Human Entities 2024: a cultura na era da inteligência artificial

8ª edição
Programa de conversas, maio – junho 2024
Organização CADA em parceria com a Trienal de Arquitectura de Lisboa e com a Faculdade de Belas Artes, Universidade de Lisboa
[English below]
Quarta, 15 de maio 2024, 18.30
Monica Gagliano
Ecologista evolutiva, Professora Investigadora Associada (Adjunta) na Universidade Southern Cross, Austrália
Entrada livre, mediante registo
A consciência das plantas Monica Gagliano
Monica Gagliano PhD é uma investigadora internacionalmente premiada, selecionada pela Biohabitats como uma das 24 Mulheres Mais Inspiradoras da Ecologia, juntamente com Jane Goodall, Rachel Carson, Sylvia Earl e Terry Tempest Williams. Foi conferencista convidada nas mais prestigiadas universidades, incluindo UC Berkeley, Stanford, Harvard, Dartmouth e Georgetown. O seu trabalho pioneiro tem sido amplamente divulgado em meios de comunicação social proeminentes, como o The New York Times, Forbes, The New Yorker, The Guardian, National Geographic e muitos outros. Monica é Professora Associada de Investigação (Adjunta) de ecologia evolutiva na Austrália. Atualmente, é cientista-chefe do Kaiāulu|Coherence Lab, no Havai, e investigadora associada do Centro Takiwasi, no Peru.


Monica foi pioneira no novíssimo campo de investigação da bioacústica das plantas que, pela primeira vez, demonstra experimentalmente que as plantas emitem vozes e detetam e respondem aos sons do seu ambiente. O seu trabalho expandiu o conceito de cognição nas plantas. Ao demonstrar experimentalmente que a aprendizagem e a memória não são da exclusiva competência dos animais, Monica reacendeu o discurso sobre a subjetividade das plantas, bem como sobre o seu estatuto ético e jurídico. Inspirada por encontros com a natureza e com anciãos indígenas de todo o mundo, Monica aplica uma abordagem inovadora e holística à ciência, que se sente à vontade para se envolver na interface entre áreas tão diversas como a ecologia, a física, o direito, a antropologia, a filosofia, a literatura, a música, as artes e a espiritualidade. Ao reacender um sentimento de admiração pelo belo lugar a que chamamos casa, está a ajudar a criar uma nova ecologia da mente que inspira o aparecimento de soluções revolucionárias para as interações humanas com o mundo em que coabitamos. Os estudos de Monica levaram-na a escrever numerosos artigos científicos e livros inovadores, incluindo Thus Spoke the Plant (2018) e The Mind of Plants (2021).
https://www.monicagagliano.com
https://www.instagram.com/_monicagagliano_
https://en.wikipedia.org/wiki/Monica_Gagliano
https://researchportal.scu.edu.au/esploro/profile/monica_gagliano/overview
A conversa será em língua inglesa e seguida de uma sessão de Q&A.
Local: Grande Auditório da Faculdade de Belas Artes, Universidade de Lisboa, Largo da Academia Nacional de Belas Artes, 4, 1249-058 Lisboa.
Data: Quarta, 15 de maio 2024, 18.30
Registo
Integrado no evento
Human Entities 2024: a cultura na era da inteligência artificial
8ª edição
Programa de conversas, maio – junho 2024
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ENGLISH
Human Entities 2024: culture in the age of artificial intelligence
Eighth edition

Programme of public talks, May – June 2024
Organised by CADA in partnership with the Lisbon Architecture Triennale and the Faculty of Fine Arts, University of Lisbon
Wed 15 May 2024, 6.30pm
Monica Gagliano
Evolutionary ecologist, Research Associate Professor (Adjunct) at Southern Cross University, Australia
All welcome, free entry, booking required
Plant consciousness
Monica Gagliano
Monica Gagliano PhD is an internationally award-winning research scientist, selected by Biohabitats as one of the 24 most Inspiring Women of Ecology, together with Jane Goodall, Rachel Carson, Sylvia Earl, and Terry Tempest Williams. She has been an invited lecturer at the most prestigious universities, including UC Berkeley, Stanford, Harvard, Dartmouth and Georgetown. Monica’s pioneering work has been widely featured by prominent media, such as The New York Times, Forbes, The New Yorker, The Guardian, National Geographic, and many others. Monica is Research Associate Professor (Adjunct) of evolutionary ecology based in Australia. She is currently Chief Scientist at Kaiāulu|Coherence Lab in Hawaii, and Research Associate at the Takiwasi Centre in Perú.
Monica has pioneered the brand-new research field of plant bioacoustics, which for the first time, experimentally demonstrates that plants emit voices and detect and respond to the sounds of their environments. Her work has extended the concept of cognition in plants. By demonstrating experimentally that learning and memory are not the exclusive province of animals, Monica has reignited the discourse of plant subjectivity, as well as ethical and legal standing. Inspired by encounters with nature and indigenous elders from around the world, Monica applies an innovative and holistic approach to science, one that is comfortable engaging at the interface between areas as diverse as ecology, physics, law, anthropology, philosophy, literature, music, the arts, and spirituality. By re-kindling a sense of wonder for the beautiful place we call home, she is helping to create a new ecology of mind that inspires the emergence of revolutionary solutions toward human interactions with the world we co-inhabit. Monica’s studies have led her to author numerous ground-breaking scientific articles and books, including Thus Spoke the Plant (2018) and The Mind of Plants (2021).
https://www.monicagagliano.com
https://www.instagram.com/_monicagagliano_
https://en.wikipedia.org/wiki/Monica_Gagliano
https://researchportal.scu.edu.au/esploro/profile/monica_gagliano/overview

The talk will be in English and followed by a Q&A session.

Venue: Large Auditorium of the Faculty of Fine Arts (ULisboa), Largo da Academia Nacional de Belas Artes, 4 1249-058 Lisboa.
Date: Wed 15 May 2024, 18.30

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This event is part of
Human Entities 2024: culture in the age of artificial intelligence
Eighth edition
Public talks, May – June 2024
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Organização CADA em parceria com a Trienal de Arquitectura de Lisboa e com a Faculdade de Belas Artes, Universidade de Lisboa.
Organised by CADA in partnership with the Lisbon Architecture Triennale and the Faculty of Fine Arts, University of Lisbon.

Programado por Jared Hawkey/Sofia Oliveira com programadores convidados: Andrea Pavoni, Justin Jaeckle, Lavínia Pereira e Olivia Bina. Programmed by Jared Hawkey/Sofia Oliveira with guest programmers: Andrea Pavoni, Justin Jaeckle, Lavínia Pereira and Olivia Bina.

Estrutura financiada por/Funded by: República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes

Apoios/Support: Câmara Municipal de Lisboa; Universidade NOVA de Lisboa, Faculdade de Ciências e Tecnologia – NOVA LINCS; Instituto Ciências Sociais, Urban Transitions Hub, Universidade de Lisboa; DINAMIA’CET (ISCTE-IUL) e/and Faculdade Belas Artes, Universidade de Lisboa, Departamentos de Design de Comunicação e Arte Multimédia.
Design: Pedro Loureiro
Fotografia/ Photography: Joana Linda
Som/Sound: Diogo Melo
Foto/Photo: Alexander Boëthiu

09.05.2024 | por martalanca | bioacústica, inteligência artificial, plantas

Autobiografias Fotográficas

Visita Conversada Domingo, 12 de maio de 2024.11h

Na primeira visita conversada à exposição “Álbuns de Família. Fotografias da Diáspora Africana na Grande Lisboa (1975 – hoje)”, Filipa Lowndes Vicente, uma das suas curadoras, percorre as imagens que os portugueses afrodescendentes e os africanos registaram de si próprios e das suas comunidades desde 1975, data das independências dos países africanos de colonização portuguesa.São cruzamentos de histórias pessoais com a história coletiva e política, representadas em fotografias de família e de fotógrafos profissionais, trabalhos de artistas plásticos, escritores e publicações em novas plataformas digitais. Preço Público Geral – 5,00€ Estudantes | Professores | Reformados – 2,50€

09.05.2024 | por martalanca | Álbuns de Família, FILIPA LOWNDES VICENTE, fotografia

Exposição "Problemas do Primitivismo – a partir de Portugal"

No próximo dia 18 de maio, às 17h00, o Centro Internacional das Artes José de Guimarães inaugura ”Problemas do Primitivismo – a partir de Portugal”uma exposição que, assente numa pesquisa ampla em arquivos e coleções portuguesas, interroga o «primitivismo» e as suas contradições. 

A exposição aborda os contextos da ditadura, da colonização, do anticolonialismo e do pós-colonialismo, propondo uma máquina visual impregnada de imagens e referências artísticas e culturais que problematiza a invenção do «primitivo» e a sua persistência até à contemporaneidade. Seis palavras-chave, permeáveis entre si, organizam a exposição: Civilização, Museu, Ingénuo, «Mar Português», «Jazz-Band» e Extração. Através delas, dá-se a ver não uma cronologia fixa, mas percursos e correlações diagramáticas, tensões entre textos e imagens, que enfatizam a estrutura ideológica, social e cultural sobre a qual assentou e assenta a ideia de «primitivo».  

Na data de inauguração da exposição “Problemas do Primitivismo – a partir de Portugal”, o CIAJG recebe também o “antimuseu”, um programa com intervenções musicais contínuas em lugares inesperados, que explora o contexto arquitetónico e acústico e estabelece novos parâmetros para a experiência do museu. Depois de uma 1ª edição em 2022, o “antimuseu” volta a afirmar-se como um momento de cruzamento entre a música exploratória e a arte contemporânea espelhado num programa de extensa catarse, das 19h00 às 02h00, com apresentações de nomes fulgurantes como Croatian Amor, DJ Lynce, DJ Veludo, Miguel Pedro, oqbqbo e Vanity Productions.

09.05.2024 | por martalanca | primitivismo

A Moeda Viva

com Ângela Ferreira, António Contador & Carla Cruz, Cildo Meireles, Fábio Colaço, Filipa César, Filipe Pinto, Isa Toledo, Isabel Cordovil, Leonor Antunes, Lourdes Castro, Luís Paulo Costa, Mauro Cerqueira, Nuno Henrique, Pedro A.H. Paixão, Rita GT  Curadoria: Maria do Mar Fazenda  

Inauguração: quarta-feira, 15 de maio – 18h 16.05 – 8.09.2024 GALERIA QUADRUM 

Lourdes Castro, Sombras e chocolates (moedas), 1974Lourdes Castro, Sombras e chocolates (moedas), 1974

A Moeda Viva é uma exposição coletiva concebida por Maria do Mar Fazenda para ser apresentada na Galeria Quadrum. O seu título é tomado de empréstimo ao ensaio de Pierre Klossowski “La Monnaie vivante” publicado em 1970. Este projeto curatorial convoca também “O Dinheiro”, o último filme realizado por Robert Bresson que, por sua vez, parte do conto “O Cupão Falso” de Lev Tolstói. Em cada uma destas obras é explorada a predominância que o dinheiro pode desempenhar nas nossas vidas. Como nos relacionamos enquanto sociedades com essa entidade é o objeto de análise da economia mas, conceitos como dívida, inflação, crédito, banca, empréstimo, finança, etc. traduzem formas abstratas de dinheiro e de valor. A narrativa da exposição propõe um conjunto de obras que reinventam várias dimensões desta convenção, que é o dinheiro. A moeda é na sua essência símbolo de troca, assim como câmbio e transformação são gestos recorrentes dos artistas através dos quais procuram dar a ver, sem nunca revelar por completo, aquilo que nos escapa.

A exposição pode ser visitada de terça a domingo, das 10h às 13h e das 14h às 18h, com entrada livre.

 

 

09.05.2024 | por martalanca | ângela ferreira, António Contador & Carla Cruz, Cildo Meireles, dinheiro, Fábio Colaço, filipa césar, Filipe Pinto, Isa Toledo, Isabel Cordovil, Leonor Antunes, Lourdes Castro, Luís Paulo Costa, Maria do Mar Fazenda, Mauro Cerqueira, Nuno Henrique, Pedro A.H. Paixão, Rita GT

Encontro Internacional Lusófono de Literatura, Arquitetura e Património I Mindelo

1.o EILLAP 9 e 10 de maio Centro Cultural do Mindelo

Modalidade semipresencial

PROGRAMA

DIA 9 9h00-9h30 (CV) / 9h30 – 11h30 (PT) – ABERTURA

Inês Alves (Universidade Jean Piaget, Mindelo)
Hilarino da Luz (CHAM – NOVA FCSH/UAc, Portugal) Presidente da Câmara de S. Vicente - Dr. Augusto Neves

SESSÃO I - 9h30 -11h

Moderação: Hilarino da Luz (CHAM – NOVA FCSH/UAc, Portugal)

9h30-9h45

Escolas-piloto do PAIGC e o forjar da identidade nacional

ANA LÚCIA REIS (CHAM – NOVA FCSH/UAc, Portugal)

9h45-10h00

́Rotcha Scribida ́ sua gestão enquanto parte do Património Cultural ARÍCIA CONCEIÇÃO (Cabo Verde) – Online

10h00-10h15

Preservar a memória: contribuição do Onésimo Silveira para a Comunidade Cabo-verdiana
CARLA ROCHA e OLGA FERREIRA (Portugal / Cabo Verde)

10h15-10h30

O papel do autor-político na poesia de António Jacinto, Jorge Rebelo e Marcelino dos Santos
TOM SENNETT (Reino Unido / Moçambique)

10h30-11h00

Debate

11h00-11h15

Coffee Break

SESSÃO II – 11h15-12h30

Moderação: Claudino Borges (Universidade Jean Piaget de Cabo Verde)

11h15-11h30

Património Natural em Moçambique: Uma História da “Proteção da Natureza” desde o início do Século XX
PAULO VASCONCELOS (Portugal / Moçambique)

11h30-11h45

Sinta10 Tours

HIBRARIN DIAS (Cabo Verde)

11h45-12h00

Turismo Religioso na Serra do Estrondo Património Natural do Tocantins NÚBIA NOGUEIRA (Brasil) – Online

12h00-12h15

Morna: de música crioula a Património Imaterial da Humanidade

GENI DE BRITO (Brasil / Portugal) - Online

12h15-12h30

Cabo Verde: A escrita insurgente de Dina Salústio e Fátima Bettencourt SÔNIA SANTOS (Brasil) – Online

12h30-13h00

Debate

13h00 - 15h00 - ALMOÇO LIVRE
15h00 SESSÃO III - MESA REDONDA - Lugares e Património

Moderação: Inês Alves (Universidade Jean Piaget de Cabo Verde) Existirá um futuro ‘belo’ para a imagem do Mindelo?

CARLOS SANTOS (Universidade de Cabo Verde)

O patrimônio artístico feminino e seu apagamento histórico: notícias do Nordeste do Brasil
MADALENA ZACCARA (Universidade Federal de Pernambuco)

Patrimônio e desenvolvimento: diálogos possíveis entre cidades da lusofonia
MARCELA SANTANA (Cátedra Unesco Diálogo Intercultural em Patrimónios de Influência Portuguesa - Universidade de Coimbra)

Brasília: o patrimônio entre a literatura e a arquitetura

VALÉRIA DA SILVA (Universidade Federal de Goiás)

18h30_ Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design

O Mar na Memória em Cabo Verde: Cruzamentos entre o “Mar Liso” de José Cabral e o “Falucho” de Manuel Brito-Semedo
Projeção de filme e onversa entre os autores

DIA 10
9h00-10h30 SESSÃO I - MESA REDONDA – Literatura, Lugares e Património

Moderação: António Tavares (Centro Cultural do Mindelo)
Mindelo, Cidade Literária: sua representação urbana e criação literária

ISABEL LOBO (Cátedra António Aurélio Gonçalves - UniMindelo)

Memória Coletiva na Inserção entre Literatura e Património ILDO ROCHA (Ministério dos Transportes e Turismo)- Online

Lugar do Património na Arquitetura das minhas obras JOSÉ CABRAL(Instituto das Pescas de Cabo Verde)

Mindelo, Um Espaço de História e de Memória

MANUEL BRITO-SEMEDO (Universidade de Cabo Verde)

10h30-11h00 Coffee Break

SESSÃO II – 11h00-11h15

Moderação: Carlos Santos (Universidade de Cabo Verde)

11h00-11h15

Relacionalidade e Território

NUNO FLORES (Portugal) Presencial

11h15-11h30

Leituras cruzadas sobre a (auto)construção da forma-dinâmica urbana de Maputo
DAVID VIANA (Portugal / Moçambique) - Online

11h30-11h45

Narrativas Visuais na Cidade Velha: Reflexos da História e Identidade Cultural na Arquitetura
YARA MONTEIRO (Brasil / Cabo Verde) – Online

11h45-12h00

Debate

SESSÃO III- 12h00-13h00

Moderação: Ana Lúcia Reis (CHAM – NOVA FCSH/UAc, Portugal)

12h00-12h15

O Património nos Lugares da Memória em Cabo Verde - a decadência da comunidade dos Rabelados do Interior de Santiago
CLAUDINO BORGES (Cabo Verde)

12h15-12h30

Rios Urbanos Naturalizados como Ferramentas para o Desenvolvimento e Equidade: Ribeira Afonso
NAGAYAMMA ARAGÃO (Portugal / São Tomé e Príncipe) - Online

12h30-12h45

Águas e Vozes
LÚCIA VIGNOLI (Brasil) - Online

12h45-13h00

Debate

13h00 - 15h - ALMOÇO LIVRE

15h00-16h30 – CONVERSA ENTRE ESCRITORAS / HOMENAGEM Memória em Fátima Bettencourt & Dina Salústio
Hilarino da Luz (CHAM – NOVA FCSH/UAc, Portugal)

16h30-16h50 - ENCERRAMENTO

 

08.05.2024 | por martalanca | arquitetura, literatura, Mindelo, Património

Pérola Sem Rapariga | direção e encenação: Zia Soares

texto: Djaimilia Pereira de Almeida
CCB, Pequeno Auditório
24 maio, 21H25-26 maio, 19H
Pérola Sem Rapariga inspira-se na leitura de Voyage of the Sable Venus and Other Poems de Robin Coste Lewis, e do arquivo fotográfico de Alberto Henschel. O espetáculo pensa a relação entre a superfície do corpo e aquilo que sobre ele somos capazes de dizer, entre legenda e imagem, entre a pele e o salvamento. O artista Kiluanji Kia Henda intervém no espaço da cena instalando prenúncios de apocalipse.
“A ideia é mergulhar na gargalhada e acordar do outro lado. Cair no riso como quem cai no sono e no sono como quem cai ao mar. Ou antes, rir como quem se ergue, tirar o pó dos joelhos dentro dos sonhos, erguer a cabeça dentro do abismo. Ou rir como quem se afoga. Renascer de um afogamento. Acordar da morte.
Duas mulheres que são uma andam por aqui entretidas a abrir o caminho sinuoso aonde levam as gargalhadas. Riem a bandeiras despregadas e, quando dão conta, estão em apuros, numa confusão da qual não sabem sair sozinhas.
Se há uma visão dominante, em Pérola Sem Rapariga, é que as gargalhadas das raparigas são perigosas. Parece que queremos que as mulheres posem sem rir porque temos medo do ritmo, da faca e do arco do riso — que faz tremer a terra e racha o fundo do mar.”

foto de filipe ferreirafoto de filipe ferreira
Djaimilia Pereira de Almeida
direção, encenação: Zia Soares
texto: Djaimilia Pereira de Almeida
interpretação: Filipa Bossuet, Sara Fonseca da Graça
artista visual: Kiluanji Kia Henda
instalação e figurinos: Neusa Trovoada
música e design de som: Xullaji
design de iluminação: Carolina Caramelo
assistência à encenação de movimento: Lucília Raimundo
vídeo promocional: António Castelo coprodução: Sowing_arts, Teatro Nacional D. Maria II, apap – FEMINIST FUTURES (projeto cofinanciado pelo programa Europa Criativa da União Europeia) apoio: Casa da Dança, Polo Cultural Gaivotas Boavista duração: 1H > 12
Pérola Sem Rapariga integra a programação da Odisseia Nacional  e o Ciclo Abril Abriu do Teatro Nacional D. Maria II, e a programação comemorativa dos 50 anos do 25 Abril do CCB.
Informação e reservas: https://www.ccb.pt/evento/perola-sem-rapariga/

08.05.2024 | por martalanca | Djaimilia Pereira de Almeida, Zia Soares

Programação na Tigre de Papel ao longo do mês de Maio

Cartaz de Alejandro LevacovCartaz de Alejandro Levacov
Sexta-feira, 10 de Maio, às 18h
Apresentação do livro As Comissões de Trabalhadores em Portugal, na Continuidade dos Conselhos Operários na Europa, de José Santana Henriques, com a participação do autor e de Miguel Pérez Suárez e Eduardo Pires
Terça-feira, 14 de Maio, às 18h30
Apresentação do livro Quem Anda Aí, de Ketty Blanco Zaldivar, com a participação da autora e de Manuel Matos Nunes
Quinta-feira, 16 de Maio, às 18h30
Conversas com Editores | Wladimir Vaz (Urutau)
Sexta-feira, 17 de Maio, às 18h30
Comecemos uma revolução à mesa! | conversa com Victor Lamberto sobre o movimento Slow Food
Sábado, 18 de Maio, 16h
Íris Entra no Jogo | apresentação do livro e oficina criativa para crianças, com a autora, Mafalda Mota
Quinta-feira, 23 de Maio, às 18h30
A Insurreição que Vem | apresentação do livro Comité Invisível, com a participação de Luhuna Carvalho e de Nuno Ramos de Almeida
Segunda-feira, 27 de Maio, às 18h30
FICÇÃO-contra-FICÇÃO | Malcolm Lowry – debaixo do vulcão | conversa com Marcelo Teixeira
Terça-feira, 28 de Maio, às 18h30
Uma cidade habitada por palavras | conversa com Ana Marques Gastão sobre Ana Hatherly, na passagem dos 95 anos do seu nascimento

07.05.2024 | por martalanca | Tigre de Papel

Enfrentando Passados Violentos: Repensando o Memorial e o Monumento

Reckoning with Violent Pasts: Rethinking the Memorial and the Monument, por Marita Sturken (NYU), conceituada especialista em cultura visual e estudos de memória, no dia 20 de Maio, segunda-feira, às 18h, na NOVA FCSH, Auditório B2 (Torre B). 
Enfrentando Passados Violentos: Repensando o Memorial e o Monumento

Por toda a Europa e nas Américas, as décadas que se seguiram aos anos 1980 foram, em grande medida, entendidas como tendo produzido um “boom de memória” – uma época de produção significativa de memoriais, museus de memória e projetos de arte memorialista, que, de certa forma, constituem uma espécie de ajuste de contas com a violência do século XX: a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto, o terrorismo de Estado na América do Sul, a Guerra do Vietname e o 11 de setembro nos Estados Unidos. Na maior parte dos principais lugares de memória que então surgiram, o modernismo e o minimalismo predominaram esteticamente. Muitos dos projetos de memória mais radicais (na Alemanha e na Argentina) incorporaram explicitamente, na sua conceção, uma crítica à memorialização, utilizando tácticas da arte concetual para questionar a ideia de que um memorial é apenas um local a ser visitado, fora da vida quotidiana.

Nos últimos 15-20 anos houve uma mudança neste boom de memória (durante o qual muitos círculos eleitorais e comunidades competiam para ter os seus próprios memoriais) para uma discussão mais ampla e transnacional sobre os legados da monumentalização e o papel da memória como ativismo. Mais recentemente, em particular desde a manifestação global de indignação contra as injustiças raciais no auge da pandemia, o acerto de contas com os passados coloniais e os legados de séculos de escravatura tem-se voltado cada vez mais para as paisagens imperiais e coloniais da monumentalização – demolição de monumentos, vandalização e exigência da sua remoção. Após décadas de debate sobre muitos destes monumentos a passados racistas, em 2020 alguns começaram a cair. Parece que o monumento, em particular o monumento a passados coloniais e racistas, já não pode, em muitos destes contextos, manter-se de pé.

Esta palestra analisa esta mudança: do boom memorialista (com os seus contra-memoriais e estética minimalista) para a desmonumentalização; da adesão e reformulação simultâneas da memorialização para o questionamento e rejeição do monumento. Considerando o contexto transnacional do boom de memória (em particular na Alemanha, nos EUA, na Argentina e no Chile) e dos movimentos de desmonumentalização (em particular na África do Sul, na Inglaterra e nos EUA), esta palestra visa elucidar as consequências de como o impulso de memorialização se começou a deslocar, finalmente, para a memória dos passados imperiais e coloniais, questionando a monumentalização do império e dos regimes esclavagistas e exigindo um enfrentamento dos legados da escravatura.


Marita Sturken é Professora Catedrática no Departamento de Media, Cultura e Comunicação da Universidade de Nova Iorque e conceituada especialista nos campos da cultura visual e dos estudos de memória. É autora de “Terrorism in American Memory: Memorials, Museums, and Architecture in the Post-9/11 Era” (New York University Press, 2022); “Practices of Looking: An Introduction to Visual Culture (com Lisa Cartwright, Oxford University Press, 2018, 3ª ed.); “Tourists of History: Memory, Kitsch, and Consumerism From Oklahoma City to Ground Zero” (Duke University Press, 2007), que ganhou o prémio Transdisciplinary Humanities Book Award 2007-2008 atribuído pelo Institute for Humanities Research da Arizona State University; “Tangled Memories: The Vietnam War, the AIDS Epidemic, and the Politics of Remembering” (University of California Press, 1997); e “Thelma & Louise” (British Film Institute Modern Classics series, 2000; re-editado em 2020). Os seus livros foram traduzidos para japonês, chinês, coreano, checo e hebraico, tendo artigos publicados em espanhol e português. Em 2023, foi-lhe atribuída a prestigiada Guggenheim Fellowship. site da professora

Entrevista a Marita Sturken por Inês Beleza Barreiros (in Buala, 21/10/2021).

Ciclo de Conferências do Pensamento Crítico Contemporâneo | 16 e 17 maio

O primeiro Ciclo de Conferências do Pensamento Crítico Contemporâneo será inaugurado nos dias 16 e 17 de Maio (FLUP, sala António Teixeira Fernandes, Torre B, 4.° piso), através da realização de duas conferências integradas. Trata-se de uma excelente oportunidade para aprofundar debates sobre passados violentos contemporâneos com grandes especialistas no tema.

Reckonings with violent pasts: rethinking the memorial and the monument 

Marita Sturken, New York University | 17 de maio | 15h 

“Olhando para o contexto transnacional do boom da memória (em particular na Alemanha, nos EUA, na Argentina e no Chile) e para os movimentos de desmonumentalização (em particular na África do Sul, em Inglaterra e nos EUA), a conferência pretende explorar as consequências da forma como o impulso para a memorialização se começou a voltar, finalmente, para a memória dos passados imperiais e coloniais, para questionar a monumentalização do império e dos regimes escravistas, e para as exigências de um acerto de contas com os legados da escravatura”.

Primo Levi e as escritas da História: a literatura do testemunho e a representação do Holocausto

Pedro Caldas, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro |16 de maio | 16h 

“Um evento limite é aquele capaz de desafiar as nossas formas habituais de entender e sentir os fenómenos históricos. Muito mais do que um documento sobre os campos de extermínio, a obra de Primo Levi convida-nos a refletir sobre a escrita da história e da temporalidade.”

07.05.2024 | por martalanca | Marita Sturken, memória, Pensamento Crítico, Primo Levi

José Augusto Ramos - Textos em Diáspora - LANÇAMENTO

O Centro de História da Universidade de Lisboa (CH-ULisboa) tem o prazer de convidar para o lançamento e a apresentação de dois volumes de estudos reunidos do Professor Catedrático Emérito José Augusto Ramos:

Textos em Diáspora: O Tempo e o Homem  

Textos em Diáspora II: Os Deuses e a Hermenêutica

A sessão terá lugar a 15 de Maio de 2024, no Anfiteatro I da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, pelas 17h30

A apresentação estará a cargo dos Professores Doutores Arnaldo do Espírito Santo e Francisco Caramelo, sendo a sessão presidida pelo Professor Doutor Hermenegildo Fernandes, Director da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Mais informações podem ser consultadas na página do CH-ULisboa dedicada ao evento: https://chul.letras.ulisboa.pt/eventos-detalhe.php?p=1224.

03.05.2024 | por mariana | diáspora, FLUL, José Augusto Ramos, lançamento

"25 de Abril, sempre no ar" - sessões de escuta radiofónica - MAIO 2024

25 de Abril, sempre no ar

SESSÕES DE ESCUTA RADIOFÓNICA

7, 14 e 21 de Maio no Museu do Aljube, Lisboa

Revolução que deu os passos decisivos na rádio, é na rádio que ela mais ecoa.

Voltamos aos passos das canções, dos repórteres que fintavam as sombras dos vampiros, do enviado especial estrangeiro tomado pela poesia que estava na rua e dos artistas de hoje que invadem e ocupam uma rádio porque ela ainda é a casa das palavras. Para que o microfone continue a ser poema e fale.”

Caras e caros ouvintes de Abril (em Maio),
Começa esta próxima terça-feira, 7 de Maio, a extensão portuguesa da programação dedicada ao cinquentenário da revolução dos cravos criada para um dos maiores festivais de rádio do mundo, o Longueur d’ondes de Brest, realizado em Fevereiro de 2024.
Voltamos a sintonizar alguns dos memoráveis - e alguns deles quase desconhecidos ou algo esquecidos - momentos radiofónicos que põem Abril sempre no ar: antes, durante ou depois do sonho “inteiro e limpo” que se iniciou na rádio.
25 de Abril, sempre no ar
Estas sessões de escuta imersiva e colectiva permitem, em diálogo com as peças ou fragmentos escolhidos de reportagens, documentários, criações ou outros formatos radiofónicos, uma reflexão sobre a própria escuta e todas as suas camadas sonoras e ecos contemporâneos.
Uma viagem com alguns dos protagonistas e autores destes sons de resistência e liberdade: Adelino Gomes, Fernando Alves, Manuel Alegre, João Brites, João Paulo Guerra e Francisco Fanhais.[Na primeira escala desta programação radiofónica em curso, em Brest, além de Adelino Gomes e Francisco Fanhais, marcaram igualmente presença: Elsa Cornevin, Irene Flunser Pimentel, Kaye Mortley, Isabel Meira, Luísa Semedo, Pedro Rosa Mendes e Victor Pereira, entre outros.]
É uma curadoria que tive a alegria e a responsabilidade de realizar, com a infinita camaradagem – cúmplice, crítica e sábia – do repórter de Abril e de todos os meses, Adelino Gomes.

A entrada é livre.

03.05.2024 | por mariana | 25 de abril, museu do aljube, revolução dos cravos

Edições Fora de Jogo | Anarquismo em debate, filme Colônia Cecília | Lisboa | 5 de maio 2024

Neste domingo, dia 5 de maio, ocorre o evento Anarquismo em Debate, a partir das 15h na Casa do Comum do Bairro Alto (Rua da Rosa, 285, Lisboa).

Após a estreia do filme “Colônia Cecília. Um sonho anarquista” (2024), haverá discussão com a presença do realizador Carlos Pronzato, e com Diogo Duarte, autor do livro “O anarquismo e a arte de governar” (Fora de Jogo, 2024).

Entrada livre.

Pré-venda - Libertar o Futuro. Textos Políticos (1916-1926), Antonio Gramsci

“O que acontece, não acontece tanto porque alguns querem que aconteça, mas porque a massa dos homens abdica da sua vontade, deixa fazer, deixa agrupar os nós que depois só a espada poderá cortar, deixa promulgar as leis que depois só a revolta fará anular, deixa exercer o poder a homens que depois só um motim poderá derrubar. A fatalidade que parece dominar a história não é mais do que a aparência ilusória desta indiferença, deste absentismo.”

Texto de Antonio Gramsci publicado em “La Città futura”, em fevereiro de 1917, e incluído em Libertar o Futuro. Textos Políticos (1916-1926), brevemente em reedição da Fora de Jogo.

O livro está disponível, com desconto de pré-venda, a 10€. Para o adquirir aproveitando esta campanha, envie-nos um e-mail para geral@foradejogo.org.

Fora de Jogo é a editora da Associação Cultural com o mesmo nome. Estamos focados na publicação de livros que exploram um conjunto de processos sociais, históricos, políticos e culturais situados em diferentes geografias, temporalidades e escalas da realidade. Interessa-nos, particularmente, a publicação de investigações nas áreas da história e  das ciências sociais, mas igualmente de todos os géneros, da poesia ao  romance, da fotografia à dramaturgia, que expandam este conhecimento e  as perspetivas sobre o mesmo.

03.05.2024 | por mariana | Anarquismo em Debate, evento, exibição de filme, fora de jogo, lançamento de livro

Tesouros do Arquivo | Bushman + Mandabi

No mês de maio, apresentamos dois filmes complementares que nos convidam à reflexão sobre as necessidades e dificuldades das diásporas africanas no final dos anos 60.

09 Maio, 5ª f, 19h15

Bushman

De David Schickele

EUA, fic., 1971, 73’

+ info: https://www.batalhacentrodecinema.pt/program/bushman/

Em 1968, Gabriel, um jovem nigeriano a viver nos Estados Unidos, reflete sobre todas as fricções que acompanharam a década de 60. Viajou para a Califórnia em busca de uma vida melhor, mas diariamente é confrontado com os paradoxos de uma sociedade aparentemente progressista, que esconde o seu racismo estrutural.

Restaurado recentemente em 4K a partir dos negativos originais, o filme foi arquivado durante décadas após a sua estreia.

É considerado um marco da representação negra no cinema americano, especialmente por captar a emergência da contracultura da Costa Oeste da época.

25 Maio, Sábado, 17h15

Mandabi

De Ousmane Sembène

Senegal/França, fic., 1968, 91’

+ info: https://www.batalhacentrodecinema.pt/program/mandabi/

Combinando humor e crítica social, Mandabi acompanha Ibrahima, um homem pobre e desempregado que vive em Dakar.

A sua vida toma um rumo inesperado quando recebe uma ordem de pagamento do sobrinho que trabalha em Paris, destinada a ajudar a família. As tentativas para descontar o cheque tornam-se cada vez mais complicadas devido à burocracia, corrupção e ganância.

Enquanto revela as dificuldades do protagonista no acesso ao dinheiro, esta relíquia do cinema senegalês explora temas como a pobreza, colonialismo e os desafios de uma sociedade em mudança.

Falada principalmente em wolof, Mandabi foi a primeira longa-metragem de sempre realizada numa língua africana.

 

03.05.2024 | por mariana | apresentação de filme, Bushman, filmes, Mandabi, Tesouros do arquivo

Um Museu Vivo de Memórias Pequenas e Esquecidas | Digressão 2024 - 50 anos 25 Abril

Queridos companheiros, companheiras, companheires,

escrevo-vos do presente de 2024, ainda no maravilhamento daquele dia na Avenida da Liberdade, em Lisboa, e das manifestações em todas as outras avenidas por esse país fora, e os dias seguintes e anteriores de torrentes memoriais e importantes momentos de inscrição do passado no espaço público. Em particular, penso na inauguração do primeiro museu nacional dedicado à memória e à resistência antifascista – situado no Forte de Peniche, antiga prisão do Estado Novo para presos políticos. Sem dúvida, um dos momentos mais marcantes, tocantes e significativos das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.

Inscrever e transmitir memória tem feito parte do labor artístico do Teatro do Vestido, pelo menos desde 2014, data em que estreou Um museu vivo de memórias pequenas e esquecidas, no Negócio/ZDB, no Bairro Alto, em Lisboa – um trabalho que iria adquirir uma vida própria ao longo desta última década, em que não parámos de o apresentar em Portugal e no estrangeiro, constantemente acrescentando e polindo novas partes, novas reflexões, que acompanharam esta década de lutas pela memória.

Este trabalho, cuja investigação teve início em 2011, partiu de uma intensa e aprofundada pesquisa em torno das histórias de vida e memórias de pessoas comuns sobre a ditadura do Estado Novo, o 25 de Abril de 1974 e o processo revolucionário que se seguiu a esse dia – marco de todos os começos na nossa vida como país livre. Foi acompanhado de uma enorme pesquisa histórica e da reunião de documentos, artefactos, objectos pessoais - parte de um arquivo sensível, afectivo, mostrado e manuseado ao vivo no espectáculo.

Dividido em 7 partes, com um jantar revolucionário a meio e um debate/conversa final, Um museu vivo é um espectáculo exigente e de grande cumplicidade com quem o vê, uma investigação quase forense sobre aspectos que nos constituem como país, como comunidade, como indivíduos, onde memória colectiva e memória individual se interseccionam e onde alguém que nasceu depois interpela o passado a partir do seu lugar de ‘filha da revolução.’ Tudo isto se desenvolve ao longo de 6h, que às vezes são mais, pois como museu vivo que é se situa neste lugar de interrogação e citação do presente. Neste ano de comemoração dos 50 anos do 25 de Abril assistimos a uma riqueza de expressões, polémicas, divisões em torno da data, que não poderiam senão estar presentes neste novo ciclo de apresentações que se inicia esta semana no TAGV, em Coimbra. Quem sabe o que cada dia até essas récitas nos reservará ainda? De tudo isso se alimenta este museu. Por isso a sua duração aproximada e o seu carácter aberto, em progresso.

A nova composição da Assembleia da República, por seu turno, exige de cada uma e cada um de nós uma consciência do momento crucial em que nos encontramos, esta esquina da história particular onde os caminhos diante de nós se revestem de incerteza e perigo. Mas também da esperança de sabermos o nosso papel neste guião, nesta luta. porque nada acabou ainda.

porque não acaba nunca.
porque foi essa a promessa que herdámos:
a de um país novo.
tudo por construir.

Esperamos por vós nesta nova digressão que aqui se inicia.
E que juntos continuemos a interpelar Abril e Maio e Junho e Julho até Dezembro – todos esses meses de exaltação, vigília e transformação da vida de um povo reprimido até então.

Abraços com Abril nos olhos e nos braços.
Fascismo nunca mais.

Joana Craveiro
27 de Abril de 2024

03.05.2024 | por mariana | 25 de abril, 50 anos do 25 de abril, Joana Craveiro, Teatro do Vestido

lançamento do webdoc (Com)Fabulações Negras. Entrada Livre

Dia 23 Maio, quinta-feira, a partir das 13h30 no espaço da Batoto Yeto (junto à Biblioteca de Marvila).

vamos retomar mais uma Zona de Contacto no espaço da Batoto Yetu (Marvila) com o lançamento do webdoc (Con)fabulações Negras produzido no Laboratório de Audiovisuais do CRIA por Paulo Raposo e Emiliano Dantas em co-autoria com 13 mulheres negras, artistas, académicas e ativistas brasileiras residentes no Brasil, EUA e Portugal - Alexandra Alencar, Antônia Gabriela, Bia Leonel, Elaine Sales, Fernanda Rachel, Julianna Rosa Santos, Maria Anacleto, Marina Rainho, Michele Mafra, Mirella Maria, Rita Roldan, Sarah Motta e Thuanny Paes. E contaremos com a presença de Mirella e de Bia para além de Emiliano Dantas e Paulo Raposo.

Entrada Livre sujeita à lotação da sala.

03.05.2024 | por martalanca | Batoto Yeto

NOVIDADE Orfeu Negro | A PRETENSÃO DE ANTÍGONA, de Judith Butler

NOVIDADE Orfeu Negro


A PRETENSÃO DE ANTÍGONA
O Parentesco entre a Vida e a Morte
de Judith Butler

 

Antígona não significa estritamente uma linhagem,
mas algo mais próximo do «derramar sangue» — aquilo que é preciso saldar
para preservar os Estados autoritários.

— Judith Butler


A PRETENSÃO DE ANTÍGONA propõe uma nova leitura do legado de Antígona — a célebre insurgente de Sófocles, ícone feminista de desafio e contestação. Ao interrogar-se sobre as formas de parentesco que lhe poderiam ter permitido viver, confrontando o parentesco e o poder do Estado, Judith Butler associa os corajosos actos de Antígona às reivindicações das pessoas com relações de parentesco ainda por reconhecer, e demonstra como o parentesco heteronormativo continua a decidir o que deve, ou não, ser uma vida vivível. Recupera-se o significado revolucionário desta figura clássica, integrando-o numa política sexual progressista. 
Já na nossa loja online e nas livrarias de todo o país.

Judith Butler lecciona na Universidade da Califórnia, em Berkeley, e é das principais figuras teóricas contemporâneas do feminismo e da teoria queer. Escreveu obras pioneiras como Problemas de Género: Feminismo e Subversão da Identidade e Corpos Que Contam: Os Limites Discursivos do «Sexo» (publicadas na Orfeu Negro), e tem contribuído amplamente para a renovação dos estudos de género. É também das vozes mais activas no debate actual de questões éticas e políticas, e as suas reflexões filosóficas são indissociáveis de uma postura activista, designadamente no que diz respeito à defesa da causa palestiniana e ao movimento Occupy Wall Street. Em livros mais recentes, Butler tem—se centrado numa ética da não-violência no contexto de colectivos políticos e de movimentos de transformação social.

30.04.2024 | por mariana | A pretensão de antígona, Judith Butler, livro, novidade

"Fantasmas e Delírios”, uma jornada de estudos que conta com a participação especial da artista Bette Gordon e do cineasta Sandro Aguilar

Entre os dias 2 e 3 de maio, na Escola das Artes da Universidade Católica no Porto

O Fantasma enquanto metáfora

Entre os dias 2 e 3 de maio, realiza-se o seminário “Fantasmas e Delírios”, uma jornada de estudos que conta com a participação especial da artista Bette Gordon e do cineasta Sandro Aguilar, e será complementada pela inauguração da exposição de Letícia Ramos (precedida de uma performance), e uma sessão de cinema no Passos Manuel, com a projeção de Mariphasa (2017), de Sandro Aguilar, com a presença do ator e fotógrafo António Júlio Duarte. Os eventos realizam-se entre o Auditório Ilídio Pinho, da Universidade Católica Portuguesa, e o Cinema Passos Manuel.


O seminário “Fantasmas e Delírios” vai proporcionar uma discussão em torno das diversas formas nas quais noções como espectro, sombra, invisível, irreal, matéria ou memória são exploradas no âmbito do cinema e das artes visuais. “A reflexão será norteada pela ideia de que o fantasma pode ser entendido, por um lado, como uma figura visual ou um tema, e, por outro lado, enquanto um conceito com uma forte dimensão simbólica ou metafórica,” refere a organização.

Estão confirmadas as presenças de Bette Gordon, pioneira no Cinema Independente Americano, conhecida pelas suas ousadas explorações de temas relacionados com sexualidade, desejo e poder. Variety, o seu mais aclamado filme, é uma história audaz sobre uma mulher que vende bilhetes num cinema pornográfico, na miséria iluminada de Times Square em meados da década de 1980. As suas longas-metragens incluem Luminous Motion (2000), um road movie hipnótico e perturbador, The Drowning (2017), um thriller psicológico baseado no romance do autor britânico Pat Barker, e Handsome Harry (2010). O trabalho de Gordon foi exibido nos principais festivais internacionais, incluindo Cannes, Berlim, Toronto, Locarno, Viena, Varsóvia, Rotterdam e Tribeca. Os seus filmes ganharam prémios em festivais como La Biennale di Venezia, Locarno Film Festival, Gijón, Oberhausen, Vila do Conde, Indielisboa, Montreal e foram exibidos nos principais festivais de cinema mundiais; de Sandro Aguilar foi alvo de retrospectivas no BAFICI, Roterdam Film Festival, New York Film Festival (Views from the Avant-Garde), Arsenal-Berlim e Oberhausen. Em 2013 foi convidado a integrar o reputado programa DAAD – Artist in Residence, Berlim; de Letícia Ramos, uma artista cientista que pesquisa o impacto que os fenómenos geológicos e climáticos podem ter na imaginação. O seu trabalho parte dos fenómenos naturais e efeitos ópticos para tratar de conexões simbólicas entre política, ciência e imaginação onde o futuro e o passado se sobrepõem. Na rigorosa investigação do meio fotográfico analógico utiliza a escultura, a maquete e técnicas de efeitos especiais para criar paisagens imaginárias, narrativas e fabulações que se formalizam em fotografias, em filme e instalação. Os seus trabalhos integram coleções como Fundação Botín, Novo Musee de Mônaco, Kadist Collection, Itaú Cultural, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Instituto Moreira Salles e Pinacoteca do Estado de São Paulo; e de António Júlio Duarte, estudou fotografia na AR.CO, em Lisboa e no Royal College of Art, em Londres. Autor de vários livros, o seu trabalho é exibido regularmente, em Portugal e no exterior, desde 1990.

30.04.2024 | por mariana | Bette Gordon, Escola das Artes da Universidade Católica no Porto, Fantasmas e Delírios, Sandro Aguilar, seminário

Lançamento do livro «Tarrafal», de João Pina

EM DIÁLOGO COM O AVÔ, PRESO POLÍTICO, E COM AS ÚNICAS IMAGENS DO INTERIOR DO «CAMPO DA MORTE LENTA», O FOTÓGRAFO JOÃO PINA REGISTA EM LIVRO A MEMÓRIA HISTÓRICA DO TARRAFAL.

No dia em que João Pina abriu uma caixa antiga que guardava negativos, provas de contacto, fotografias de época, cartas e telegramas do Tarrafal, iniciou um diálogo epistolar no tempo com o seu avô Guilherme da Costa Carvalho, enviado em 1949 para o campo de concentração do regime fascista português em Cabo Verde, conhecido também como o campo da morte lenta.

Os pais de Guilherme, Luiz e Herculana, foram as únicas visitas familiares ao Tarrafal na sua fase «portuguesa», levando consigo uma providencial câmara fotográfica Rolleiflex para retratar e dar prova de vida de todos os presos políticos do campo, além de fotografar todas as sepulturas dos mortos.

É a estas imagens, os únicos registos visuais feitos à época no interior do campo de concentração, que regressa João Pina, fotógrafo documental, continuando o seu já vasto trabalho de cartografia da memória histórica e das violações dos direitos humanos em forma de livro. À história pessoal e ao arquivo familiar, Tarrafal junta ainda anos de investigação e de colaboração com ex‑presos políticos, historiadores e famílias cabo‑verdianas, constituindo‑se como um documento de referência para, nos 50 anos do 25 de Abril, lembrar as consequências do passado vivido e compreender os desafios que temos pela frente.

28.04.2024 | por Nélida Brito | joão pina, literatura, tarrafal

ERNESTO NETO – NOSSO BARCO TAMBOR TERRA

Ernesto Neto, um dos mais internacionais e conhecidos artistas brasileiros, apresenta uma instalação imersiva, que evoca o cruzamento de culturas entre os diferentes continentes.

Com curadoria de Jacopo Crivelli Visconti, Nosso Barco Tambor Terra é uma das maiores esculturas realizadas, até hoje, por Ernesto Neto. A sua forma foi-se definindo ao longo de meses de trabalho, em diálogo com o espaço arquitetónico do MAAT e com o entorno do museu, extremamente denso de um ponto de vista histórico e simbólico, por representar o ponto de partida das caravelas que rumaram para o lugar que depois viria a ser chamado de Américas.

 

Partindo de imagens (velas) e materiais (lonas e cordas) geralmente associadas às viagens transatlânticas, o artista cria um conjunto de instalações inéditas que ocupam as várias dimensões do espaço. Para a criação da obra, foi utilizada principalmente chita, um tecido de algodão relativamente barato e extremamente difuso no Brasil que geralmente é decorado com estampas de cores fortes que representam flores e plantas. Esse tecido foi cortado em tiras e crochetado à mão por vários colaboradores, a partir de uma técnica desenvolvida ao longo de anos no ateliê do artista no Rio de Janeiro: o atelienave; e, com o material assim obtido, foram realizadas as células que, juntas, compõem a escultura. O plano geral da obra é desenvolvido à mão livre, através de testes e ajustes, e com a ajuda de softwares específicos, de maneira a ficar preciso, mas também maleável o suficiente para se adaptar às especificidades do espaço, quando da montagem in situ.

 

Nos últimos anos, à margem da sua atividade como artista, Neto tem se dedicado à percussão. Ao longo da exposição, a escultura, que incorpora uma série de instrumentos, será periodicamente ativada por uma programação musical, a cargo de músicos e grupos de vários lugares do mundo, com atenção especial para os ritmos das diásporas africana e asiática. Simbolicamente, o encontro de ritmos e batidas em Nosso Barco Tambor Terra irá constituir um contraponto à multitude de idiomas falados pelo mundo, aludindo à possibilidade de encontrarmos, em momentos e contextos específicos, línguas comuns que permitam uma comunicação que transcende a verbal e possibilita encontros autênticos e profundos. Coerentemente com o desejo do artista de criar uma obra autenticamente coletiva e diversa, os tambores de vários tipos e proveniências que habitam a instalação podem também ser tocados pelo público que visita a exposição.

28.04.2024 | por Nélida Brito | Brasil, ernesto neto, exposição

Três Curtas-Metragens da Terratreme na Cinemateca

2 de maio às 21h30

Com a presença de Susana Nascimento Duarte

OUTUBRO ACABOU
de Karen Akerman, Miguel Seabra Lopes
com António Akerman Seabra
Portugal, 2015 – 24 min
DOMY + ALIUCHA: CENAS KETS!
de Ico Costa
com Aliucha de Waldir, Domingos Marrengula
Portugal, 2022 – 30 min


JARDIM DE INFÂNCIA
de Susana Nascimento Duarte
Portugal, 2022 – 30 min
Três curtas-metragens produzidas pela Terratreme que exploram o cinema e as suas potencialidades, a partir do universo, da experiência e do olhar da infância e da juventude. Em OUTUBRO ACABOU, seguimos um pequeno cineasta com um convicto propósito: realizar o seu próprio filme. Em DOMY + ALIUCHA: CENAS KETS!, uma pequena câmara de filmar passa pelas mãos de dois jovens amigos, que filmam várias cenas do seu quotidiano em Moçambique, “registando a adolescência, o trabalho, o brincar, o deambular, o cantar e dançar, o desejo”. Em JARDIM DE INFÂNCIA observamos atentamente os rostos de várias crianças numa escola, ouvimos os diálogos do quotidiano escolar, uma ação que é constantemente interrompida por um outro tempo, que segue um andamento diferente, o ritmo dos afetos e das emoções da infância.

28.04.2024 | por martalanca | Terratreme

La Pensée Sauvage, de Adrien Missika

‘Que deveres de cuidado e formas de coabitação exigem os nossos tempos conturbados? Com que tipo de seres nos identificamos? Quem merece o nosso afeto e a nossa atenção? Tirando lições do amor-perfeito selvagem, Missika rega as ervas daninhas no passeio e lava a fuligem das folhas enegrecidas das plantas que crescem debaixo das auto-estradas, numa ação sincera de intenções puras. No entanto, noutros locais, encena o drama de avanços indesejados, carinhosamente rejeitados por um cato Saguaro. Vê-se a si próprio espelhado em cenouras gémeas. Nos excessos vibrantes do pensamento selvagem, as relações botânicas e sociais crescem umas nas outras, confundindo as divisões de espécie, género e família.’ — Dehlia Hannah 

Em simultâneo, inaugura Apenas nós dois, exposição de Emmanuelle Lainé & Benjamin Valenza, no Belo Campo, espaço na cave da galeria, dirigido por Adrien Missika.

Lainé Valenza é um par de artistas, um casal e um dueto, formado a partir de uma conversa perpétua, de um terreno comum na fronteira das suas respetivas pesquisas. Caracteriza-se por um interesse na crítica institucional, na mutação das formas de imagem e na atenção visual, com as suas apostas culturais e políticas subjetivas.
Ao longo dos seus projetos, a dupla emprega várias formas visuais, como a escultura, a fotografia, o cinema expandido, instalações site-specific, televisão em direto e performances.
Galeria Francisco Fino, Rua Capitão 76, 1950-052 Lisboa

02.05.2024, 20 h

27.04.2024 | por martalanca | Adrien Missika