Argumentamos no livro que os dois termos são impróprios, que a América "Latina" também é indígena, africana e asiática, da mesma maneira que a América supostamente "anglo-saxã" é também indígena, africana e asiática. O projeto de nosso livro é ir além dos estados-nação etnicamente definidos, para uma visão relacional, transnacional das nações como palimpsésticas e múltiplas.
A ler
25.09.2013 | por Emanuelle Santos e Patricia Schor
O Estado, seja no Brasil como no Peru ou em Portugal ou na Alemanha, está impregnado do Capital. Os governos são associações de empresários ou advogados dos grandes negócios com as empresas privadas. Daí a tese de Slavoj Zizek (entrevista ao L’Humanité.fr, 5.8.2013) que faz aqui todo o sentido: o poder do Estado deve ser tomado porque “eu não quero ser apenas alguém que é mobilizado todos os dias para uma manifestação”.
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03.09.2013 | por António Pinto Ribeiro
portanto, a partir deste capítulo de desvinculação colonial tão “desconhecido” quanto contundente, da longa primavera da África (por relação aos acontecimentos políticos recentes no Oriente Médio), e de um novo pensamento ideológico e cultural (o exemplo da “pedagogia da revolução” de Amílcar Cabral, nas palavras de Paulo Freire), que as responsáveis – Ligia Nobre e Cécile Zoonens – pela plataforma exo experimental org., em colaboração com Anne Sobotta, “imaginaram” uma aproximação renovada e necessária. Mas qual a importância contemporânea desta aproximação? O que alimenta esta necessidade hoje, em que o Brasil se assume como uma potência no mundo? O que existe para além da histórica descendência afro, de milhões de brasileiros?
Vou lá visitar
21.08.2013 | por Marta Mestre
ECAScreenings 2: Quais são os traços e vestígios de memória que os cineastas privilegiam geralmente nas narrativas que constroem sobre a realidade sócio-cultural das populações diaspóricas? As imagens fílmicas funcionam como reflexos das memórias diaspóricas ou participam diretamente dos mecanismos de seu resgate e de sua mise-en-scène estratégica no espaço público?
"este artigo pretende partir da própria historicidade e ambiguidade do conceito de diáspora (tal como definido e aplicado ao “mundo negro da América” por Stuart Hall e Paul Gilroy) para examinar, em particular, as estratégias de mise-em-scène da memória diaspórica em quatro filmes documentários brasileiros."
Afroscreen
16.05.2013 | por Mahomed Bamba
Além da sistematização do luso-tropicalismo, Um brasileiro… fornece-nos informação parcelar sobre a viagem de Gilberto Freyre pelos territórios ultramarinos portugueses, elementos para o estudo da recepção do seu pensamento em Portugal e nas colónias portuguesas e para o conhecimento da sua rede de sociabilidades neste país.
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31.03.2013 | por Cláudia Castelo
Analisa-se a relação do Estado Novo português com o luso-tropicalismo no período do colonialismo tardio, com base na leitura crítica de documentos políticos. A visita de Gilberto Freyre a Portugal e às suas colónias, em 1951-1952, marca um ponto de viragem entre a rejeição e à apropriação das máximas lusotropicais para legitimar a soberania portuguesa no ultramar. Depois do início da luta de libertação em Angola, esse processo é ‘radicalizado’: paradoxalmente, o regime português esforça-se por inculcar a norma anti-racista nos portugueses e conformar o comportamento dos funcionários administrativos e dos colonos ao ideário luso-tropicalista.
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05.03.2013 | por Cláudia Castelo
O crescimento da economia do Brasil vem transformando a vida de muitos brasileiros. E também atraindo imigrantes do mundo inteiro, incluindo africanos que falam português. Mas, esperando encontrar uma sociedade aberta e multirracial, ao chegarem ao país esses imigrantes descobrem um lado oculto da sociedade brasileira: o racismo. Esse é o mote do documentário Open Arms, Closed Doors (Braços Abertos, em português), que integra a série de seis documentários autorais Viewfinder Latin America, um programa que tem como objetivo revelar e treinar documentaristas independentes ao redor do mundo e veicular suas produções.
Afroscreen
06.02.2013 | por Juliana Borges e Fernanda Polacow
No país da cobra grande.
Foi porque nunca tivemos gramáticas, nem coleções de velhos vegetais. E nunca soubemos o que era urbano, suburbano, fronteiriço e continental. Preguiçosos no mapa-múndi do Brasil.
Uma consciência participante, uma rítmica religiosa.
Contra todos os importadores de consciência enlatada. A existência palpável da vida. E a mentalidade pré-lógica para o Sr. Lévy-Bruhl estudar.
Queremos a Revolução Caraiba. Maior que a Revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem. Sem n6s a Europa não teria sequer a sua pobre declaração dos direitos do homem.
Mukanda
27.09.2012 | por Oswald de Andrade
Esta visível ausência do elemento afro-negro, alimentada principalmente por posteriores seguidores do Movimento, contribui para que este adquirisse um carácter puramente cosmético na medida em que se legitimou uma suposta mestiçagem em que a presença branca é assegurada pela propriedade da própria reivindicação da mestiçagem, pela ausência textual dos negros apesar da incómoda presença física, pela presença textual dos indígenas mas cujo genocídio físico e epistémico impede a sua presença carnal permitindo uma incorporação despreocupada dos seus elementos culturais nas produções literárias do Movimento, pois não constituem, de facto, um perigo ou uma ameaça à esta elite literária e académica brasileira da época e da actualidade. Esta elite, apesar de «branca», se diz, ou quer ser, mestiça, utilizando o argumento e a linguagem da mestiçagem, ou da valorização do mestiço.
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19.09.2012 | por Odair Bartolomeu Varela
A “maldição da abundância” é uma expressão usada para caracterizar os riscos que correm os países pobres onde se descobrem recursos naturais objeto de cobiça internacional. Volto da visita que acabo de fazer a Moçambique com uma inquietação sobre a "orgia dos recursos naturais" que impacta o país.
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23.08.2012 | por Boaventura de Sousa Santos
Com a proposta de se vislumbrar a materialidade dos “encantados” nos Pajés de Negro, religião praticada na Baixada Ocidental, borda oeste do Maranhão, nordeste do Brasil, este projeto retratou parte da vida material de entidades espirituais conhecidas sobretudo pelas práticas de cura. Tais práticas, ao contrário de outras manifestações religiosas, como o Candomblé, possuem um panteão de divindades (encantados), de origem “cabocla” (da mata, das águas doce ou salgada).
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28.07.2012 | por Ana Stela Cunha e Márcio Vasconcelos
Os avós de todos eles são os africanos trazidos à força, os índios catequizados à força e a mistura à força de africanos e índios com brancos, sendo que esses brancos eram os portugueses. Há 200 anos o Rio de Janeiro tinha o maior porto negreiro do mundo, recentemente redescoberto nas obras de recuperação da zona portuária. Involuntariamente, a febre da Copa e das Olimpíadas desenterrou os ossos da história: o porto do Rio foi entrada para cinco milhões de negros até 1831, quando o tráfico começou a ser contrariado. E ainda demorou meio século até a escravatura ser proibida, em 1888.
Vou lá visitar
13.05.2012 | por Alexandra Lucas Coelho
Filmado no Brasil, Guiné-Bissau e Cabo Verde, o documentário “Kilombos”, realizado por Paulo Nuno Vicente, transporta-nos pela memória oral das raízes africanas das comunidades quilombolas, cruzando-as com o território das suas manifestações culturais contemporâneas. A estreia do filme está agendada para 7 de Março, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Afroscreen
21.11.2011 | por Paulo Nuno Vicente
As relações [entre Brasil e Angola] estão mais desenvolvidas do ponto de vista político e económico, e também no trânsito de pessoas de um lado para o outro. A parte cultural é onde há menos relacionamento, e deveria ser mais intenso. É verdade que alguns escritores (angolanos) vêm ao Brasil, e escritores brasileiros vão a Angola, ainda que raramente. Às vezes vai um músico, sai um livro, aparecem algumas coisas. Mas é muito pouco, tinha que ser muito mais.
Cara a cara
14.09.2011 | por Pepetela
Detém-se no Brasil enquanto caso de estudo e de pasmo, exímio na “produção social do inédito”, onde tantos se pasmaram “diante do inédito, da anarquia e do escândalo da exuberância da flora brasileira” e de outras questões, tendo sido o deslumbramento a causa do enriquecimento (e provavelmente enviesamento) das investidas científicas (e românticas), dos exploradores e observadores do século XIX e demais.
Ruy Duarte de Carvalho
02.06.2011 | por Marta Lança
Foi assim parte de uma geração que, nos anos 60, queria mudar o mundo, por sua ideologia mas também – alguns deles e Ruy entre esses – por sua prática de vida. Para ele a estética é sempre política, pois traz necessariamente embutida uma visão de mundo, ancorando-se em valores que apresenta, defende ou condena. Se apresentado como cineasta político, orgulha-se de ser esta sua marca maior. Nunca foi ligado a partido, mas acredita que ser político é estar envolvido com as problemáticas de sua época: “Tenho um olhar político sobre a realidade, de um ponto de vista cultural”.
Cara a cara
30.04.2011 | por Vavy Pacheco Borges
As ruas do Brasil estão cheias de soluções de design surpreendentes, feitas por pessoas levadas apenas por pura necessidade humana. Adélia Borges escreve sobre um novo espaço de exibição que celebra uma cultura de design de diversidade.
Vou lá visitar
29.04.2011 | por Adélia Borges
Uma diferença fundamental com a cidade planejada diz respeito a relação entre espaços públicos e privados, na favela esses espaços também estão inextricavelmente ligados. Durante o dia as ruelas se tornam a continuação das casas, espaços semi-privados, enquanto a maioria das casas com suas portas abertas se tornam também espaços semi-públicos. A idéia da favela como uma grande casa coletiva é freqüente entre os moradores. As ruelas e becos são quase sempre extremamente estreitos e intrincados o que aumenta a sensação labiríntica e provoca uma grande proximidade física que provoca todo tipo de mistura. Subir o morro é uma experiência de percepção espacial singular, a partir das primeiras quebradas se descobre um ritmo de andar diferente, uma ginga sensual, que o próprio percurso impõe.
Cidade
27.04.2011 | por Paola Bernstein Jacques
Na música, o que faz sucesso no Brasil também faz em Cabo Verde. Basta entrar num autocarro na cidade da Praia para comprovar que, não fosse o zouk, a hegemonia seria verde-amarela, em várias rádios crioulas. Das letras melodramáticas do que no Brasil se chama “brega” (irmão do “pimba” português), aos alegres pagodes cariocas e axés baianos, jamais esquecendo “o rei” Roberto Carlos nem os temas da novela do momento, música brasileira é o que não falta.
Palcos
05.04.2011 | por Gláucia Nogueira
É sempre escuro no país do futuro porque falta fazê-lo, e ninguém o fará senão nós. Portanto, quanto a Atlânticos e Índicos em todas as suas margens falantes de português, acredito que Inês não é morta. Depende de haver quem fale e quem escute, como podemos escutar Lula Pena e ela ser fado, morna ou Caetano Veloso, sendo única: ela própria.
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01.04.2011 | por Alexandra Lucas Coelho