políticas e culturais? O pensamento e prática artística da Neve Insular (NI) baseiam-se em 0,0003% da superfície terrestre da ilha de São Vicente, Cabo Verde cultivada com algodão e outras espécies em parceria com a Associação Agropecuária do Calhau e Madeiral. Um nada - tudo comprometido com a memória da plantação colonial de algodão e as novas proposições dos saber-fazer-pensar ligados à planta do algodão.

24.03.2023 | por mariadias | algodão, cccv, lisboa, neve insular, oficina, seminário

Feminist No Borders Summer School

Este ano a Feminist No Borders Summer School coordenada pela Fac_research chega tmb a Portugal! Vai se falar de fronteiras e como destruí-las, de lutas anticarcerárias, de saude anti-autoritária, de solidariedade feminista e antiracista, de cuidados mútuos numa perspetiva abolicionista e anti-capitalista. Inscrições até 24 de Março. A Escola vai decorrer de 14 a 18 de Junho em Lisboa.

24.03.2023 | por mariadias | antiracista, aullas, feminismo, Feminist No Borders Summer School, lisboa

CARTA A ANGOLA pelos órfãos da associação M27

Compatriotas, irmãs e irmãos angolanosSomos filhos de vítimas do 27 de Maio de 1977. Sofremos todos uma dor incurável, misto de perda, de ausência e de incerteza sobre as condições em que os nossos pais perderam a vida.Vivemos toda a nossa vida ou grande parte dela privados da companhia dos nossos pais. Alguns de nós tiveram ainda o privilégio de privar com os pais, de experimentar a sensação única e insubstituível de viver o amor paternal. De aprender pela sua mão a andar, a correr, a nadar, a enfrentar os medos e os perigos…Outros conhecem os pais apenas por fotografias, algumas tão antigas e desbotadas que não se consegue reconstituir os traços da sua fisionomia. Nunca ouviram a sua voz, nem tiveram a sorte de conviver com eles na infância ou na idade adulta. Os nossos pais não puderam aconselhar-nos sobre os nossos percursos académicos, sobre as nossas escolhas profissionais, sobre as mais importantes decisões que tivemos de tomar na vida.Também não puderam conhecer os nossos filhos.

Foram bruscamente arrancados de nós, quando pensavam estar a construir um país digno e próspero para todos nós, os seus filhos e os filhos de todos os outros pais.

Mesmo não tendo privado com eles, mantivemos sempre intacto, sempre vivo, o amor pelos que nos deram a vida. Cremos ser isso que qualquer pai espera dos filhos.Sabemos que eram nacionalistas. Que devotaram os seus melhores anos à luta por uma Angola independente, onde todos os angolanos, livres e iguais, pudessem ter uma vida digna, com acesso à educação, à saúde, ao trabalho e a pão para colocar na mesa dos filhos. Uma Angola verdadeiramente independente em que coubesse um lugar para todos. Muitos deles sofreram na pele a repressão da polícia política do colonialismo, a PIDE, e enfrentaram a prisão e o degredo, por lutarem pela liberdade e pela independência do nosso povo.

São Paulo, São Nicolau, Tarrafal, são nomes de cadeias e de campos de concentração que associamos à sua vida de militantes anticolonialistas e combatentes da liberdade.Nunca compreendemos como foi possível serem presos, torturados e sumariamente executados, sem direito a um julgamento justo e imparcial, na Angola independente que ajudaram a construir…

Há seguramente ainda muito por desvendar sobre o que aconteceu no dia 27 de maio de 1977, sobre os acontecimentos que o precederam e sobre a barbárie que se lhe seguiu​​.Todos nós fomos condenados a viver como filhos de sombras. De nomes que não se podia pronunciar em voz alta, sob pena de se ser considerado inimigo da nação. De almas cujos corpos as famílias não mais viram e cujos restos mortais jazem depositados em lugares que fomos privados de conhecer. Nunca pudemos dar uma sepultura digna aos nossos pais, como corresponde aos nossos costumes e qualquer filho quer fazer.As nossas mães, viúvas que nunca viram nem receberam os cadáveres dos companheiros, conheceram a perseguição, o opróbrio, o ostracismo e, em alguns casos, foram condenadas à miséria.

Muitos de nós enfrentaram sérias dificuldades adicionais, por serem filhos de mortos à mão de um Estado que se recusou a reconhecê-los e, por isso, nunca emitiu as certidões de óbito. Vivemos anos e anos num limbo…Porém, subitamente, há ano e meio, vimos uma luz no fundo deste longo túnel e essa luz trouxe esperança para muitos de nós.

O Presidente João Lourenço, pela primeira vez na história de Angola independente, reconheceu os excessos do Estado nos acontecimentos que se seguiram ao 27 de maio, prometeu justiça e dignidade para os mortos, paz e reconciliação entre os vivos.

Admitiu publicamente as mortes de cidadãos às mãos do Estado, comprometeu-se com a emissão das correspondentes certidões de óbito, a identificação e entrega dos restos mortais às famílias, para a realização das exéquias fúnebres.

Esse gesto, olhado inicialmente com desconfiança, por ser inédito, por ter lugar em ano anterior ao de eleições, porque esperámos tanto tempo que já tínhamos desesperado, acabou por ser reconhecido por todos nós como o primeiro sinal genuíno de busca pública da VERDADE e de intenção de reconciliação. Foi criada uma comissão, sob a égide do Ministro da Justiça – A CIVICOP – que ficou encarregue de dar execução aos procedimentos necessários à execução do programa definido pelo Presidente da República.

Questionámos sempre a metodologia seguida pela CIVICOP – porque envolvia pessoas intimamente ligadas à repressão em Maio de 1977, que nenhum interesse terão na reposição da verdade; porque não incluiu representantes das vítimas; porque nunca tornou claros os procedimentos que estava a seguir na localização e identificação dos cadáveres.

Paralelamente, foi criada toda uma máquina de propaganda que poderia garantir tudo, menos um trabalho rigoroso e um resultado sério. Foram exibidas na televisão imagens de um técnico brasileiro com um aparelho que serviria para localizar corpos; imagens de equipamentos semelhantes a retroescavadoras, que estariam no local a remover restos mortais; chegou-se ao ponto de anunciar publicamente a possível localização de cadáveres de pessoas cujos nomes foram publicitados nas televisões, enquanto se exibiam esqueletos humanos, reavivando sentimentos de profunda comoção e sofrimento nas famílias.

Ouvimos pronunciar o nome dos nossos pais e o de pais de companheiros nossos, órfãos também na sequência daqueles massacres. Ali estavam os restos mortais, que encerrariam um capítulo da história.Foram entregues corpos em cerimónias públicas amplamente televisionadas, em véspera de eleições presidenciais. Foram realizadas cerimónias fúnebres. O país viu. Todo o país viu e viveu esse momento como um tempo de verdade e reconciliação.Porém, nem todos recebemos acriticamente os restos mortais que nos foram indicados como pertencentes aos nossos pais. Alguns de nós pediram a realização de testes de ADN para confirmar a identidade dos cadáveres.

E foi com espanto e dor que feitos os exames se concluiu que NENHUMA das amostras corresponde à de cadáveres dos nossos pais…!Incrédulos, perguntamos porquê que nos fazem isto? Porquê que nos fizeram isto? Não chegou terem-nos imposto uma vida familiar amputada, sempre marcada pela tristeza da perda dos nossos pais? Não bastou o Estado ter demorado mais de 40 anos – mais do que a idade da maioria das vítimas – para tentar assegurar às vítimas o direito à identidade?

Objetivamente, aquilo a que assistimos foi um exercício de crueldade, em que se reavivaram gratuitamente sentimentos de perda, de dor e de mágoa, com objetivos que nada têm de nobre. E se nenhum dos restos examinados corresponde às pessoas a quem se disse pertencerem, o que se passará com os restos mortais já entregues às famílias e enterrados sem exames prévios?

As autoridades dirão agora que foi um erro. Um engano que pode ser reparado, com novas pesquisas e indagações.E nós perguntamos: Quantas mais pesquisas e indagações serão necessárias para se chegar à verdade? Quantas mais amostras de cadáveres nos serão entregues, em vão?A VERDADE – sabemo-la todos – é que estão vivos e identificados muitos dos responsáveis e participantes na repressão. E a questão que colocamos, legitimamente, é a de saber porquê que, com total transparência, essas pessoas não são chamadas a indicar, sob juramento, os locais onde foram enterrados ou lançados os corpos a que tiraram ou mandaram tirar a vida.45 anos é tempo suficiente para se encarar a VERDADE e para o País enfrentar os seus traumas.

A VERDADE ilumina e reconcilia.

A VERDADE não é apenas um direito nosso enquanto filhos, ou um direito das famílias. A VERDADE é um imperativo nacional. Não conseguiremos ultrapassar esta tragédia e aprender com ela se continuarmos a recusar-nos a enfrentar verdadeiramente os factos.E é por ser este o nosso convencimento que vimos publicamente exprimir a decepção com todo este processo e nos dirigimos ao povo angolano e ao país pedindo que se una na busca da VERDADE, porque esta é a única que nos pode verdadeiramente permitir acertar contas com o passado e construir um futuro liberto de mágoas e de ressentimentos.

Os órfãos da associação M27

23.03.2023 | por martalanca | 27 maio 1977, angola, morte, MPLA, reparação, repressão

África Lusófona e Memória. Colonialismo, guerras de libertação e comemorações.

The interactive seminar cycle ‘Memory, Culture and Citizenship in Post-Colonial Nations’ is pleased to invite you to its fifth edition. This time, the organisers from CITCOM’s sub-group Legacies of Empires welcome two historians, Miguel Cardina (CES, Universidade de Coimbra), and Víctor Barros (IHC, Universidade Nova de Lisboa) in order to discuss colonialism, liberation wars and commemorations in Lusophone Africa.
Moderated by anthropologist Elsa Peralta (CeComp, FLUL), this session will be held in Portuguese.
Organization: CITCOM, Legacies of Empire and Colonialism in Comparative Perspective, and “Constellations of Memory: a multidirectional study of postcolonial migration and remembering” (PTDC/SOC-ANT/4292/2021)

Location: Room B112.B, FLUL Library
Date: 12 April 2023, 4-6 PM

More infohttps://cecomp.letras.ulisboa.pt/citcom-projectos.php?p=361

23.03.2023 | por martalanca | CITCOM, colonialismo, guerras de libertação, memória

Jovens e adultos vão pensar a história colonial este fim de semana, em Paredes de Coura, com a estreia de descobri-quê?

descobri-quê?, uma criação de Cátia Pinheiro, Dori Nigro e José Nunes, tem estreia marcada para o próximo sábado, dia 18 de março, no Centro Cultural de Paredes de Coura, no âmbito da Odisseia Nacional do Teatro Nacional D. Maria II.

descobri-quê? é um espetáculo que pretende contribuir para a descolonização – enquanto gesto inacabado, portanto constante e continuado – do ensino do período histórico designado como descobrimentos, quebrando uma série de narrativas oficiais que romantizam esta época e procurando uma confrontação com o passado invasor, expansionista e colonialista português.

Destinado ao público juvenil, o espetáculo resulta da colaboração dos criadores da companhia Estrutura (Cátia Pinheiro e José Nunes) com o artista, performer e arte-educador Dori Nigro. Em palco, estarão Joyce Souza, Tiago Jácome e Waldju Kondo.

Depois da estreia em Paredes de Couradescobri-quê? vai passar por mais de uma dezena de concelhos de norte a sul do país e também pela Madeira, integrado na programação da Odisseia Nacional do D. Maria II. Paralelamente ao espetáculo, serão ainda desenvolvidos, em vários concelhos do país, Laboratórios Teatrais destinados a alunos do ensino secundário e ao público em geral, onde se pretende promover o pensamento crítico e criar espaços de reflexão/ação em torno da história colonial, do passado e do presente. O primeiro Laboratório decorre já a partir de amanhã, dia 16 de março, em Paredes de Coura.

Odisseia Nacional é um projeto do Teatro Nacional D. Maria II, composto por centenas de propostas artísticas, que vão passar por 93 concelhos de todas as regiões de Portugal continental e ilhas, ao longo do ano de 2023. Depois do primeiro trimestre do ano passado na região Norte, seguem-se o Centro do país, de abril a junho, os Açores, em julho, a Madeira, em setembro, e as regiões do Alentejo e Algarve, de outubro a dezembro.

20.03.2023 | por mariadias | arte, juventude, odisseia nacional, paredes de coura

Podcast Todas as Vozes: Conversas com Mulheres do Atlântico Afro-Luso-Brasileiro

Este podcast quinzenal teve início no dia 8 de março. Haverá conversas com autoras tão diversas como a Ellen Lima, a Ngongita Diogo, a Dina Salústio ou a Gisela Casimiro, entre muitas outras. Está disponível em várias plataformas (Spotiffy, Anchor, Amazon Music, Google Podcasts, MixCloud e Stitcher).

Conversas com autoras que publicam poesia e prosa em Portugal, no Brasil, em Angola, Moçambique, Cabo Verde, S.Tomé e Príncipe e. na Guiné-Bissau; Conversas à margem de cânones, em que se fala sobre memórias, periferias e formas de resistência. Conversas com investigadoras que também estudam formas artístico-poéticas de resistência; Conversas no âmbito do Projeto  WomenLit - Literatura de Mulheres: Memórias, Periferias e Resistências no Atlântico Luso-Afro-Brasileiro (PTDC/LLT-LES/0858/2021), Centro de Investigação: CHAM, FCSH-NOVA Lisboa, e Instituições Parceiras: CES e CEAUL/ULICES. Música: “Song in Mountains”, IMGMIDI.

ESCUTAR aqui 


20.03.2023 | por martalanca | Atlântico Afro-Luso-Brasileiro, mulheres, podcast

Sharjah Biennial 15 Thinking Historically in the Present

Beginning February 2023, Sharjah Art Foundation (SAF) brings together over 150 artists and collectives from more than 70 countries for the 15th edition and 30-year anniversary of the Sharjah Biennial. Conceived by the late Okwui Enwezor and curated by the Foundation’s Director Hoor Al Qasimi, Sharjah Biennial 15: Thinking Historically in the Present reflects on Enwezor’s visionary work, which transformed contemporary art and has influenced the evolution of institutions and biennials around the world, including the Sharjah Biennial.
Al Qasimi interprets and elaborates on Enwezor’s proposal with a presentation of more than 300 artworks — including 70 new works — critically centring the past within contemporary times. These works, as well as a wide-ranging programme of performance, music and film, activate more than 19 venues in 5 cities and towns across the emirate of Sharjah: Al Dhaid, Hamriyah, Kalba, Khorfakkan and Sharjah. Among the many venues are sites within Sharjah’s historical quarter; buildings recently restored and transformed by the Foundation including The Flying Saucer and Kalba Ice Factory; and repurposed structures that once served as a vegetable market, medical clinic and kindergarten.
Free and open to the public, Sharjah Biennial 15 runs 7 February through 11 June 2023, with opening week events taking place from 7 February to 12 February.
“Two decades ago, I experienced Okwui’s Documenta 11 which, with its radical embrace of postcolonialism, transformed my curatorial perspective. His idea of ‘thinking historically in the present’ is the conceptual framework for the Biennial, which we’ve sought to honour and elaborate on while also reflecting on the Foundation’s own past, present and future as the Biennial marks its 30-year anniversary. We look forward to welcoming local audiences and visitors from around the world to reflect on the Biennial’s themes and the artists’ wide-ranging perspectives on nationhood, tradition, race, gender, body and imagination,” said Al Qasimi.
For Enwezor, the contemporary art exhibition provided a means to engage with history, politics and society in our global present. Enwezor’s proposition of the ‘postcolonial constellation’ and its pluriverse of key concepts form one point of departure for the 15th edition of the Sharjah Biennial. Re-envisioning the proposal by the late curator, Al Qasimi builds upon her own long-term relationship with the Biennial, as visitor, artist, curator, and eventually as director of the Foundation.
The 19 venues spread across the emirate of Sharjah — from heritage buildings and historical landmarks to modern architecture of the late 1900s and contemporary spaces — connect different moments of Sharjah’s history as well as its diverse communities and landscapes. Through more than 300 artworks, the Biennial proposes a transcultural universe of thought embedded into this local social fabric, involving Sharjah’s own lived past in a nuanced conversation around postcolonial subjectivity, the body as a repository of memories, restitution, racialization, transgenerational continuities, and decolonisation. Rooted in intimate and caring observations of everyday lives and vernacular traditions, performances, concerts, workshops and other public programmes will activate the venues as well as regional art centers located in each city, forming a capillary reach across the emirate throughout the four-month duration of the Biennial.
Expanding upon Enwezor’s initial proposal, Al Qasimi has collaborated with artists to embark on more than 70 new works, including many major commissions, that relate and respond to SB15’s overarching theme of centering the past within the present, thereby bridging diverse postcolonial histories.
Major new commissions by John Akomfrah, Maria Magdalena Campos-Pons, Doris Salcedo, Berni Searle and Barbara Walker testify to the lingering after-effects of colonialism. A feature-length film by Coco Fusco, installation by Bouchra Khalili, multimedia work by Almagul Menlibayeva and sound installation by Hajra Waheed reactivate and reimagine the political conflicts precipitated by the modern nation-building process.
Brook Andrew and Isaac Julien reflect upon museumised objects and their restitution, while Destiny Deacon, Robyn Kahukiwa and Tahila Mintz assert the significance of indigenous identities and values. In the works of Gabrielle Goliath, Amar Kanwar, Wangechi Mutu and Carrie Mae Weems, individual histories are interwoven with collective notions of memory, grief and transformation.
Also premiering in SB15 are works that engage with the local context of Sharjah. Kerry James Marshall proposes an outdoor installation in the form of an archaeological find inspired by fact, myth and tales, while Lubaina Himid and Nil Yalter dive into the urban fabric of Sharjah with their public interventions. Basel Abbas and Ruanne Abou-Rahme, Asma Belhamar, Kambui Olujimi, Prajaka Potnis and Veronica Ryan present site-specific projects that converse with and recontextualise the old and new architecture of the Foundation.
Performances and theatrical presentations will be on offer throughout the Biennial. Gabriela Golder, Hassan Hajjaj, Rachid Hedli, Tania El Khoury, The Living and the Dead Ensemble and Aline Motta will activate their work during the opening week in February. In conjunction with the annual March Meeting, Marwah AlMugait, Shiraz Bayjoo, Naiza Khan and Akeim Toussaint Buck will perform in early March. Musical programmes featuring musicians Youssou N’Dour and Abdullah Ibrahim will follow in March and April, with additional performances to be announced later.

16.03.2023 | por mariadias | arte, atuações, comunicação, política, teatro

"ATLAS DA SOLIDÃO" programa interdisciplinar que se dedica a pensar sobre a solidão

Realiza-se de 31 de março a 29 de abril, na Appleton - Associação Cultural, em Lisboa, o programa interdisciplinar Atlas da Solidão, cujo objetivo é chamar a atenção para o tema da solidão, para o analisar dos pontos de vista teórico, simbólico e prático, através da participação de intervenientes de várias disciplinas artísticas, académicos e especialistas. Ocupando a galeria Appleton Square com atividades ao longo de um mês, o espaço torna-se uma plataforma de encontro entre o público e os intervenientes do projeto.

Composto por sete momentos, o programa quer refletir sobre as perguntas:De que falamos quando falamos de solidão? Para que serve a solidão? Porque se torna ameaçadora? Como podemos usufruir da nossa solidão num mundo que se tornou mais veloz do que nunca?Antes da pandemia, a solidão e o isolamento social eram tão preponderantes na Europa, EUA e China, que tinham já sido descritos como uma «epidemia comportamental». Vivemos no tempo mais conectado da história da humanidade e, paradoxalmente, sentimo-nos isolados. Mas a solidão e a monotonia têm também um lado positivo, uma vez que são essenciais para a fruição da criatividade. A solidão facilita o desenvolvimento da empatia e é um movimento de reconstrução tão positivo como a própria socialização. Gostar de estar sozinho é, por outro lado, descobrir a abertura ao pensamento crítico e original. 

O programa arranca no dia 31 de março com a inauguração de Quero um dia em que não se espere nada de mim, uma exposição coletiva, com obras de Bert Timmermans, Horácio Frutuoso, Isabel Cordovil, Joana Ramalho, Luís Barbosa, Mag Rodrigues e Pedro Lagoa.

Com um formato de áudio-caminhada, Paula Diogo apresenta nos dias 4 e 5 de abril Terra Nullius, uma peça que transborda o espaço da galeria, ocupando a geografia urbana da cidade e o espaço virtual de discussão e pensamento. O espetáculo inicia-se e termina na Appleton, havendo lugar a uma caminhada solitária nas imediações da galeria, com apoio de um mapa. No final, cada espetador recebe um livro. 

Num mundo em que estamos em constante comunicação, como é que imaginamos a solidão dos outros? Vrndavana Vilasini concebe um curso online, de 10 a 13 de abril, onde irá abordar a representação da melancolia na arte e na literatura a partir de exemplos teóricos e poéticos, procurando a anatomia da natureza melancólica e a sua pluralidade de manifestações. Através de material histórico, médico, filosófico e artístico, o curso irá dedicar-se a refletir sobre o temperamento da condição melancólica.

No dia 14 de abril, Margarida Garcia e Manuel Mota apresentam-se emconcerto, numa linguagem sonora proto-cinematográfica onde o silêncio perfura, desvia e perturba constantemente a forma musical, como um ponto de charneira que catapulta o som para o universo da matériPara o público jovem, Joana Cavadas dirige, no dia 15 de abril, O Mapa uma oficina de criação artística com cerca de cinco sessões de exercícios para pensar sobre diferentes perspetivas da solidão e responder à pergunta: porque fugimos da solidão? 

O bailarino e coreógrafo David Marques, apresenta nos dias 20 e 21 de abril, uma criação nova intitulada Comoção e, no dia 28 de abril, Vânia Rovisco apresenta a performance Approach and enter, que explora os movimentos de aproximação entre sujeitos e corpos, os limites da intimidade, da proximidade física e do corpo como superfície de inscrição de sentido.

O programa termina no dia 29 de abril com as conferências de encerramento Uma comunidade de solidões, que contam com vários especialistas com investigação sobre o tema da solidão, que estabelecem diálogo com a observação crítica artística e que são abertas à participação do público: com Adalberto Carvalho (Filosofia), Sónia Martins (Psicologia) e Rui Miguel Costa (Ciberpsicologia).

Programa:

  • 31 março 

Quero um dia em que não se espere nada de mim - exposição coletiva, com obras de Bert Timmermans, Horácio Frutuoso, Isabel Cordovil, Joana Ramalho, Luís Barbosa, Mag Rodrigues e Pedro Lagoa (artes visuais)

  • 4 e 5 abril 

Terra Nullius, de Paula Diogo (caminhada-espetáculo) - versão DIY
Horário: áudio e livro disponíveis das 14H às 17H50

  • 10 a 13 abril

Melancolia, arte e literatura, por Vrndavana Vilasini (formação online)
Duração: 1H30 
Sala aberta: 18H40 
Horário: 19H

  • 14 abril 

Margarida Garcia e Manuel Mota (concerto)
Horário: 21H

  • 15 abril 

O Mapa, por Joana Cavadas (oficina com adolescentes)
Duração: 2H30 
Horário: 15H

  • 20 e 21 abril 

Comoção, de David Marques (dança)

Duração: aprox. 40 minutos
Horário: 19H

  • 28 abril  

Approach and Enter, de Vânia Rovisco (performance-instalação)

Duração: 2H
Horário: 17H

  • 29 abril

Uma comunidade de solidões - conferências de encerramento

14H-16H: Adalberto Carvalho + Sónia Martins / Marta Rema (moderação)

16H30-18H30 - Rui Miguel Costa + [orador/a a definir] / Marta Rema (moderação)

Duração (cada): 2H00 com intervenções do público 
Horário: das 14H às 18H30 com intervalo 

15.03.2023 | por mariadias | arte, associação cultural de lisboa, atlas da solidão, solidão

Sambizanga, pelos Cinéfilos & Literatus

No âmbito da segunda temporada do Cinéfilos & Literatus, no dia 17 de Março, sexta-feira, às 18h, exibir-se-á no Auditório Pepetela, em Luanda, o filme “Sambizanga”, da cineasta Sarah Maldoror, com o apoio da Associação Amigos da Sarah Maldoror e Mário Pinto de Andrade, em parceria com Camões – Centro Cultural Português e Associação KinoYeto.A presente edição visa homenagear a cineasta e defensora dos direitos humanos, Sarah Maldoror: uma figura importantíssima na história do cinema angolano e africano.
“Sambizanga”, de Sarah Maldoror, é uma longa metragem baseada no livro  “A Vida Verdadeira de Domingos Xavier”, escrito pelo escritor José Luandino Vieira, com o roteiro do também escritor e nacionalista Mário Pinto de Andrade.
«Trata-se de uma história que se passa em Angola no ano de 1961 à volta de Domingos Xavier, um ativista revolucionário angolano, que é preso pela polícia secreta portuguesa. Xavier é levado para a prisão de Sambizanga, onde acaba sendo submetido a um interrogatório e tortura para extrair os nomes dos seus companheiros que lutam pela independência de Angola […] O filme é contado a partir do ponto de vista de Maria, a mulher de Xavier, que vai em busca do seu marido em cada prisão, sem entender exatamente o que aconteceu, já que Xavier foi torturado e espancado até a morte.»
Com entrada totalmente grátis, nessa segunda edição teremos à mesa de conversa a Sra. Henda Pinto de Andrade, uma das filhas da Sarah Maldoror, a cineasta Maria João Ganga e o escritor José Luis Mendonça.Cinéfilos & Literatus é um projecto artístico-cultural que consiste na projeção de filmes adaptados de obras literárias nacionais e internacionais, seguido de um debate em torno do filme e do livro após a sessão.

14.03.2023 | por martalanca | cinefilos %26 Literatus, Luanda, Sambizanga, Sarah Maldoror

O samba como guerrilha por Luca Argel ao vivo na Escola das Artes

No próximo dia 16 de março, às 18h30 e com entrada livre, o conhecido cantor, compositor e activista Luca Argel, vai estar na Escola das Artes da Universidade Católica no Porto para a conferência-performance “Olha o dia de ontem chegando - Samba: guardião da memória”. Conhecido por integrar os grupos “Samba Sem Fronteiras” e “Orquestra Bamba Social”, Argel promete mostrar como no samba se conta a história de resistência e resiliência do povo brasileiro.


Luca Argel, que reside em Portugal há dez anos, é cantor e compositor. Faz parte de vários grupos musicais, entre os quais “Ruído Vário”, onde trabalhou com a cantora portuguesa Ana Deus, sobre poemas musicados de Fernando Pessoa. É licenciado em música pela UNIRIO e mestre em literatura pela Universidade do Porto. Tem cinco álbuns de estúdio, que resultam de uma incessante pesquisa sobre a história, a política, e as relações com a música popular brasileira. O seu álbum mais recente, “Sabina”, aborda os temas da tensão pós-abolição da escravatura, do racismo e da descolonização.

Luca Argel assinala ainda a sua presença na literatura, com livros de poesia publicados no Brasil, em Portugal e em Espanha. O livro “Uma pequena festa por uma eternidade” foi um dos semifinalistas do Prémio Oceanos em 2017. Além disso, assina rubricas de rádio e desenvolve bandas sonoras

Esta performance do brasileiro faz parte do Ciclo Internacional de Conferências, Exposições e Performances 2023 da Escola das Artes da Universidade Católica, que tem como título “Pisar Suavemente a Terra” que tem como inspiração o pensamento do filósofo e ativista Ailton Krenak. Trata-se não só de uma homenagem ao pensador, mas de um movimento subtil de admitir a urgência desses e outros ensinamentos, humanos e não humanos, como possibilidades de compreender e transformar nossa relação com a Terra.

O conferência-performance de Luca Argel com o título “Olha o dia de ontem chegando- Samba: guardião da memória”, terá lugar dia 16 de março, pelas 18h30, no Auditório Ilídio Pinho da Escola das Artes da Universidade Católica no Porto. A entrada é gratuita.

13.03.2023 | por mariadias | arte, Brasil, escola de arte, luca argel, samba

Dany Laferrière em Portugal

Iniciativa conjunta do Bureau du Québec à Barcelone, da Embaixada do Canadá em Portugal, do Institut français du Portugal e da Antígona, integrada na Festa da Francofonia 2023.

  • 17 Março (18h) • Livraria Palavra de Viajante, Lisboa  Conversa informal entre o autor e Alberto Manguel. 
  • 18 Março (17h) • Livraria Ler Devagar, Lisboa Conversa informal moderada por José Mário Silva e com a presença do tradutor Luís Leitão, para apresentar os livros Como Fazer Amor com um Negro sem se Cansar e O Grito dos Pássaros Loucos.
  • 20 Março (16h30) • Salão Nobre da Universidade Nova de Lisboa Masterclass do autor e aberta ao público, intitulada «L’exil vaut le voyage». O evento é organizado pela Associação Portuguesa de Professores de Francês, o IFP, o IELT, o CLUNL e a NOVA-FCSH.

Como Fazer Amor com um Negro sem se Cansar 

«Uma provocação astuta e incendiária sobre as relações inter-raciais que se tornou um succès de scandale.» The Guardian
«Um livro em que o racismo não é sancionado, mas sobretudo instrumentalizado e alvo da ironia das personagens.»
Deutschlandfunk Kultur

Brilhante e provocador, traduzido em várias línguas, Como Fazer Amor com um Negro sem se Cansar (1985) é o romance de estreia de Dany Laferrière – em cujas páginas assistimos também ao nascimento de um escritor –, uma sátira feroz aos estereótipos e clichés racistas e às relações raciais na América do Norte. Explodiu como uma bomba no mundo francófono, consagrando um autor que continua a destilar irreverência e humor.

O Grito dos Pássaros Loucos 

Um drama autobiográfico sobre a violência de um país, o exílio e a liberdade de escrever.
1976, Haiti. O Grito dos Pássaros Loucos (2000), obra de maturidade do autor, narra o dia em que um mundo desaba e uma vida muda para sempre: as derradeiras horas de Ossos Velhos – alter ego de Dany Laferrière – em Port-au-Prince, antes de partir para o exílio no Canadá, e na sequência do assassínio do seu maior amigo pelas milícias do ditador Duvalier. A amargura da despedida e o doce aroma do café e do ilangue-ilangue fundem-se numa última ronda pelas ruas vibrantes da cidade, onde só uma pergunta ecoa: o exílio ou a morte?

13.03.2023 | por mariadias | Como Fazer Amor com um Negro sem se Cansar, Dany Laferrière, O Grito dos Pássaros Loucos

Nova exposição do Dalaba: sol d' Exil, 2019

Em Braga na Galeria Zet, comissariada por Helena Mendes Pereira. Este convite dirige-se a qualquer um que se encontre na região dia 11 de Março às 16:00h e que se queira juntar à inauguração de “Miriam Makeba: a pós-memória da luta pela Liberdade na obra da Ângela Ferreira”.

13.03.2023 | por mariadias | battga, galeria zet, sol d´ Exil

"Amílcar Cabral, uma Exposição"

«Amílcar Cabral, uma Exposição», iniciativa da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, estará patente no Palácio Baldaya, em Benfica, entre 16 de março e 25 de junho. Tem entrada livre e pode ser visitada todos os dias das 9h às 22h.

A exposição sobre Amílcar Cabral é inaugurada no ano em que passa meio século sobre o seu assassinato (1973, Conacri), e conta a história do revolucionário que – ao lado dos seus camaradas do PAIGC – contribuiu decisivamente para o fim do último império colonial europeu. Mostra objetos e correspondência de Cabral, mas também imagens, sons e textos que outras e outros lhe têm dedicado. É uma exposição sobre Amílcar Cabral e as suas vidas posteriores.

“Amílcar Cabral foi uma figura destacada do século XX cuja memória permanece, seja no imaginário político ou no nome das ruas de vários países do hemisfério Sul, da África do Sul ao Brasil. A sua vida é hoje motivo de renovado interesse em África, assim como nas periferias de capitais europeias, em universidades ocidentais ou nos principais canais televisivos mundiais”, explica José Neves, membro da Comissão Científica da iniciativa.

No Palácio Baldaya estarão 50 peças que permitem uma viagem pela vida do agrónomo e líder nacionalista, mas não só: “Cada uma das peças expostas leva-nos a momentos e lugares da vida de Cabral, enquanto indicia o tempo, o espaço e a experiência de quem o conheceu, vigiou, admirou, filmou, retratou ou cantou. Cabral está omnipresente, mas muitas das 50 peças que exibimos têm protagonistas próprios, da fotógrafa italiana Bruna Polimeni ao músico angolano David Zé, passando pelo líder ganês Kwame Nkrumah”, acrescenta o historiador.

A partir da exposição, a Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril vai promover iniciativas diversificadas – mesas redondas, concertos, visitas guiadas e cinema –, incidindo sobre temas como liberdade, colonialismo, luta anticolonial e descolonização.

  • Quinta-feira, 16 de março de 2023 16:00 
  • Domingo, 25 de junho de 2023 21:55
  • Palácio Baldaya 701A Estrada de BenficaLisboa, Lisboa, 1500-087 Portugal (mapa)

13.03.2023 | por mariadias | Amílcar Cabral, exposição

Lançamento do livro "Pesadelos, Excessos, Utopias. A representação do poder em Angola entre literatura e artes visuais", de Alice Girotto

Quinta-feira, 16 de Março, às 18h30 na Tigre de Papel, Lisboa
Lançamento do livro com a participação da autora, de Ana Mafalda Leite e de Inês Ponte

Apostando na validade hermenêutica e no alcance crítico da análise interartística no estudo das literaturas africanas de língua portuguesa, este livro tem o objetivo de alargar o horizonte de conhecimentos sobre a literatura contemporânea de Angola, com vista a uma compreensão mais profunda da realidade cultural do país pós-2002.O estudo de tipo temático identifica e confronta, num corpus de mais de vinte obras de ficção e das artes visuais, as características do poder que se evidenciam na sua representação literária e artística, especificamente em três manifestações: o poder nas relações que se instauram no espaço e na sua organização; a personificação do poder na arena política e em figuras intermediárias ligadas às instituições estatais; a redefinição do poder em modalidades novas e alternativas. Desta observação emergem os três núcleos estéticos evocados no título e considerados como sendo subjacentes à contemporaneidade angolana.

08.03.2023 | por martalanca | Alice Girotto, Ana Mafalda Leite, angola, artes visuais, Inês Ponte, literatura, Poder