Durante o último ano, em todo o mundo, tiveram lugar as maiores mobilizações das últimas décadas em solidariedade com a luta do povo palestiniano. No contexto português não foi diferente, com a presença popular massiva nas ruas e praças de várias cidades, com a partilha e discussão em vigílias diárias ou semanais e em assembleias populares onde se traçaram estratégias e objetivos, não apenas para que as exigências de um cessar-fogo se materializassem imediatamente, mas como prática descolonizadora que tem a libertação da Palestina e de todos os territórios colonizados como horizonte.
Mukanda
22.10.2024 | por Bruno Costa
Apresento a tradução de três cartas/ensaios de Walid Daqqah – que, como todos os seus textos, tiveram de ser libertados da prisão antes de chegarem ao público. Quero, com isso, partilhar um pequeno fragmento da obra do revolucionário palestiniano em português, estando ciente de que o ato de tradução implica transformação. Contudo, como o entendo, essa não é apenas uma transformação do texto, mas também de quem o lê e tem de se libertar das amarras coloniais para o compreender. Se Daqqah imagina e põe em prática a libertação da Palestina nós não podemos apenas ler o texto, mas somos obrigados a imaginar com ele e convidados a agir com ele.
Mukanda
03.08.2024 | por Bruno Costa
Para além do aspecto humanitário de uma irmandade que une os povos sul-africano e palestiniano – este é provavelmente o maior significado desta ação legal: desmascarar a ausência de conteúdo concreto de uma série de normas internacionais; questionar a aplicação de diferentes standards quando se trata de proteger cidadãos de diferentes áreas geopolíticas – observações que a guerra na Ucrânia já tinha suscitado; denunciar a impunidade garantida, culposamente, a Israel pela comunidade internacional.
Jogos Sem Fronteiras
28.01.2024 | por Laura Burocco
“Numa terra de profetas, é difícil ser profeta”, dizia Amos Oz, mas é muito possível, vamos acreditar, que o espelho que daqui resulta – o massacre odioso do Hamas, o mundo devastado de Gaza deixado pelas retaliações do exército israelita – faça todos recuar de horror e permita abrir uma janela para a única solução que ainda se vislumbra e que Oz há muito antevira.
A ler
26.01.2024 | por José Lima
Com quantas balas se apaga a trajetória e história de uma ou várias pessoas? Com quantas bombas se apaga a história de comunidades inteiras de centenas ou milhares de pessoas? Com quantos disparos se silenciam vozes que podiam contribuir para o nosso mundo de diversas formas? Saberá alguém quantificar o peso simbólico, psicológico, emocional, cultural da destruição?
A ler
19.01.2024 | por Leopoldina Fekayamãle
Quando fiz Between Fences estávamos no auge dos protestos contra a forma como o país lida com os imigrantes. O Supremo Tribunal tinha rejeitado, consecutivamente, várias leis do Governo relativas aos requerentes de asilo, o que é um ponto-chave para compreender porque o Estado entrou em conflito com o Supremo Tribunal. Atualmente, o Governo está a tentar “cortar a cabeça” deste tribunal. Foi curioso porque na época, muito destes protestos não eram em defesa dos direitos humanos, mas impulsionados pelos proprietários dos restaurantes que reivindicavam que, se os refugiados fossem expulsos, era o fim da sua atividade, porque ficariam sem mão-de-obra: ajudantes de cozinha, profissionais de limpeza, etc. A Lei de Imigração de Israel beneficia apenas a entrada de judeus no país.
Cara a cara
23.03.2023 | por Anabela Roque
E se a Nakba, a palavra que elucida a despossessão catastrófica por excelência, não é um evento do ano de 1948, mas uma condição constantemente reconstituída da vida palestiniana, então resguardar-se contra ainda outra Nakba passou a ser estrutural nesta história e entrelaçado com a própria vida palestiniana.
Vou lá visitar
25.05.2021 | por Samera Esmeir
A 23 de Março, no início da pandemia, o Secretário-Geral das Nações Unidas António Guterres apelou a um cessar-fogo global, a fim de permitir aos países concentrarem-se na crise da COVID-19 e permitir que as organizações humanitárias cheguem às populações vulneráveis. Mais de 100 organizações de mulheres do Iraque, Líbia, Palestina, Síria e Iémen juntaram-se rapidamente ao apelo com uma declaração conjunta que defendia uma ampla trégua COVID-19, que poderia constituir a base para uma paz duradoura. Não deve ser surpresa que as mulheres tenham sido das primeiras a apoiar o apelo a um cessar-fogo.
Jogos Sem Fronteiras
18.11.2020 | por Phumzile Mlambo-Ngcuka
Deste modo, longe de estarmos perante continuidades coloniais característicos das ex-colónias europeias - ou o que o peruano Anibal Quijano (1992) apelidou de colonialidade do poder e do saber, assiste-se a um colonialismo israelita que, ao contrário do que se apregoa, não se fundamenta na defesa e segurança do Estado perante os vizinhos e «inimigos» árabes ou no alargamento do seu território, mas no domínio regional de um recurso natural ainda mais precioso do que o petróleo e que poderá alimentar a emergência de novos regimes coloniais no século XXI: a Água.
A ler
20.11.2012 | por Odair Bartolomeu Varela