Richard Kapuschinski tornou-se uma lenda viva de um tipo de jornalismo literário, envolvido, subjectivo mas sem ceder à parcialidade. A sua disponibilidade e o olhar de viajante atento permitiram ver muito além dos factos e, sobretudo, foi relevante a focalização em lugares negligenciados na arena da política internacional. O jornalista polaco deixou o testemunho de histórias e realidades para muitos só acessíveis através deste registo. Sensibilidade que, a partir da década de 50, o impeliu a viajar pelo mundo (Ásia, Médio Oriente, América Latina, Europa e África). Como jornalista da Polish Press cobriu guerras, golpes de Estado e revoluções que marcavam o fim da era colonial. Faleceu em Varsóvia em 2007.
Cara a cara
02.12.2010 | por Marta Lança
Apesar da sua abolição oficial em 1836, razão pela qual passa a designar-se “tráfico ilegal”, o comércio por parte dos traficantes de escravos aumentou de intensidade.
A ler
29.11.2010 | por Aurora da Fonseca Ferreira
Meirinho tem convicção na voz, um olhar forte, um corpo seco que se impõe e uma impetuosidade às vezes provocadora. Não atura o que não gosta. É um actor com muita vitalidade: a sua energia, transbordante, tem de ser trabalhada em sintonia, às vezes difícil, com a disciplina que o teatro exige. Porque Meirinho é uma pessoa do excesso. Mas isso, canalizado para o teatro, pode ser algo genial.
Cara a cara
29.11.2010 | por Marta Lança
Para João Carlos Silva, o famoso apresentador dos programas de televisão Na Roça com os Tachos e Sal na Língua, a cozinha é uma forma de arte e um pretexto para se falar de história, cultura ou património. Saboreie a sua deliciosa história de vida.
Cara a cara
28.11.2010 | por Jaime Fidalgo
Carlos Moore, etnólogo e cientista político cubano, rompeu com o regime de Fidel e lutou pela emancipação de África. Trabalhou com Savimbi, viveu de perto o calvário de Viriato da Cruz, privou com Mário de Andrade e foi angolano por um ano. Na voz e no olhar, preserva o idealismo a que chamam utopia.
Cara a cara
27.11.2010 | por Pedro Cardoso
Olhar para algumas das cidades da África contemporânea é enfrentar os desdobramentos de sua dilaceração colonial, é atentar para as repercussões que o poder, essa articulação dimensional da dominação, imprime naqueles em que toca. A proporcionalidade da resposta, da interação, está diretamente ligada à sua efusão. Tais vestígios são sempre contundentes, pois se inscrevem na carne como um pontiagudo arabesco de sangue, pus e baba. Ao desespero de sua emergência contrapõe-se em quase tudo, quase tudo, a racionalidade do poder que o encetou. Restarão fios delicados a nos lembrar que esses outros estão atentos às limitações racionalistas de seus algozes inspirados e que depois serão transpirados como suor, como sangue, como nervos.
Cidade
27.11.2010 | por Eduardo Bonzatto
Como se situa "Portuguesia contraantologia" (Minas entre os povos da mesma língua...), obra organizada pelo poeta Wilmar Silva, relativamente aos tópicos do “bom gosto” e de uma, por assim dizer, particular “orientação curatorial”? Nesse verdadeiro corso antropoético de 500 páginas, que abriga 101 poetas, Wilmar põe em questão o sentido estrito de tais categorias. A qualidade literária, a bem de verdade, não está descartada, mas apenas ficou em segundo plano, porquanto um dos traços de Portuguesia é a justaposição em nível de igualdade de toda uma rosácea de vozes que se correspondem desde o lugar transcultural de uma poesia multifária de matriz lusófona.
A ler
26.11.2010 | por Ronald Augusto
A exposição "Na pele da cidade", de António Ole, fala sobre espaço. É a sua cidade natal Luanda, mas poderia ser sobre qualquer outra cidade, um local onde ele parou, numa das suas muitas viagens, para absorver as suas particularidades; para absorvê-las e permitir que se entranhem na sua própria pele.
Cara a cara
26.11.2010 | por Nadine Siegert
São uma geração de “transição”. Cresceram ainda sob influência de uma geração educada em regime colonial, a Guerra civil faz parte das suas memórias de infância e juventude, e hoje têm praticamente a mesma idade de Angola, enquanto país livre e soberano. Passados 35 anos da Independência de Angola, e oito anos da chegada da Paz, como olham para o país os jovens angolanos que nasceram na década de 1970?
Vou lá visitar
26.11.2010 | por Joana Simões Piedade
Durante largos anos, o Monumental é o único cinema a funcionar em Benguela. Só mais tarde surgem o Cine-Benguela e o Kalunga. Na altura da independência, passa a ser propriedade do Estado e após décadas a marcar gerações, entra em decadência durante a guerra. Em 2004 volta a abrir as portas. O primeiro filme projectado, em DVD, é “Matrix”. A casa enche com bilhetes a 50 kz, mas o preço é incomportável e a afluência diminui.
Afroscreen
25.11.2010 | por Maria João Falé
Preta-velha lavadeira, enquanto lava roupas, relembra uma feijoada que foi feita no tempo da escravidão e traz a tona fatos da história do Brasil, da formação do nosso povo. Iléa Ferraz dirige e interpreta sete personagens neste monólogo musical. a trilha sonora do espetáculo composta de Sambas, xotes e um inusitado funk.
Palcos
23.11.2010 | por Iléa Ferraz
Se o escritor e poeta francês Paul Valéry fosse vivo, ele só teria de atravessar a rua: aquela que foi a sua casa está mesmo defronte do museu Dapper. Durante meses, poderia entrar, visitar minuciosamente a exposição, compreender como é que o poder político, o poder mágico-religioso e o poder artistico e cultural estão representados. Antes de sair do museu, Paul Valéry poderia ir ainda ao restaurante e comer um “calulu à la française”: e essa hoje muito provavelmente já nem seria até uma hipótese, mas sim um facto, porque a exposição “Angola, figuras de poder” é um acontecimento.
Vou lá visitar
23.11.2010 | por Adriano Mixinge
Em Luanda vive um terço da população de Angola. O desafio de se construir um milhão de fogos em 4 anos poderá constituir uma viragem de página, quer na redução dos preços exorbitantes das habitações, permitindo o surgimento de uma indústria de materiais de construção, quer no reforço institucional na interacção das administrações municipais, imobiliárias e ordens profissionais.
Cidade
22.11.2010 | por Ilídio Daio
A 22 de Novembro de 2000, o jornalista Carlos Cardoso foi assassinado a tiro numa rua de Maputo quando seguia para casa após um dia de trabalho. Moçambique perdeu um jornalista sem medo, comprometido com a verdade e a justiça. Tinha 48 anos.
Cara a cara
22.11.2010 | por Nuno Milagre
A partir da análise de um escrito malê, se pretende aqui, apreender a estrutura discursiva subjacente a todo projeto comunitário e desvelar a dimensão narrativa que ‘modela’ seu ethos e o inscreve no mito fundador responsável por seu enraizamento no passado e sua projeção para o futuro. Uma das teses defendidas neste trabalho é relativa à dupla virtualidade de todo projeto comunitário: de um lado, no sentido da precedência de sua pregnância e potencialidade discursiva sobre sua manifestação material concreta e, por outro, precisamente no caso religioso, enquanto “práxis” e “poiesis” a-espaciais e atemporais instituídas numa fala original e uma narratividade primordial, eterna e onipresente.
A ler
21.11.2010 | por Mohammed ElHajji
"Caçadas de Pedrinho", publicado em 1933, teve origem em "A caçada da onça", de 1924. Portanto, poucas décadas após a abolição da escravatura, que aconteceu sem que houvesse qualquer ação que reabilitasse a figura do negro, que durante séculos havia sido rebaixada para se justificasse moralmente a escravidão, e sem um processo que incorporasse os novos libertos ao tecido da sociedade brasileira. Os ex-escravos continuaram relegados à condição de cidadãos de segunda classe e o preconceito era aceito com total normalidade.
A ler
21.11.2010 | por Ana Maria Gonçalves
Destes quadros soltam-se notas de jazz e marrabenta; ouvem-se timbilas de Zavala por detrás de um certo cantar de “blues”; Jamelão, o velho e amado sambista brasileiro (ou será Martinho da Vila, ali naquela esquina?), mascara-se de Arlequim para nocturnas serenatas, jorrando pássaros − pássaros-garimpeiros de luas antigas e dos segredos do seu ouro esvoaçado e límpido − sobre a «Espera em noite dourada» ou sobre a «Janela com gato e mulher de vermelho», nesse «Fim de Carnaval para jantar de peixe frito». E eis o tom de voz e o dom desta pintura − que é pura música fluindo das suas cores e formas −, onde a felicidade assenta, faz morada, e pelo olhar se nos vem sentar à mesa dos sentidos.
Cara a cara
20.11.2010 | por Zetho Cunha Gonçalves
O projecto "Fora de Campo" propõe olhar o Arquivo de Cinema de Moçambique através das práticas materiais e simbólicas da sua própria estrutura de memória. O arquivo é entendido como um corpo autónomo mas simultaneamente dependente de uma cadeia de ideologias associadas à condição tecnológica e política que a máquina moderna do cinema implicou.
Afroscreen
19.11.2010 | por Catarina Simão
Encontrámo-nos há dois anos em Ipanema, Rio de Janeiro, onde Zézé Gamboa e alguns membros da equipa passam uns dias de descanso depois de intensa rodagem depois de terem filmado em Portugal e na Paraíba brasileira. Prepara-se “Grande Kilapy”, um filme que conta a história do Joãozinho das Garotas, um angolano que no tempo colonial dá um golpe nas finanças coloniais e espelha bem as incoerências de um regime. É hora de fazer o balanço desta experiência e dar a conhecer alguns aspectos do trabalho do mais consistente realizador angolano. Entretanto o Grande Kilapy acaba de estrear no Festival de Cinema de Toronto, com um belo elenco no qual se destaca o baiano Lázaro Ramos. Retomamos aqui esta conversa à espera que o filme venha para Portugal.
Afroscreen
18.11.2010 | por Marta Lança
"É dreda ser angolano" é um mambo tipo documentário inspirado no disco Ngonguenhação do Conjunto Ngonguenha. É mais uma produção da Família Fazuma. Aqui fica uma entrevistaemail com o Pedro Coquenão sobre o Mambo (o filme), a Família (a Fazuma) e a Banda (Luanda).
Afroscreen
17.11.2010 | por Francisca Bagulho