O May be man descobriu uma área mais rentável que a especulação financeira: a área do não deixar fazer. Ou numa parábola mais recente: o não deixar. Há investimento à vista? Ele complica até deixar de haver. Há projecto no fundo do túnel? Ele escurece o final do túnel. Um pedido de uso de terra, ele argumenta que se perdeu a papelada.
Mukanda
03.11.2010 | por Mia Couto
A capital moçambicana tem um circuito de cultura de fazer inveja a qualquer cidade. Uma cena artística alternativa, com grandes talentos na música, teatro, literatura e artes plásticas. Uma agenda intensa com programas para todos os gostos, desde cinema ao ar livre, jazz ao vivo, contadores de histórias, exposições internacionais, lançamentos de livros ou festivais de música. Restaurantes a borbulhar de gente, discotecas abertas até ao raiar do sol, festas privadas com muito glamour... Residentes e turistas, nacionais ou estrangeiros, todos vibram com a movida de Maputo.
Cidade
03.11.2010 | por Cristiana Pereira
Janelo da Costa é líder de uma banda que na década de 90 pôs Portugal a pular com canções e ritmos novos: os Kussondulola. Entre portugueses e africanos vindos dos Países Africanos de Língua Portuguesa, não há quem não conheça esta banda, fusão de reggae com outros sons, que se popularizou tanto em Portugal. Quem não vibrava mal ouvia os primeiros acordes de "Pim Pam Pum"?
Palcos
02.11.2010 | por Jorge Ramos
A Galeria do Buala lança o convite à apresentação de propostas de artistas, coletivos, curadores, etc. para a realização de exposições virtuais.
A ler
02.11.2010 | por Buala
Ao lado da cidade-ostra que alberga a «Pérola do Índico», ergue-se uma outra de chapa onde o descontentamento reverbera no zinco que a cobre. Bairros de areia, muros de caniço, telhados de metal e fogo de carvão. Crianças muitas e um prato de feijão. Entre o tecto de chapa e o chapa do transporte, há um enlatado de pobreza e cansaço que não mais se quer conter. Porque quando a fome aperta, a consciência desperta.
A ler
02.11.2010 | por Cristiana Pereira
Os nossos pais tiveram filhos à vontade, somos famílias numerosas onde não há tédio, deixamos de curtir as nossas próprias emoções para desfrutar da onda dos filhos, sobrinhos e netos. E como somos mãos largas, os homens sustentam várias mulheres, mas estas também os sustentam mais os seus rebentos de dentro e de fora do casamento, e fica tudo em família. Por isso há muitas farras, aniversários, baptizados, bodas de ouro e de prata, pedidos de casamento, caldos de poeira.
Mukanda
01.11.2010 | por Sílvia Milonga
Quando Kundi, o sucessor de Iala Maku, envelheceu, a harmonia entre os povos lundas estremeceu. Quem seria o sucessor do velho Kundi? Um dos rapazes? – O Tchinguri ou o Tchinhama? - Ou a menina, Lweji, a mais jovem filha da segunda esposa? Dizem que os irmãos não se entendiam. Tchinguri era o mais afoito e Tchinhama o mais ponderado. Porém, numa tarde, os dois irmãos irromperam embriagados de vinho de palma pela tchota (palácio) do pai e maltrataram-no, ambos querendo sucedê-lo.
A ler
31.10.2010 | por Carlos Lousada
O "Livro da Paz da Mulher Angolana, as Heroínas sem Nome", é uma obra inspiradora contra o esquecimento que ilumina uma comunidade de mulheres sobreviventes a lutar pela paz sim, mas sobretudo pela paz social, por uma cidadania mais igualitária, por uma maior virtude cívica, por mais oportunidades, por uma renovação social, utilizando as armas da emancipação feminina, do empreendedorismo, do associativismo, do empoderamento e da solidariedade. Estas mulheres, através das suas práticas e dos seus discursos, dizem que não aceitam ser secundarizadas nessa grande narrativa colectiva que é a construção da nação. Nesta óptica, este livro de memórias é um livro político.
A ler
29.10.2010 | por Margarida Paredes
Parte-se do pressuposto que o Romance de Lídia Jorge A costa dos Murmúrios, apresenta uma escrita pós-colonial e um posicionamento político feminino em relação à Guerra Colonial de Portugal na África. Assim, o artigo apresenta um breve resumo da obra, para, em seguida, desenvolver questões sobre o posicionamento social das personagens exiladas; depois comentar a vivência da escritora como mulher e exilada e, finalmente, tecer comentários sobre o seu lugar de fala e propósito da obra. Em suma, o artigo pretende interpretar o texto de Lídia Jorge, considerando sua vivência de exílio e relacioná-la ao seu posicionamento político no momento da escritura do romance.
A ler
27.10.2010 | por Sumaya Machado Lima
A CACAU – Casa das Artes Criação Ambiente Utopias – é um projecto assente numa filosofia particular, cujo lema é “(trans).formar o local.com” tendo como eixo central os jovens, os recursos naturais e a cultura de São Tomé e Príncipe, a CACAU intervém com a população e não para a população.
Vou lá visitar
27.10.2010 | por CACAU
Milita vive actualmente em França, onde fundou a Associação dos Artistas Angolanos Residentes naquele país. Como companheiro tem um músico croata que “também dá uns toques de pintura”. Sempre que há uma oportunidade não hesita e sobe ao palco. Ficam as palavras emocionadas: “de cada vez que canto, vivo o instante com o mesmo deslumbramento com que a borboleta vive o seu único dia de vida, pousada numa pétala colorida!”
Palcos
27.10.2010 | por Mário Rui Silva
Mário Macilau, fotógrafo moçambicano, finalista do concurso BesPhoto 2011. Macilau seguiu continuamente, e de perto, o quotidiano do Xiquelene com a sua lente. Retratou o amanhecer do mercado, o montar das bancas, a criação do espaço para fazer o negócio, a compaixão exercitada entre vendedores, a partilha do almoço, a solidariedade para com aqueles que num dia menos lucrativo não têm dinheiro para voltar a casa, a extrapolação da rede de amizade para lá das linhas do mercado nas casas de cada um, nas festas de família. Macilau fotografou nos tempos de chuva, quando debaixo de condições inóspitas as pessoas continuavam a ir trabalhar. Fotografou quando “o Governo decidiu destruir o mercado de uma forma muito injusta”.
Cara a cara
27.10.2010 | por Joana Simões Piedade
Vinda de Salvador na primeira metade da década de 50, para trabalhar no serviço público e se tornar atriz, acompanhada de seu futuro e até hoje marido Clementino Kelé, Chica após estudar arte dramática com Paschoal Carlos Magno, estreou com pompa na produção histórica de Vinicius de Morais, "Orfeu da Conceição", no papel da Dama Negra que simbolizava a Morte.
"- Eu tenho minha primeira carteira de trabalho assinada por Vinícius de Moraes. E eu não dei baixa na carteira porque ele não rescindiu o meu contrato. Acho que até hoje ele está me esperando..." afirma Chica com saudosismo.
Cara a cara
26.10.2010 | por Clementino Junior
Um grande desafio da luta afro-descendente e, portanto, da Plataforma GUETO, é servirmo-nos das nossas ferramentas pessoais para organizar as pessoas para o pensamento das suas questões. Não é, de forma alguma pensar pelas pessoas e chegar à comunidade com as ideias feitas e/ou os projectos aprovados. (...) Não há dúvida de que somos muito bons/boas a mediar a integração dos Imigrantes ou a inclusão dos seus descendentes mas quantos olham para lá desse prisma e questionam esse quadro de normas que está a seleccionar seres humanos e a enviar os outros para as sucatas da sociedade? Quantos põem este regime em causa e procuram formas de luta alternativas ou complementares àquelas com as quais fomos doutrinados nas associações e movimentos a que pertencemos? Poucos. Não temos uma agenda própria. Andamos ao sabor de agendas alheias.
Cidade
25.10.2010 | por Plataforma Gueto
Quando o Muro de Berlim foi derrubado, quiseram vender-nos a estória de que as barreiras, as fronteiras que dividiam o mundo estavam definitivamente deitadas abaixo. A Nova Ordem Mundial pós-muro seria a da livre circulação das pessoas, das ideias, das mercadorias e da economia mundial globalizada. Doce ilusão.
A ler
24.10.2010 | por Luís Leiria
Num país sem imprensa, sem editoras, sem livrarias, em que as bibliotecas existentes são coordenadas pelas cooperações estrangeiras, em que o analfabetismo atinge valores altíssimos, em que os intelectuais sofrem acções persecutórias não é de estranhar esta situação e ainda se estranha menos que acabem escrevendo e publicando no estrangeiro, mesmo quando não abdicam de viver em solo pátrio. Se bem que recente, a sua produção literária já apresenta diversidade tanto em termos de géneros, como de estilos, de conteúdos e de gerações em escrita.
A ler
22.10.2010 | por Cátia Miriam Costa
Discorremos neste texto sobre implicações diversas que a colonização portuguesa legou, sobretudo ao Brasil, e algumas de suas injunções à África em termos literários, bem como o surgimento de uma literatura híbrida e centrada, através de forte viés histórico, em fatos oriundos da colonização de negros africanos.
A ler
22.10.2010 | por Robson Dutra
Em Maputo, um homem penteia-se como Batman e vários homens vagueiam nus. Arminda acabou nas ruas da Baixa, com todo o seu enxoval. No caniço, Bitula vende feitiços debaixo de uma árvore. Além do fotógrafo Mauro Pinto, sucessor do mítico Ricardo Rangel, ninguém parece vê-los. Um percurso pela capital de Moçambique, onde hoje há eleições autárquicas.
Cara a cara
21.10.2010 | por Alexandra Lucas Coelho
Esta conversa refere-se à sua trilogia “Ex-Combatentes” (“Viagem”, “Sembas” e “Ilhas”), que navega em águas poéticas e documentais da vida angolana. "Descubro muita humildade nas pessoas que sempre estiveram aqui e a forma erguida como continuam a levar a vida impressiona-me. Sempre reclamei de tudo, mas quando vejo como as pessoas levam a vida, perpetuando, elas sim, uma identidade tão forte, isso é o que me inspira."
Cara a cara
21.10.2010 | por Marta Lança
A passagem de Barthélémy Toguo por Lisboa em 2009 foi pretexto para a conversa que se segue. Apresentou no espaço Carpe Diem a instalação "Road for Exile" integrada numa programação sobre a ideia de viagem, exílio, solidão, medos urbanos e barbárie.
A conversa que tivemos é uma ocasião para revisitar os seus projectos anteriores, as suas origens camaronesas e as viagens.
Barthélémy Toguo é um dos mais importantes artistas internacionais da sua geração, e tem uma obra que organiza o mundo como um ciclo de vida e de morte.
Cara a cara
19.10.2010 | por Marta Mestre