O si-mesmo como sujeito imperial Literatura colonial dos anos 1920: o caso de Moçambique - INTRODUÇÃO

O si-mesmo como sujeito imperial Literatura colonial dos anos 1920: o caso de Moçambique - INTRODUÇÃO Os textos em estudo mostram como as noções de «luta de raças» e de seleção das comunidades mais aptas contribuem para a elaboração de uma «estratégia da crueldade» e para o desencadear de fluxos de morte de grande intensidade. O duplo processo de desterritorialização das populações pelas conquistas e da sua reterritorialização com a transformação social do espaço pelo capitalismo colonial tem lugar num contexto político totalitário. A instauração da ditadura racial e a generalização do terror geram a redução dos colonizados a uma condição de servidão económica e sexual. O desejo colonial permite também a emergência de formas de hibridismo social ou cultural e o questionamento da autoridade discursiva, imediatamente contrariados pelo desenvolvimento de uma política de domesticidade colonial.

Mukanda

29.05.2023 | por João Manuel Neves

Nereida Carvalho Delgado prepara um solo sobre abuso sexual de crianças em Cabo Verde

Nereida Carvalho Delgado prepara um solo sobre abuso sexual de crianças em Cabo Verde   Nereida Carvalho Delgado conta-nos um pouco do seu percurso no teatro que começa em 2004 com a companhia Fladu Fla, na Praia, sua terra natal. Muda-se para São Vicente, onde vai estudar Biologia Marinha e onde fica por nove anos, dando continuidade a formações de teatro numa associação italiana, na comunidade onde vivia, Ribeira de Craquinha. Está em Loulé, no contexto do Festival Tanto Mar, a fazer uma residência artística sobre um tema muito difícil mas com a urgência total em ser falado: a violência e abuso de crianças e adolescentes que, em Cabo Verde, dá-se muitas vezes no seio da família.

Cara a cara

27.05.2023 | por Marta Lança

Mediar os imaginários, promover trocas de saberes e práticas, a Mediateca Abotcha inaugura em Malafo

Mediar os imaginários, promover trocas de saberes e práticas, a Mediateca Abotcha inaugura em Malafo Contrariando a ideia do que vem de fora, dos negócios offshore, defendem uma Mediateca Onshore, na terra, e Abotcha, no sentido de “ir para o chão”, valorizar a humildade e a perseverança. Trata-se de uma rede de conhecimento a nível local, entre Sul-Sul e o mundo através das artes performativas, dos meios digitais, da arte, da agro-ecologia, dos saberes tradicionais. Uma Mediateca que se inscreve numa ideia de justiça social, económica e ambiental. Tudo isto envolto na paz e hospitalidade da tabanca de Malafo, maioritariamente balanta, uma das cerca de vinte etnias do país, conhecida precisamente por sua hospitalidade e mestria no domínio do arroz e das construções.

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22.05.2023 | por Marta Lança

Exumações das muitas nomeações da dignidade e das muitas execrações da infâmia

Exumações das muitas nomeações da dignidade e das muitas execrações da infâmia Entretecidos /com o afirmativo com o pró-activo black power das celebrizadas estrelas afro-americanas do gospel dos negro spirituals do hambone do jazz do pattin'juba do rythm and blues do funk da soul music do disco do ragtime do rock‘n roll do tape dance do moon walk das suas vozes roucas dos seus timbres estridentes da sua trovejante pujança da sua psicadélica incandescência

Mukanda

21.05.2023 | por José Luís Hopffer Almada

Antes do Fim

Antes do Fim A repetição também dos dias e a eficiência turístico-económica até tinha feito desaparecer os contadores de estórias e os dactilógrafos desses mercados. Já não eram necessários. Agora servia-se café em cápsulas e chá em saquetas industriais. O progresso tinha chegado até ali e os turistas sentiam-se bem com isso, mais perto de casa. Sem paciência para negociar, cansados do jogo do gato e do rato, do comprador e do vendedor, dessa táctica que molda a cultura de um país, a esses turistas vendia-lhes o pior, mas sempre com a cordialidade mentirosa, conveniente para perpetuar o mito da simpatia marroquina. Uma batalha em forma de diálogo: especulação, silêncios, (des)confiança. Os turistas até achavam pitoresca toda aquela forma arcaica de funcionar de uma economia artesanal com gestos largos e encenados.

Mukanda

17.05.2023 | por Francisco Mouta Rúbio

Chiziane, Lisboa e Conversas!

Chiziane, Lisboa e Conversas! Terminada a pausa, regresso aos meus pais e à sua relação com a língua. Foi-lhes ensinado que não era civilizado falar em umbundo: “uma pessoa que estudou ou que é civilizada não pode mais falar essas nossas línguas, é preciso falar o português”, era essa a frase que o meu pai repetia quando me contava sobre as proibições do seu tempo. Tal como o meu pai e a minha mãe, os meus tios e tias, os seus amigos, e toda a sua geração nascida e criada antes das Independências, foram nalgum momento excluídos, humilhados e segregados quando não falavam o português do modo como lhes diziam que deveriam. Meu pai conta vários episódios de humilhação por causa disso. O que sucedeu na vida dessas pessoas após a Independência é que as feridas não foram saradas, os estragos causados pelo colonialismo não foram solucionados no 11 de novembro, e nós ainda temos conversas por ter e feridas por sarar.

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14.05.2023 | por Leopoldina Fekayamãle

A minha bandeira

A minha bandeira É com este espírito que continuarei a minha caminhada, agora enquanto emigrante de dupla condição: o que regressa mas sobretudo o que parte em busca de uma vida melhor. O que parte também no ensejo de um dia voltar. Se ca bado ca ta birado, como profetiza Eugénio Tavares no seu poema-canção, que hoje evoco, nesta hora di bai. E nada é mais crioulo do que isso.

Mukanda

05.05.2023 | por João Branco

Amo o português quando o Ronaldo tem a bola

Amo o português quando o Ronaldo tem a bola O Ronaldo joga como os poetas falam e escrevem, sem gravatas, sem dizeres, nem lances oficiais, os outros jogam com mecânica como se escrevessem documentos oficiais.

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05.05.2023 | por Fernando Carlos

Kuiam bastante!

Kuiam bastante! Cabo Verde e Guiné-Bissau já nem entram na categoria de rebeldes, são mesmo BANDIDOS! Esqueceram tudo e se entregaram de corpo e alma no kriolo! Conheci um assimilado que um dia me perguntou: mas kriolo não é português mal falado? Ai nha mãe!forti gana dal dôs bafatada… só pá dôdo… Não, kriolo não é português mal falado, kriolo é resistência, reinvenção, subversão e resiliência. Kriolo é a prova de que os antepassados estavam muito a frente mentalmente, apesar de todas as vozes que dizem o contrário.

Mukanda

02.05.2023 | por Aoaní d'Alva