O que leva um Ser Humano? Repensar a partir da catástrofe Israel-Palestina

O que leva um Ser Humano?  Repensar a partir da catástrofe Israel-Palestina Tratando-se de um colonialismo moderno, iniciado em 1948, num período em que começou também o processo que poria fim a colónias, a tática da desumanização foi reproduzida pelo novo Israel. O Outro, neste caso o povo autóctone palestiniano, é, tal como foram os povos africanos ou os povos indígenas nos vários continentes, caracterizado como “animal”, como “verme”, e por outros nomes que tentam quebrar a tal “igualdade” a que nos convida a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ainda hoje, o uso destas catalogações inumanas do Outro serve para justificar a forma como é tratado, a violência que é exercida sobre ele, a humilhação lenta, a tortura, o assassínio – como se acabar com um animal fosse mais fácil ou justificado.

Jogos Sem Fronteiras

31.10.2023 | por Alix Didier Sarrouy

A escrita e a leitura para lá da economia

A escrita e a leitura para lá da economia Tanto pode resultar, da leitura de um texto, a decisão de nunca mais voltar a ler nenhum, como a constatação de que o desespero e a dor que nos afligem, ou a revolta e o amor que nos entusiasmam, por não serem propriedade nossa, podem muito bem ser a afinação do encontro com os outros. E nesse encontro, subtraído à economia da produtividade, talvez se possa encontrar os leitores para lá dos clientes.

A ler

30.10.2023 | por Fernando Ramalho

Lisboa Mesma Outra Cidade

Lisboa Mesma Outra Cidade Duramente atingida pela austeridade, radicalmente transformada pelo turismo, subitamente suspensa pela crise sanitária, a cidade de Lisboa sofreu profundas transformações durante a última década. Fruto de políticas que popularizaram a sua imagem enquanto cidade cosmopolita e de lazer, a turistificação e financeirização do espaço público e privado transformaram as formas de ver e viver Lisboa.

Cidade

24.10.2023 | por Catarina Botelho e David-Alexandre Guéniot

Não se pode esquecer o gigantesco elefante branco

Não se pode esquecer o gigantesco elefante branco Ao aprofundarmos a reflexão sobre as lógicas coloniais ainda presentes em nosso cotidiano, revelamos a complexidade da verdade e a urgência de agirmos em consequência disso. Isso implica em abandonar posturas arraigadas e abrir mão dos privilégios associados à branquitude e à Europa. Essa renúncia pode ser o ponto de partida de negociação da realidade.

Corpo

24.10.2023 | por Marcela Pedersen

Carta a Angola

Carta a Angola Não bastou o Estado ter demorado mais de 40 anos – mais do que a idade da maioria das vítimas – para tentar assegurar às vítimas o direito à identidade?Objetivamente, aquilo a que assistimos foi um exercício de crueldade, em que se reavivaram gratuitamente sentimentos de perda, de dor e de mágoa, com objetivos que nada têm de nobre.E se nenhum dos restos examinados corresponde às pessoas a quem se disse pertencerem, o que se passará com os restos mortais já entregues às famílias e enterrados sem exames prévios?

Mukanda

20.10.2023 | por vários

Antropocênica 2: alerta para a seca extrema na região central da Amazónia brasileira e lança Carta Aberta aos Três Poderes da República Federativa do Brasil.

Antropocênica 2: alerta para a seca extrema na região central da Amazónia brasileira e lança Carta Aberta aos Três Poderes da República Federativa do Brasil.   A gravidade do problema, como a ciência do Sistema Terra há tempos alerta, é de simples entendimento: as atividades predatórias, em vetores múltiplos de atuação na região amazônica – com forte influência do capital em demandas que transcendem as fronteiras – impactam no processo de ruptura deste complexo sistema, levando a uma irreparável destruição da Amazônia, com impactos sentidos à escala planetária.

Mukanda

16.10.2023 | por vários

Viriato da Cruz, poeta telúrico

Viriato da Cruz, poeta telúrico Sendo a criação poética um acto visceral de questionamento da linguagem transcendendo-a pela própria linguagem em seu caudal multímodo – num trabalho minucioso de artesão implacável, através dos temas e motivos cujos ritmo e plasticidade musical se impõem ao Poema na sua irradiante carga metafórica –, o Poeta outra coisa não faz que não seja a recuperação absoluta e original do dizer primevo que na sua Obra afirma em estado de voz própria, pessoalíssima – porém, voz de dádiva à Humanidade sem nada pedir em troca, e de comunhão com cada Ser nos seus anseios, nas suas angústias, nas suas paixões, nos seus alumbramentos.

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16.10.2023 | por Zetho Cunha Gonçalves

Fogo no Lodo

Fogo no Lodo Fica uma sensação de lugar, como outros carregado de histórias, este um tanto à margem da narrativa política estatal. Sensação essa sublimada pela cuidada sonoplastia, na quietude como nos ritmos musicais que ali coabitam – dos cânticos kyangyang e pentecostais à broska e ao reggae, do funk

Afroscreen

11.10.2023 | por Inês Galvão

Cidade da Ribeira Grande de Santiago (poema de Nzé de SAnt’Y Ago)

Cidade da Ribeira Grande de Santiago (poema de Nzé de SAnt’Y Ago) Todos nós éramos / todos nós fomos / excursionistas ocasionais / esporádicos caminhantes / das ruas sobreviventes / da mítica Cidade Velha

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11.10.2023 | por José Luís Hopffer Almada

Comunicado: Travar a guerra contra a humanidade no norte e leste da Síria. Travar as políticas de guerra e ocupação da Turquia

Comunicado: Travar a guerra contra a humanidade no norte e leste da Síria. Travar as políticas de guerra e ocupação da Turquia Os/as signatários/as expressam a sua solidariedade com o movimento curdo composto por crianças, jovens, mulheres, diversas identidades e o povo curdo em luta pelos seus direitos à autonomia e autodeterminação. E, através da nossa voz pessoal e coletiva, queremos que o mundo saiba o que está a acontecer no território curdo neste momento.

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08.10.2023 | por várias

Não serei eu uma criança? Racismo na Infância em Portugal

Não serei eu uma criança? Racismo na Infância em Portugal  Exigimos que o Estado português, designadamente, o sistema de justiça, reconheça a motivação racial desta agressão. Exigimos que, de uma vez por todas, abandone um entendimento legal “minimalista” sobre o que se entende por racismo. Exigimos que rompa com o padrão de negação do racismo que tanto prejudica a vida das nossas crianças e jovens e a vida democrática deste país.

Mukanda

04.10.2023 | por vários

Filme Uýra - A Retomada da Floresta: A arte que transfigura a resistência amazónica.

Filme Uýra - A Retomada da Floresta: A arte que transfigura a resistência amazónica. Uýra - A Retomada da Floresta, realizado por Juliana Curi, é a primeira longa-metragem brasileira documental sobre uma artista trans indígena amazónica e é uma obra que contribui para superar imaginários preponderantes e para o reconhecimento da diversidade das identidades amazónicas.

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02.10.2023 | por Anabela Roque

O coletivo, as denúncias e as expectativas

O coletivo, as denúncias e as expectativas Os nossos relatos, ainda incompletos, resultam desse esforço enorme para recuperar memórias difíceis, organizá-las e narrá-las no pouco tempo que tivemos, enquanto equilibrávamos as várias dimensões da nossa vida (compromissos profissionais, pessoais e familiares; danos na nossa saúde mental e processos de cura; recomposição das relações quebradas entre nós em resultado do ambiente tóxico vivido; participação no debate público, que precisava ter a nossa voz; gestão do medo).

Mukanda

02.10.2023 | por várias

Programa Amérika: Gestos Cinematográficos para Reencantar o Mundo

Programa Amérika: Gestos Cinematográficos para Reencantar o Mundo O cinema experimental e o cinema etnográfico foram historicamente considerados como práticas autónomas. Em Experimental "Ethnography: The Work of Film in the Age of Video", Catherine Russell debruça-se sobre os seus cruzamentos e examina a função da etnografia na “renovação” do cinema experimental. O ciclo de projecções e conversas Amérika: Gestos Cinematográficos para Reencantar o Mundo explora, nessa linha, os cruzamentos entre o cinema experimental e a etnografia através de uma cartografia de práticas e gestos cinematográficos desenvolvidos histórica e contemporaneamente na América Latina.

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25.09.2023 | por Raquel Schefer

Comunicado

Comunicado Sem prejuízo do trabalho da Comissão Independente do Centro de Estudos Sociais para o Esclarecimento de Eventuais Situações de Assédio, que se encontra em curso e cujos resultados ainda não são conhecidos, expressamos a nossa solidariedade e apoio a todas as vítimas de violência sexual e moral, bem como o nosso apoio às denúncias destas formas de violência em qualquer lado, incluindo no Centro de Estudos Sociais. Juntamo-nos contra qualquer forma de abuso de poder dentro e fora da universidade.

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25.09.2023 | por várias

Treze escritoras entre prosa e poesia, literatura angolana

Treze escritoras entre prosa e poesia, literatura angolana Trata-se de um lugar de origem, duma “pertença com mais ou menos pertença”, parafraseando uma delas: para uma é tão-somente onde os pais, ou até um só deles, nasceram; para outra um longínquo espaço duma memória prenhe e sofrida; para outra ainda um lugar familiar de vivências, trânsitos e laços que continuam presentes, quando não são umbilicais no sentido concreto e ritual da palavra. É Angola a unir, mesmo que, por vezes, flebilmente, a variada experiência dum conjunto de mulheres que representam, nas intenções do entrevistador e organizador deste livro, uma diáspora angolana da escrita.

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22.09.2023 | por Alice Girotto e Kesha Fikes

Censura académica em situações de más condutas sexuais e abuso de poder: na nossa academia, não!

Censura académica em situações de más condutas sexuais e abuso de poder: na nossa academia, não! Poderemos nós, como comunidade académica, permitir que uma editora privada influencie, e até censure, um debate tão importante, urgente e necessário no nosso campo profissional? A escrita académica é a ferramenta central da produção de conhecimento académico em todo o mundo, mas quando nós, pessoas que fazem investigação, não temos margem para refletir criticamente sobre como transformar o nosso campo a partir de dentro, quais são as implicações para a reflexão crítica sobre a academia?

Mukanda

20.09.2023 | por várias

Caderno das duas irmãs e do que elas sabiam, de Regina Guimarães

 Caderno das duas irmãs e do que elas sabiam, de Regina Guimarães Contra estes e outros clusters insurge-se a voz inconformada de uma poeta possuída pelo excesso de lucidez ou de presciência (dom ou maldição?), que não contemporiza com a violência que se instala na própria língua. Se a língua obriga a dizer, a poeta obriga a desdizer, num trabalho corpo a corpo com o material linguístico (do fónico ao gráfico, do semântico ao simbólico), explorando as possibilidades infinitas da linguagem, num processo que é também de revelação (no sentido fotográfico do termo) e de libertação de palavras prontas a nascer – e com elas novas formas de olhar e de estar no mundo.

A ler

20.09.2023 | por Maria de Lurdes Sampaio

Bienais do Sul

Bienais do Sul Nos últimos tempos assistimos cada vez mais a um “des-branqueamento” (De-Whitening) do mundo não só da arte, mas da cultura em geral. Embora inteiramente desejável, este movimento nem sempre é acompanhado de conteúdos concretos. Se não ter um artista negro no painel de artistas representados tornou-se hoje quase “inaceitável” para uma galeria – talvez por falta de estratégia financeira, uma vez os artistas não brancos influenciam os valores do mercado de arte – nem sempre estas escolhas vão além de interesses económicos.

Vou lá visitar

18.09.2023 | por Laura Burocco

No Centenário de Natália Correia, 9 poemas inéditos

No Centenário de Natália Correia, 9 poemas inéditos Valem estas longas elucubrações, não para questionar se acaso não seria hoje Natália Correia gloriosa e universalmente «cancelada», ou mesmo excomungada, como o foi durante a ditadura salazarista, mas para sublinhar a sua extrema e desassombrada capacidade especulativa e o seu implacável visionarismo libertário, ainda e quando visceralmente utópico, a que os poemas aqui dados a ler são perfeito testemunho, «[n]uma atitude cultural que pugna pela reabilitação do imaginário do regime feminino violentado pela colonização do abstraccionismo masculino surdo e cego para realidades que transcendam as categorias do seu voluntarismo intelectual.»

Mukanda

12.09.2023 | por Zetho Cunha Gonçalves