De mar a mar, maré

De mar a mar, maré O sentimento não era o de viver uma experiência limite de Rio de Janeiro, zero vontade de adrenalina na ‘expedição’ à favela. Era antes conhecer outra potência de criação, novos modelos artísticos, assim como a convivência humana nos perímetros de periferia como força geradora de novos repertórios da construção de identidade na comunidade.

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06.01.2015 | por Ana Teresa Ascensão

O indígena pós-imperial

O indígena pós-imperial O imigrante da ex-colónia (ou mesmo os seus descendentes, muitos dos quais hoje cidadãos europeus) muitas vezes não consegue escapar ao paternalismo e ao controlo por vezes exacerbado do Estado pós-imperial. No substrato da acção do agente do Estado, mormente os agentes policiais de segurança pública, ainda subsiste o olhar, secular e binário, que categoricamente classifica e ordena o sujeito pós-colonial vindo da ex-metrópole, ou como um nobre selvagem, uma tábua rasa sem cultura e sobre a qual a acção civilizadora e modernizante do Estado europeu deve recair, ou como um selvagem bruto.

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29.12.2014 | por Abel Djassi Amado

De Re Vegetalia (desdobramentos e deslocações da tropicalidade em e além da pós-colonialidade)

De Re Vegetalia (desdobramentos e deslocações da tropicalidade em e além da pós-colonialidade) O potencial das obras apresentadas em 'Arquipélago' consiste em entender a paisagem tropical como algo construível; não como um reflexo de imaginários políticos determinados, mas como espaço da potencialidade de ação, da prática de 'environmental citizenship'. Essas “paisagens” evocam a participação e a vontade, a capacidade transformativa do humano e “das coisas”, no caráter processual, matizado e azarento que subjaz às grandes configurações de sentido.

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18.12.2014 | por Carlos Garrido Castellano

“A vida hoje é um autêntico campo de batalha”.

“A vida hoje é um autêntico campo de  batalha”. Da mesma forma que começamos, vamos terminar insistindo que as questões do corpo, a vida (e a morte) são políticas. Não podemos encarar a vida num sentido neutro, esvaziada de conteúdo existencial. Afirmamos com Debord que “quanto mais a vida do homem se torna no seu produto, tanto mais ele é separado da sua vida”. Editorial de 'ESTE CORPO QUE ME OCUPA'.

Corpo

17.12.2014 | por Candela Varas

O francês, a francofonia e nós

O francês, a francofonia e nós Este texto restitui e põe em causa uma certa relação que o locutor africano francófono tem face à língua francesa. Procura «humanizar» o francês, fazê-lo descer do pedestal em que tem sido colocado para o trazer às suas justas proporções. Sobrevalorizado sob certos céus africanos, o francês possui, efetivamente, todas as características de um mito poderoso: constitui um sinal exterior de saber, confere prestígio e abre as portas do poder. Por essa razão, é necessário desmistificá-lo para pôr a nu o «veneno mortal» que encerra.

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15.12.2014 | por Khadim Ndiaye

A negação pelo silêncio... os africanos e o genocídio dos tutsi

A negação pelo silêncio... os africanos e o genocídio dos tutsi O racismo primário está muito claramente no centro da negação do genocídio dos tutsi por certos ocidentais. Racismo e negacionismo caminham sempre lado a lado. No caso do Ruanda, estamos perante uma negação espontânea da humanidade, mas que permanece quase sempre envergonhada de si própria e escondida nos recantos mais obscuros da alma humana. Formam uma legião, os intelectuais ocidentais que sustentam que a sua África, uma África fantasiada, continua a ser uma terra de paradoxos e de enigmas, ao mesmo tempo glauca e cheia de luz, exaltada e sonolenta, dividida entre uma alegria de viver desenfreada e as paixões mais sombrias.

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15.12.2014 | por Boubacar Boris Diop

O género no racismo

O género no racismo Não há bom e mau racismo, nem sequer mau e pior. Hoje em dia, muitas pessoas, demasiadas, são discriminadas, perseguidas e violentadas com base no facto de, basicamente, não serem brancas. Isto acontece independentemente de outras características, como idade, origem, classe e género. Mas tal não significa que, quando associadas, estas categorias, onde, infelizmente, tendemos a encaixar as pessoas humanas, não agravem o quadro de discriminação já existente.

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09.12.2014 | por Sofia Branco

Os anjos de Deus são brancos até hoje, entrevista a Paulina Chiziane

Os anjos de Deus são brancos até hoje, entrevista a Paulina Chiziane Uma das mais eminentes figuras da atual literatura moçambicana, ponto de referência incontornável para as lutas feministas desse país e uma mulher que abordou na sua literatura, com uma intensidade inusitada, aspetos especialmente conflituosos do tecido cultural africano. São temas silenciados, tabus, assuntos particularmente dolorosos, pendentes, irresolutos, como a guerra civil moçambicana, os direitos da mulher no sistema poligâmico, a magia negra, o curandeirismo tradicional, o racismo e outras formas de discriminação.

Cara a cara

26.11.2014 | por Doris Wieser

Raça e racismo são coisas que se aprendem

Raça e racismo são coisas que se aprendem A ‘raça’ não é, tão pouco, um dado natural que se imponha à classificação que os seres humanos façam do mundo. É, sim, uma das várias identidades, socialmente construídas e arbitrárias, com que contactamos; um caso particular que, como todos os outros, é situado social, política e historicamente. Da mesmo forma, apesar de toda a sua importância histórica, o racismo é apenas uma forma particular de entre os etnocentrismos, com os quais partilha os mecanismos de construção e afirmação. Só compreendendo-os o poderemos combater com eficácia.

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21.11.2014 | por Paulo Granjo

O colonialismo nunca existiu?

O colonialismo nunca existiu? A questão colonial é deslocada através de um mecanismo que omite os processos históricos ligados ao racismo, à escravatura e à dominação económica e cultural, em alternativa, realça o papel da língua, do património e do Mar como elementos diferenciadores da experiência colonial portuguesa. Se estas interpretações do passado revelam uma dada leitura da História – e dos seus usos no presente – elas dão conta também da dificuldade em evocar a dimensão violenta do colonialismo e a forma traumática como se encerrou o ciclo do Império.

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20.11.2014 | por Miguel Cardina

“Ausência Permanente” de Délio Jasse

“Ausência Permanente” de Délio Jasse São lugares de “decadência imperial” sendo que apresentam vestígios materiais e imateriais, tangíveis e intangíveis de detrito colonial; ou seja, uma espécie de lixo – não só material, mas também ideológico e institucional – que degrada as personalidades que aí habitam. Isto revela-se no modo como as pessoas são forçadas a viver com os efeitos e influências do período pós ou neocolonial. Olhando para as imagens de Jasse, avistamos fragmentos de espaço teimosamente habitados por gente deslocada, forçada a ceder ou encontrar um espaço na cidade comodificada e moldada para o consumo turístico, para o minério e multiplicação de centros comerciais.

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20.11.2014 | por Nancy Dantas

O racismo começa onde acaba a cultura?

O racismo começa onde acaba a cultura? A premissa luso-tropicalista, assente numa falácia histórica, minada por um misto de hipocrisia e cinismo políticos, vai ganhando sedimentação ideológica e dificultando um debate sério e frontal sobre o racismo. Em Portugal, o racismo e a sua negação são estruturais no confronto ideológico sobre o lugar da diferença numa sociedade potencial e estruturalmente racista, porque estrutural e historicamente coloniais.

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20.11.2014 | por Mamadou Ba

Fazer nascer uma nação

Fazer nascer uma nação O escritor Manuel Rui chegou a Portugal já a delegação da Casa dos Estudantes do Império de Coimbra tinha sido encerrada pela PIDE, mas a semente do movimento nacionalista crescia sem controlo entre os estudantes vindos das colónias. «Saímos daqui sem saber o que era Angola e a história dos grandes lutadores contra a ocupação. Na escola estudámos a História de Portugal, decorávamos o hino nacional, conhecíamos as cores da bandeira nacional portuguesa, e era isto que nós sabíamos».

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14.11.2014 | por Joana Simões Piedade

AfrikPlay | Filmes à Conversa Migrações e fronteiras

AfrikPlay | Filmes à Conversa Migrações e fronteiras Em sentido lato, uma fronteira é uma linha imaginária que delimita o território (terrestre, fluvial, marítimo e aéreo) de um determinado Estado, separando-o de territórios adjacentes. Dentro de cada um dos limites criados vigora um ordenamento político e jurídico, específico e autónomo, diferente daquele possível de encontrar “do outro lado”. Esta percepção vigorou até aos finais do século XX, quando o fim da “Guerra Fria”, o incremento do processo de Globalização, a crescente cooperação económica internacional e o desenvolvimento de instituições supranacionais trouxeram novas abordagens sobre o tema. As fronteiras foram então condenadas por vários teóricos a um “quase desaparecimento”, devido ao fluxo cada vez maior de pessoas, bens e serviços entre vários países, e mesmo continentes, e que contribuiu para cimentar o princípio de que as fronteiras não são linhas fixas ou barreiras

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14.11.2014 | por Marta Patrício

Poesia como reacção

Poesia como reacção Arnaldo Santos é autor de dois livros editados pela Casa dos Estudantes do Império na década de 60, apesar de nunca ter estudado em Portugal. O escritor recorda os tempos em que nas férias levou mensagens de Lisboa para Paris, fazendo a ponte entre Amílcar Cabral e Mário Pinto de Andrade que urdiam as independências africanas.

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13.11.2014 | por Joana Simões Piedade

Portugal deve pagar indemnizações pela escravatura?

Portugal deve pagar indemnizações pela escravatura? Os países que escravizaram devem compensar os escravizados? Há quem diga que sim e até aponte um valor para uma indemnização: 30 triliões de dólares vezes 10 mil. Há quem diga que não, porque isso seria voltar à menorização dos colonizados. Antes disso, Portugal deve debater o seu passado esclavagista, dizem historiadores.

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12.11.2014 | por Joana Gorjão Henriques

9ª Maravilha

9ª Maravilha Direcção Sul, pela estrada que liga ao Namibe sem se passar pelo Lubango. Pouco utilizada porque depois do Dombe Grande acaba o asfalto e assim se mantém por muitos quilómetros. A natureza começa a ocupar mais espaço e a colonização humana é menos notória. A natureza nua, quase como veio ao mundo.

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04.11.2014 | por Nuno Milagre

O terceiro género - Muxes de Juchitán, México

O terceiro género - Muxes de Juchitán, México Não são mulheres nem homens. Não são heterossexuais, bissexuais, nem gays. Rompem identidades a preto e branco e assumem-se em tonalidade maquilhada. São os muxes de Juchitán. Sexualidade cruzada no México tropical.

Corpo

25.10.2014 | por Pedro Cardoso

O samba era visto como instrumento político, de aglutinação e controlo das massas, entrevista a Nei Lopes

O samba era visto como instrumento político, de aglutinação e controlo das massas, entrevista a Nei Lopes O samba urbano, nascido na cidade do Rio de Janeiro no início do século XX, constitui uma amálgama de vários tipos de sambas e batuques praticados por africanos em várias regiões do Brasil; e, por isso, foi reprimido e perseguido. Entretanto, quando passou a ser visto como instrumento político, de aglutinação e controlo das massas populares, passou a ser consumido como arte do povo e acabou reconhecido como género musical. Aí, nasce a música popular brasileira, que tem o samba como sua espinha dorsal.

Cara a cara

25.10.2014 | por Marta Lança

Convívio ou violência? Os meets e a afirmação do direito à cidade

Convívio ou violência? Os meets e a afirmação do direito à cidade Portugal passou a conhecer uma nova forma de convívio entre os jovens. Chama-se meet e já integra a agenda sócio-política do país. O meet é um encontro realizado em espaços públicos de Lisboa, no qual as redes sociais desempenham um papel preponderante. O objectivo, conforme a descrição dos seus organizadores nas páginas dos eventos, é proporcionar o encontro de amigos, socializar e conviver. Foi a partir de um meet nas proximidades do centro comercial Vasco da Gama, em Agosto, que este assunto ocupou o horário nobre dos telejornais portugueses.

Cidade

17.10.2014 | por Otávio Raposo