Acontece normalmente de uma forma simples, que é como eu a gostava de a ver contada. Não num sentido totalmente popular ou mercantilista, usando todas as matrizes básicas para fazer render a “coisa”: acção violenta ao minuto dois com explosões ao minuto três e sexo do minuto quatro ao décimo (risos). Continuo a acreditar que se podem contar histórias que possam ser vistas e sentidas de várias formas, que possam ser inteligentes, respeitando o público.
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16.11.2015 | por Maria do Carmo Piçarra
O programa de 2015 convida a uma rota por “Todas as Fronteiras” – geográficas, geopolíticas, entre quem filma e quem é filmado, o visível e o invisível, o centro e a periferia, o público e o privado, o som e a imagem – e conta com a presença dos realizadores Adirley Queirós, Catarina Mourão, Eloy Domínguez Séren, Eric Baudelaire, Eyal Sivan, Filipa César, Joana Pimenta, Nelson Carlo de los Santos Arias e Salomé Lamas.
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13.09.2015 | por vários
O cinema Blaxploitation norte-americano e o movimento artístico transnacional (e transplanetário) do Afrofuturismo reescreve as histórias da diáspora africana e da escravatura através de novos paradigmas cosmológicos, mitologias e tecno-futurismos. Numa perspetiva queer observa-se as categorias de poder, como raça, género e sexualidade, e como os fenómenos influenciaram muitas expressões artísticas queer "negras" visuais e musicais, no Reino Unido, EUA ou Jamaica, como a soul, hip hop, rap, bouncing, voguing.
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07.07.2015 | por Ricke Merighi e Pedro Marum
A RESPEITO DA VIOLÊNCIA é, simultaneamente, um documentário baseado em material de arquivo que abrange os momentos mais ousados da luta de libertação no Terceiro Mundo e uma exploração dos mecanismos de descolonização através de excertos de Os Condenados da Terra, de Frantz Fanon.
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24.04.2015 | por vários
Desfilam sob os nossos olhos traumas de guerra, mentes psicopatas, comportamentos perversos, crenças e tradições, como a figura aterradora da dama Pé de Cabra. O filme cativa sobretudo pela capacidade de surpreender e prender sem se tornar num equívoco ou num emaranhado de situações demasiado ambíguas ou previsíveis.
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13.04.2015 | por Luísa Fresta
As figuras revolucionárias femininas, como por exemplo a Josina Machel, são representadas como santinhas, sem corpo. Para mim a Yvone Kane é, de certa forma, aquilo do que deveria ter sido representado da Josina Machel. Há um lado muito púdico dos revolucionários, como se as mulheres fossem perfeitas. Nem nos livros de história vamos saber quem verdadeiramente eram.
Cara a cara
05.03.2015 | por Marta Lança
Numa parte significativa da sua obra cinematográfica de investigação etnográfica, Jean Rouch estuda exaustivamente o misterioso sistema cosmológico da cultura Dogon (no Mali), as batalhas fluviais dos pescadores Sorko com os hipopótamos (no Níger), as perseguições aos leões protagonizadas pelos caçadores Gaos (no Níger).
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03.09.2014 | por Rui de Almeida Paiva
O cinema português contemporâneo defronta-se com a questão de como representar a revolução, de como reactivar o tempo da revolução no presente, presentificando-a, arrancando-a ao distanciamento do passado e do arquivo e conferindo força política objectiva e crítica às imagens do 25 de Abril. Se a travessia da história constitui uma operação crítica por excelência e se o método historiográfico comporta necessariamente um processo de identificação com os acontecimentos do passado, para os cineastas portugueses, sobretudo para aqueles que cresceram ou nasceram depois do 25 de Abril, a existência de um tão vasto arquivo e de um corpus cinematográfico extraordinário coloca o problema mais além de qualquer historicismo.
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27.10.2013 | por Raquel Schefer
ECAScreening4: Alassane constrói uma sátira ao mostrar-nos como o cotidiano vivido pelos cowboys das ficções é conflitante com a vida dos jovens da aldeia. O final que o autor escolhe para o filme cria para o novo conflito produzido pela presença dos cowboys na aldeia uma solução que nos mostra como “as diferenças entre as culturas colonizadora e colonizada permaneçam profundas nunca operaram de forma binária”. Hall defende que não se deve designar a transição no sentido de reforçar a ideia de um “antes” e um “agora”, mas reler os binarismos como forma de transculturação, de tradução cultural que se destinam a perturbar os binarismos culturais do tipo aqui/lá.
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11.06.2013 | por Cristina dos Santos Ferreira
ECAScreenings 1: Entrevista com Manthia Diawara professor de Estudos Africanos e literatura comparada da New York University (NYU) e realizador dos documentários: Sembéne: The Making of African Cinema (1994), Rouch in Reverse (1995), In Search of Africa (1997), Bamako Sigi-Kan (2002) e Conakry Kas (2003), etc "muitos dos intelectuais africanos foram criados com a antropologia, na medida em que o processo de conhecimento próprio e das suas culturas se baseou nas leituras de Lucien Lévy-Bruhl, de Leo Frobenius ou de Marcel Griaule. Por isso, em certo sentido, estes antropólogos inventaram uma África em que os africanos acabaram por se integrar e adoptar. Todavia, também existe uma abordagem de origem marxista a este fenómeno, uma espécie de desconstrução dessa oposição binária entre o ocidente e o Outro, o civilizado e o primitivo, entre a dita religião africana e a religião ocidental, pois o marxismo é todo ele iluminismo – ou se aceita a modernidade ou não. Os desenvolvimentos destas concepções trazem-nos aos dias de hoje e à questão aqui em causa: como é que se pode trabalhar hoje? Existe um Outro autêntico, que se possa opor ao “outro” dito essencialista ou estereotipado? Esta tem sido uma situação muito, muito difícil para todos nós, pois sempre que alguém “abre a boca” está a criar estereótipos."
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15.05.2013 | por João G. Rapazote
Sofia vive isolada num velho apartamento de família onde até o pó parece ser preservado. A pedido da sua mãe chega Mariama, uma jovem guineense, para ajudar a cuidar da casa e do seu filho. Mas onde está este filho que nunca vemos?
Bobô, irmã mais nova de Mariama, vai despertar em Sofia uma vontade de sair do casulo. Atrás do seu sorriso confiante, Mariama atormenta-se com a ameaça da mutilação genital feminina a que Bobô está prestes a ser submetida...
O encontro entre Sofia e Mariama fá-las confrontarem-se com os seus fantasmas.
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20.04.2013 | por Inês Oliveira
On Safari conta as suas peripécias com os animais. Armand Denis era de certa forma um mágico do improviso, pois inventou muitas técnicas de filmagem e tornou-se um ativista pelos direitos dos animais e contra a caça, defendendo um mundo que já estava na altura em vias de extinção.
Considero também que a minha implicação física no filme é importante, para resgatar e confrontar de certa forma a invasão de que falava. Assim, enquanto não obtenho o apoio financeiro necessário à sua realização, tenho-me vestido com um fato de tigre em alguns lugares da cidade, em performances de curta duração: pendurei-me numa árvore em super8, fiz dupla com um homem-estátua para os turistas, passeei de gaivota no jardim zoológico, fui esquiar com um macaco nos Alpes, entre outras coisas.
Corpo
18.04.2013 | por Rita Brás
Tarantino quer aproveitar o lado fantasioso sério do cinema para exorcizar a culpa ocidental, para matar racistas e pôr negros a chicotear brancos. Porque pensa que merecem. Porque sabe que nós sempre teremos Paris, mas também sempre teremos Candyland. É isto, ou pouco mais do que isto. E como no filme sobre os nazis, esse flashback regenerador em relação ao passado não poder ser feito a não ser no cinema. Mais uma vez estamos no centro da relação história/cinema pois não há género tão racista quanto o western. Há assim também que reabilitar a história do cinema.
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13.02.2013 | por Carlos Natálio
“Interessavam-lhe os filmes de propaganda subjugados à lógica do desenvolvimento branco, das infra-estruturas e desenvolvimento que os colonos tinham levado a África. O que englobava as populações negras”, aponta José Manuel Costa, “era mostrado sob um ponto de vista folclórico, pretensamente etnográfico”. É daí, diz Maria do Carmo Piçarra, que nasce a ideia do país menos racista e mais simpático para os outros povos. “Catembe é censurado porque apresenta uma visão disruptiva do que o cinema de propaganda propunha. Numa das sequências, quase totalmente censurada, mostra uma mulata, Catembe, apaixonada por um pescador pobre. Mostra [em cena também censurada] a convivência racial nos bares de Maputo, com pretos e brancos dançando uns com os outros. Todo um ambiente que nada tinha a ver com ‘Fado, Fátima e Futebol’”.
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18.01.2013 | por Mário Lopes
Um dia na cidade de Lisboa. Do nascer do dia à noite e os lugares mágicos da cidade, cheios de história e prontos a receber novas memórias. O nascimento, o casamento, a refeição, a morte, actos principais e comuns à humanidade, aqui observados nas várias comunidades imigrantes de Lisboa, fragmentos da história diária.
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20.06.2012 | por José Manuel de S. Lopes
Um pouco por todo o continente africano assiste-se ao renascer de uma indústria da cultura e da memória, mesmo de um culto da memória. E talvez seja uma boa novidade.
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10.05.2012 | por P.J. Marcellino
É um tipo recente, mas que veio para ficar. Trata-se do cidadão brasileiro de pele negra, que procura ressaltar seus traços culturais africanos (ou que acredita ser africano) nas roupas, penteados etc. Os exemplos mais evidentes encontram-se na música popular (os blocos afro do carnaval de Salvador, Gilberto Gil, Carlinhos Brown), já ironizados em programas humorísticos da televisão (Arnaud Rodrigues e Chico Anísio fazendo Baiano e os Novos Caetanos, ou as charges do programa Casseta e Planeta).
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20.03.2012 | por João Carlos Rodrigues
Os festivais de cinema africanos nasceram nos anos sessenta, num ambiente de revolução cultural e independências políticas, e foram em parte fruto de iniciativas privadas, que foram mais tarde institucionalizadas pelo estado. Ao longo dos anos, o cinema africano foi ganhando cada vez mais visibilidade internacional.
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22.11.2011 | por Inês Thomas Almeida
estamos cientes de que qualquer filme angolano, partindo de elementos culturais muito diferentes daqueles que normalmente alimentam os mercados do cinema, de uma maneira geral afectos a configurações sociais mais ou menos próximas de quadros ocidentalizados, tem que se haver com problemas muito específicos de leitura, da ordem pelo menos dos que ocorrem com outras cinematografias regionalizadas, africana sou não.
Ruy Duarte de Carvalho
10.09.2011 | por Ruy Duarte de Carvalho
Os temas que o Jornal Português – produzido de 1938 a 1951 com patrocínio do Estado Novo – abordou clarificam como o regime quis projectar a nação e pensou a relação do cinema com o público. Salazar vai ao cinema - O Jornal Português de actualidades filmadas não pôde desenvolver a análise desses temas nem tão pouco dar conta do caso de intercâmbio noticioso com o congénere espanhol, NO-DO. Salazar vai ao cinema - A “Política do Espírito” no Jornal Português propõe-se complementar, assim, a abordagem a essa colecção de actualidades cinematográficas.
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08.07.2011 | por Maria do Carmo Piçarra