O empoderamento feminino na construção de cidades sustentáveis

O empoderamento feminino na construção de cidades sustentáveis Em nossa cidade temos mulheres com práticas extremamente importantes, práticas viáveis e sustentáveis. Mas elas sabem disso? Será que estamos fortalecendo em nossa região uma cultura que faça a mulher se apropriar de seu lugar de fala? Será que a mulher da Amazônia se identifica como um ator de transformação social nos mais diversos espaços? Será que nossa cidade, enquanto um ambiente de todos, favorece a autonomia feminina em todos os seus ecossistemas? Se não, o que falta? Essas são provocações individuais e coletivas fundamentais para construirmos territórios que possibilitem a potência de todas as mulheres.

A ler

29.12.2020 | por Natália Carvalho Viana

Tânia de Carvalho: “As liberdades não podem ser negociadas”

Tânia de Carvalho: “As liberdades não podem ser negociadas” A actual geração de jovens é muito crítica ao posicionamento da geração de jovens dos anos 80, que fez e viveu uma guerra. Quer comentar? A geração dos anos 80 sabe muito bem as amarguras de uma guerra, de um conflito, não teve uma juventude ou infância condigna, porque nasceu e viveu num país em conflito; teve os seus sonhos vendidos e destruídos. Muitos dos jovens dos anos 80 tiveram de abandonar o país para viver numa terra que nunca os acolheu, olhou para eles como estrangeiros que vieram estragá-la. Portanto, não estão dispostos, hoje, a perder esta estabilidade conseguida desde 1992.

Cara a cara

29.12.2020 | por Tânia de Carvalho

Obras de arte na condição da pós memória (Conclusão)

Obras de arte na condição da pós memória (Conclusão) Em face desta nova narrativa que reconhece uma produção artística e um apreço de comunidades africanas pela mesma, de que modo tradições culturais seculares de países africanos interagem hoje com a formação e produção artística, no caso dos artistas afrodescendentes, que nasceram e fizeram a sua formação em países europeus? Como se combinam os acontecimentos da história de África e dos africanos com linguagens artísticas das “escolas europeias” e, em particular, com as temáticas contemporâneas?

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28.12.2020 | por António Pinto Ribeiro

Lembranças, souvenirs, recuerdos

Lembranças, souvenirs, recuerdos Nessa altura mais ou menos exacta, ouvi histórias em várias mãos sobre vontades de fuga, decisões de partir e preparativos de viagem, exílio, estratégias de resistência, ânsias de trabalho e dinheiro, aquisições de casas, anéis e carros, perdas materiais e amorosas, despedimentos, cartas trocadas, memórias esquecidas repensadas e por isso lembradas, a ausência da lembrança, casamentos, primeiras-comunhões e baptizados, mudanças de cidade, mudanças de estado, nascimentos, passeios pela cidade e pelo campo, visitas da família, férias em Portugal, considerações sobre a pátria nem sempre amada, sobre música, desbunda, mandioca e carnaval.

Jogos Sem Fronteiras

24.12.2020 | por Ana Gandum

O fascínio da calçada portuguesa

O fascínio da calçada portuguesa Um dos elementos mais marcantes da expressão criativa e artística portuguesa está nos pés daqueles que percorrem o seu território, para além de outros tantos nos quais os portugueses foram importantes no seu ordenamento: é, precisamente, a calçada. Repleta de motivos tradicionais e de aspetos geométricos notáveis, é um esforço que, por mais prolongado pelo país, está na mão de um sem número de laboriosos indivíduos, que, de picareta na mão, colocam pedra sobre pedra, materializando essa visão profunda. Os calceteiros são, assim, os mestres práticos de uma teoria que desenha uma das marcas de referência da portugalidade.

Cidade

22.12.2020 | por Lucas Brandão

A Lisboa menina e moça de "Donzela Guerreira": conversa com a realizadora Marta Pessoa

A Lisboa menina e moça de "Donzela Guerreira": conversa com a realizadora Marta Pessoa O projeto foi uma sucessão de textos literários, e não em forma de um guião convencional, entreguei à Rita Palma [argumentista] e “vê lá o que conseguimos fazer com isto?”. Resumindo, as coisas foram construindo com Lisboa, com as personagens extraídas de Maria Judite Carvalho e Irene Lisboa, das suas vidas e ainda um parte … muito pequenina … da minha relação com a cidade e com a minha família.

Cidade

22.12.2020 | por Hugo Gomes

A poesia não é um luxo, um inédito de Audre Lorde

A poesia não é um luxo, um inédito de Audre Lorde Mulher negra, lésbica, socialista, mãe e feminista, Audre Lorde escreveu a partir da sua própria posição de “outsider”; como alguém que com frequência se via fazendo parte de algum grupo no qual era definida como “difícil”, “inferior” ou “errada”. Com a compreensão de que as opressões se acumulam sobre as pessoas de forma não hierarquizada, ela confronta, nesses textos, a “inabilidade de reconhecer o conceito de diferença como uma força humana dinâmica, mais enriquecedora do que ameaçadora para a definição do indivíduo quando existem objetivos em comum”.

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22.12.2020 | por Audre Lorde

Dossiê | O que é o feminismo decolonial?

Dossiê | O que é o feminismo decolonial? O racismo que justificou a escravidão de negros e índios, na mesma época em que a Europa saía da servidão e entrava no sistema liberal de pagamento do trabalho mediante salário, deixou marcas indeléveis no continente latino-americano. Entre essas marcas, destaca-se a colonialidade do saber, do poder e do ser. Ou seja, apesar de supostamente independentes, os países latino-americanos continuam subordinados a um modelo de poder que reproduz a hierarquia racial e econômica da época da colônia, que marginaliza os saberes locais e, finalmente, que cinde a identidade nacional, uma vez que ela é marcada por um imaginário colonizado pelo racismo europeu.

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22.12.2020 | por Susana de Castro

"Como um gesto de força”, conversa com Catarina Botelho e Sandra Vieira Jürgens

"Como um gesto de força”, conversa com Catarina Botelho e Sandra Vieira Jürgens Barcelona e Lisboa parecem-me paradigmas de um sistema neoliberal que explora de forma intensiva espaços e tempos. Parece-me que a crescente densificação que Lisboa está a sofrer é um sintoma disso. Zonas anteriormente sem função definida parecidas com aquelas que fotografei, estão a ser urbanizadas a velocidades antes impensáveis, os passeios ocupados por esplanadas, quiosques... O espaço é rentabilizado de forma intensiva e claro, o centro é o lugar mais saturado.

Cara a cara

22.12.2020 | por Hugo Dinis

Um abraço em escuta

Um abraço em escuta Os angolanos e angolanas têm-se construído socialmente também fora de Angola e em diálogo com o mundo. Nessas partidas e chegadas levam uma bagagem do intangível, o imaterial: a intuição, a fé, a dança e o olhar triste e profundo da permanente incerteza. E o sorriso como resistência última de se esconder a tristeza, os infortúnios da vida. Talvez à chegada e na partida não seja preciso falar muito. Talvez seja preciso escutar em silêncio e num abraço. Um abraço em escuta.

Afroscreen

21.12.2020 | por André Castro Soares

Mulheres negras e a força matricomunitária

Mulheres negras e a força matricomunitária E as mulheres foram fundamentais para desenhar novas formas de convivência e possibilidades de viver em sociedade, articulando formas de compreender as dinâmicas do escravismo. Aproveitando seu trânsito dentro das casas-grandes e senzalas, igrejas e ruas, para transmitir ideias revolucionárias para fora das estruturas pensantes escravocratas, elas foram fundamentais para a criação de planos de sobrevivência, rotas de fuga e a construção, por grupos de diferentes etnias, de espaços afastados das casas-grandes e senzalas: os terreiros e os quilombos, lugares que reelaboraram a força subjetiva africana de organização e de humanização desses indivíduos.

Mukanda

20.12.2020 | por Katiúscia Ribeiro

“A mãe está calada!” O que revelam as experiências de parto das mulheres?

“A mãe está calada!” O que revelam as experiências de parto das mulheres? A violência obstétrica é considerada uma manifestação de violência estrutural de género e, para a entender, é necessário olhar para mecanismos sociais e culturais mais vastos que desvalorizam a mulher, colocando-a numa posição subalterna. A ideia de que o corpo feminino necessita de correção tecnológica para parir é intrinsecamente sexista. Segundo esta perspetiva, o corpo parturiente desafia a ideia de feminilidade normativa, sendo necessário discipliná-lo para que volte a ser bem-comportado e submisso.

Corpo

20.12.2020 | por Catarina Barata

“Concerning Violence” e os desafios da obra e pensamento de Frantz Fanon

“Concerning Violence” e os desafios da obra e pensamento de Frantz Fanon O colonialismo não é uma máquina pensante. Nem um corpo dotado de aptidões racionais. É a violência no seu estado natural e só sucumbirá quando for confrontada com uma violência maior. As palavras são de Frantz Fanon, constam do seu livro “Os Condenados da Terra”. Em Concerning Violence, ganham sonoridade pela voz da cantora, compositora e ativista Lauryn Hill. O realizador Göran Olsson conduz-nos por nove cenas de autodefesa anti-imperialista. Muitas delas são-nos familiares. Viajamos pelos palcos da Guerra Colonial em Angola ou Moçambique. Encontramos, inclusive, soldados portugueses, na Guiné, reunidos à volta do corpo dilacerado de um conterrâneo. A acompanhá-los, a canção de Luís Cília O canto do desertor: Vai dizer à minha mãe que eu não vou p’rá guerra

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20.12.2020 | por Mariana Carneiro

E se, para lá das distrações, falarmos do racismo mesmo a sério?

E se, para lá das distrações, falarmos do racismo mesmo a sério? O que verdadeiramente importa é como sair do beco da distração manipulatória que quer condenar os sujeitos racializados a permanecerem no lugar e com o peso da refutação/explicação de uma violência que se abate sobre si, perante a negação do racismo onde se encurralou a maioria da sociedade e das instituições. O que mais mobiliza os sujeitos racializados é a disputa pela conquista da sua capacidade em constituir-se numa instância de proposta política alternativa à ordem cultural racista vigente. Uma proposta de rutura com o status quo que tudo faz para manter o tabu sobre o racismo. Identificar, nomear e combater o racismo estrutural. É isto que irrita todos quantos não se conseguem desfiliar da herança ideológica colonial, racista machista e assassina.

Mukanda

20.12.2020 | por Mamadou Ba

Construir uma parceria UE-África entre iguais

Construir uma parceria UE-África entre iguais A construção de uma parceria mais forte e mais estratégica com África também obrigará os países da UE a abandonarem a sua obsessão com a “ameaça” das migrações e a reconhecerem a importância estratégica do continente. Um debate sincero sobre a expansão das vias judiciais para garantir a mobilidade, nomeadamente as migrações circulares, seria benéfico.

Jogos Sem Fronteiras

17.12.2020 | por Carlos Lopes

O direito ao protesto está sob cerco

O direito ao protesto está sob cerco Os profissionais da comunicação social e os jornalistas-cidadãos podem desenvolver uma potente contra-narrativa relativamente aos que procuram demonizar os manifestantes. E, enquanto indivíduos, podemos todos sair à rua ou expressar a nossa discordância on-line. Sem esta solidariedade, o direito ao protesto será sempre vulnerável. E onde este direito não for defendido, poucos direitos estarão seguros.

Jogos Sem Fronteiras

17.12.2020 | por Sharan Srinivas

Opaco | ɔˈpaku, fotografias de Lubanzadyo Mpemba Bula

Opaco | ɔˈpaku, fotografias de Lubanzadyo Mpemba Bula As doze performances pensadas para a câmara fotográfica habitam a tensão entre duas dimensões de representação - a cidade como espaço e o mundo como corpo - uma vez que a cidade é-nos apresentada pelo seu betão anónimo e o mundo é tido como a experiência acumulada e materializada do indivíduo através do seu corpo.

Cidade

15.12.2020 | por Raquel Lima

São Tomé, “a jóia do império”

São Tomé, “a jóia do império” Em 1907, as roças de São Tomé estavam no centro de uma rede que se estendia aos principais interesses industriais, financeiros e coloniais de Portugal e da Europa. São Tomé era, de facto, a “jóia do império”, moderna, rica, lucrativa. Importa, no entanto, não ignorar o passado de trabalho forçado, de violência e de racismo que criou essa “jóia” e lhe deu forma. Essa é a história que nunca deve ser esquecida.

Jogos Sem Fronteiras

15.12.2020 | por Marta Macedo

Esta guerra não é tua

Esta guerra não é tua O que procuro nestes encontros com veteranos do Ultramar é algo que não sou capaz de traduzir numa fórmula simples e telegráfica. Há entre estes veteranos um sentido de comunidade fortíssimo, uma comunhão quase familiar, quase tribal, que em certos momentos me parece incompatível com um sentido de comunidade mais vasto. É uma comunhão que tende a excluir-me, a mim e a todos os que não partilharam a mesma experiência. O que busco nestas conversas são os momentos, semelhantes a epifanias, em que os veteranos exprimem a pertença a uma comunidade humana mais vasta, mais abrangente, necessariamente organizada em torno de valores morais.

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13.12.2020 | por Paulo Faria

Livro | Cesária Évora

Livro | Cesária Évora ELA retira com um movimento o maço de tabaco com isqueiro e levanta-se da cadeira com um pesado “oi” e começa a seguir o trilho traçado pela lanterna do Ângelo, consciente de que, mal transgrida o limiar seguro da escuridão, vão acordar todas as luzes que vagueiam pelo palco, vão virar para ela todas as objetivas, vão acender luzinhas de controlo de máquinas de filmar, e, afinal, toda a sala vai vibrar com palmas e gritos.

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13.12.2020 | por Elżbieta Sieradzińska

O esvaziamento da noção de subalternidade, a sobrevalorização da fala e os silêncios como resistência

O esvaziamento da noção de subalternidade, a sobrevalorização da fala e os  silêncios como resistência A produção social não criteriosa de subalternidades e lugares de fala, tal como o entendimento de silêncios como silenciamentos, desperdiça o potencial emancipador e revolucionário que esses conceitos transportam, adiando o aprofundamento interseccional das lutas feministas. A solução poderá passar pela auto-reflexão das nossas práticas enquanto sujeitos implicados na manutenção da escala de opressões e pela identificação e estudo das causas e sujeitos que geram deliberadamente essas subalternidades.

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13.12.2020 | por Raquel Lima

Pode a educação plurilingue constituir-se como educação antirracista?

Pode a educação plurilingue constituir-se como educação antirracista? Neste artigo, propomos um enquadramento comparativo entre diferentes experiências de educação bilingue/plurilingue que tiveram lugar em Portugal nos últimos 40 anos. A análise procura discutir a cultura de educação monolingue e monocultural vigente nas escolas de ensino público, por contraste às intervenções cujas abordagens implicaram metodologias de alfabetização com uso do cabo-verdiano, com resultados no empoderamento dos alunos e famílias envolvidas, numa maior abertura e consciência comunicativa e nas atividades de escrita e leitura.

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11.12.2020 | por Raquel Matias e Pedro Martins

Direito à memória e antirracismo: reivindicar o movimento negro de 1911-1933

Direito à memória e antirracismo: reivindicar o movimento negro de 1911-1933 Partindo da história silenciada do movimento negro em Portugal de 1911-1933 e da experiência de uma exposição sobre o tema, propõe-se neste artigo que a Escola tenha um papel ativo na criação de contranarrativas. Estas devem disputar falsas perceções históricas e incluir, por exemplo, a importante presença de negros, roma ou muçulmanos no passado do país, contribuindo, assim, para a criação de uma maior igualdade social.

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11.12.2020 | por Pedro Varela

Mano Preto, Mano Branco: Uma estratégia pedagógica na disciplina de História

Mano Preto, Mano Branco: Uma estratégia pedagógica na disciplina de História A estratégia pedagógica implementada para a construção do livro “Mano Preto, Mano Branco” vai de encontro a um tema central na formação cívica e da história de Portugal na sua relação de séculos com as colónias de Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, S. Tomé e Príncipe e Timor Leste. As fontes orais disponíveis no bairro cingiram-se a Angola e Moçambique. Foi realizado por seis turmas do 9º ano da Escola Secundária João II de Setúbal e por três docentes de História, a partir de uma série de entrevistas com 50 pessoas que viveram nas colónias de Angola e Moçambique entre 1950 e 1974.

Jogos Sem Fronteiras

11.12.2020 | por Jaime Pinho e Vasco Caleira