O corpo contra o Capital: uma breve estória da Itália de hoje

O corpo contra o Capital: uma breve estória da Itália de hoje Cattelan questiona, a partir da inserção do corpo na política de elisão corporal do capitalismo financeiro, justamente a possibilidade de democracia frente ao sistema que vive bem ali na Piazza Affari em Milão: A sociedade de controle por si. Um questionamento da possibilidade de concretização da concepção agambeniana de que o nomos de nossa sociedade contemporânea é o campo de concentração.

Corpo

14.08.2019 | por Allende Renck

Marepe em paralaxe

Marepe em paralaxe "Cabeça acústica", construída com bacias de alumínio, catalisa uma experiência acústico-perceptiva que, diferentemente do material que a constitui, não tem nada de trivial. Instalada como uma espécie de epígrafe à mostra “Marepe: estranhamente comum”, com curadoria de Pedro Nery, a obra encarna aspectos da poética do artista

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10.08.2019 | por Icaro Ferraz Vidal Junior

Meninos negros vão ao cinema: a marginalidade como estética para um outro sonho de liberdade

Meninos negros vão ao cinema: a marginalidade como estética para um outro sonho de liberdade Tornar as masculinidades negras como categoria nas teorias de gênero, não de forma isolada ou contrária à ascensão dos movimentos feministas negros ou LGBT, mas como mais uma particularidade do discurso que põe em causa o patriarcado branco. A hegemoneidade das masculinidades brancas são uma das principais facetas do conjunto de dominação, controle e repressão do aparato colonial que funda as sociedades ocidentais da contemporaneidade.

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08.08.2019 | por Marco Aurélio Correa

Filme moçambicano sobre juventude e raptos, entrevista a Mickey Fonseca e Pipas Forjaz

Filme moçambicano sobre juventude e raptos, entrevista a Mickey Fonseca e Pipas Forjaz "O modo como as personagens morrem tem muito a ver com a traição entre pessoas na vida real. A meu ver, a sociedade moçambicana tornou-se muito gananciosa. O tempo dos favores já se foi, em troca veio o tempo do refresco. A corrupção aumentou, a prostituição também. Hoje em dia vende-se crianças, albinos são cortados aos pedaços, assassinam-se indianos, rapta-se portugueses, ricos, pobres. Tudo em troca de dinheiro."

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05.08.2019 | por Marta Lança

Portugal-Angola: regressos e derivações das memórias plurais na sociedade portuguesa

Portugal-Angola: regressos e derivações das memórias plurais na sociedade portuguesa Algumas destas histórias também revelam que esses “regressos” a Angola por pessoas da geração de Nuno podem, na realidade, ser derivações críticas, quando, após o regresso a Portugal, originam atitudes críticas sobre a persistência colonial na sociedade portuguesa. No contexto europeu, poderia o caso português representar uma alternativa: algo que, através de viagens pós-coloniais, levasse a uma sociedade mais igualitária que aceite uma nova narrativa pública plural do passado?

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29.07.2019 | por Irène dos Santos

Ni le soleil ni la mort, de João Louro

Ni le soleil ni la mort, de João Louro Aqui, a visão da catástrofe está a olho nu. João Louro contrapõe imagens do teatro de guerra com tabelas periódicas dos elementos, expõe colagens e palavras não já impressas, mas sim bordadas. O artista recria, com grande clareza, a forma como os dadaístas se interessaram por outras culturas, sobretudo a africana.

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29.07.2019 | por Marta Rema

Consciência de Humanidade

Consciência de Humanidade Desfrisos, chapinhas, mises, tranças, postiços, aplicações fio fio ou bainha… Perucas a x euros. Entrei. Recebo um sorriso caloroso. Tirava todos os “protocolos”, sentia-me em casa. Matava ali as saudades. Um cabeleireiro africano em qualquer outro continente é uma "embaixada de abraços e confraternizações". Um abraço periférico.

Cidade

29.07.2019 | por Indira Grandê

Conhecimento e pós-colonialismo na literatura global dos escritores guineenses fidjus dibideras no mundo

Conhecimento e pós-colonialismo na literatura global dos escritores guineenses fidjus dibideras no mundo manifesta a contestação à imagem “extrovertida” que a política assimilacionista e colonialista nos legou da dita “Guiné Portuguesa”, isolada, exótica e inexistente como fato histórico, antes da presença dos europeus. Essa visão lusocêntrica estabeleceu fronteiras entre “civilizados” e “indígenas” e tentou ocultar as dinâmicas internas da sociedade guineense, anteriores a essa chegada.

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27.07.2019 | por Ricardino Jacinto Dumas Teixeira

Resistência e inconformidade à violência policial, entrevista a Welket Bungué

Resistência e inconformidade à violência policial, entrevista a Welket Bungué Sobre dois mais recentes filmes: "Eu Não Sou Pilatus" e "Intervenção Jah". A violência é um espinho, ela não escolhe a quem tocar mas também não é qualquer pessoa que se aproxima dela, tem que estar de alguma maneira convencida, se certo ou errado, isso não sei. Nos meus filmes, sobretudo de realidade social, tento não desvirtuar a violência daquilo que é a sua génese, a meu ver, o sentido de justiça.

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26.07.2019 | por Marta Lança

Djaimilia Pereira de Almeida: não é só raça, nem só género, é querer participar na grande conversa da literatura

Djaimilia Pereira de Almeida: não é só raça, nem só género, é querer participar na grande conversa da literatura Há três anos, com Esse Cabelo, apresentaram-na como representante de uma literatura acerca de raça, género, identidade. Voltou agora com Luanda, Lisboa, Paraíso e diz que quer apenas participar na longa e antiga conversa sobre literatura. Enquanto procura escrever o seu livro ideal, totalmente inventado, uma mancha de texto sem capítulos que resista a discussões acerca do presente.

Cara a cara

25.07.2019 | por Isabel Lucas

O nomadismo literário de Ruy Duarte de Carvalho

O nomadismo literário de Ruy Duarte de Carvalho Este artigo pretende demonstrar como essa trajetória se reflete na sua produção literária desenvolvida a partir do final da década de 1990 e compreender as bases sobre as quais se construiu o diálogo entre esses campos. A análise sobre como as diferentes expressões e linguagens se inserem no texto de Carvalho dá o arranque a uma reflexão sobre as relações entre antropologia e literatura, e os questionamentos acerca de autoria e narração, que sustentam o projeto literário desenvolvido na trilogia Os filhos de Próspero.

Ruy Duarte de Carvalho

25.07.2019 | por Christian Fischgold

descolonizar o saber e o poder

descolonizar o saber e o poder Se a agressividade do pensamento reaccionário ocorre num país cujos cidadãos ainda há 50 anos eram vítimas de racismo por toda a Europa dita desenvolvida, se tudo isto ocorre num país cujo poder de governo é ocupado por forças de esquerda, é fácil imaginar o que será quando voltarmos (se voltarmos) a ser governados pela direita.

Mukanda

25.07.2019 | por Boaventura de Sousa Santos

Cinema negro português

Cinema negro português Inserido no contexto atual em que vozes negras ou afrodescendentes reclamam um lugar de fala e o direito de autorrepresentar-se em Portugal, o filme O canto do Ossobó levanta uma série de questões de cunho político e social para a imagem. Tal reivindicação tem como lastro as lutas anti-coloniais, os escritos pós-coloniais no contexto anglo saxão, o “giro decolonial” na América Latina, e as novas formas de pensar e fazer cinema no Terceiro Mundo que emergiram em lugares tão distintos como Vietnã, Senegal e Brasil.

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24.07.2019 | por Michelle Sales

Ser homem não é só fazer xixi de pé

Ser homem não é só fazer xixi de pé Somos todos o mesmo, afinal ser humano é um exercício de paciência com os outros e nada nos pode salvar deste exercício a não ser a ermitagem que começo a considerar seriamente. Temos regras de limpeza que me parecem mais exercícios militares do que a alegre manutenção de um espaço de surrogate home, mas quem sou eu para explicar seja o que for aos doutores do espaço? Os modos de controlo deixam os inmates meio malucos e os doutores também, mas como o mundo está assim também não destoa.

Corpo

24.07.2019 | por Adin Manuel

guerra, choque, destruição: o Brasil no contexto do novo governo

guerra, choque, destruição: o Brasil no contexto do novo governo Do Haiti mobilizado esse semestre todo pela destituição do seu presidente às jovens do Extinction Rebellion interpelando a Europa rica. E nas lutas pela vida de corpos coletivos no Brasil, que sobrevivem à guerra colonial em curso (Canudos é reencenada desde sempre, clama Zé Celso no barco pirata em Paraty), lutando e criando, resistindo e construindo, em territórios livre e libertos, permanentes e fugazes.

Mukanda

23.07.2019 | por Jean Tible

Vendavais

Vendavais enquanto que muitos dos nossos antepassados continuarão silenciados e anónimos para sempre, des-lembrados nos livros de História escritos pelo mesmo tipo de homens que era o seu ‘dono’, tenho sorte agora, como sua descendente, de ser capaz de ajudar a contar o futuro da sua história”. São histórias como estas que nos dão esperança de que outros ventos possam em breve soprar para varrer esses resquícios de Império para o caixote de lixo da História onde pertencem, ou para o monte de destroços que Benjamin imaginou para nós.

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20.07.2019 | por Paulo de Medeiros

Ruy Duarte de Carvalho: sob o signo da contradição

Ruy Duarte de Carvalho: sob o signo da contradição Ao distanciar-se de qualquer apego a um possível messianismo, não raro presente em concepções literárias que emergem nas periferias, o sentido da escrita que o movia levou-o sempre a encarar impasses que mais interferem na formulação de perguntas do que no oferecimento de respostas. O gosto pela interrogação, não como estilo, mas como método de reflexão dominou o seu itinerário, condicionou a ruptura das formas cristalizadas e a prática do diálogo com os contextos em que se vê inserido como duas das marcas centrais da obra de Ruy Duarte de Carvalho nas quais se enraíza a força da sua complexidade. Desse modo, situando-se no terreno da radicalidade, o seu projeto intelectual pautava-se pela eleição de parâmetros fundamentais para propor a transformação que entendia necessária.

Ruy Duarte de Carvalho

17.07.2019 | por Rita Chaves

Prétu, novo projeto do Chullage

Prétu, novo projeto do Chullage O entrelaçar de mensagem lírica (“mudaram os tempos, mudaram as leis, de certa forma ainda estou nessa roça”) e frases imagéticas como “black lives matter”, sintonizam indivíduos no anseio da libertação. Em Waters é possível identificar referências do movimento, do teatro imagem e físico, de alto contraste. Tudo isso num jogo de imagens entre presente e passado.

Palcos

17.07.2019 | por vários

Nu sta djuntu ou uma política de amor revolucionário

 Nu sta djuntu ou uma política de amor revolucionário Para cumprir com a sua missão assume primeiramente a sua condição de mulher indígena, branca, detentora de certos privilégios. Ao reconhecer esta cumplicidade afirma “sou uma criminosa que subcontrata o seu crime”. Através de uma série de exemplos nomeia os privilégios, da macro à microestrutura, que fazem dos corpos que habitam a “colónia interna da metrópole” meros objetos ao dispor da “boa consciência branca”.

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16.07.2019 | por Apolo de Carvalho

MFB e o seu (des)amor ao próximo

MFB e o seu (des)amor ao próximo Em Coimbra, era opinião corrente que apenas em último caso, quando os quartos bolorentos ficavam em prédios em ruínas e demoravam a arrendar, então as senhorias e os senhorios abriam uma excepção a estudantes africanos (gente de cor, como diziam), alegando que tardavam ou se esqueciam de pagar a renda, que gastavam muita água por causa do banho e muita luz devido à música, que faziam rebuliço até altas horas da noite e que davam muitas festas

Cidade

16.07.2019 | por Eurídice Monteiro