A vinte e nove de setembro de 1502, naus portuguesas avistaram na costa indiana um barco com centenas de pessoas que regressavam de Meca para Calecute. Vasco da Gama procurava há dias atacar peregrinos muçulmanos que ali passavam e tinha um plano sanguinário para os que se encontravam a bordo desta embarcação: «andando algumas das nossas naus em procura das que vinham de Meca, a S. Gabriel se encontrou com uma de Calecute que dali voltava com duzentos e quarenta homens, sem falar nas mulheres e crianças, que eram bastantes, e que todos voltavam daquela peregrinação: deu-lhes logo caça, e tendo disparado alguns tiros de bombarda, para logo se renderem»
A ler
29.09.2021 | por Pedro Varela
A COLÓNIA é a versão colonial portuguesa do Monopólio. Capaz de destruir as melhores amizades e ser efetivamente a origem de brigas acesas entre os participantes, a COLÓNIA continua a ser jogada por milhões de pessoas em Portugal e outros lugares.
O objetivo do jogo consiste em reconstruir o império geográfico, religioso e espiritual português e evitar a perda dos territórios. Ao contrário do Monopólio, não há perdedores.
A COLÓNIA é um jogo de vencedores.
A duração do jogo depende inteiramente do grau da dedicação dos participantes.
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28.02.2021 | por Patrícia Lino
A ausência das nossas perspetivas nas instituições nacionais e nas discussões públicas está naturalizada e normalizada, rasurando-nos enquanto sujeitos históricos e enquanto contribuidores por excelência para a edificação da sociedade portuguesa nas suas diferentes vertentes. Excluídos do corpo nacional, assistimos a uma disputa pela memória que reforça a glorificação da ideologia colonial e reifica o lusotropicalismo, que continua bem presente, apesar da derrota política do fascismo e do advento da democracia, com a “revolução dos cravos” de 1974.
Mukanda
27.06.2018 | por vários
Acredito que Portugal precisa de aprender a contar bem melhor as suas tantas histórias, e que essa é necessariamente uma injunção do presente. Um museu dedicado a uma “história única” contada na língua do eufemismo boicota esse esforço, que já vai atrasado. O que nos vale é que seja um atraso necessariamente recuperável: é sempre possível ser mais livre.
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01.06.2018 | por Pedro Schacht Pereira
Perderemos uma oportunidade histórica (e ética) se mantivermos uma nomenclatura de “descoberta” a propósito deste período histórico e não pensarmos uma metodologia adequada para este museu que esteja à altura de abrir um espaço novo capaz de articular crítica e criativamente, de forma informada, inclusiva e respeitadora da legitimidade das várias perspetivas e experiências que são a realidade da cidade de Lisboa e do país.
Mukanda
21.05.2018 | por vários
Os museus hoje ou são pós-coloniais ou não são nada. O que quer isto dizer? Primeiro que esta posição tem antecedentes: nos efeitos da revolução pós-colonial protagonizada pela negritude, pelas independências, pelo pós-colonialismo nas suas várias expressões e pelo pensamento ameríndio contemporâneo, com um impacto e uma energia intelectual só comparável à revolução coperniciana. Do mesmo modo como não é equacionável fazer um museu da história da ciência que terminasse num planisfério em que o sol e todos os corpos celestes girassem à volta da terra, não é admissível pensar a expansão portuguesa e a europeia dissociadas das narrativas dos ocupados e dos vencidos, dos seus acervos, quando os há, e da sua narrativa sobre a expansão.
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19.05.2018 | por António Pinto Ribeiro
Cochim, a maior cidade do estado de Querala, foi uma das principais bases da presença portuguesa na Índia. A forma como os navegadores portugueses são recordados na cidade desafia as representações dominantes em Portugal, que glorificam os exploradores e o período dos “Descobrimentos”. Pelo contrário, revela histórias pouco conhecidas de violência, crueldade e coerção.
Vou lá visitar
04.02.2018 | por Marta Vidal