Ana Clara Guerra Marques, coreógrafa e directora artística deste espectáculo inédito no nosso ambiente cultural, arrumou um conjunto bem uniforme e bem contrastante de meios humanos e técnicos para levar ao palco um ritual de dança sagrado e ao mesmo tempo profano, já que conseguiu unir no mesmo gesto rítmico o espírito da máscara e a química inefável da sombra.
Palcos
06.06.2010 | por José Luís Mendonça
“Nossos Lugares Proibidos”, documentário de Leila Kilani, regressa à repressão política em Marrocos do tempo de Hassan II. Três gerações de marroquinos evocam uma história completamente humana, feita de laxismo e de heroísmo face ao terror político. Apesar da serenidade, todos os intervenientes formam um quadro actual de Marrocos – continuam assombrados pelos seus "enterrados vivos" da prisão de Tazmamart e por tantos gritos de desespero que poucos ousaram sequer ouvir.
Afroscreen
06.06.2010 | por Boubacar Boris Diop
Ali viveu Craveirinha e Eusébio aprendeu a jogar. Moraram lá Machel, Chissano, Mocumbi. É só estrelas no bairro que tem nome de dança macua - Li-Fa-La-La -, pronto para receber os turistas do Mundial de Futebol. A história do bairro da Mafalala faz-se ainda muito de relatos orais, por isso um passeio para ver pelos seus olhos, ouvir com os seus ouvidos e sentir tudo o resto será melhor do que ler esta reportagem.
Cidade
06.06.2010 | por Marta Lança
Dos tigres, e outros distúrbios bizarros, que sucederam na cidade de São Paulo da Assunção, antes denominada Luanda, e mais tarde São Paulo da Assunção de Luanda, após a morte de Dona Ana de Sousa, a Rainha Ginga, aos 83 anos, no dia 17 de Dezembro de 1663. Neste capítulo se revela ainda a existência de antigos manuscritos que conteriam uma colecção de palavras novas - paleoneologismos, portanto - roubadas no século XVII às aves de Angola.
Mukanda
05.06.2010 | por José Eduardo Agualusa
TEMPO DE BICHOS
A múmia baça / o bolorento / o gri-gri tanso /a lagartixa
Modorra santa / de bicho lasso / no charco coaxa /o sapo ranço
Mukanda
05.06.2010 | por Mito Elias
A world music no contexto actual: o seu papel enquanto instrumento de poder durante o colonialismo e a sua posição social enquanto género musical em tempos apocalípticos e de ruptura - o fim de século e o fim de milénio. Algumas questões a partir do pensamento de Philip Bolhman em «World Music at the “End of History”».
Palcos
05.06.2010 | por Carla Isidoro
Em qualquer lado onde se busque a influência política constata-se um vazio ideológico que castra ou mesmo mantém o país aquém do nosso verdadeiro potencial. Qualquer debate nesse sentido é permeado por falsas questões, negação e verdadeiros "braços de ferro" onde todos perdem. A questão do crioulo é um desses tabus que estamos a criar e que remetem para a questão África vs Europa e da identidade. Falsa questão!
A ler
02.06.2010 | por Amílcar Aristides Monteiro
A cidade da Praia tem hoje cinco vezes mais gente do que há trinta anos atrás. Gente que veio de toda a parte: de outras cidades e vilas de Cabo Verde, de outros países africanos que ouviram dizer que aqui há paz e prosperidade, da China os comerciantes, da Europa os investidores externos, jovens e aventureiros atraídos pela curiosidade ou por contágio, deram com este país e alguns aqui deixaram marcas. Continua. Este pequeno país está nas bocas do mundo. Cineastas fazem filmes em Cabo Verde e sobre Cabo Verde, encenadores peças de teatro, qualquer canto de cada ilha já foi fotografado milhentas vezes, vários livros foram escritos, há colóquios internacionais sobre nós, a nossa língua, o nosso caso de sucesso no mundo.
Cidade
01.06.2010 | por César Shofield Cardoso
O Kuduro é criado e produzido nos musseques de Luanda e rapidamente difundido nos Kandongueiros. Diariamente surgem novas músicas que alimentam o vocabulário de Luanda de novas dicas (expressões), novas batidas (ritmos / sons), e novos toques (movimentos). Esta criação frenética de linguagens urbanas tem uma expressão importante na sociedade angolana actual e sobretudo nos mais jovens.
Palcos
01.06.2010 | por Francisca Bagulho
A Marrabenta é o principal ritmo musical de Moçambique, bem no coração da sua identidade. Ritmo urbano, a sua estilização deve-se a pessoas urbanizadas que, distantes do seu meio social e cultural e sujeitos à influência da cultura ocidental, criaram este ritmo, pegando noutros já existentes como a Magika, Xingombela e Zukuta. Começou no final dos anos 30, mas será na década 50 que se tornaria popular com conjuntos como Djambu, Hulla-Hoope Harmonia.
Palcos
31.05.2010 | por Rui Guerra Laranjeira
“Geo-archaeological research” (GAR) é uma investigação que teve início em Weimar, Alemanha, e que apresenta já outras fases e locais de pesquisa e trabalho de campo. Esta investigação tenta compreender determinados fenómenos geológicos intercontinentais, propondo a hipótese de uma falha geológica na Europa com várias outras repercussões.
A ler
28.05.2010 | por Tânia da Fonte
Os Crioulos são línguas plenas, com um grau de complexidade, de dinamismo e de eficácia que em nada as distingue das restantes línguas naturais, como o Português, Inglês, Japonês ou outra, cujos recursos infinitos garantem a total satisfação das necessidades de comunicação dos seus falantes.
Apesar disso, ainda vão existindo demasiados equívocos quanto à competência destas línguas, nascidas há poucas centenas de anos do contacto entre línguas europeias e africanas.
A ler
28.05.2010 | por Fernanda Pratas
Paulo Flores é um cantor angolano e uma referência na geração de jovens artistas que trabalham a música popular moderna. Falámos com ele quando lançou «ExCombatentes», três discos que marcam uma viragem na sua carreira. Flores mergulha o Mundo em Angola e leva a música mais longe do que poderíamos esperar.
Cara a cara
27.05.2010 | por Carla Isidoro
Centraremos a nossa conferência num problema essencial: as relações de dependência e de reciprocidade entre a luta de libertação nacional e a cultura.
Se conseguirmos convencer os combatentes da libertação africana e todos os que se interessam pela liberdade e pelo progresso dos povos africanos da importância decisiva deste problema no processo da luta, teremos rendido uma significativa homenagem a Eduardo Mondlane.
Mukanda
27.05.2010 | por Amílcar Cabral
Kiluanji Kia Henda tem vindo a expor internacionalmente – de Guangzhou à Cidade do Cabo, de Nairobi a Veneza - o que desvincula o seu trabalho de uma legitimação que passaria exclusivamente pelas capitais da arte contemporânea do Ocidente. Outro dos traços singulares do seu percurso é que até agora, a apresentação do seu trabalho não tem passado pela legitimação no “pequeno” mundo da “ex-metrópole”, Lisboa. Enquanto artista de nacionalidade angolana, e portanto, de um país hoje independente, o seu art world’s tem estado alheio a um conjunto de políticas culturais que têm a língua portuguesa como ligação, e que insistem em mostrar a arte e respectivos artistas em circuito fechado, itinerando pelas ex-colónias e a ex-metrópole.
Cara a cara
23.05.2010 | por Marta Mestre
De que modo a dança africana e a corporalidade considerada africana são usadas enquanto meio estético em práticas culturais comuns à Europa? Que imagens da dança e performance africanas são criadas pelo discurso europeu? Na perspectiva africana, aborda-se as (re)acções e escolhas individuais dos bailarinos e coreógrafos africanos face a vários desafios. Terá o discurso europeu grande influência nas decisões dos bailarinos e coreógrafos africanos?
Palcos
23.05.2010 | por Nadine Siegert
Os intelectuais africanos não têm que se envergonhar da sua apetência para a mestiçagem. Eles não necessitam de corresponder à imagem que os mitos europeus fizeram deles. Não carecem de artifícios nem de fetiches para serem africanos. Eles são africanos assim mesmo como são, urbanos de alma mista e mesclada, porque África tem direito pleno à modernidade, tem direito a assumir as mestiçagens que ela própria iniciou e que a tornam mais diversa e, por isso, mais rica. É preciso sair dessa armadilha.
Mukanda
23.05.2010 | por Mia Couto
É útil traçar uma genealogia do internacionalismo negro para ajudar perceber o processo da sua formação. As independências de África, além da acção de africanos e africanos na diáspora, devem-se a um conjunto de mudanças estruturais. Se colocarmos a emergência do internacionalismo negro numa perspectiva mais vasta isso permitir-nos-á compreender a mudança de paradigma operada entre os finais do séc. XIX e princípios do séc. XX.
A ler
22.05.2010 | por António Tomás
África é transmitida como uma imagem sobredeterminada. Quer isto dizer, um lugar capaz de plasmar a abundância dos discursos que circulam, os desígnios para o continente, e as situações de natureza traumática.
Dentro e fora, na disseminada geografia que a designa, África tem sido um espaço de ambivalência que ainda polariza questões fundamentais como os direitos humanos, a igualdade racial, o apartheid, a subalternidade, a hibridização, a mixagem, a deslocação de pessoas e culturas.
Vou lá visitar
20.05.2010 | por Marta Mestre
O Festival Mindelact, todos os Setembro em S. Vicente, é a época alta da temporada teatral cabo-verdiana. Em duas semanas, pode ver tantos espectáculos como nos restantes meses, e das 9 ilhas habitadas do arquipélago! Os grupos em actividade, sendo já conhecidos e tendo conquistado um público adepto, são cada vez exigentes. Mindelo, é, pois, o centro catalizador do teatro em Cabo Verde, ponto de encontro e confronto de diferentes caminhos traçados por uma paixão comum.
Palcos
20.05.2010 | por João Branco