A imagem da mulher passa pelo estereótipo profundamente enraizado que remonta à antiguidade. É a ideia de que as mulheres estão imóveis, à espera, no espaço do lar e da reprodução da família. Estão, portanto, ancoradas enquanto os homens navegam. Esta é uma das razões pelas quais a migração das mulheres não foi discutida durante muito tempo. Não parece natural imaginar mulheres em movimento.
Cara a cara
22.03.2021 | por Brahim Nejma e Schmoll Camille
“Ressignificar” é o resultado de um projeto criativo que aliou a arte ao desenvolvimento humano. Da autoria de Iolanda Oliveira, esta curta-metragem, selecionada para o Festival Horizontes e para o Lift-OFF Sessions, é um elogio ao universo feminino, sem pretender determiná-lo, porque «uma mulher é pura imensidão»; um trabalho que tenta “trazer consciência para algo muito puro que nos habita e transcende qualquer pressão de imagens ideais e modos de estar em relação, proliferados pelos mass media”.
Iolanda Oliveira, formada em artes plásticas, estuda atualmente psicologia, e este projeto é resultado da sua vontade de fazer a ponte entre estas duas áreas e de, “através da arte, conseguir trabalhar temas sobre o desenvolvimento humano.”
Afroscreen
16.02.2021 | por Flávia Brito
No seu poema “Moças das Docas”, Noémia de Sousa lança o seu olhar sobre as mulheres moçambicanas, em particular as que trabalham nas docas nos negócios do prazer, i.e., as prostitutas. Todavia, essa centragem é também sobre a sua própria condição de mulher, dado que a poeta se inclui na categoria das fugitivas do poema. Com efeito, Noémia abre o poema da seguinte maneira “Somos fugitivas de todos os bairros de zinco e caniço/Fugitivas das Munuanas e dos Xipamanines”, o que nos oferece duas pistas de leitura. A primeira é que Noémia se inclui nas mulheres de que o poema fala e se solidariza com as mulheres nele contidas. A segunda é que estas mulheres são provenientes de bairros de lata onde a pobreza grassa. Arrastadas pelas suas próprias circunstâncias de vida (são pobres e estão desesperadas), são forçadas a prostituir-se.
A ler
04.01.2021 | por Ana Sofia Souto
E se o mundo fosse ao contrário? Se em vez de serem os homens a dominar o discurso, fossem as mulheres? Se num debate televisivo o normal fosse ter um painel maioritariamente feminino? E se, ao mesmo tempo que pregam as maravilhas da pluralidade, as mulheres fossem tratando o único homem na mesa com condescendência? E se, em vez de poder dizer o que pensa e ser ouvido, ele fosse constantemente interrompido e ignorado, elogiado pela roupa que traz e criticado pela maneira como fala? Esta é a proposta de O Eterno Debate: trocar os papéis para pôr em evidência a discriminação de género que está presente em tanto daquilo que dizemos e fazemos.
A ler
16.10.2020 | por Maria João Caetano
O que foi "novo" na narrativa da cultura popular, hoje relevante, ficou asfixiado por um discurso "integracionista", "cosmopolítico" superficial e bastante romantizado. Falar de violência doméstica, sexismo e desigualdades em função do género dentro de grupos racializados na década de noventa, como o fizeram Djamal e Divine, e no fim da década de noventa Backwords, culminou efectivamente na sua sub-representação.
Corpo
14.06.2020 | por Soraia Simões de Andrade
Entendemos como as mulheres se tornam agentes da sua emancipação e confirma-se a necessidade de tratarmos da reconfiguração das relações no espaço privado, nas relações amorosas e, em particular, a reconfiguração das relações sob o ponto de vista masculino. Quais as controvérsias que o processo de emancipação feminina engendra em Cabo Verde? Que transformações radicais foram operadas? Que efeitos concretos foram trazidos pela entrada maciça das mulheres na vida pública?
Corpo
29.01.2019 | por Iolanda Évora
A actual geração de activistas, que já nasceu em Portugal ou cá cresceu, coloca novas questões na agenda do movimento negro feminino em Portugal. Recuamos no tempo... recuamos séculos... falta contar esta história.
A ler
21.01.2019 | por Cristina Roldão
Temos em comum fazermos parte de contextos que asfixiam as nossas liberdades de ser e sentir; sermos violentadas supostamente por causa da roupa que vestimos e ainda termos de ouvir “puta, assanhada, vagabunda”.
Corpo
10.08.2018 | por Leopoldina Fekayamãle
O Tarrafal tem de ser compreendido no sistema de campos que o colonialismo português activou ou reactivou justamente para conter as rebeliões, não pode ser visto individualmente, mas no conjunto de campos e prisões de Angola, Moçambique, Guiné, das antigas colónias mas também das cadeias portuguesas onde estavam presos políticos africanos.
Cara a cara
25.02.2016 | por Marta Lança
Fui testemunha de actos de solidariedade de mulheres da elite com as ex-combatentes que vivem em situações de grande aflição, sobretudo as da Frente Leste e as do Campo de Concentração de São Nicolau. Se hoje podemos ouvir estas mulheres no meu livro é porque as veteranas que são dirigentes me abriram as portas. Joana Mucolo Tchimbinde Fronteira, uma das entrevistadas da Frente Leste, foi muito frontal ao dizer: “Nós não abandonámos o MPLA mas o MPLA é que abandonou o povo”. Mas tem havido uma luta comum pelo reconhecimento no âmbito da organização das mulheres.
Cara a cara
24.02.2016 | por Marta Lança
Não há bom e mau racismo, nem sequer mau e pior. Hoje em dia, muitas pessoas, demasiadas, são discriminadas, perseguidas e violentadas com base no facto de, basicamente, não serem brancas. Isto acontece independentemente de outras características, como idade, origem, classe e género. Mas tal não significa que, quando associadas, estas categorias, onde, infelizmente, tendemos a encaixar as pessoas humanas, não agravem o quadro de discriminação já existente.
A ler
09.12.2014 | por Sofia Branco
ECAScreenings 3: "Tal como no cinema europeu ou americano, a filmografia da África Subsariana tem privilegiado as mulheres mas de acordo com uma perspectiva que lhe é, naturalmente, singular. Estamos bem longe das Garbo ou das Marlène Dietrich, das “galdérias”, das “prostitutas com um grande coração” representadas por Arletty ou por Anna Magnani, as raparigas dignas à Morgan, as “bombas sexuais” à Bardot ou à Sophia Loren. Tão-pouco são frequentes as corajosas pioneiras, animadoras de kolkhozes ou revolucionárias inveteradas, retratadas em série pelo cinema soviético dos tempos áureos. É por via de outros registos, em busca de outros “eternos femininos”, segundo outras problemáticas, que o cinema africano atribui um lugar às mulheres."
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05.06.2013 | por Sophie Dulucq
O "Livro da Paz da Mulher Angolana, as Heroínas sem Nome", é uma obra inspiradora contra o esquecimento que ilumina uma comunidade de mulheres sobreviventes a lutar pela paz sim, mas sobretudo pela paz social, por uma cidadania mais igualitária, por uma maior virtude cívica, por mais oportunidades, por uma renovação social, utilizando as armas da emancipação feminina, do empreendedorismo, do associativismo, do empoderamento e da solidariedade. Estas mulheres, através das suas práticas e dos seus discursos, dizem que não aceitam ser secundarizadas nessa grande narrativa colectiva que é a construção da nação. Nesta óptica, este livro de memórias é um livro político.
A ler
29.10.2010 | por Margarida Paredes
Se, aparentemente, o discurso da mulher do capitão, Helena, alcunhada de Helena de Tróia pela sua beleza, parece não ser mais do que a expressão do pensamento cruelmente racista do marido, a sua submissão não é total. E é nesse jogo de aparente adesão ideológica àquela guerra que Helena vai revelando os atropelos que os militares cometem e a cumplicidade do tenente Luís, marido de Evita, nos massacres da população autóctone.
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10.09.2010 | por Mariana Brito
É a singularidade de cada história, relatada na primeira pessoa, que permite chegar ao colectivo das histórias de vida de mulheres guineenses – e, até, da História do país. Histórias de valência e sobrevivência – seja o relato da jovem que foge com a filha à guerra civil de 98; ou a história de algumas das muitas ex-combatentes que Amílcar Cabral reconheceu mas a História ainda não fixou; ou ainda a realidade, hoje na Guiné-Bissau, de uma prática como a mutilação genital feminina.
A ler
27.08.2010 | por Sandra Oliveira