Assim, por todo o Soweto, rugiu uma rebelião, durante a qual a juventude paralisou o regime, pagando um preço altíssimo por isso. Sabemos que após a repressão local, esta rebelião se espalhou para os principais centros urbanos do país, sendo que a polícia assassinou perto de 700 pessoas, maioritariamente estudantes, não poupando os seus familiares nem os seus vizinhos. Esta página de luta, é para muitos uma completa inversão no processo de luta contra o apartheid.
Mukanda
13.04.2024 | por António Tonga
Para além do aspecto humanitário de uma irmandade que une os povos sul-africano e palestiniano – este é provavelmente o maior significado desta ação legal: desmascarar a ausência de conteúdo concreto de uma série de normas internacionais; questionar a aplicação de diferentes standards quando se trata de proteger cidadãos de diferentes áreas geopolíticas – observações que a guerra na Ucrânia já tinha suscitado; denunciar a impunidade garantida, culposamente, a Israel pela comunidade internacional.
Jogos Sem Fronteiras
28.01.2024 | por Laura Burocco
Lee-Ann Olwage, que admite lutar contra os seus próprios problemas de saúde mental, tem também familiares que sofreram ou sofrem com Alzheimer. Por essa razão, afirma que, com o seu trabalho, pretende criar um espaço no qual as pessoas que fotografa possam desempenhar um papel ativo na criação das imagens e que, acima de tudo, as faça sentir como as verdadeiras “heroínas” das suas próprias histórias.
Cara a cara
13.12.2023 | por Mariana Moniz
Uma vez que o racismo continua a ser uma questão actual no discurso público e académico, o mesmo acontece com as estratégias para se chegar ao seu fim. Na tentativa de criar um futuro livre de racismo, há quem acredite que os nossos padrões linguísticos desempenham um papel central. Uma estratégia decorrente desta percepção de importância na África do Sul relaciona-se com o papel da "língua racial" nas nossas sociedades.
Mukanda
17.03.2021 | por Kiasha Naidoo
O Gay and Lesbian Memory in Action Project (GALA) surgiu nos anos pós-apartheid com o intuito de “recuperar” histórias dos homossexuais, lésbicas, transgéneros e bissexuais sul-africanos que, de acordo com os registos oficiais durante o apartheid, nunca teriam existido. GALA é simultaneamente um projecto reparador e activista. Ao compilar histórias de vidas precárias e desconhecidas, estas tornam-se –retrospectivamente – dignas de compaixão e valorizadas e erigem-se como base da reivindicação de direitos LGBTI no presente.
Corpo
19.05.2020 | por Sara Rosa
Às vezes, é preciso um momento ou um episódio catalítico para pôr em relevo de modo articulado uma série de pensamentos e ideias, um pouco como quando olhamos para as estrelas uma a uma por um longo período de tempo; apreciamo-las no seu carácter único e, no entanto, não reparamos na constelação que elas formam em conjunto; depois, uma rápida modificação da nossa posição permite-nos uma perspetiva diferente e as conexões vêm à luz.
A ler
14.03.2020 | por Federica Angelucci
Sobre as condições políticas e histórico-geográficas da produção e controle do conhecimento, nos fala a exposição Lost Lover, com curadoria de Lara Koseff, originalmente apresentada no Rio de Janeiro, no exterior do espaço Lanchonete e presentemente no espaço Rampa, no Porto.
Numa das salas, onze vídeos projectados em loop de artistas maioritariamente sul-africanos confrontam-nos com o abandono do medo, assim convocando questões habitual e estrategicamente silenciadas.
Vou lá visitar
12.06.2019 | por Eduarda Neves
A exposição é organizada em seções, separadas por cor e classe, mostrando um mapa da África do Sul. O olhar é frontal, “eu te vejo e você me vê”. E nas fotos não há diferença de tratamento: branco ou negro, todos são (re)tratados da mesma maneira. Cada série de fotos do passado, feitas em preto e branco, é confrontada com um olhar a cores atual.
Vou lá visitar
05.04.2018 | por Fernanda Vilar
O argumento central deste artigo é que a descolonização, ao exigir o direito à história, para além da narrativa eurocêntrica, desdobra-se em dois desafios principais: um, de natureza ontológica - a renegociação das definições do ser e dos seus sentidos - e, outro, epistémico, que contesta a compreensão exclusiva e imperial do conhecimento.
A ler
27.02.2017 | por Maria Paula Meneses
A propósito da vinda a Portugal de Anton Kannemeyer, que participará no dia 15 de Maio no encontro “Outras literaturas”, integrado no programa Próximo Futuro da Fundação Calouste Gulbenkian deste ano, queremos tecer algumas notas sobre dois livros relacionáveis. Num período relativamente curto de tempo, vimos aparecer nos escaparates dois títulos que, de uma forma ou outra, são descendentes “esquizofrénicos” de Tintim no Congo. A colectânea deste artista sul-africano, Anton Kannemeyer, Papá em África, e Tintin akei Kongo, uma versão pirata e detourné do livro de Hergé traduzido em lingala, por autor e editora semi-desconhecida (já explicaremos). Estes autores trabalham, cada qual a seu modo e a um só tempo, a visualidade, a materialidade, a temática e a recepção contemporânea do livro de Hergé para questionarem o conceito de estereótipo (e de subjectivação) e da sua circulação cultural.
A ler
14.04.2015 | por Pedro Moura
Nelson Mandela morreu. Tornou-se um ícone, um símbolo unanimemente celebrado pelo mundo fora. No entanto… Quem se recorda das décadas em que a França, de Charles de Gaulle a Valéry Giscard d’Estaing, cooperava com o regime do Apartheid? Quem se recorda de a Amnistia Internacional não o ter adaptado como prisioneiro de consciência por ele não ter rejeitado a violência? Ou que ele foi um «terrorista», denunciado como tal por Ronald Reagan e Margaret Thatcher, porque ele sabia que a violência faz parte das armas dos oprimidos para derrubar o opressor?
Cara a cara
10.12.2013 | por Achille Mbembe
Joanesburgo, a capital financeira e cultural da África subsariana, é a cidade do frenético espírito empreendedor, dos investimentos nacionais e transnacionais, dos homens e mulheres sem medo de investir e de arriscar, dos artistas sem medo de experimentar, etc. Todos eles, porém, com medo de não fechar o portão, com medo de não fechar a janela, com medo de parar no semáforo vermelho. Joanesburgo é uma capital do medo. E uma das poucas capitais no mundo que não tem nem rio nem lago, que não está cercada por nenhum oceano.
Cidade
27.11.2013 | por António Pinto Ribeiro
O fim do apartheid há 18 anos acabou, consequentemente, com o boicote económico ao país por razões políticas, e a indústria do vinho recomeçou e retomou o contacto com o mundo exterior assegurando lugar na corrida aos bons vinhos. Com novas regiões vinícolas que advêm de uma capacidade de risco ao plantar-se vinhas a ver o que dá, a África do Sul tenta consolidar-se no mercado e leva vantagem ao explorar terrenos africanos que, além da Argélia, Marrocos e Tunísia, não têm muito mais concorrentes no mundo do vinho.
A ler
26.11.2012 | por Buala
O assassínio de 34 mineiros pela polícia sul-africana, a maioria atingida pelas costas, acaba com a ilusão da democracia pós-apartheid e revela o novo apartheid mundial do qual a África do Sul é modelo tanto histórico como contemporâneo.
A ler
24.09.2012 | por John Pilger
Em 2008 eclodiu inesperadamente na África do Sul, país que acolhe um grande número de emigrantes dos países vizinhos, uma onda de Xenofobia contra estes. Cerca de 50 pessoas foram mortas e milhares ficaram feridas entre as quais moçambicanos. Milhares de estrangeiros viram os seus familiares agredidos e mortos, as suas casas e bens queimados e foram obrigados a fugir sem nada. Este documentário relata a história dramática de três destas pessoas que regressaram à sua terra natal fugindo da violência.
Afroscreen
10.07.2012 | por Camilo de Sousa
Durante os anos em que Nelson Mandela esteve preso, a sua imagem estava interdita ou tinha sido diabolizada. Da prisão, surge um homem alto, de expressão digna, andar lento e sorriso sereno. Um gigante mas não no sentido que o apartheid lhe tinha querido dar.
Cara a cara
11.11.2011 | por Ana Dias Cordeiro
a Cidade do Cabo parece viver dentro do slogan para carros dos anos 60 que mostrava a ligeireza da vida de uns poucos sul-africanos: barbecues, rugby, sol, Chevrolet… Porém, fora da África funcional que cuidadosamente afastou a miséria lá para os confins, por detrás da luz que desce das montanhas com nome de mesa (Table Mountain), desalojando os pobres do centro, a realidade é outra. Percebemos o sentimento de Mandela quando, nos anos 40, descobriu o sofrimento da exploração na golden city Joanesburgo e entregou o peito à luta política. E agora, nesse mesmo país de Nadine Gordimer e de J. M. Coetzee, africanos ou, antes, os kwerekwere – termo ultrajante para «estrangeiro» são queimados e mortos.
Vou lá visitar
27.04.2011 | por Marta Lança
Spoek Mathambo é Nthato Mokgata: músico, produtor, DJ e designer gráfico de 26 anos, líder de uma verdadeira vaga de inovação musical saída do continente africano. Divide-se entre vários projectos musicais, como Sweat.X e PlayDoe, mas é a solo que este homem dos mil ofícios nos visita, trazendo consigo a sua banda para invadir o Lux, em Lisboa, no dia 14 de Abril. Numa entrevista à FACT magazine, aqui partilhada com o BUALA, Spoek fala da inescapável hibridização de géneros e da entusiasmante mistura da herança rítmica africana com linguagens electrónicas.
Cara a cara
11.04.2011 | por FACT
Marlene Dumas viveu e estudou na África do Sul até 1976, contornando como podia as limitações impostas pela censura, nomeadamente no meio estudantil britânico da Michaelis School of Fine Arts da University of Cape Town. A relação com pintura era, entretanto, vivida de forma dolorosa, confusa. "Vivia inserida numa sociedade que não valorizava a pintura ou que a submetia a um ensino caduco. Não respondia aos meus desejos e aspirações. Chegava a sentir-me culpada por ser uma pintora, actividade que na África do Sul todos achavam insignificante e não tinha modelos. Vivia um conflito com aquilo de que gostava. Por isso, criei a minha própria história pessoal com o suporte."
Cara a cara
26.03.2011 | por José Marmeleira
Graça Simbine, viúva de Samora Machel e esposa de Nelson Mandela. A referência aos seus dois «maridos e heróis», como ela gosta de os chamar, bastaria para fazer desta moçambicana de 63 anos uma figura ímpar da história africana contemporânea. Mas Graça Machel é muito mais do que a mulher de dois homens excepcionais. Ela sabe-o melhor do que ninguém, e nunca quis ser apenas «primeira-dama».
Em Novembro 2008, no secular salão nobre da Academia de Ciências de Lisboa , o antigo presidente da África do Sul e Prémio Nobel da Paz foi proclamado seu sócio de honra. A ausência física foi substituída pela voz e pela presença de Graça Machel que recebeu também a distinção de sócia correspondente estrangeira, e o apresentou despido do mito.
Cara a cara
23.03.2011 | por António Melo