O NASCIMENTO DE UMA IMAGEM Mueda, Memória e Massacre, de Ruy Guerra (1979)

O NASCIMENTO DE UMA IMAGEM Mueda, Memória e Massacre, de Ruy Guerra (1979) O filme "Mueda, Memória e Massacre" (1979), de Ruy Guerra, definido oficialmente como a primeira longa-metragem de ficção moçambicana, poderia ser considerado, numa primeira leitura, como uma reconstituição cinematográfica.No dia 16 de Junho de 1960, a administração portuguesa de Mueda reprimiu violentamente uma manifestação pacífica em prol da melhoria das condições de vida e de trabalho. As circunstâncias do Massacre permanecem ainda hoje ambíguas, particularmente no que respeita ao número de vítimas - 14, segundo o relatório oficial português; mais de 600, de acordo com a Frelimo.

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02.07.2011 | por Raquel Schefer

Uganda: a luta da “ida a pé para o trabalho” e as lições do Soweto e da Praça Tahrir

Uganda: a luta da “ida a pé para o trabalho” e as lições do Soweto e da Praça Tahrir A lembrança da Praça Tahrir alimenta as esperanças da oposição e fomenta os receios do governo. Para muitos dos oposicionistas, o Egipto acabou por significar a terra prometida, no sentido proverbial. Para muitos dos governantes, o Egipto representa um desafio fundamental ao poder, que exige que se lhe resista a todo o custo. As coisas chegaram a um ponto em que o mínimo sinal de protesto desencadeia a máxima reacção do governo. A tal ponto que o governo, que há apenas poucas semanas chegou ao poder com uma maioria arrasadora, parece agora carecer não só de flexibilidade mas também de estratégia de saída.

Mukanda

02.07.2011 | por Mahmood Mamdani

Contadores da sua própria história

Contadores da sua própria história Consumimos histórias sobre África no tempo antigo e o velho Portugal: branco. Os negros com quem nos cruzamos todos os dias ainda não chegaram à ficção portuguesa. Fomos conhecer dois actores portugueses nascidos em Angola que querem contar histórias do novo Portugal

Cara a cara

01.07.2011 | por Susana Moreira Marques

A situação colonial: uma abordagem teórica

A situação colonial: uma abordagem teórica Um dos acontecimentos mais marcantes da história recente da humanidade é a expansão da maior parte povos europeus pelo mundo. Trata-se de uma expansão que conduziu à submissão – quando não ao desaparecimento – da quase totalidade dos povos ditos atrasados, arcaicos ou primitivos. A acção colonial, ao longo do século XIX, foi o aspecto mais importante da expansão europeia e aquele que teve maiores consequências. Abalou brutalmente a história dos povos que submeteu; ao estabelecer-se, impôs a esses povos uma situação muito particular. Este facto não pode ser ignorado.

Mukanda

01.07.2011 | por Georges Léon Émile Balandier

K3, crónica da Guiné

K3, crónica da Guiné Deixemo-nos de rodeios: K3, de Nuno Dempster, é um dos melhores livros de poesia publicados em Portugal nos últimos anos e a mais espantosa aproximação ao horror da Guerra Colonial desde Catalabanza, Quilolo e Volta, de Fernando Assis Pacheco (1976). Poema longo e de fôlego épico, K3 narra a experiência militar do autor na Guiné e procura arrancar às trevas do esquecimento os «anti-heróis» que combateram a seu lado, esses representantes involuntários das «gerações vencidas a quem coube / fechar impérios», homens usados como carne para canhão por um regime caduco.

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29.06.2011 | por José Mário Silva

"Terceira Metade": As canetas, as armas e os pioneiros...

"Terceira Metade": As canetas, as armas e os pioneiros... Os autores africanos que eu lia, ou pelo menos assim eu os li, iam murmurando verdades suaves: que a literatura se fazia dos lugares, das geografias, das cores e das gentes, mas que os lugares eram, também, coisas internas; que o escritor, africano ou outro, podia falar do seu lugar e partir das suas tradições para se reinventar na sua ficção, mas não esquecendo que no ato sagrado da escrita, as geografias que mais gritam, são as de dentro; as que abordam a sua proveniência, que fazem falar criativamente sobre as verdades do continente com a habilidade de não ferir a dignidade da nossa casa e dos nossos mais-velhos.

Mukanda

28.06.2011 | por Ondjaki

"Terceira Metade": Transnacionalização de talentos e tecnologias no cinema moçambicano

"Terceira Metade": Transnacionalização de talentos e tecnologias no cinema moçambicano Os primeiros filmes contra o colonialismo português em Moçambique foram feitos por realizadores estrangeiros a convite da FRELIMO, transformando o país em um laboratório de experiências para Ruy Guerra, Jean Rouch, Jean-Luc Godard, Murilo Salles, José Celso Martinez Corrêa, Santiago Alvarez, e muitos outros cineastas. Uma reflexão sobre um capítulo da história do cinema moçambicano apresentada no seminário 'Terceira Metade', no Museu de Arte moderna do Rio de Janeiro.

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24.06.2011 | por Alessandra Meleiro

Literatura e a contínua reinvenção da identidade nacional: "Rio Seco" de Manuel Rui

Literatura e a contínua reinvenção da identidade nacional: "Rio Seco" de Manuel Rui Na minha comunicação parto do princípio de que a literatura está impregnada de ideologia e que a literatura, em particular dos países emergentes, foi e continua a ser o lugar de articulação da imagem da identidade nacional, literária, mas não só. Vários autores, insistem no poder de influência dos intelectuais sobre a construção/renovação e mesmo invenção da identidade nacional.

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24.06.2011 | por Nazaré Torrão

Banho de espuma

Banho de espuma - Pois é, meu filho, devias ter falado comigo antes, eu não me espanto com essas coisas. - comentou o velho, explicando que há diversas formas de sabão: sólido, líquido, em pó… Com as pessoas tambem há diferenças. Existem pessoas cuja atracção é para pessoas do sexo oposto. Outras, a atracção está dirigida para pessoas do mesmo sexo. E isso não é coisa de outro mundo! Mas coloquemos as coisas em pratos limpos. O meu desejo é que tu e o João sejam muito felizes, assim como eu o sou com a tua mãe.

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22.06.2011 | por Jekyl Hide

Encontros imediatos: Carlos Moore e Fela Kuti

Encontros imediatos: Carlos Moore e Fela Kuti O etnólogo/historiador cubano Carlos Moore conheceu Fela Kuti e travaram uma relação para além da música. Em 1981, Moore escreveu a biografia do rei do afrobeat, que irá ser lançada no Brasil por esses dias, pela editora Nandyalla. Goli Guerreiro fala sobre a relação biografo/ biografado e aproxima-nos a estes dois homens. Actualmente Carlos Moore habita na Bahia onde está há cerca de dez anos.

Palcos

22.06.2011 | por Goli Guerreiro

Prefácio a Antologia Temática de Poesia Africana

Prefácio a Antologia Temática de Poesia Africana Não existe, no nosso caso, um documento comparável ao Manifesto de Légitime Défense, que propunha uma “ideologia de revolta” e formulava uma orientação precisa para os escritores negros de expressão francesa; o facto literário surgiu, porém, com ardor e talento, muito antes dos anos trinta deste século, ficando bloqueado, pelo condicionalismo colonial, no interior das fronteiras dos países de eclosão.

Mukanda

21.06.2011 | por Mário Pinto de Andrade

Cinema guineense: referências a Amílcar Cabral

Cinema guineense: referências a Amílcar Cabral O artigo apresenta uma análise comparativa da figura do líder pró-independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, Amílcar Cabral (1924-1973), presente na comédia musical Nha Fala (2001) e na comédia dramática Udju azul di Yonta (1992), ambas do cineasta guineense Flora Gomes. Objetiva-se demonstrar a complexidade que é conferida à sua atuação e aos rumos tomados por seus seguidores.

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21.06.2011 | por Kelly Mendes Lima

A economia moral da feitiçaria: um ensaio em história comparativa - II

A economia moral da feitiçaria: um ensaio em história comparativa - II A figura retórica central das várias tentativas de definição de economia moral tem sido a oposição entre, por um lado, o indivíduo maximizador e o mercado da economia política clássica em constante expansão e, por outro, uma comunidade regida por normas de sobrevivência coletiva e acreditando num universo de soma zero: i.e. um mundo onde todo o lucro é ganho à custa do prejuízo de alguém. A soma comunal-zero desta equação é, de modo geral, consistente com crenças africanas que identificam capitalismo e feitiçaria como a perigosa apropriação de limitados recursos reprodutivos por indivíduos egoístas.

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21.06.2011 | por Ralph A. Austen

António Pompílio – Fronteira: a passagem do limite

António Pompílio – Fronteira: a passagem do limite A angústia apodera-se do sujeito lírico, somente a poesia pode recompor o que o homem perdeu após tantos caminhos equivocados, decisões injustas refletidas no uso incorreto do verbo: “Apunhalaram a palavra. Feridas crónicas no reverso do verso. O sangue tem a cor da minha voz, no avesso do silêncio. Permite-me abrir a passagem do limite.// Repara. A palavra é uma fronteira. É uma meta fora. A poesia é a água sem a metáfora da mágoa”

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21.06.2011 | por Ricardo Riso

Africanas!

Africanas!  Submissão, independência, mulheres negras nuas, mulheres brancas de véu, rituais de sacrifício, mulheres solteiras, casamentos poligâmicos, aids, amor: durante uma viagem pela África conheci mulheres de culturas completamente diferentes mas que vivem, igualmente, conectadas em seus espaços e tempos. A partir destes encontros surgirá um documentário longa metragem dando voz a estas mulheres e falando sobre o choque cultural entre estes vários mundos.

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20.06.2011 | por Eliza Capai

A economia moral da feitiçaria: um ensaio em história comparativa - I

A economia moral da feitiçaria: um ensaio em história comparativa - I Duscitir duas ideias bem estabelecidas na literatura académica: economia moral e feitiçaria. A primeira é uma pura abstração que pressupõe explicar a resposta ao capitalismo de várias comunidades, enquanto africanos na era do comércio de escravos e após, insistindo que considerações outras que não as do mercado devem governar e governam a produção e distribuição de bens materiais. A secção do meio deste ensaio irá rever criticamente o debate sobre economia moral para considerar o quão útil poderá ser para compreender a história africana.

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19.06.2011 | por Ralph A. Austen

Tempo de ouvir o ‘outro’ enquanto o “outro” existe, antes que haja só o outro... Ou pré - manifesto neo-animista

Tempo de ouvir o ‘outro’ enquanto o “outro” existe, antes que haja só o outro... Ou pré - manifesto  neo-animista ...... fazendo eu parte, cívica, emotiva e intelectualmente, da categoria geral do OUTRO em relação à Europa, também por outro lado a questão do OUTRO, e dadas as condições fenotípicas e de origem que me assistem, tem feito sempre parte da minha experiência existencial e pessoal dentro do próprio contexto, africano e angolano, em que venho exercendo a vida e ofício...... isso me tem levado, para poder ver se consigo entender o mundo e entender-me nele e com ele, a identificar e a reconhecer uma multiplicidade de OUTROS........ no presente caso retive apenas três categorias de OUTRO, que são as que me parecem capazes de permitir-me tentar expor o que poderei ter para dizer aqui....

Ruy Duarte de Carvalho

17.06.2011 | por Ruy Duarte de Carvalho

O que eu esperava...

O que eu esperava... Ao chegar a Valvys Bay até Swakop, uns 30 quilómetros, de um lado o mar e do outro só dunas, onde se praticam desportos radicais. O mar é lindo, agreste, ondas fortes e água fria, pois ali passa a corrente fria de Benguela. Chegamos a casa cheios de areia, o cabelo crespado, a pele seca, as malas por fora perderam a sua cor natural. O aconchego de sua casa, para descansar e depois continuar.

Ruy Duarte de Carvalho

16.06.2011 | por Eva Carvalho

Políticas, Arte, Brasilidade - entrevista a Afonso Luz

Políticas, Arte, Brasilidade - entrevista a Afonso Luz Segundo Paulo Emílio Salles, ao inventarmos o Brasil desenvolvemos a consciência aguda, de não sermos um povo com identidade positiva. A negatividade começa já na palavra que nos nomeia e guarda sentido depreciativo, bem observado, na atribuição da língua portuguesa ao povo de eiros' (como sapateiros, açougueiros, brasileiros). A rarefação talvez esteja na configuração de um ambiente problematicamente internacional entre nós.

Cara a cara

15.06.2011 | por Afonso Luz

Centro Histórico de Luanda

Centro Histórico de Luanda A génese pluriétnica da cidade de Luanda exige uma visão estratégica que promova a multiculturalidade que, no caso específico, tem sido alvo de polémica em múltiplos sectores da sociedade civil.

Cidade

15.06.2011 | por Ângela Mingas