Crise na Amazônia: a luta pela educação indígena que mobiliza povos originários e tradicionais, professores e a sociedade civil contra o governo do Pará

Crise na Amazônia: a luta pela educação indígena que mobiliza povos originários e tradicionais, professores e a sociedade civil contra o governo do Pará O protesto, que começou com a ocupação da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), em Belém, a capital do estado, já reúne mais de cinquenta etnias, professores, ativistas sociais e o apoio de entidades nacionais e internacionais. A cidade será sede, em novembro de 2025, da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), que reunirá líderes mundiais, cientistas, ambientalistas e representantes da sociedade civil para discutir e negociar políticas climáticas globais, com foco no combate às mudanças climáticas e na implementação do Acordo de Paris.

Vou lá visitar

29.01.2025 | por Gabriella Florenzano

O didgeridoo é como um iceberg, entrevista com Ricardo Branco

O didgeridoo é como um iceberg, entrevista com Ricardo Branco “O didgeridoo é como um iceberg: as pessoas só veem a ponta, que é o instrumento em si, mas por detrás ou por baixo existe uma cultura imensa, uma das mais antigas do mundo. Na cultura aborígene australiana, o didgeridoo é apenas um pequeno elemento, e há muito mais de significativo para explorar.”

Cara a cara

28.01.2025 | por Maria Prata

Entre cartas e fotografias: uma pequena história do colonialismo – Parte I

Entre cartas e fotografias: uma pequena história do colonialismo – Parte I    Apenas tinha consigo uma fotografia da mulher quando era ainda uma rapariga, retrato em que ela lhe parecia da Indochina, muito segura, numa gola em bordado inglês. Dava conta de ir se esquecendo a pouco e pouco da cara dela. Só restava a sua voz do outro lado da linha como lembrança, a cada mês mais estrangeira e recomposta, à medida que a saúde ia melhorando.

A ler

27.01.2025 | por Luciana Martinez

Entrevista a Sumaila Jaló

Entrevista a Sumaila Jaló Numa conversa extensa, o académico e ativista guineense Sumaila Jaló ajuda a entender mais uma crise complexa, que adia novamente o futuro da Guiné-Bissau. Neste xadrez, Sissoco Embaló é peão, é rei e dita as regras. Os oponentes acusam-no de instaurar uma ditadura no país, perseguir os opositores, cooptar as instituições do país e de alinhar-se com militares envolvidos no tráfico internacional de droga.

Vou lá visitar

21.01.2025 | por Pedro Cardoso

Epítome para as revisitações dos tempos da provação e da disseminação continental e diaspórica da pátria africana do meio do mar

Epítome para as revisitações dos tempos da provação e da disseminação continental e diaspórica da pátria africana do meio do mar moribundo mundo imperial português do seu privilegiado estatuto da sua subversiva condição de suboficiais e de estudantes ilhéus da Casa dos Estudantes do Império para a sua futura transmutação em responsáveis e dirigentes políticos em comandantes da luta armada de libertação bi-nacional dos povos irmanados da Guiné e de Cabo Verde

Vou lá visitar

20.01.2025 | por José Luís Hopffer Almada

Fogo Amigo - parte 3

Fogo Amigo - parte 3 Durante muito tempo, aterrorizava-me a cena final de Kids, o filme de Larry Clark, que estreou há 30 anos (1995). Vomitei internamente mas também externamente, tenho quase a certeza, naquela cena cruzada de contaminação: Telly, personagem interpretada por Leo Fitzpatrick, que mais tarde veríamos como Johnny Weeks no The Wire), viola Darcy (Yakira Peguero), adormecida e abandonada no final de uma festa, já depois de sabermos que Jennie, interpretada pela icónica Chloë Sevigny, foi contaminada por Telly e tem HIV. Jennie acaba por colapsar também nessa festa e é violada por Casper, Justin Pierce (skatista e arruaceiro, que morreu em 2000), amigo de Telly, e assim contaminando-o. “What just happened?” é a frase que fecha o filme e que me assombrou durante mesmo muito tempo.

A ler

18.01.2025 | por Patrícia Azevedo da Silva

Ainda estamos aqui com medo de não estarmos mais

Ainda estamos aqui com medo de não estarmos mais Walter Salles, o terceiro cineasta mais rico do mundo, que “perde” apenas para George Lucas e Steven Spielberg, com um patrimônio herdado de origem bem controversa, reunindo o Unibanco, fruto de uma expansão beneficiada pela política de centralização bancária da ditadura brasileira, com a metalurgia e mineração que dominam 80% do mercado mundial de metal, sabe perfeitamente disso.

Afroscreen

18.01.2025 | por Gabriella Florenzano

“Dina” (1964), de Luís Bernardo Honwana: retrato de machamba colonizada em lenta combustão

“Dina” (1964), de Luís Bernardo Honwana: retrato de machamba colonizada em lenta combustão    A violência e a opressão manifestam-se desde o início da narrativa no cenário infernal do trabalho desumanizado, na inclemência do sol, no sofrimento silencioso de um velho, atinge o auge na hora do almoço (na violação de Maria), mas avança ainda, sem decrescer, até uma explosão, no espancamento brutal (e morte?) de um jovem trabalhador, para depois se atenuar no retorno ao trabalho (e à cena inicial), em obediência às ordens do capataz – e também às palavras firmes de Djimo. No fim, já nada é o mesmo; algo indefinível está em movimento e o leitor pode continuar a história como melhor lhe aprouver.

A ler

16.01.2025 | por Maria de Lurdes Sampaio

Fogo Amigo - parte 2

Fogo Amigo - parte 2 O amor – e quando falo de amor também estou a falar de amizade – é político muito para lá desta ideia negociada das contrapartidas, de uma gestão do que se ganha e se perde numa relação de amor, apesar de não haver nada errado com as expectativas de que se ganham coisas numa relação de amor (e se perdem), ou das escolhas que fazemos, conscientes, sobre quem queremos manter na nossa vida. Porque aquela primeira efervescência que nos empurra para o sujeito da nossa admiração pode ou não ser desenvolvida. Pode ou não ser trabalhada: à semelhança das festas do divino, como propõe João Leal, o amor dá muito trabalho.

Mukanda

15.01.2025 | por Patrícia Azevedo da Silva

A CPLP e a prometida promoção dos direitos humanos e do estado de direito democrático nos seus Estados-membros

A CPLP e a prometida promoção dos direitos humanos e do estado de direito democrático nos seus Estados-membros subsistem ainda em vários Estados da CPLP fortes resquícios do Estado policial e autoritário, sendo, por um lado, corriqueiras e sistemáticas as violações dos direitos humanos e dos direitos, liberdades e garantias dos seus cidadãos, e, por outro lado, a quase totalmente descredibilização das eleições periodicamente realizadas (mas nem sempre e com regularidade em todos os países da CPLP) para os diversos órgãos de soberania e os vários níveis do poder político. Isso mesmo atestam os mais recentes acontecimentos em vários países afro-lusófonos.

Jogos Sem Fronteiras

15.01.2025 | por José Luís Hopffer Almada

Fogo Amigo - parte 1

Fogo Amigo - parte 1 O meu adultecer foi uma transição triste: de um lado a rapariga punk que lutava para nunca ser igual (nem a si, nem aos outros), de outro lado a rapariga frágil e aflita que só queria ser acolhida. Já não confrontativa mas em conformidade. Como fazer isto sem ser cúmplice de tudo aquilo contra o que antes me tinha revoltado? Constituí-me num processo contra as instituições e contra um tempo heterossexual, apenas para perceber que o meu ódio à família só seria equiparado à minha necessidade absurda de família. Estudar, trabalhar, viajar, fazer amigas: tudo isto fazia parte de um projecto maior e mais abrangente que era ser mãe.

Vou lá visitar

14.01.2025 | por Patrícia Azevedo da Silva

Diário de um etnólogo guineense na Europa (dia 13)

Diário de um etnólogo guineense na Europa (dia 13) O que fariam os tugas de bens pobres se toda essa gente que limpa as cidades, colhe as frutas e tomates cherries que enchem as suas mesas, calceta os seus passeios, limpa as suas casas e escritórios, leva-os de uber de um sítio para outro e entrega as suas comidas, se fossem embora? Se os tugas de bens pobre ou os pretos ou os ciganos ou os sul-asiáticos distraídos acordassem para as questões das desigualdades estruturais, o medo e a diferença usados para dividir, entenderiam que a luta não é uns contra os outros, mas todos ao lado uns dos outros, porque os problemas são comuns: salários baixos, habitação precária, falta de oportunidades, escassez de transportes públicos, guetização, falta de acesso a espaços culturais, entre outros.

Vou lá visitar

13.01.2025 | por Marinho de Pina

Kwashala Blues, visto através de um monóculo

Kwashala Blues, visto através de um monóculo O avião a descolar e o mundo de Fred a implodir, com as suas referências congeladas na impotência escultórica: Charifo Victor Salimo, Rei Costa e Zena Bacar. Miragem. Estamos perante a atmosfera musical da cidade de Nampula, um regresso ao Kwashala enquanto género musical, que ecoou um pouco por toda a região norte de Moçambique e parte de província da Zambézia, sobretudo nos distritos de Gilé, Alto-Molocue, Gurué, Ile e Namarroi, através do cordão Emakhuwa, língua falada nestas regiões e partilhado por quase trinta por cento da população nacional.

A ler

08.01.2025 | por S. Preto

Não nos encostem à parede

Não nos encostem à parede O que aconteceu a 19 de Dezembro, na rua do Benformoso não é um caso isolado, mas não é por isso que não deixa de ser inadmissível. As centenas de pessoas que se mobilizaram para protestar contra o sucedido, sabem que a repressão aos imigrantes e aos trabalhadores mais desfavorecidos implica a criação de uma sociedade menos livre e mais injusta. Por isso centenas de pessoas e dezenas de organizações apelam para que no próximo sábado, dia 11 de janeiro, milhares de pessoas se manifestem em Lisboa. As suas palavras são claras.

Mukanda

08.01.2025 | por várias

"Instalou-se aqui uma ditadura que ainda continua", entrevista a Justino Pinto de Andrade (parte 1)

"Instalou-se aqui uma ditadura que ainda continua", entrevista a Justino Pinto de Andrade (parte 1) Mesmo hoje, faço parte da história. Continuo a agir em sociedade, politicamente, tanto como professor universitário, como cidadão, mas eu ajo, ajo. Estou preocupado com o futuro da humanidade, com o ambiente, com as novas questões, com os novos desafios da sociedade. Daí surgirem partidos políticos que já não são aqueles partidos clássicos, tipo o Partido Comunista português. Isso já está ultrapassado. Hoje temos outras forças políticas mais modernas, adequadas ao momento que se vive, à dinâmica da sociedade.

Cara a cara

07.01.2025 | por Elisa Scaraggi

Filme 'Empate', de Sérgio de Carvalho: o legado de Chico Mendes mantém-se vivo na defesa da Amazónia.

Filme 'Empate', de Sérgio de Carvalho: o legado de Chico Mendes mantém-se vivo na defesa da Amazónia. No Estado do Acre, região da Amazónia Ocidental brasileira, a mobilização político-social de centenas de seringueiros - trabalhadores que vivem da recolha artesanal da borracha – iniciou-se na década de 1970, como resposta ao modelo de desenvolvimento imposto pelo regime da Ditadura Militar, que incentivou a ocupação da floresta por colonos conhecidos por ‘paulistas’, denominação atribuída aos imigrantes provenientes da região Centro-Sul do país. Fazendeiros e pecuaristas invadiram terras habitadas, desde há décadas, por seringueiros ou coletores da castanha-do-brasil, com o objetivo de desmatar para abrir pastos destinados à criação de gado.

Afroscreen

06.01.2025 | por Anabela Roque

Ao que nos levou o fracasso do Estado Social

Ao que nos levou o fracasso do Estado Social Há muito que sentimos que o Estado se distanciou das suas responsabilidades com a população, sobretudo a mais pobre e vulnerável. E engane-se quem pensa que os governantes não se aperceberam disso. Basta contarmos o número de vezes que o Presidente da República inaugurou torneiras com direito a fitas decorativas, champanhe e cobertura mediática em cadeia nacional. Um país no qual abrir fontes de água para uma comunidade faz manchete na imprensa nacional diz muito da sua realidade social e política. Há problemas sérios no acesso a serviços básicos, as pessoas metem os pés nos rios, ceifam excrementos de animais e tiram água para beber; percorrem quilómetros para ter acesso a serviços que funcionam no horário normal de expediente nas repartições e quase sempre faltam medicamentos; a electricidade para todos é uma miragem; a educação resume-se ao debate sobre salas de aulas (que são árvores), o livro escolar que nunca chega - e, se chega, tem erros graves - e a falta de pagamento aos professores. Podemos parar por aqui porque a lista é extensa.

Vou lá visitar

05.01.2025 | por Eduardo Quive

A Morte do Meu Pai

A Morte do Meu Pai Lembrei-me dos momentos que passei com o meu pai, de cada segundo que fui seu filho. Considerei-os insuficientes. Culpei-me por não ter feito tudo que estava ao meu alcance, culpei-o por não ter feito o seu papel de pai, um turbilhão de pensamentos atormentadores. Algumas das minhas habilidades estavam adormecidas como um cadáver na gaveta de uma morgue. Não conseguia ouvir quase nada, além de mim mesmo. E quando senti que finalmente apanhei sono, escutei o azan da mesquita da Malhangalene. Allahu Akbar (Deus é grande), gritava, através de um funil para despertar os crentes para a primeira oração do dia.

Mukanda

05.01.2025 | por Jessemusse Cacinda