Escola Feminista Manamiga

LANÇAMENTO DA PRIMEIRA ESCOLA FEMINISTA EM PORTUGAL: 
19 DE ABRIL, ÀS 19H, NO LARGO RESIDÊNCIAS 
(Quartel do Largo Cabeço da Bola, Lisboa)

ESCOLA FEMINISTA MANAMIGA é um espaço de desenvolvimento de pensamento crítico, criação de sabedoria prática e fomento à ação feminista.  

Criada por Marta Martins e Valquiria Porto, a escola insere-se no contexto do projeto de ativismo feminista manamiga, que vai incluir uma variedade de iniciativas, entre as quais a agenda cultural feminista que já se encontra online nas redes sociais do projeto.  

Em jeito de inauguração da escola, no dia 19 de abril, às 19h, no Largo Residências (Quartel do Largo Cabeço da Bola, Lisboa), convidamos todes para a ASSEMBLEIA MANAMIGA, onde vamos debater os temas da educação e do feminismo em Portugal. 


Programa: 
19h receção e acolhimento 
19h15 apresentação da Escola Feminista manamiga 
19h30 contributos de feministas em vídeo 
19h45 conversa aberta  

20h30 brinde 

Contamos com a sua presença para ficar a conhecer a escola feminista manamiga e também para participar na nossa primeira Assembleia.  

PARA DOWNLOAD:  Escola Feminista Manamiga 

17.04.2023 | por martalanca | Escola Feminista Manamiga, feminismo

"Território, imigração e literatura: uma tertúlia-ocupação"

No dia 20 de abril, às 19h, mês simbólico de defesa da liberdade, o Centro Internacional das Artes José de Guimarães acolhe o evento “Território, imigração e literatura: uma tertúlia-ocupação” que irá promover uma tarde de partilhas sobre a produção da literatura dos imigrantes, bem como as experiências dos autores, curadores e escritores estrangeiros em Portugal. 

O evento inicia-se às 19h00 com uma pequena mostra de vídeos-poemas produzidos por escritores estrangeiros que vivem e trabalham em Portugal, selecionados pelo editor Wladimir Vaz. Segue-se uma tertúlia com moderação da escritora e jornalista Carla Mühlhaus, onde participarão Manuella Bezerra de Melo, escritora, investigadora em Literatura Comparada pela Universidade do Minho, curadora e organizadora da coleção de antologias “Volta para a tua Terra”; e Wladimir Vaz, também organizador da mesma antologia e editor responsável da Urutau em Portugal e Espanha, responsável por trazer ao mercado várias dezenas de títulos de autores estrangeiros em atuação no País. A atividade encerra com um momento de leituras de autoras convidadas a partilharem os seus poemas e contos com o público.

 Entrada gratuita, até ao limite da lotação disponível

Manuella Bezerra de Melo é autora de “Pés Pequenos pra Tanto Corpo” (Urutau, 2019), “Pra que roam os cães nessa hecatombe” (Macabea,2020) e “Um Fado Atlântico” (Urutau,2022) e “Nova Poesia Brasileira: território, disputa e resistência” (Zouk, 2013). Organizou a coleção de antologias “Volta para a tua Terra” (Urutau, 2021; 2022) e participou de outras enquanto autora, entre elas a “Um Brasil ainda em chamas” (Contracapa, 2022) e “A Boca no ouvido de Alguém” (Através, 2023). Tem poemas e contos publicados em revistas literárias no Brasil, Portugal, Argentina, Colômbia, México, Equador e EUA. É graduada em Comunicação Social com especialização em Literatura Brasileira, mestre em Teoria da Literatura e Literaturas Lusófonas e frequenta o Programa Doutoral em Modernidades Comparadas da Universidade do Minho, no norte de Portugal, onde vive desde 2017. 
Wladimir Vaz é graduado em Filosofia (IFCH/Unicamp) e mestre em Artes Visuais (IA/Unicamp). Nasceu em São Paulo, viveu muitos anos na Galiza e hoje reside no Barreiro. Foi editor da editora ‘Medita’ e da revista ‘euOnça’. Desde 2015 é editor da ‘Urutau’. 
Carla Mühlhaus é jornalista e escritora brasileira, nascida no Rio de Janeiro, mas vive no Porto. É mestre em Comunicação e Cultura (UFRJ), especializada em Arte & Filosofia (PUC-RJ) e pós-graduada em Filosofia para crianças e adolescentes (UCP-Lisboa). Entre outros livros de não-ficção, é autora das biografias “A bela menina do cachorrinho” (Ediouro) e “Marilia Carneiro no Camarim das Oito” (Aeroplano / Senac RIo). Estreou-se na literatura com as novelas “À sua espera” (Dublinense) e “Nós vemos em Marduk” (Patuá). Recentemente integrou os dois volumes, poesia e prosa, das antologias “Volta para a tua Terra”: uma antologia antirracista/antifascista de poetas estrangeiros em Portugal (Urutau). É colunista na Revista Pessoa. 
Gabriela do Amaral nasceu em Niterói, no Rio de Janeiro, mas vive no Porto. É poeta, designer, pesquisadora independente e mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes pela Universidade do Porto (Portugal), cidade onde vive desde 2017. Autora de “Acidentes Tropicais” (Quelônio, São Paulo, 2019 e “Exclamação”, Porto, 2022), Cloro (“Flan de Tal”, Vila do Conde, 2019), “Língua-mãe” (Fresca, Porto, 2021) e “Pequenas Erupções” (Ed.7letras, Rio de Janeiro, 2022). Tem textos publicados nas plataformas portuguesas Gerador e Interruptor. Escreve sobre temas da língua, exílio e maternidade e conduz através de plataformas online encontros sobre escrita, leitura, maternidade e produção feminista. 
Hannah Bastos nasceu na Paraíba, mas reside a Guimarães. Licenciada em Estudos Portugueses pela Universidade do Minho, integra o Grupo de Estudos Brasileiros (GEB) e é pesquisadora autónoma sobre experiências afro diaspóricas e decolonais. O seu eu conto “papas de aveia” foi publicado pela editora Urutau no segundo volume da coleção de antologias “Volta para tua Terra”. Coordena o clube Mulheres do Atlântico, voltado para a literatura afro-diaspórica produzida por mulheres e compõe a equipa que realiza o ‘Minha Poetry Slam’ em Guimarães. 
Jorgette Dumby nasceu em Luanda, na Angola. Tem vários textos publicados, entre eles um poema e um conto nos dois volumes da antologia “Volta para a tua Terra”, para além de dois poemas na antologia “Reconstituição Portuguesa”, publicada pela Companhia das Letras (Penguin). É Slammer, coordenadora do Slam das Minas Coimbra e da Secção de Escrita e Leitura da Associação Académica de Coimbra (SESLA

 

 

 

13.04.2023 | por martalanca | imigração, literatura:, manuella bezerra de melo, território

Aula aberta com Silvia Rivera Cusicanqui

No dia 18 de Abril, às 18h30, Silvia Rivera Cusicanqui dará uma aula aberta na FCSH - UNL. Socióloga e ativista boliviana de ascendência aymara, vinculada ao movimento indígena katarista e ao movimento dos cultivadores de coca. Em 1983, juntamente com outros intelectuais indígenas e mestiços, fundou o Taller de Historia Oral Andina, grupo que se dedica à oralidade, identidade, direitos e cultura dos povos indígenas e dos movimentos populares, bem como às questões de género, e integra o Colectivo Ch’ixi desde 2008, onde oferece oficinas livres. Professora emérita de sociologia da Universidad Mayor de San Andrés de La Paz, foi professora visitante na Universidade da Columbia, em Nova Iorque, na École des Hautes Études, em Paris, na Universidade do Texas em Austin, na Universidade La Rábida, em Huelva (Espanha) e na Universidade Andina Simón Bolívar, em Quito (Equador). Cusicanqui é autora de vários livros, entre eles “Oprimidos pero no vencidos: Luchas del campesinado aymara y qhechwa de Bolivia, 1900-1980” (1986), “Las fronteras de la coca: epistemologías coloniales y circuitos alternativos de la hoja de coca” (2003), “Sociología de la imagen: miradas ch’ixi desde la historia andina” (2010), “Ch’ixinakax utxiwa. Una reflexión sobre prácticas y discursos descolonizadores” (2010), “Violencia (re)encubiertas en Bolivia” (2012), “Repensar el anarquismo en América Latina: Historias, epistemes, luchas y otras formas de organización” (2019), “Ch’ixinakax utxiwa: On Decolonising Practices and Discourses” (2020). É também autora de vários filmes documentais e de ficção, nomeadamente “La Retirada de los Yungas” e “Viaje a la Frontera del Sur”, ambos de 2003, ambos de 2003, e “Fin de Fiesta” e “Sumaj Qhaniri, Chuyma Manqharu” [Tu que iluminas o fundo escuro do coração], em co-realização com Marco Arnéz

 Marta Fiolic Marta Fiolic
E no dia 19 de Abril, pelas 19.30h na Galeria Zé dos Bois (em colaboração com o CRIA), um dos nomes e dos coletivos mais importantes da Performance e dos Estudos da Performance:
Guillermo Goméz-Peña e Balitrónica do coletivo La Pocha Nostra estarão em Coimbra este final de semana, 14 e 15 
https://zedosbois.org/programa/the-pandemia-chronicles-a-divination-ritual/ 

13.04.2023 | por martalanca | america latina, aymara, movimento indígena, Silvia Rivera Cusicanqui

Exposição: … É como trazer à luz a claridade

Inauguração: 29 de abril de 2023 Patente até: 2 de junho de 2023 Local: Galeria Quattro, LeiriaLino Damião nasceu em Luanda em 1977. Encorajado pelo seu pai, começou muito cedo a desenhar e pintar, tendo recebido o seu primeiro prémio em 1989 - Prémio de Pintura na União Nacional de Artistas Plásticos. Tem participado em várias exposições individuais e coletivas: “1a Paragem: Lisboa” 2012, I Festival Literário “Rota das Letras” de Macau 2012, Feira de Arte Contemporânea de Lisboa 2010, I Trienal de Luanda 2007, entre outras. As suas obras estão em coleções públicas e privadas em África, na Europa, Ásia, América do Sul e EUA. Colaborou, desde 1992, com a produtora j.j.jazz em Luanda, na organização de concertos de jazz e exposições de pintura e fotografia subordinadas à mesma temática

Será um expressionismo abstracto de cariz lírico. Ou um vocabulário visual enraizado na abstracção vagamente gestual. Será isso ou não será exactamente isso porque prevalece uma certa ambiguidade na dinâmica das implicações visuais incorporadas na pintura. Luz, textura, transições do fluxo da cor nas superfícies lisas definem o critério estético. Há uma articulação de carácter intimista entre a tinta e a tela com uma certa abertura à narrativa, permitindo assim o improviso. A narrativa ainda que elusiva está lá. Projecta basicamente sentimentos conflituantes do artista numa determinada situação. Talvez na captura da história pessoal incorporada num contexto onde aflora a sua identidade que permanece imersiva. Um sentimento forte e abrangente que se intromete no caos estrutural oculto que sustenta a obra. Contraste O nosso olhar atento tropeça nas teias cromáticas da pintura onde descortinamos coisas reais ou imaginárias. Descobrimos ciclos de vida já extintos, sugestões de mudança sem mudança no contexto temporal, anímico e vivencial. Linhas e manchas indicam a leveza de um esboço mais complexo que transparece na exuberância das cores em contraste. Na verdade oferecem uma atmosfera que proporciona uma legibilidade possível, penetrando nas ideias que o artista tinha em mente quando arquitectou a composição aleatória. Um abstracto atraente pode ser como a realidade. E até transmitir uma sensação tangível de optimismo nas sombras luminosas. A finalidade da arte é produzir uma emoção, seja de que ordem for. Mutação Música, poema, natureza densa e memórias conjugam-se na linguagem contaminada por diferentes nuances. Ar, terra e água. Ou, melhor dito, a sensação de um rumor da água imaginado. Vestígios deixados pela passagem do tempo. É o que vejo ali. Pinceladas estratégicas evocando por vezes folhagens no emaranhado da superfície da tela onde se desenrolam os gestos hábeis que controlam o caos. Verificase uma continuidade no movimento exercido na tela. A acção que se desenvolve de uma forma rápida é como se fosse uma voz de timbre poético que se quer fazer ouvir. Sugere mutações inesperadas, luz e sombra, e uma certa instabilidade que se vai atenuando. No enredo imagético ressaltam pinceladas de amarelo, verde-escuro e as tonalidades de azul que, por vezes, são dominantes na paleta convocada. Sempre vislumbres de tons quentes. Traços ou gestos que divergem e convergem. No espaço pictórico onde acontece a dinâmica da composição do quadro. Atmosfera Estas pinturas reflectem um padrão visual onde se projecta com alguma subtileza a temática supostamente abordada. A sinfonia das cores que se torna ressonante domina as representações abstractas. A visão sensorial do artista desliza obviamente para um assunto que envolve aspectos de ordem biográfica. Existe uma identidade que se vai construindo numa lógica consistente. Sensações atmosféricas, percepções do mundo geográfico onde o artista se insere. Recordações muito físicas de um universo marcante que está sempre presente, ainda que invisível. É essa energia que se insinua na linguagem respiratória da pintura deste artista africano. Já agora gostaria de lembrar que a convocação destas metáforas não é inocente. Permitem tornar visível o invisível.

13.04.2023 | por mariadias | arte, estética, exposição imersiva, luz, pintura, sombra, textura

3º Encontro com a Cultura sob o tema Arquivo e Tradição Oral na Guiné-Bissau

No próximo dia 13 de abril, iremos realizar o 3º Encontro com a Cultura sob o tema Arquivo e Tradição Oral na Guiné-Bissau, na Sala 1 da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Esta atividade será dinamizada no âmbito do projeto “Ur-GENTE – Centro de Artes Cénicas Transdisciplinar de Bissau” apoiado pelo PROCULTURA (financiado pela União Europeia e gerido e cofinanciado pelo Camões, IP.), e implementado na Guiné-Bissau pela ONGD VIDA, em estreita parceria com diversas entidades.

Os “Encontros com a Cultura” são uma atividade integrada neste projeto, tendo iniciado em novembro de 2022 na Guiné-Bissau. Com frequência regular, reúnem um coletivo diversificado que se encontra – em presença ou digitalmente – para debater, refletir e gerar novos olhares que resultam do cruzamento que interliga o contexto e vozes da Guiné-Bissau, ao mundo. Com foco em temáticas relacionadas com as áreas artísticas, culturais e sociais, pretendem gerar um movimento contínuo de pensamento, que inspire ações democráticas e inclusivas no planeamento e no desenho estratégico da política cultural da Guiné-Bissau. O 3º Encontro com a Cultura conta com a parceria do Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e será dinamizado a partir da Fundação Calouste Gulbenkian em simultâneo com o Centro Cultural Português em Bissau.

Muito gostaríamos de contar com a sua participação! Para se inscrever (apenas para quem assiste presencialmente desde Lisboa), deverá preencher o formulário aqui.


12.04.2023 | por mariadias | cultura, Guiné Bissau, ONGD Vida, tradição oral

Visita guiada ao Alentejo da Reforma Agrária

A Cultra e a campanha Abril é Agora organizam no próximo dia 15 de abril uma visita guiada ao Alentejo da Reforma Agrária. Inscrições e programa completo aqui
A reforma agrária que ocorreu no período subsequente a abril de 1974, por iniciativa dos assalariados rurais dos campos do Sul, configurou uma revolução dentro de uma revolução mais geral vivida pelo país neste período. Na sua concretização e desenvolvimento, com o enquadramento de uma arquitetura legislativa elaborada pelo IV Governo Provisório, que legalizou a situação edificada no terreno, os trabalhadores rurais fizeram seus mais de 1 milhão e meio de hectares de terra que exploraram de forma coletiva sob a forma de cooperativas e UCPs (Unidades Coletivas de Produção), na esperança de com isso poderem vir a ter uma vida melhor.


Pela ação dos vários governos que se formaram a partir de 1976, a reforma agrária passou a ser alvo de um ataque sistemático comandado por uma contra revolução legislativa aplicada pela força, através da GNR, ofensiva que foi desarticulando a conquista da terra feita pelos trabalhadores, apesar da resistência destes.
De mais de 1 milhão e meio de hectares de terra, integrando UCPs e cooperativas, dando emprego, em 1976, a 71 776 assalariados rurais (46 257 homens e 25 529 mulheres) passou-se, em 10 anos (1975/76 a 1985/86), para 360 000 hectares controlados pelos trabalhadores, área que, com o decorrer dos anos, foi diminuindo até
ser meramente residual.
Lembrar a reforma agrária pelo testemunho de alguns dos seus protagonistas que ainda hoje resistem, de que são exemplos as cooperativas “Seara de Vento”, de Albernoa, e “Monte Coito”, de Ourique, é, pois, o objetivo desta visita guiada. Visita Guiada ao Alentejo da Reforma Agrária onde os assalariados rurais foram derrotados com a devolução das terras aos grandes proprietários, mas que foram vencedores no plano da vida social e da cidadania com a destruição da ordem latifundista, como sublinha o Professor Fernando Oliveira Baptista. “A democracia só consolidou o que a reforma tinha conquistado”.

Para sabres de mais iniciativas segue-nos nas redes: 

Site: https://abrilagora.pt Facebook: https://www.facebook.com/abrilagora Twitter: https://twitter.com/AbrilAgora  Instagram: https://www.instagram.com/abril_agora/

08.04.2023 | por martalanca | Alentejo, Reforma Agrária

Tributo a Azagaia - Povo no Poder

O concerto em homenagem ao rapper moçambicano de intervenção social que perdeu a vida no passado dia 9 de março, em Maputo, vai realizar-se na Casa Independente, em Lisboa, no dia 6 de abril, às 21h.

Cerca de 22 músicos vão reunir-se na próxima quinta-feira, dia 6 de abril, às 21h, na Casa Independente, para homenagear a vida e obra do músico e ativista moçambicano Azagaia. Consagrado herói nacional pelo povo moçambicano e com repercussão internacional, Edson da Luz deixa um legado e reportório musical que desconstrói o período pós-colonial e o presente de descolonização, transversal a Portugal e a todos os países de expressão portuguesa.

O concerto vai contar com a as vozes de Valete, Sérgio Godinho, Paulo Flores, MCK, Maria João, Luiz Caracol, João Afonso, Mirza, Prodígio, Papillon, Batida, Milton Gulli, Karyna Gomes, Scuru Fitchadu, Ikonoklasta, Prince Wadada, Conductor, Bruno Huca, Chullage, Phoenix RDC e Lancelot e Hindira Mateta no Dj Set.

A curadoria está a cargo do rapper Valete, da empresária Inês Valdez, do músico Milton Gulli, da jornalista Magda Burity e da empresária Lídia Amões.

Uma homenagem que celebra a sua vida e obra, pautada pela luta pelos direitos universais da dignidade humana, pela resistência e solidariedade, acrescidas de uma construção lírica que reúne consenso no panorama musical nacional e não se resume só a Moçambique.

“Azagaia”, através do rap e do uso da língua portuguesa, conseguiu ser transversal, unindo gerações, independentemente de “estratos sociais” ou cor da pele. Nunca antes tinha aparecido, em Moçambique, um artista que estivesse tão em sintonia com a alma do seu povo e da sua nação, qual um Bob Marley ou um Fela Kuti, que carregasse nas costas toda a frustração de uma geração pós-colonial e que retratasse de forma certeira os anseios, desilusões e sonhos do povo moçambicano.” , Milton Gulii - Rimas e Batidas

Edson da Luz nasceu a 6 de Maio de 1984, na Namaacha, mesmo ao lado da fronteira com Eswatini (antiga Suazilândia). Filho de pai cabo-verdiano e mãe moçambicana, mudou-se com a mãe aos 10 anos para a cidade de Maputo, depois da separação dos seus pais. Concluiu o ensino médio e ingressou na faculdade, no curso de Geologia, tendo ainda passado pelo Desportivo de Maputo, na equipa de basquetebol.

Em 2007 edita o seu primeiro álbum a solo: Babalaze (ressaca na língua changana), pela editora Cotonete Records, que atingiu um recorde de vendas no dia do lançamento. O primeiro single, “As Mentiras da Verdade”, põe Azagaia no mapa pela forte crítica política e representa um marco na história da música de intervenção e na defesa da liberdade de expressão em Moçambique. Pela primeira vez, surge um artista que fala aquilo que toda a gente pensa, mas ninguém tem coragem de verbalizar.

Cubaliwa, que significa renascimento na língua sena, é editado em 2013 pela Kongoloti Records, editora criada por Milton Gulli e pelos cineastas Pipas Forjaz e Mickey Fonseca. Para este disco, Azagaia reuniu alguns dos mais proeminentes beatmakers moçambicanos: Guto, Jay Leopard (Scam), Mr. Dino, Black Snow, Mak Da P, Proofless, entre outros. O álbum conta com as participações de vários cantores e rappers moçambicanos como Guto, Júlia Duarte, Dama do Bling, Bhaka, Stewart Sukuma, Tira-Teimas e ainda com as participações internacionais de Hélio Bentes (Ponto de Equilíbrio), MCK e Valete, companheiros habituais em vários projetos.

Contatos

Comunicação: Magda Burity - 930 524 843 Artistas - Milton Gulli - 910 993 314

madamecomunicacao@gmail.com

04.04.2023 | por martalanca | Azagaia, Moçambique, rapper

Não é portuguesa o suficente

A artista de banda desenhada, Amanda Baeza, não foi considerada “portuguesa o suficiente” para poder participar na criação de cartazes comemorativos do 25 de Abril deste ano na Amadora.Convidada pela organização do AmadoraBD para participar num grupo de artistas na criação de cartazes comemorativos do 25 de Abril naquele município, Amanda Baeza foi depois “desconvidada” com um argumento insustentável.

Pedro Moura, colaborador esporádico do Buala, e investigador dedicado à banda desenhada, escreveu um artigo no site da especialidade Bandas Desenhadas, no qual expõe toda a situação. Sendo um tema muito caro à missão do Buala, divulgamos aqui o mesmo.

Ler aqui 

 Amanda Baeza Amanda Baeza

04.04.2023 | por martalanca | Amanda Baeza, banda desenhada, nacionalidade, Pedro Moura, Portugalidade, xenofobia

WOMAN IS POWER! de Raquel Lima e Kwame Write

Woman is Power é uma homenagem às mulheres ancestrais, aquelas queestão/foram/estarão presentes em todo o universo e além, com e sem úterobiológico, cujas vozes moldam a dinâmica das nossas vidas partilhadas, cujotrabalho de amor dá origem a revoluções e tece a cultura de resistência, àspioneiras da linguagem da civilização e comunidade de frente unida.Depois de se encontrarem em festivais de poesia no Rio, Madrid, Lisboa e maisadiante em Tema, Raquel Lima e Kwame Write constroem ritmos e anos de contribuiçãocomo artesãos de palavras e sons, enriquecidos por suas origens únicas em buscade libertação, humanidade e amor, face ao excessivo domínio patriarcal das nossassociedades.Todos os aspetos de Woman is Power resultam de um encontro cósmico que desafiaa temporalidade, a espacialidade e a espontaneidade da vida, mergulhadas no picodo tear colaborativo de artistas no Gana, São Tomé e Príncipe.

Oiça na integra AQUI!

03.04.2023 | por mariadias | arte, Kwame Write, mulheres, música, poesia, Raquel Lima, Woman is power

Afrolis: Ritual de Escuta

06 Abril - quinta 18h30

Preço Entrada Livre (sujeita a lotação) mediante levantamento prévio de bilhete a partir das 15h (máximo de 2 bilhetes por pessoa)
Sala Manuela Porto : Duração 2h

O projeto Afrolis foi criado em 2014, enquanto audioblogue – a Rádio Afrolis – pela jornalista angolana Carla Fernandes para registar a experiência de afrodescendentes a viver em Lisboa. Em 2020, o projeto passou pelo TBA para apresentar Djidiu – a herança do ouvido, uma coletânea de poemas sobre a experiência negra em Portugal. Regressa agora com o primeiro episódio de uma série de três audiodramas a produzir ao longo de 2023 a partir da vivência das mulheres negras. Numa sessão de escuta coletiva, Carla Fernandes e Carla Gomes, do Afrolis, conversam com a argumentista Lara Mesquita e os intérpretes Daniel Moutinho e Manuela Paulo sobre este episódio, os seus processos e temas. Mas a escuta não fica por aqui. O primeiro episódio da série será disponibilizado no Dito e Feito, o podcast do TBA.

AFROLIS é um projeto de jornalismo independente liderado por mulheres negras que rei- vindica a utilização de práticas de oralidade como herança ancestral e a arte de contar histórias como recurso de sobrevivência e de partilha de saberes, experiências e diferentes visões. Ao longo de 8 anos produziu mais de 200 episódios com entrevistas que apresentam diversas perspetivas da cidade e do país pela voz de afrodescendentes. Em 2022 o projeto venceu o Desafio de Inovação da Google News Initiative, que contou com 605 candidaturas da Europa, Médio Oriente e África, sendo um dos 47 projetos apoiados internacionalmente pela Google no próximo ano. A escolha do Afrolis como um dos únicos projetos apoiados no país configura-se como um importante reconhecimento do trabalho desenvolvido com as comunidades afrodescendentes não apenas em Portugal, mas também em outros países de língua portuguesa, como Angola, Brasil, Moçambique e Cabo Verde, entre outros.

Mais informação aqui!

 

30.03.2023 | por mariadias | afrodescendentes, afrolis, Carla Fernandes, discurso, Ritual de escuta

Patrimónios, Artes e Feridas Coloniais

performance-protesto + debate sobre “Patrimónios, Artes e Feridas Coloniais” literalmente em cima dos brasões do Jardim do Império em Belém. Conversa com Paulo Raposo, Marta Lança, Francesca de Luca, Kitty Furtado, Bia Leonel. Performance com André Soares, Izabela Tamaso, Emiliano Dantas, Paulo Raposo e quem se queira juntar… Dia 31 de Março, 15h…

 

30.03.2023 | por martalanca | Belém, colonialismo, Patrimónios

Mostra de fotografia: "UM CARNAVAL FORA DO CARNAVAL" | MÁRIO SOARES

01 de abril | 11 horas

CCCV - Centro Cultural Cabo Verde

Rua de São Bento, 640, 1250-222 Lisboa, piso -1

Mário Soares, fotógrafo cabo-verdiano, natural da Ilha de Santo Antão, apresenta-nos um conjunto de registos fotográficos captados em pleno Carnaval na Ilha de São Vicente. este conjunto de fotografias retrata especificamente os Mandingas, que são uma das maiores manifestações culturais e tradições do Carnaval de São Vicente e dão um contributo significativo para a enorme diversidade cultural que há em Cabo Verde. No desfile dos Mandingas participam grupos provenientes de várias zonas da Ilha de São Vicente, bem como de outras ilhas. No tempo da escravatura os Mandingas eram associados à feitiçaria e à macumba e quase que se pode dizer que quem entra no meio fica enfeitiçado pela vibração e energia das pessoas que brincam o Carnaval, que começa normalmente no segundo domingo de janeiro e termina com o enterro, no domingo após o Carnaval, onde se reúnem todos os grupos das diversas zonas de São Vicente e das pessoas que vêm de vários pontos do país e da diáspora.

 

Sobre o fotógrafo

Mário Soares nasceu no dia 11-06-1984, na ilha de Santo Antão, Cabo Verde, filho de Carlos Soares e Zulmira Lima. É casado. Passou a infância e toda a adolescência na Cidade de Porto Novo. Sendo filho de artistas (pai carpinteiro e mãe cantora), desde cedo se interessou pela arte, nomeadamente, na criação e elaboração de artesanato. Assumindo-se como um autodidata, procurou sempre técnicas para inovar a sua arte. Aos vinte anos, rumou para Portugal, onde tirou o Curso Técnico de Contabilidade. Após terminar o curso, começou a trabalhar na área das telecomunicações, mas desde logo percebeu que a fotografia era uma paixão paralela ao seu ofício.

Tendo participado em alguns concursos de fotografia em Portugal, sentiu necessidade de aperfeiçoar as suas capacidades. Sempre se interessou por fotografar pessoas e paisagens. É um defensor acérrimo da seguinte máxima: «a fotografia deve mostrar a essência das pessoas e dos locais, sofrendo o mínimo de alterações possíveis por parte do fotógrafo».

No ano de 2014, dez anos após ter ido para Portugal, decidiu regressar à sua terra, terra da Morabeza, para então trabalhar e constituir família. Atualmente trabalha como freelancer, tendo desempenhado funções como fotógrafo do Dr. Abrão Vicente, Ministro do Mar e da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde. Realizou várias exposições individuais em Cabo Verde. Organizou uma exposição fotográfica no ano de 2019, intitulada de: “Um simples olhar”, no Centro Cultural do Mindelo, Cabo Verde. Em novembro de 2019, a sua exposição “Um simples olhar” foi apresentada no espaço cultural “Nôs Raiz”, na ilha de Santo Antão.

No ano de 2021, apresentou um espólio fotográfico em Porto Novo, na “Casa para Todos”, cujo título foi: “A nossa casa, as nossas vivências”. A mesma exposição seguiu para a Câmara Municipal de Porto Novo, onde permaneceu até setembro de 2021.

 

29.03.2023 | por mariadias | cabo verde, diáspora, fotografia, Mário Soares

As Tramas da Memória: Seminário #4

SEMINÁRIO #4

31 de março de 2023, 16h00 (GMT+1)

GUERRA CIVIL EM LUANDA : A EXPERIÊNCIA DE UM MILITAR MILITANTE

Rui Bebiano (CES/FLUC/CD25Abril)
O ciclo As Tramas da Memória: datas para contar é organizado pela coordenação da linha de investigação Europa e o Sul Global: patrimónios e diálogos do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. O ciclo visa assinalar e refletir sobre datas menos sonoras, mas igualmente determinantes para a construção do 25 de Abril de 1974 e das independências dos países africanos de língua oficial portuguesa e de Timor-Leste. Os seminários decorrem online, sempre que possível na data a assinalar, todos os meses, pelas 16 horas, ao longo de 2023. Esta atividade está integrada na iniciativa do CES, «50 anos de Abril».

Consulte mais informação aqui.

 

29.03.2023 | por mariadias | As Tramas da Memória, guerra cívil, Luanda, militar, seminário

Chamada de Trabalhos: Neoliberalismo urbano no século XXI: Da exclusão e lutas pelo direito à cidade

Para Henri Lefebvre, autor do conceito de direito à cidade, as margens urbanas são um lugar de observação privilegiado, pois é nesse ponto que a narrativa da cidade se revela. O seu pensamento desenvolve-se a partir do limiar que divide e estilhaça o espaço urbano, separando os grupos mais abastados dos grupos mais vulneráveis.

Manter-se-á esta perspectiva de Lefebvre, chave de leitura dos processos de acumulação e expropriação em sociedades moldadas pelo capitalismo mais maduro, pertinente à luz dos problemas socio-espaciais levantados pelo neoliberalismo urbano ? É esta a questão que queremos abordar no número temático que propomos, a partir de uma atenção específica às margens urbanas das metrópoles contemporâneas tanto no contexto euro-norte-americano tratado por Lefebvre como no contexto pós-colonial do sul global.

Em ambos os contextos, torna-se pertinente a observação de Lefebvre em relação aos traços de um “novo colonialismo interno” (1972, p. 43) ao atender ao modo como o desenvolvimento urbano do pós-guerra separa as áreas hiperdesenvolvidas das áreas abandonadas à miséria e ao subdesenvolvimento. Esta visão aproxima-se assim de Fanon e da sua atenção ao modo como a ideia de raça e os processos de racialização operam em conjunto com a classe e o espaço, produzindo “cidades compartimentadas” (1968, pp. 23-75). Reencontramos esta perspectiva na teorização de uma cartografia moderna dual (Santos, 2007), a que corresponde um sistema de distinções que, tendo a sua génese na expansão e colonialismos europeus, atravessa hoje o cerne das antigas metrópoles. Distinguindo e separando saberes e práticas hegemónicos, que se afirmam como universais, das áreas de não ser (Fanon, 1968), tal compartimentação nega a co-presença de formas diversas de conhecimento, representação e acção sobre o mundo.

Por outro lado, a questão urbana é também uma forma espacial de luta contra a desigualdade, potenciando novas resistências e o ensaio de alternativas. Ela é parte de uma dialética espaço-temporal mais ampla, com o duplo propósito de libertação global e emancipação quotidiana (Fanon, 1968, pp. 105-106). Um conjunto de pesquisadores, ligados a correntes científicas que promovem o engajamento académico nos processos de transformação urbana, vêm abraçando estratégias alternativas que olham a urbanização como um modo, em vez de um modelo : como algo orgânico e coletivamente dinâmico, oposto à visão modernista/colonial/capitalista pré-estabelecida e pré-definida, que toma simultaneamente as cidades como territórios em resistência, em potência e de emancipação, enquadradas na linha de descolonização do território defendida por autores como Zibechi (2015) ou Ela (2013), fomentando uma maior distribuição de recursos públicos e estimulando a especificidade do modo de vida do lugar.

Pretendemos neste volume questionar e documentar a transformação urbana vivida hoje, a partir de pesquisa focada - conceptual e empiricamente - nas margens urbanas das metrópoles contemporâneas e atendendo ao modo como se cruzam, em concreto, três planos que - tal como os elementos de uma experiência química - reagem juntos no espaço urbano : a questão da classe e a questão étnico-racial, já focadas, a que se junta, crucialmente, a questão do género. De que modo complicam e problematizam esses três planos as contradições do novo modelo urbano neoliberal contemporâneo ? Convidamos à apresentação de artigos de abordagem interdisciplinar, cruzando todas as disciplinas com enfoque sobre os estudos urbanos críticos.

Propomos alguns pontos a desenvolver :

Como evoluiu, para o presente contexto, a compartimentação da cidade apontada especificamente por Fanon ?

Num tempo em que os subúrbios das maiores metrópoles do norte e do sul globais são cada vez mais atravessados por populismos que ameaçam a democracia, que resistências emancipatórias podemos identificar ?

O protagonismo das mulheres nas lutas urbanas é cada vez mais importante e muita literatura feminista destaca um papel político do conceito de “cuidado” em novas formas de “produção de espaço”. Que agencialidade é essa e como se como se relaciona, hoje, com a questão urbana ?

Serão aceites propostas originais escritas em português, inglês, francês e espanhol.Todas as propostas originais de artigos, de revisão e empíricas, devem ser enviadas em sua versão completa por e-mail, em formato .docx, para a Forum Sociológico (forum@fcsh.unl.pt) com o título do número especial no campo assunto do e-mail e até 30 de setembro de 2023Antes de submeterem uma proposta à revista no âmbito deste número especial, todos os autores deverão i) ter conhecimento das políticas, procedimentos editoriais e normas para a elaboração e submissão de textos, difundidos em especial nas páginas Normas para Apresentação de Originais e Declaração de Ética e Boas Práticas ; ii) ter participado substancialmente do trabalho ; iii) ter identificado todas as fontes de financiamento da investigação desenvolvida ; iv) obter todas as autorizações e licenças necessárias para a reprodução, publicação e divulgação em acesso aberto (direitos de utilização das imagens ou de outro material de terceiros, etc.), assumindo a responsabilidade da indicação dos respetivos créditos nos trabalhos e dos eventuais encargos associados à sua obtenção e isentando a revista e o CICS.NOVA – Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa de qualquer responsabilidade nesta matéria ; v) ter a responsabilidade final do conteúdo e das afirmações proferidas no texto. Mais informações, aqui.

29.03.2023 | por mariadias | chamada para artigos, cidade, direitos, henri lefebvre, neoliberalismo

Homenagem a Sarah Maldoror em Luanda

Na passada sexta-feira, 17 de Março, o Camões - Centro Cultural Português acolheu a segunda edição da nova temporada do projeto Cinéfilos & Literatus. O filme “Sambizanga”, da cineasta Sarah Maldoror, foi exibido na ocasião. Tratou-se de uma edição especial, promovida em homenagem à figura da cineasta Sarah Maldoror. 
O evento contou com o apoio da Associação Amigos da Sarah Maldoror e Mário Pinto de Andrade, em parceria com Camões – Centro Cultural Português e Associação KinoYetu.
O evento acolheu várias figuras da cena cultural e artística de Luanda: artistas plásticos, estudantes, escritores, jornalistas culturais, cineastas, leitores e professores.
À mesa de conversa estiveram Henda Pinto de Andrade, uma das filhas de Sarah Maldoror, a cineasta Maria João Ganga e o coordenador e mentor do projeto André Gomes, que desempenhou o papel de moderador.

[ Arquivo: Cinéfilos & Literatus]

Para o início da conversa, a cineasta Maria João Ganga apontou a importância do filme “Sambizanga” para a história do cinema angolano e da Libertação de Angola, tendo afirmado depois o facto de Sarah Maldoror não possuir uma nacionalidade. Destacou, desta feita, a maneira poética e humana de como “a mãe do cinema africano” tratava a linguagem cinematográfica – particularidade que a fez concluir ter feito um “cinema moderno”, apesar das condições materiais e técnicas da época.
Concordante com as linhas da cineasta Maria João Gonga, Henda reforçou o fervor do olhar humano de Sarah Maldoror principalmente com a questão da violência e do corpo no filme “Sambizanga” e do seu empenhado papel nas questões da Luta de Libertação em Angola e em outras partes do mundo. 
Em relação ao livro “A Vida Verdadeira de Domingos Xavier”, os presentes fizeram perguntas e em algum momento proferiram comentários evidenciando pormenores contrastantes entre a obra literária e fílmica.
A edição especial serviu de reflexão ao papel de Sarah Maldoror na história do cinema nacional, na Luta da Libertação, no despertar de consciências progressistas como a presença de mulheres no cinema servindo igualmente de guia elucidativo para as razões por detrás da adaptação de “A Vida Verdadeira de Domingos Xavier” do escritor e nacionalista angolano José Luandino Vieira ao cinema. 
Importa destacar que o filme exibido era uma cópia restaurada (4K) pela Fundação Martin Scorsese sendo cedida a termos pela Cinemateca de Bolonha, Itália.
O evento cumpriu com um minuto de silêncio à memória de Sarah Maldoror, falecida no dia 13 de Abril de 2020, vítima de COVID - 19.
Cinéfilos & Literatus é um projeto artístico-cultural que consiste na projeção de filmes adaptados de obras literárias nacionais e internacionais, seguido de um debate em torno do filme e do livro após a sessão. O debate acontece a meio de vinhos.

27.03.2023 | por martalanca | cinefilos & Literatus, Luanda, Sarah Maldoror

Ontem, hoje e amanhã

Apresentação do arquivo digital dos Papéis da Prisão de Luandino Vieira

29 de março de 2023, 18h00
Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa

Durante os 12 anos de cárcere, José Luandino Vieira escreveu grande parte da sua obra ficcional e coligiu 17 cadernos compostos por anotações diarísticas, correspondência, postais e desenhos, cancioneiros populares, esboços literários e exercícios de tradução, ditos e textos em quimbundo, recortes jornalísticos e apontamentos, num total de 2000 frágeis folhas manuscritas, conservadas inéditas ao longo de 50 anos. Em 2015 este acervo foi publicado em livro sob o título Papéis da Prisão: apontamentos, diário, correspondência (1962-1971) (Leya-Caminho), com financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian. Apresenta-se agora, em formato digital, o acervo original destes Papéis da Prisão.
Oradores/as: José Luandino Vieira (Escritor) | Margarida Calafate Ribeiro (CES) | Nuno Simão Gonçalves (CES) | Roberto Vecchi (CES/U. Bolonha) | Sandra Inês Cruz (CES)


24.03.2023 | por mariadias | apresentação, exposição, lisboa, manuscrito, Papéis da Prisão de Luandino Vieira

Conferência de Primavera de 2023

 

Decorrerá no próximo dia 29 de março, às 18 horas (hora de Lisboa), a Conferência de Primavera de 2023, integrada no Ciclo permanente de conferências em Literatura, Humanismo e Cosmopolitismo, promovido pelo Centro de Estudos Globais da Universidade Aberta. A oradora será a Professora Doutora Inocência Mata (Universidade de Lisboa) e a conferência terá por título “Estudos pós-coloniais e literatura-mundo: Reflexão sobre a epistemologia da crítica literária”.
A Conferência de Inverno de 2022 em Literatura, Humanismo e Cosmopolitismo decorrerá no Salão Nobre da Universidade Aberta (sito na Rua da Escola Politécnica, 141, em Lisboa) e terá transmissão direta online. A participação é gratuita, mas requer inscrição prévia para o e-mail lit.human.cosmo@gmail.com.

 

24.03.2023 | por mariadias | conferência de primavera, epistemologia, estudos pós-coloniais, Inocência Mata, lisboa

Neve Insular 0,0003% - algodão e resistência

O Centro Cultural de Cabo Verde (CCCV), a Neve Insular e o Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade (i2ADS) têm a honra de convidar para a inauguração da exposição “Neve Insular 0,0003% - Algodão e Resistência” no dia 31 de março pelas 18h30 no CCCV, Lisboa.O Seminário e Oficinas irão decorrer nos dias 31 março e 1 abril, cuja programação está disponível em anexo e neste link o formulário de inscrição. Como podem o pensamento e as práticas artísticas em torno do algodão, o seu poder histórico, e as suas histórias de resistência provocar diferentes processos de intersecção das forças da arte, ecologia e transformação social num contexto de crises ambientais, cognitivas, políticas e culturais? O pensamento e prática artística da Neve Insular (NI) baseiam-se em 0,0003% da superfície terrestre da ilha de São Vicente, Cabo Verde cultivada com algodão e outras espécies em parceria com a Associação Agropecuária do Calhau e Madeiral. Um nada - tudo comprometido com a memória da plantação colonial de algodão e as novas proposições dos saber-fazer-pensar ligados à planta do algodão.

24.03.2023 | por mariadias | algodão, cccv, lisboa, neve insular, oficina, seminário

Feminist No Borders Summer School

Este ano a Feminist No Borders Summer School coordenada pela Fac_research chega tmb a Portugal! Vai se falar de fronteiras e como destruí-las, de lutas anticarcerárias, de saude anti-autoritária, de solidariedade feminista e antiracista, de cuidados mútuos numa perspetiva abolicionista e anti-capitalista. Inscrições até 24 de Março. A Escola vai decorrer de 14 a 18 de Junho em Lisboa.

24.03.2023 | por mariadias | antiracista, aullas, feminismo, Feminist No Borders Summer School, lisboa

CARTA A ANGOLA pelos órfãos da associação M27

Compatriotas, irmãs e irmãos angolanosSomos filhos de vítimas do 27 de Maio de 1977. Sofremos todos uma dor incurável, misto de perda, de ausência e de incerteza sobre as condições em que os nossos pais perderam a vida.Vivemos toda a nossa vida ou grande parte dela privados da companhia dos nossos pais. Alguns de nós tiveram ainda o privilégio de privar com os pais, de experimentar a sensação única e insubstituível de viver o amor paternal. De aprender pela sua mão a andar, a correr, a nadar, a enfrentar os medos e os perigos…Outros conhecem os pais apenas por fotografias, algumas tão antigas e desbotadas que não se consegue reconstituir os traços da sua fisionomia. Nunca ouviram a sua voz, nem tiveram a sorte de conviver com eles na infância ou na idade adulta. Os nossos pais não puderam aconselhar-nos sobre os nossos percursos académicos, sobre as nossas escolhas profissionais, sobre as mais importantes decisões que tivemos de tomar na vida.Também não puderam conhecer os nossos filhos.

Foram bruscamente arrancados de nós, quando pensavam estar a construir um país digno e próspero para todos nós, os seus filhos e os filhos de todos os outros pais.

Mesmo não tendo privado com eles, mantivemos sempre intacto, sempre vivo, o amor pelos que nos deram a vida. Cremos ser isso que qualquer pai espera dos filhos.Sabemos que eram nacionalistas. Que devotaram os seus melhores anos à luta por uma Angola independente, onde todos os angolanos, livres e iguais, pudessem ter uma vida digna, com acesso à educação, à saúde, ao trabalho e a pão para colocar na mesa dos filhos. Uma Angola verdadeiramente independente em que coubesse um lugar para todos. Muitos deles sofreram na pele a repressão da polícia política do colonialismo, a PIDE, e enfrentaram a prisão e o degredo, por lutarem pela liberdade e pela independência do nosso povo.

São Paulo, São Nicolau, Tarrafal, são nomes de cadeias e de campos de concentração que associamos à sua vida de militantes anticolonialistas e combatentes da liberdade.Nunca compreendemos como foi possível serem presos, torturados e sumariamente executados, sem direito a um julgamento justo e imparcial, na Angola independente que ajudaram a construir…

Há seguramente ainda muito por desvendar sobre o que aconteceu no dia 27 de maio de 1977, sobre os acontecimentos que o precederam e sobre a barbárie que se lhe seguiu​​.Todos nós fomos condenados a viver como filhos de sombras. De nomes que não se podia pronunciar em voz alta, sob pena de se ser considerado inimigo da nação. De almas cujos corpos as famílias não mais viram e cujos restos mortais jazem depositados em lugares que fomos privados de conhecer. Nunca pudemos dar uma sepultura digna aos nossos pais, como corresponde aos nossos costumes e qualquer filho quer fazer.As nossas mães, viúvas que nunca viram nem receberam os cadáveres dos companheiros, conheceram a perseguição, o opróbrio, o ostracismo e, em alguns casos, foram condenadas à miséria.

Muitos de nós enfrentaram sérias dificuldades adicionais, por serem filhos de mortos à mão de um Estado que se recusou a reconhecê-los e, por isso, nunca emitiu as certidões de óbito. Vivemos anos e anos num limbo…Porém, subitamente, há ano e meio, vimos uma luz no fundo deste longo túnel e essa luz trouxe esperança para muitos de nós.

O Presidente João Lourenço, pela primeira vez na história de Angola independente, reconheceu os excessos do Estado nos acontecimentos que se seguiram ao 27 de maio, prometeu justiça e dignidade para os mortos, paz e reconciliação entre os vivos.

Admitiu publicamente as mortes de cidadãos às mãos do Estado, comprometeu-se com a emissão das correspondentes certidões de óbito, a identificação e entrega dos restos mortais às famílias, para a realização das exéquias fúnebres.

Esse gesto, olhado inicialmente com desconfiança, por ser inédito, por ter lugar em ano anterior ao de eleições, porque esperámos tanto tempo que já tínhamos desesperado, acabou por ser reconhecido por todos nós como o primeiro sinal genuíno de busca pública da VERDADE e de intenção de reconciliação. Foi criada uma comissão, sob a égide do Ministro da Justiça – A CIVICOP – que ficou encarregue de dar execução aos procedimentos necessários à execução do programa definido pelo Presidente da República.

Questionámos sempre a metodologia seguida pela CIVICOP – porque envolvia pessoas intimamente ligadas à repressão em Maio de 1977, que nenhum interesse terão na reposição da verdade; porque não incluiu representantes das vítimas; porque nunca tornou claros os procedimentos que estava a seguir na localização e identificação dos cadáveres.

Paralelamente, foi criada toda uma máquina de propaganda que poderia garantir tudo, menos um trabalho rigoroso e um resultado sério. Foram exibidas na televisão imagens de um técnico brasileiro com um aparelho que serviria para localizar corpos; imagens de equipamentos semelhantes a retroescavadoras, que estariam no local a remover restos mortais; chegou-se ao ponto de anunciar publicamente a possível localização de cadáveres de pessoas cujos nomes foram publicitados nas televisões, enquanto se exibiam esqueletos humanos, reavivando sentimentos de profunda comoção e sofrimento nas famílias.

Ouvimos pronunciar o nome dos nossos pais e o de pais de companheiros nossos, órfãos também na sequência daqueles massacres. Ali estavam os restos mortais, que encerrariam um capítulo da história.Foram entregues corpos em cerimónias públicas amplamente televisionadas, em véspera de eleições presidenciais. Foram realizadas cerimónias fúnebres. O país viu. Todo o país viu e viveu esse momento como um tempo de verdade e reconciliação.Porém, nem todos recebemos acriticamente os restos mortais que nos foram indicados como pertencentes aos nossos pais. Alguns de nós pediram a realização de testes de ADN para confirmar a identidade dos cadáveres.

E foi com espanto e dor que feitos os exames se concluiu que NENHUMA das amostras corresponde à de cadáveres dos nossos pais…!Incrédulos, perguntamos porquê que nos fazem isto? Porquê que nos fizeram isto? Não chegou terem-nos imposto uma vida familiar amputada, sempre marcada pela tristeza da perda dos nossos pais? Não bastou o Estado ter demorado mais de 40 anos – mais do que a idade da maioria das vítimas – para tentar assegurar às vítimas o direito à identidade?

Objetivamente, aquilo a que assistimos foi um exercício de crueldade, em que se reavivaram gratuitamente sentimentos de perda, de dor e de mágoa, com objetivos que nada têm de nobre. E se nenhum dos restos examinados corresponde às pessoas a quem se disse pertencerem, o que se passará com os restos mortais já entregues às famílias e enterrados sem exames prévios?

As autoridades dirão agora que foi um erro. Um engano que pode ser reparado, com novas pesquisas e indagações.E nós perguntamos: Quantas mais pesquisas e indagações serão necessárias para se chegar à verdade? Quantas mais amostras de cadáveres nos serão entregues, em vão?A VERDADE – sabemo-la todos – é que estão vivos e identificados muitos dos responsáveis e participantes na repressão. E a questão que colocamos, legitimamente, é a de saber porquê que, com total transparência, essas pessoas não são chamadas a indicar, sob juramento, os locais onde foram enterrados ou lançados os corpos a que tiraram ou mandaram tirar a vida.45 anos é tempo suficiente para se encarar a VERDADE e para o País enfrentar os seus traumas.

A VERDADE ilumina e reconcilia.

A VERDADE não é apenas um direito nosso enquanto filhos, ou um direito das famílias. A VERDADE é um imperativo nacional. Não conseguiremos ultrapassar esta tragédia e aprender com ela se continuarmos a recusar-nos a enfrentar verdadeiramente os factos.E é por ser este o nosso convencimento que vimos publicamente exprimir a decepção com todo este processo e nos dirigimos ao povo angolano e ao país pedindo que se una na busca da VERDADE, porque esta é a única que nos pode verdadeiramente permitir acertar contas com o passado e construir um futuro liberto de mágoas e de ressentimentos.

Os órfãos da associação M27

23.03.2023 | por martalanca | 27 maio 1977, angola, morte, MPLA, reparação, repressão